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3.2.3 Síntese do Compartimento Três Cantos

Os afloramentos de basalto estão abaixo de 320m de altitude, exceto na cabeceira do córrego do Dourado, em que aparecem a 340m de altitude, e parecem indicar que o material que deu origem aos solos de textura média teria se depositado em uma área mais ou menos plana, composta, em geral, por basalto maciço. Os basaltos, na maior parte das vezes são maciços, mas ocorrem também basaltos amigdaloidais, estes por sua vez, associados a finas camadas de arenito silicificado.

A maior parte dos afloramentos de basalto foi encontrada nas vertentes que margeiam o ribeirão das Anhumas. A falta de observações nas margens do rio Capivara não está ligada à ausência de afloramentos nessa área, mas sim ao nível em que estariam estes afloramentos, isso porque as cornijas existentes nas margens do rio Capivara estão localizadas no nível de 280m, estando, portanto, atualmente submersas. Estas cornijas estão na base da vertente, ligadas às margens com erosão ativa do rio Capivara, enquanto no ribeirão das Anhumas estão na média/baixa vertente, existindo no vale uma planície, que indica regime de deposição.

Quase todos os afloramentos de couraça aparecem entre 320 e 340m de altitude, associados ou não a afloramentos de basalto. A maior parte deles está na bacia do ribeirão das Anhumas, associadas a áreas de cabeceiras amplas ou estreitamento do canal. Os afloramentos possuem estrutura maciça, vacuolar e pisolítica, com estrutura pisolítica sempre no topo e maciça na base, indicando diferentes fases de evolução (NAHON e TARDY, 1985). Além disso, as couraças podem apresentar variada quantidade de quartzo em seu interior, quantidade essa que pode diminuir devido ao estágio de evolução, que leva a corrosão do quartzo.

Os afloramentos de couraça aparecem na média, na baixa ou no sopé da vertente, e possuem continuidade no interior da cobertura pedológica, e na vertente à jusante com blocos cada vez menores até total desaparecimento. Além disso, aparecem preferencialmente em lagoas e cabeceiras amplas. Alguns afloramentos estão divididos em grandes blocos com inclinação para jusante, denotando maior saída de material abaixo da couraça.

O único afloramento que se diferencia é o existente na margem direita do córrego da Anta, de arenito ferruginizado, que foi assim denominado por ainda preservar a estrutura de deposição da rocha. Este afloramento está a 300m de altitude e é bem diferente dos demais encontrados no compartimento, mas se assemelha a alguns blocos encontrados na margem da represa em mesma altitude. Na área de ocorrência de blocos de arenito também são encontrados fragmentos de basalto.

Os solos presentes nas áreas com afloramentos de couraça e de basalto são vermelhos. Os solos das áreas de basalto são um pouco mais escuros e argilosos, enquanto os das áreas com afloramentos de couraça possuem, em geral, textura média, no limite para argilosa, além de pisolitos e finas camadas de areia lavada na superfície. Os solos vermelho-amarelos são encontrados nos mesmos níveis altimétricos dos solos vermelhos de textura média, mas se localizam mais para o centro do compartimento e no interior de áreas deprimidas.

A mudança de um tipo de solo para outro é muito sutil e não é acompanhada de mudança brusca no relevo. Nas depressões os solos da alta vertente são mais avermelhados, tornando-se progressivamente mais amarelados e depois acinzentados na baixa vertente.

As depressões aparecem entre 320 e 340m, assim como os solos de textura média, tanto vermelho-amarelos, quanto vermelhos. Nos solos vermelho-amarelos, e textura um pouco mais arenosa são encontradas concreções e fragmentos de couraça, enquanto nos solos vermelhos e um pouco mais argilosos ocorre uma camada encouraçada. Apenas uma depressão possui afloramento de couraça na margem, a depressão da lagoa Mandacaru.

Em geral, o horizonte A de todos os solos da área é mais arenoso na baixa vertente, além de mais espesso. Já o horizonte B dos solos é latossólico na alta e média vertente, e argissólico na baixa.

