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3.1– A mulher no contexto atual de Angola

O contexto atual de Angola é do cenário pós-guerra, o que tem possibilitado o povo angolano experimentar dias de um fim do conflito armado. A guerra, que devastou de forma bárbara e cruel os cidadãos da nação e os bens do país, destruiu infra-estruturas sociais, as igrejas perderam suas instituições pastorais e educacionais e têm sido consideradas como acontecimento que fazem parte do passado.

No documento da Igreja, “Plano Estratégico”374, se encontra descrito as expectativas de algumas situações vigentes no país, nas palavras seguintes:

O fim da guerra abriu novas perspectivas para o povo angolano. A livre circulação de pessoas e bens, abre a perspectiva de retorno das populações às áreas de origem, o Estado propôs sua autoridade a extensão de todo o país. A criação do exercito único nacional constitui uma premissa credível de que dessa vez a paz das armas veio para ficar. Grandes desafios se abrem para as tarefas da reconstrução e reconciliação nacional375.

Para uma sociedade que praticamente tem vivido guerras ao longo da sua história, o fim do conflito armado leva a crer no despontar de uma nova era.

Muitas mulheres em Angola são chefes de famílias, outras casadas vivendo com maridos. Algumas vivem deslocadas com ou sem maridos dentro do próprio país, sem condições dignas. Ainda outras, estavam refugiadas nos países vizinhos, dependendo das ajudas humanitárias e, atualmente, estão retornando ao país. As mulheres refugiadas e

374 Plano Estratégico, é o documento administrativo onde estão registrados os programas que a Igreja

realizará no período 2003-2007.

375I.E.C.A – Igreja Evangélica Congregacional em Angola. Plano Estratégico (Qüinqüênio 2003-2007).

deslocadas passaram por flagelos, de formas diferenciadas, dependendo do contexto e de seu estado civil. Para a sobrevivência, as mulheres desenvolvem diversas atividades que além da agricultura, tem o comércio no setor do mercado paralelo.

A maior parte das mulheres trabalha no mercado paralelo, o que tem levado sociólogos, economistas e outros profissionais a estudarem esse mercado. Henda Ducados376, em sua pesquisa constatou que mulheres que trabalham no mercado paralelo e,

em particular, no meio urbano é hoje em dia um refúgio e um recurso para criar

oportunidades de empregos e provisão de serviços para a maioria do povo377.

Nesse setor, as mulheres articularam associações atividades econômicas (Nzungueiras, Retalhistas e Grossistas). Zungueiras são vendedoras ambulantes nos próprios mercados, ruas e de casa em casa. As retalhistas são as varejistas que vendem nos mercados. As grossistas são as que vendem por atacado e estão ligadas com o comércio formal e algumas normalmente usufruem crédito. Em virtude das dificuldades em acumular valores consideráveis, constituíram um sistema rotativo de poupança, denominado “Kixikila”, para combater a absoluta pobreza. A sustentabilidade desses

grupos é mais visível entre mulheres mais velhas do que entre homens, devido a dedicação destas e aos fortes laços de solidariedade378.

Tudo indica que a inserção da mulher na economia informal é garantia de sustento de famílias e da sociedade. O mercado de emprego, principalmente no meio urbano, está mais ocupado por homens no espaço público, porém dispõe de poucas vantagens devido a salários baixos diante do poder de compra causado pela inflação. O desemprego causado pela instabilidade política e a destruição de infra-estruturas criaram nas pessoas insegurança.

Ronaldo Sathler-Rosa aponta na sua obra danos causados pelo desemprego. Segundo ele, o desemprego é uma das epidemias prejudiciais, pois cria insegurança financeira, ansiedade, ruptura familiar e outros danos.

Ronaldo Sathler-Rosa, aponta também marcas que se desencadeiam nas pessoas:

376Henda Ducados é angolana. Ela pesquisa temáticas sobre “As mulheres no mercado paralelo”, promotora e

fundadora da Rede Mulher em Angola e atualmente doutoranda na London School of Economics.

377 DUCADOS, Henda. Gênero, Raça e Classe – A feminização da Pobreza: A Estratificação do Sector

Informal Urbano de Luanda. http:www.desafio.ufba.br/gt3-005.html. p.5 de 10. Capturado em julho de 2004.

Deterioração das relações humanas, violência, reações como enfartos, úlceras, asma, hipertensão, além da depressão, angústia, perda de auto estima, alcoolismo, tabagismo, conflitos familiares e outros379.

