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DES.ª ISABEL DE BORBA LUCAS (RELATORA)

No documento PODER JUDICIÁRIO (páginas 21-44)

Trata-se de (três) recursos de apelação. A defesa de MARCELO requer sua absolvição, por negativa de autoria.

Subsidiariamente, pleiteia o reconhecimento da participação de menor importância, a desclassificação do delito para o crime de furto, bem como a

aplicação do quantum da majorante em seu grau mínimo, a fixação da basilar no seu mínimo legal e, por fim, seja o regime inicial de cumprimento de pena aplicado o aberto ou semiaberto.

Já a defesa de LUCAS pede, preliminarmente, nulidade da sentença, por violação ao direito de defesa e, no mérito, a absolvição, por insuficiência probatória, no que tange ao delito de roubo, e, em relação ao delito do art. 244-B do ECA, por ausência de comprovação da corrupção.

Subsidiariamente, requer a redução da basilar para o mínimo legal, bem como diminuição das frações de aumento, em razão das majorantes e do crime continuado e, por fim, o reconhecimento da tentativa, em grau máximo, diante do inter criminis percorrido.

A defesa de PEDRO requer a absolvição pelo crime de corrupção de menores. Subsidiariamente, pugna pela redução da basilar, pelo reconhecimento das atenuantes da confissão e da menoridade, pela readequação da reprimenda e consequente aplicação de regime mais brando. Por fim, postula para que seja concedido ao réu o direito de apelar em liberdade.

Os recursos serão analisados conjuntamente.

Inicialmente, no que tange à preliminar de nulidade da sentença, por violação ao princípio da correlação – já que a capitulação dos fatos descritos na denúncia não guardaria correspondência à utilizada pelo magistrado para condenar os réus –, arguida pela defesa de LUCAS, não prospera.

O princípio da correlação é a regra pela qual aquilo que é imputado ao réu deve guardar congruência ao fato reconhecido em sentença, pelo juiz. Dessa forma, fica vedado ao juiz afastar-se dos fatos

narrados na peça acusatória, sob pena de violar os princípios do contraditório e da ampla defesa.

Ora, da análise do primeiro fato da peça acusatória, verifica-se que, mesmo não capitulada a prática de três crimes, como mencionado pela defesa, a denúncia narra a subtração contra mais de uma vítima, de modo que a narrativa refere-se claramente ao concurso formal de crimes – quando, mediante uma só conduta, o agente pratica dois ou mais crimes – o que foi reconhecido na decisão atacada. E, como se sabe, o réu se defende dos fatos narrados na denúncia, e não da capitulação atribuída pelo parquet.

Assim, tenho que a sentença guardou correspondência com a denúncia, possibilitando que pudesse o réu defender-se dos fatos ali narrados, inexistindo qualquer violação ao princípio da correlação e, por conseguinte, da ampla defesa e do contraditório.

Destarte, rejeito a preliminar.

Quanto ao pedido de apelar em liberdade, contido nas razões da defesa de PEDRO, que analiso preliminarmente, não prospera.

De início, cumpre salientar que o requerimento, realizado no bojo das razões, acaba por não surtir o efeito desejado, na medida em que é analisado, quando do julgamento do recurso, não havendo mais possibilidade de aguardar o julgamento do mérito das razões de apelação em liberdade. De qualquer sorte, a sentença, de forma objetiva, rechaçou a possibilidade de o réu recorrer em liberdade, com fundamento de que permanecem hígidos os motivos que ensejaram a sua custódia, o que efetivamente ficou comprovado. Ademais, verifica-se que a sentença, ao condenar o réu, determinou a expedição do PEC provisório, momento a partir do qual sua prisão foi adequada aos comandos sentenciais, passando

a cumprir sua pena, como estabelecido pelo juízo, não havendo qualquer prejuízo a ser suportado pelo réu, como mencionado nas razões.

Portanto, mantenho a segregação cautelar.

No mérito, pelo que se extrai dos autos, a ocorrência do delito de roubo, bem como a autoria de PEDRO, é assente, em especial pela prisão em flagrante e imediato reconhecimento pelas vítimas, como sendo o indivíduo que, na companhia do adolescente Eduardo, abordou-as, assim como diante da sua confissão (fl. 506v/509v). Por outro lado, em relação aos réus MARCELO e LUCAS, a controvérsia existente é quanto às suas participações no delito, na medida em que alegaram que apenas teriam dado carona aos amigos, logo após o roubo, desconhecendo o acontecimento.

