• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 2. INTERAÇÕES ENTRE PARES EM CONTEXTO DE CRECHE – O

3.1. CONTEXTO DE JARDIM DE INFÂNCIA

3.3.1. O desafio de planificar com as crianças

Ao longo desta PES em contexto de JI um dos meus maiores desafios foi descobrir o que significava planificar com as crianças. Neste momento, entendo que planificar com as crianças implica comunicação e diálogo entre o educador e as crianças escolhendo as crianças os caminhos que querem seguir tendo o educador o papel de apoiar e de ajudar a construir esses caminhos (Moreira, 2008). Para tal, o educador deve ouvir as sugestões das crianças e valorizá-las e deve, depois, juntamente com elas, decidir como pôr essas ideias em prática envolvendo-as e responsabilizando-as por aquilo que estas desejam

52

fazer. Para além disso, o educador deve ir complementando as ideias das crianças com outras sugestões dando-lhes a conhecer outras possibilidades de resolução, de forma a alargar o horizonte de conhecimentos e experiências das crianças. Deste modo, estando as crianças implicadas e sendo participantes ativas no seu processo de aprendizagem e nos caminhos que querem trilhar, mais motivadas e envolvidas vão estar nas tarefas e experiências educativas que vão desenvolver (Vasconcelos et al, 2012).

Uma das minhas dificuldades iniciais era perceber como é que se levava a cabo esta planificação com as crianças. Quando as crianças davam ideias do que gostavam de fazer eu pensava que tinha logo no mesmo momento ou nos dias seguintes, providenciar os recursos necessários para que estas pudessem concretizar as experiências educativas desejadas. Pensava que o educador é que devia decidir a forma como queria desenvolver as experiências educativas, quando é que as queria concretizar e os recursos que queria utilizar. Ou seja, eu e a minha colega, inicialmente planificávamos tendo em conta os interesses que as crianças demonstravam mas nós é que tomávamos todas as decisões acerca de como concretizar as experiências educativas como se pode ver na Reflexão 10:

As crianças tinham sugerido fazer insetos e aranhas (…). Deste modo as crianças têm vindo (…) a construir vários insetos e aranhas na área da expressão plástica. (…) Contudo, apesar de estar a perceber um pouco melhor como se pode por em prática a planificação com as crianças, penso que nestas atividades que as crianças sugeriram fazer (…) ainda nos faltou passar por alguns passos da planificação com as crianças. Não lhes perguntámos, por exemplo, que materiais gostariam de utilizar para a construção dos insetos tendo sido eu e a minha colega a decidir que materiais as crianças iam utilizar (Reflexão 10, Anexo 9, p.51).

Só com o desenrolar doprojeto “As Aranhas” desenvolvido segundo a Metodologia de Trabalho de Projeto (MTP) (ver Capítulo 4) onde as crianças assumiram um papel ativo no seu processo de aprendizagem é que comecei a perceber que as ideias que estas dão acerca do que querem fazer são apenas o início da planificação que podemos fazer com elas pois é a partir dessas ideias que o educador, em conjunto com as crianças, pode combinar como fazer, quando fazer e com que recursos humanos e materiais. O educador não é (nem tem de ser) o único responsável por dinamizar e fazer com que determinada experiência educativa (que as crianças gostariam de realizar) aconteça. Percebi que sempre que seja possível, se devem implicar as crianças em todo o processo, desde a sugestão do que se quer fazer até à parte da sua execução passando pelas fases intermédias em que se discute o como, o quando, o que é preciso. Através destas ações, as crianças vão sentir-se seres competentes e capazes de descobrir o mundo e de gerir o seu próprio processo de aprendizagem com o apoio dos adultos - esta forma de trabalhar vai ajudá-

53

las a ganhar autonomia, a ter espírito crítico, a saber dar ideias e a ouvir e respeitar as ideias dos outros (Vasconcelos et al, 2012).

Ao longo do projeto “As Aranhas” as crianças foram dando sugestões de algumas experiências educativas que gostavam de desenvolver e eu e a minha colega conseguimos, em alguns momentos, planificar com as crianças definindo com elas quando as iríamos realizar, como iríamos fazer, quais os materiais que iríamos utilizar e como arranjaríamos esses materiais. A título de exemplo, duas crianças mostraram-se interessadas em inventar uma história para dramatizarem com o fantoche aranha e outros fantoches sendo que eu e a minha colega lhes demos oportunidade de serem elas a inventarem toda a história (personagens, enredo, título) apoiando-as apenas na sua concretização. Quiseram, também, apresentar o teatro às crianças das outras salas tendo sido elas a decidir em que dias é que queriam ensaiar e em que dia e em que local é que queriam fazer a apresentação.

Também num dos dias de PES uma criança trouxe uma receita de casa de bolinhos de chocolate e coco que queria fazer no JI. Então, depois de esta a mostrar aos colegas e estes se mostrarem também interessados em concretizar a receita decidimos, em grande grupo, quando é que a iríamos fazer, quais os ingredientes necessários e quem os trazia, como é evidenciado no dia 11-06-2014 do Diário do Projeto “As Aranhas”:

O D trouxe uma receita de bolinhos de chocolate e coco que gostava de fazer na sala e decidimos entre todos que faríamos os bolos para por na sala no dia da festa [festa de final de ano onde foi apresentado o projeto “As Aranhas”]. Decidimos em grande grupo, quem trazia que ingredientes da receita para que na semana a seguir, no dia antes da festa (dia 17) confecionássemos os mesmos.

Ter planificado com as crianças algumas atividades nesta PES, ajudou-me a perceber melhor o que era planificar com as crianças, como se fazia e quais as vantagens para as crianças.

3.3.2. A importância de planificar a organização do grupo e o tempo