Estas são as conseqüências do desemprego e insegurança. No caso de Angola, adicionar-se-iam as marcas apontadas por Ronaldo Sathler-Rosa, mais marcas que qualquer guerra deixa.

No processo educacional, as pesquisas realizadas durante os “seminários de formação de professores e educação com relação ao gênero”, constataram que a partir das crianças, as possibilidades de acesso às escolas são iguais. Tanto é, que na classe de iniciação, da 1ª até a 4ª classe (série) o ensino é obrigatório. O sistema de ensino recebe as crianças com as condições disponíveis. No entanto, mesmo nesse nível se verifica uma desvantagem para as meninas, pois a porcentagem se expressa em 46% de meninas. Quando se compara a outros países da África, ao sul do Saara, este índice é realmente baixo380.

As maiores dificuldades se encontram na retenção das meninas na escola, que começa a se verificar no primeiro nível. Por exemplo, as estatísticas do ano letivo de 1999 mostram que dos alunos matriculados, 46% eram meninas no primeiro nível. No segundo nível 19,8%. Quer dizer que, quanto mais elevado o nível de ensino, menor é a participação das meninas381.

Entretanto, as grandes disparidades verificam-se nos adultos. Entre as mulheres maiores de dezenove anos de idade, 43% freqüentaram a escola. O número é bastante elevado em relação aos homens, onde a porcentagem dos que nunca passaram pela escola atinge 17,5%. No entanto, existe o enquadramento voluntário de um número elevado de jovens e mulheres nas aulas de alfabetização e ensino de adultos nas zonas periféricas das cidades. Dos cerca de um milhão e oitocentos mil adultos em processo de alfabetização, 55% são mulheres e entre elas, jovens382.

As mesmas pesquisas realizadas indicam que as desigualdades e disparidades na participação das mulheres jovens e adultas no ensino e formação geral atualmente em

379 SATHLER-ROSA, Ronaldo. Cuidado pastoral em tempos de insegurança: uma hermenêutica

contemporânea. São Paulo, ASTE, 2004, p.22.

380 SANTO, Francisco Espírito. Gênero no Contexto do Sistema Educativo em Angola. 2º Fórum Lusófono

de Mulheres em Postos de Decisão, 2002, p.4. www. angola.fes-internacional.de/public/francisc. Capturado em novembro de 2004.

381 Idem, p.4.

Angola se encontra no substrato apurado. Nas áreas suburbanas, as alunas antes e depois das aulas realizam, por obrigação de ordem familiar, pequenos negócios, não tendo muitas delas tempo para se dedicarem ao estudo em casa. Daí, o pouco aproveitamento na aprendizagem das disciplinas. Nesse âmbito, as causas que se apontam a não freqüência das mulheres são:

- escolas distantes de casa;

- pobreza das famílias e conseqüente baixa ou nula renda familiar para suporte dos níveis subseqüentes de escolaridade;

- gravidez e casamentos precoces; - pouca importância à educação;

- agregados familiares numerosos e carentes, onde a prioridade educativa é dada aos rapazes, em detrimento das raparigas;

- separação ou morte dos pais e/ou encarregados de educação que exige a mudança de tutores;

- mudanças de residência;

- companhias e amizades pouco recomendáveis;

- trabalho doméstico ou pequenos negócios para ajudar a renda familiar;

- ambiente escolar pouco motivador, por elevado número de alunos e falta de mobiliário escolar e instalações;

- concluídas classes (4ª, 6ª, 8ª), inexistência de escola na respectiva localidade ou falta de vagas devido à reduzida capacidade das escolas existentes383.

De uma forma geral, o exposto revela aspectos impeditivos concorrentes à não formação das mulheres no processo geral de ensino. Contudo, é importante dizer que hoje se encontram mulheres que ocupam cada vez mais lugares de destaque na sociedade, quer no mercado de trabalho, quer nos cursos universitários, embora em número insignificante em relação à maioria. Outras administram as suas casas, estudam e trabalham. Encontram- se também as que exercem liderança nas Associações da sociedade civil, nas igrejas e no governo.