Entretanto, como se verá a seguir, o pleito absolutório deve ser rechaçado, pois os elementos reunidos no feito revelam que os acusados, em conjugação de vontades e mediante grave ameaça, com o emprego de arma de fogo, praticaram a subtração narrada na denúncia, bem como corromperam o menor Eduardo Torres Borges, que os acompanhava na empreitada delitiva

Destarte, verifica-se que, tanto a MATERIALIDADE do delito quanto sua AUTORIA são assentes. Como fundamento, merece reprodução a bem lançada sentença vergastada, exarada pelo ilustre Juiz de Direito, Dr.

Roberto Coutinho Borba, evitando desnecessária tautologia (fls. 334/345):

A existência do fato restou demonstrada pelo auto de apreensão (fls. 16/9), auto de avaliação indireta (fls.

131/132) auto de restituição (fls. 21/22), laudo de fl.

29, bem como pela prova oral colhida.

No que atine à autoria, o acusado PEDRO LEONARDO SOARES DE FREITAS, quando interrogado, admitiu a prática delitiva. Declarou que estava com o adolescente Eduardo, ambos sob o

efeito de bebidas alcoólicas, ocasião em que o mesmo adolescente declarou que apenas o adolescente realizou a ameaça com emprego de arma de fogo.

Negou a concorrência dos corréus para o crime, pois apenas “pegaram uma carona com eles, dois minutos após o roubo”. Eram amigos dos co-denunciados.

Negou que tenham efetuado disparos de arma de fogo no interstício da fuga.

MARCELO MATHIAS DE CAMARGO, réu, ao ser interrogado, negou o cometimento de quaisquer dos crimes. Referiu que foi preso injustamente. Alegou que estava no carro indicado na ocorrência, juntamente com o corréu Marcelo, ocasião em que encontraram o corréu Pedro e o adolescente Eduardo, que pediram uma carona. Deram-lhes uma carona e, em seguida, passaram a ser perseguidos por uma motocicleta. No interregno da perseguição, o adolescente Eduardo dispensou uma arma de fogo, que disparou quando caiu ao solo. Negou que tivessem realizado disparo de arma de fogo. Foram detidos cerca de cinco ou dez minutos após darem a carona para Eduardo e Pedro.

Eles não disseram que praticaram o roubo, quando pediram a carona.

No mesmo sentido, a versão do réu LUCAS SAIBRO DE OLIVEIRA. Negou as práticas criminosas. Estava andando de carro com o corréu Marcelo, quando os demais nominados na denúncia pediram uma carona, ao que atenderam. Em seguida, passaram a ser perseguidos por uma motocicleta, sendo que, nesse momento, Eduardo dispensou uma arma de fogo pela janela. Quando caiu ao solo, esta arma disparou.

Negou que tenham efetuado disparo para o alto, para intimidar aquele que os perseguia. Em seguida, estavam na localidade indicada na denúncia,

oportunidade em que foram abordados por dois rapazes. Em seguida, eles anunciaram o roubo, com emprego de uma arma de fogo. Perpetraram a subtração dos seus telefones e outros pertences. Um dos meliantes chegou a colocar a arma encostada na sua barriga. Estava com Jonata e com Gabriela, que assaltantes dispensaram os itens roubados pela janela, sendo todos recuperados, exceto um relógio.

GABRIELA SOUZA DA SILVEIRA, vítima, inquirida em juízo, confirmou que os fatos se deram como noticiado na inicial incoativa. Referiu que estavam em um posto, próximo da parada 48, quando se aproximaram dois indivíduos, os quais anunciaram o assalto. Eles traziam consigo uma arma de fogo, com a qual empregaram a ameaça. Subtraíram os seus pertences e fugiram em um carro, no qual lhes esperavam outros dois rapazes. Da depoente, houve a subtração de um telefone. Também foram roubados os seus amigos Jonata e Jenifer. Depois do roubo, chegou o seu irmão de motocicleta ao local. Ele passou a perseguir os assaltantes. Após, chegaram policiais militares que consumaram a prisão dos denunciados e apreensão do adolescente.

JONATA SZYMANSKI CASTRO, também vítima, quando ouvido em juízo, prestou relato idêntico aos demais. Confirmou ter sido abordado, juntamente com as demais vítimas, por dois rapazes, estando um deles em poder de arma de fogo. Afirmou que o réu Pedro foi quem lhe apontou a arma de fogo. Subtraíram os seus telefones e relógios. Eles anunciaram o assalto e perpetraram a subtração de seus pertences. Após o embora caminhando. Quando reencontrou as vítimas,

elas disseram que haviam sido assaltados. Mandou que chamassem uma viatura da Brigada Militar e passou a perseguir o veículo em que estavam os assaltantes em fuga. Durante a perseguição, um dos rapazes que estava dentro do carro sacou a arma de fogo e efetuou disparo para o alto. Durante a fuga, eles também dispensaram parte dos bens subtraídos das vítimas.