Os interflúvios existentes entre as depressões são irregulares e apresentam colos bem pronunciados, voltados para cursos d’água ou outras depressões limítrofes, acompanhando as direções estruturais.

A densidade de drenagem do compartimento é baixa. Podemos notar, entretanto, que de todo o compartimento, o ribeirão das Anhumas apresenta maior quantidade de tributários, que são também mais longos, que os do rio Capivara. A morfologia desses canais também é diferente, enquanto o rio Capivara é tortuoso, com meandros encaixados, o ribeirão das Anhumas meandra em sua planície.

Os canais que são afluentes do ribeirão das Anhumas possuem cabeceiras mais amplas e grande quantidade de afloramentos de couraça, esses afloramentos se concentram justamente nas cabeceiras amplas, ou no limite para o vale em V, em área de afunilamento. Em algumas áreas de afunilamento ocorrem afloramentos de basalto ou couraça nas duas margens do canal, no mesmo nível altimétrico.

Nas vertentes do rio Paranapanema, entre 300 e 320m, foram encontradas cascalheiras localizadas pelo menos 40m acima do leito desse rio. Estas cascalheiras são

Figura 16: Perfil hipotético construído a partir da interpretação dos dados morfológicos da área.

compostas por seixos predominantemente de quartzito e arenito de variados tamanhos. A base das cascalheiras é o basalto com estrutura maciça. Na margem oposta das vertentes com cascalheiras ocorrem afloramentos de basaltos maciços, em mesma altitude. Nesta área também ocorre um estreitamento da planície do rio Paranapanema. Estas características indicam que houve um barramento por conta desse nível basáltico que possibilitou a acumulação de cascalhos e que posteriormente foi entalhado, conservando as cascalheiras na vertente.

A posição em que foram encontrados os basaltos e as couraças sugere que estas últimas teriam se formado acima de uma plataforma basáltica (Figura 16). A diferenciação dos solos parece responder por uma transformação pedológica mais intensa nos solos vermelho-amarelos, que são encontrados mais no centro do compartimento. Essa transformação pedológica mais intensa nestes solos levaria a uma sútil diferença entre as vertentes, sendo as de solos vermelho-amarelos mais retilíneas e baixas, e as de solos vermelhos mais convexas e altas.

A diferença de nível entre o rio Capivara e o ribeirão das Anhumas pode ter contribuído para que as transformações pedológicas tenham alcançado maior intensidade nas áreas mais próximas ao rio Capivara. Além disso, o centro do compartimento também teria contribuição do relevo que teria favorecido tanto a formação de maior quantidade de depressões, como também, de maiores transformações nos solos.

3.3 Análise da Lagoa Mandacaru

As observações do compartimento apontaram como principais elementos solos vermelhos e vermelho-amarelos que se tornam mais claros e perdem argila em direção à baixa vertente. Além disso, nas depressões os solos apresentam concentrações ferruginosas que se diferem de acordo com o tipo de solo. Os solos vermelhos apresentam uma camada encouraçada, enquanto nos solos vermelho-amarelados ocorre um nível mais avermelhado com concreções e fragmentos de couraça.

Os solos da depressão da lagoa Mandacaru foram escolhidos para serem detalhados pois em uma das vertentes ocorrem solos mais amarelados e na vertente oposta ocorrem solos vermelhos. Além disso, ocorre afloramento de couraça em um trecho da margem da lagoa.

Apresentaremos a seguir o detalhamento dos solos da depressão da lagoa Mandacaru em duas topossequências a Mandacaru e a Grevílea. Além disso, faremos algumas observações acerca do afloramento de couraça existente na margem da lagoa Mandacaru.

A Prancha 14 mostra a diversidade de solos existentes na depressão da lagoa Mandacaru. O mapa da cor dos solos da depressão indica a presença de solos mais vermelhos a leste, vermelho-amarelados a oeste, e, na baixa vertente, contornando a lagoa, ocorrem solos acinzentados. No mapa, ainda é possível observar os pontos e a direção de visada das fotos que estão na prancha, como também a localização das topossequências levantadas e do afloramento de couraça. As fotos ilustram a variação dos solos da depressão.

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