Ademais, o policial militar CLEITON SILVEIRA DE FREITAS, quando ouvido, declarou que estavam em patrulhamento de rotina, quando foram solicitados pelas vítimas, que disseram terem sido roubadas. Uma motocicleta já havia iniciado perseguição ao carro em que estavam os assaltantes. Logo conseguiram proceder a detenção do automóvel. Os agentes

EDUARDO BORGES TORRES, adolescente indicado como infrator, afirmou que estava com os réus na data do crime. Estavam dando voltas de carro, quando foi instado a participar de um roubo. O depoente acabou aderindo ao crime, por temor de represália dos réus.

Estavam indo a uma festa, sendo que no percurso mudaram a rota e o depoente foi compelido a participar do fato. Quando pegou a carona, desconhecia que estavam armados. Do veículo, desceram Pedro Leonardo e Lucas para consumar o roubo. O depoente ficou no carro. Os que permaneceram no carro, ficaram aguardando para posteriormente empreenderem fuga.

Findo o exame da prova oral, não subsiste qualquer celeuma quanto à concorrência de todos os acusados aos fatos descritos na denúncia.

Em que pese a negativa de autoria dos increpados Lucas e Marcelo, as vítimas foram taxativas no sentido de que dois indivíduos perpetraram os atos

de se outorgar preponderância ao relato destas últimas.

E isso porque, as vítimas, em que pese sujeitas a represálias, estão preocupadas com a verdade real, sem estarem interessadas em incriminar inocentes, mormente quando não há nos autos elementos a apontar pela existência de alguma animosidade com relação aos agentes.

A esse respeito, o respaldo jurisprudencial:

ROUBO. PROVA. PALAVRA DA VÍTIMA. VALOR. CONDENAÇÃO MANTIDA. Em termos de prova convincente, a palavra da vítima, evidentemente, prepondera sobre a do réu. Essa preponderância resulta do fato de que uma pessoa, sem desvios de personalidade, nunca irá acusar desconhecido da prática de um delito, quando isso não ocorreu. E quem é acusado, em geral, procura fugir da responsabilidade de seu ato. Tratando-se de pessoa idônea, Tratando-sem qualquer animosidade específica contra o agente, não se poderá imaginar que ela vá mentir em Juízo e acusar um inocente.

Foi o que ocorreu no caso em julgamento. O apelante foi reconhecido pela vítima de forma segura como o autor do roubo que ela sofreu, descrevendo-o minuciosamente. Suas palavras encontram eco no depoimento do policial militar que presenciou indícios do envolvimento do apelante no caso. DECISÃO: Apelo defensivo parcialmente provido. Unânime.

(Apelação Crime Nº 70042200857, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sylvio Baptista Neto, Julgado em 30/06/2011)

Outro não é o pensamento da doutrina, o que se dessume dos lapidares magistérios infracolacionados:

“Todavia, como se tem assinalado na doutrina e jurisprudência, as declarações do ofendido podem ser decisivas quando se trata de delitos que se cometem às ocultas, como os crimes contra os costumes (...) são também sumariamente valiosas quando incidem sobre o proceder de desconhecidos, em que o único interesse lesado é apontar os verdadeiros culpados e narrar-lhes a atuação e não acusar pessoas inocentes. É o que pode ocorrer, por exemplo, nos crimes de roubo, extorsão mediante seqüestro, etc.”8

“Certos delitos são cometidos na clandestinidade, às ocultas, de sorte a, na maior parte das vezes, contar somente com a força acusatória da palavra do ofendido. Entre eles podemos citar os delitos contra os costumes e o roubo, pela própria essência perpetrados às ocultas. Em tais casos admite-se a palavra da vítima como alicerce condenatório, desde que segura, crível e verossímil.”9

Ainda, o relato das vítimas é coerente com a versão da testemunha Samuel, que empreendeu fuga aos suspeitos em uma motocicleta, evitando que os mesmos permanecessem desvigiados desde a consumação do crime, viabilizando a atuação policial eficaz.

Não há, assim, como expungir a participação de quaisquer dos denunciados.

Não bastassem os depoimentos das vítimas e de Samuel, os policiais militares declararam que efetuaram a prisão dos réus e apreensão do adolescente infrator instantes após o crime, sendo que estavam em poder de arma de fogo e de pertences das vítimas.

8 Julio Fabrini Mirabete, in Processo Penal, 13ª ed., 2001, pp. 291/292.

9 Camargo Aranha, in Da Prova no Processo Penal, 3ª ed., 1994, p. 110.

Em tempo, pondero que, não mais se questiona a valia dos depoimentos dos policiais, como elemento de prova hábil à prolação do decreto condenatório.

Nesse sentido, há farta orientação jurisprudencial, como ilustra o aresto do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ora colacionado:

PROVA. TESTEMUNHO DO POLICIAL.

VALOR. Os Tribunais, de forma inteligente, lógica e razoável, aceitam, como prova bastante, o depoimento único das vítimas ou ofendidos, seus empregados ou policiais envolvidos em diligências. Examina-o pelos elementos que contém, confronta-o com as outras provas ou indícios obtidos na instrução e discute-se a pessoa do depoente. Se a prova sobrevive depois desta análise, ela é forte para a condenação, não importando quem a trouxe. Na situação em tela, as declarações dos policiais são convincentes a respeito do envolvimento do apelante no furto.

Viram duas pessoas com as coisas da vítima que largaram, ao avistarem a viatura da Brigada Militar. Mais tarde, com a detenção do recorrente, o reconheceram como um daqueles que, na noite do crime, fugiam com os objetos subtraídos. DECISÃO: Apelo defensivo desprovido. Unânime.

(APELAÇÃO CRIME Nº 70006245922, CÂMARA ESPECIAL CRIMINAL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: SYLVIO BAPTISTA NETO, JULGADO EM 29/03/2005)

Em sede de doutrina, cumpre a transcrição dos lapidares magistérios que seguem:

“(…) Irrefragável é que a função pública dos policiais, assumida sob o compromisso de bem e fielmente cumprirem o dever, não os torna impedidos de prestar depoimento, nem

tampouco, cria-lhes suspeição, de sorte que o depoimento exclusivamente policial enverga a credibilidade dos testemunhos em geral. (...) De outra banda, não raramente sucede, a natureza clandestina de certos crimes, ou a forma pela qual foi possível a repressão de outros delitos (sem mais testemunhas), fazem dos policiais suas testemunhas naturais e únicas e, nesse caso, não podem ser arredados os seus depoimentos, sob pena de sobejar comprometida a repressão.”10

“(...) não se pode contestar em princípio a validade dos depoimentos de policiais, pois o exercício da função não desmerece, nem torna suspeito seu titular, presumindo-se, em princípio que digam a verdade, como qualquer testemunha. Realmente, o depoimento de policial só não tem valor quando se demonstra ter interesse na investigação e não encontra sustentação alguma em outros elementos probatórios.”11

E, por derradeiro, o adolescente infrator Eduardo Borges Torres deixou claro que todos os réus concorreram para a prática criminosa da denúncia.

Induvidosa, logo, a autoria e a dinâmica dos fatos, resta perquirir da adequação típica da conduta.

(...)

Impõe-se, outrossim, a condenação na forma do art.

244-B, do Estatuto da Criança e do Adolescente, tendo em vista o esclarecedor relato do adolescente Eduardo Torres Borges, já analisado.

Outrossim, a despeito dos argumentos esgrimados pelas defesas técnicas, no sentido de que inexiste prova cabal de que os increpados corromperam o menor infrator, não se pode olvidar que o tipo penal em comento é de natureza formal, como já consagrado na Súmula nº 500, do Colendo Superior Tribunal de Justiça:

10 Fernando de Almeida Pedroso, in ‘Prova Penal’, 2ª ed., pp. 125/126.

11 Júlio Fabrini Mirabete – in ´Processo Penal’, 13ª ed., p. 306.

“A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”

Nesse sentido, também, os arestos do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado:

APELAÇÃO CRIME. TRÁFICO DE

DROGAS E CORRUPÇÃO DE

MENORES. CONDENAÇÃO EM

SEGUNDA INSTÃNCIA EM RELAÇÃO AO CRIME PREVISTO NO ART.244-B

DA LEI 8.069/90.

REDIMENSIONAMENTO DA PENA APLICADA. IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DA PENA EM PATAMAR ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. Aplicação do Verbete Sumular nº 231 do STJ, que consigna a impossibilidade redução da pena abaixo do mínimo legal em virtude da incidência de circunstância atenuante, impedindo, portanto, que a fixação seja inferior ao mínimo exigido pela legislação. Descabido o pedido de afastamento da pena pecuniária imposta, uma vez que se trata de sanção penal cominada ao delito. A prova colacionada no processo é incontroversa no sentido de comprovar a participação do adolescente no tráfico protagonizado pelo réu. O crime de corrupção de menores é delito formal, bastando a presença do menor para a configuração do delito, consoante súmula 500 do STJ. DESPROVIMENTO DO RECURSO DEFENSIVO E ACOLHIMENTO DA APELAÇÃO PROPOSTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. (Apelação Crime 70065375289, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rosaura Marques Borba, Julgado em 27/08/2015)

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME

DOSIMETRIA DA PENA ALTERADA.

Materialidade e autoria comprovadas do 1º fato. Há prova suficiente para manter a condenação do réu pela prática de delito de roubo majorado, pois ainda que não ouvida a vítima em juízo, o conjunto probatório se mostrou capaz de evidenciar que juntamente com um adolescente, identificado, assaltou jovem que se deslocava de skate na madrugada, ameaçando-o com simulacro de arma de fogo. O adolescente participou da conduta delitiva ameaçando a vítima com uma faca, sendo que esta não resistiu e entregou pertences e dinheiro. A versão negatória do réu não encontra respaldo na prova, até porque é indivíduo experiente e tentou enganar as autoridades atribuindo-se nome falso.

Corrupção de menores. 2º fato.

Aplicável a Súmula nº 500 do STJ, que estabelece a desnecessidade de comprovação de que o réu corrompeu o adolescente, por se tratar o delito do art.

244-B do CP crime formal. Dosimetria mantida. Pena de 2º fato, corrupção de menores, fixada em 01 ano de reclusão, agravada em 1/6 (dois meses) pela reincidência. Regime inicial fechado.

Concurso material entre o 1º e o 2º fato, restando definitiva em 07 anos e 02

meses de reclusão, em regime inicial fechado. Detração do período em que esteve recolhido provisoriamente.

APELAÇÃO DEFENSIVA

DESPROVIDA E APELAÇÃO

MINISTERIAL PARCIALMENTE PROVIDA. UNÂNIME. (Apelação Crime 70065295602, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ícaro Carvalho de Bem Osório, Julgado em 27/08/2015)

Condenação inexorável, pois, quanto ao crime do art.

244-B, ECA.

A prova colacionada nos autos não permite conclusão diversa da contida na sentença transcrita, impondo-se a manutenção da condenação lá exarada. Efetivamente, PEDRO e o menor Eduardo, utilizando-se de arma de fogo (auto de apreensão da fl. 16) abordaram as vítimas Gabriela, Jonata e Jenifer, em via pública, exigindo-lhes a entrega de seus pertences (celulares das três vítimas e relógio da vítima Jonata). Após, adentraram no veículo GM/Corsa, de cor bordô, onde os réus, MARCELO e LUCAS, os aguardavam. Nesse ínterim, Samuel, irmão da vítima Gabriela, chegou ao local, quando as vítimas informaram sobre o assalto recém sofrido, da autoria de dois indivíduos – que estavam caminhando em direção ao carro Corsa –, de forma que a testemunha, de moto, saiu ao encalço dos agentes, oportunidade em que visualizou a res sendo jogada pela janela do veículo. A polícia foi avisada e, após perseguição, juntamente com a testemunha Samuel, lograram êxito em prender os três indivíduos e apreender o menor, que se encontravam no interior do automóvel.

Igualmente, a tese defensiva de MARCELO e LUCAS de que estavam apenas dando carona a PEDRO, e o menor Eduardo, não ficou comprovada. Conforme narrado pela vítima Jenifer, ela e seus amigos estavam subindo a rua Duque, quando dois indivíduo saíram de uma rua

atrás deles (possivelmente a Tobias Barreto, conforme se verifica no mapa abaixo anexado) e os abordaram. Após efetuar o assalto, entraram na mesma rua de onde saíram e fugiram em um veículo Corsa (fls. 488 e verso). No mesmo sentido foi o depoimento da vítima Gabriela, referindo que estavam caminhando e, quando olharam pra trás, viram dois indivíduos, que os assaltaram. Disse que havia mais dois, em um carro, que veio da mesma

atrás deles (possivelmente a Tobias Barreto, conforme se verifica no mapa abaixo anexado) e os abordaram. Após efetuar o assalto, entraram na mesma rua de onde saíram e fugiram em um veículo Corsa (fls. 488 e verso). No mesmo sentido foi o depoimento da vítima Gabriela, referindo que estavam caminhando e, quando olharam pra trás, viram dois indivíduos, que os assaltaram. Disse que havia mais dois, em um carro, que veio da mesma

No documento PODER JUDICIÁRIO (páginas 21-44)

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