É importante um olhar ao estado do Huambo. O estado vive da agricultura de subsistência. São poucas as pessoas que não se dedicam ao trabalho da agricultura. Mesmo aqueles que estão empregados no mercado oficial do estado, ou no mercado informal, cada um deles também possui parcela de terra onde tira a sua: couve, lombi384, maçaroca385 etc. Nessa atividade agrícola é notório o empenho massivo das mulheres e a variedade de

383Idem, p.7.

384Lombi, designação dada às verduras (folhas de aboboreira, feijoeiro etc.) que fazem parte da gastronomia

do povo angolano.

produtos agrícolas vendidos nos mercados locais que têm garantido parte da sustentabilidade alimentar das populações neste Estado386.

Existe grande preocupação por parte do governo, através do Ministério da Agricultura, em minimizar as dificuldades que as populações enfrentam no que diz respeito a instrumentos de trabalho, sementes e outros meios de produção. As previsões indicam que terminada a guerra, a profissão da maioria será a agricultura.

Ainda nesse mesmo aspecto, vale colocar a preocupação de alguns cidadãos, dentre eles Bernardo Kaliwohõ, ex-militar da UNITA, que se refere à insuficiência de porções de terra. A terra arável é insuficiente, em virtude das aldeias não terem condições e devido a alguns terrenos minados387. Os esforços empreendidos pelas organizações dedicadas a desminagem alimentam esperanças de um dia o Huambo voltar a ser um potencial agrícola em Angola.

Além das preocupações com relação a atividades agrícolas, a mesma se registra quanto à alfabetização das populações. Nesse aspecto, se constata campanhas de alfabetização para todos aque les que até a idade adulta não tiveram oportunidade de freqüentar escolas. Nesse programa estão envolvidos o Ministério de Educação, as Igrejas, as ONGs e outras Associações. As Igrejas, ONGs e outras Associações têm desempenhado papel importante na medida em que, com ajuda das populações beneficiárias e seus parceiros, estão a intervir também nas áreas de difícil acesso, embora com insuficientes recursos materiais e financeiros388.

Tal processo de formação tem sido enriquecido com as experiências vividas no passado e no presente, o que torna motivador lutar para a conquista de uma vida melhor389. Essa força e esperança podem ser expressas nas palavras de Gabriel Garcia Marques:

Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros parassem, acordaria quando os outros dormem. (...) a uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Aprendi que todo mundo quer

386 DW. Boletim Mensal do Projecto Comunitário Vozes da Paz. ONDAKA. nº28, Huambo Angola, 2003,

p.14

387Idem, p.14.

388 DW. Boletim Mensal do Projecto Comunitário Vozes da Paz. Op. cit, p. 12.

389 CARITAS DE ANGOLA; IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL EM ANGOLA; OIKOS-

COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. Jango: Formação para a Transformação em Angola. Luanda Angola, 2001, p. 7.

viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa390.

Com as afirmações de Gabriel Garcia Marques, percebe-se que a valorização do processo todo da formação é importante, para levar as pessoas a serem sujeitos aprendentes, solidários, transformar atitudes, comportamentos de forma a satisfazer as necessidades e aspirações dos indivíduos, das comunidades e das sociedades.

Paulo Freire, ao falar da educação como sonho possível, mostra que a educação também é ato de conhecimento da realidade que se vive, possibilitando sonhos possíveis na prática de concepção libertadora. O conceito vive uma dialética que consiste na denúncia das injustiças que se vive na sociedade e anúncio do possível sonho da sociedade menos espoliada. Durante o processo de alfabetização, onde se ensina ler e escrever, Paulo Freire é de opinião que não é possível ler e escrever palavras separadas das palavras do mundo. Também não é possível separar a leitura do mundo e a escrita do mundo. Linguagem não pode ser entendida sem uma compreensão crítica da presença de seres humanos. A linguagem não é somente expressão e impressões, também é conhecimento. Por isso, deve- se ler o mundo no qual se vive391.

As condições no qual se encontram as mulheres em Angola, inclusive as da Igreja Congregacional e demais igrejas, requerem programas de formação que mantenha a interação delas com base na solidariedade e troca de experiências, que serão enriquecidas com novos saberes, aquisição de novos conhecimentos, novas práticas e meios392.

Analisando a tensão existente entre as mulheres, se percebe que as mulheres mais jovens esperam da Igreja formação que as ajude agir no cotidiano, conforme o contexto presente e suas exigências. Registra-se por parte das mulheres mais jovens uma postura de indiferença em relação à formação dada pelas mulheres na Igreja. Estas justificam que formação e programas são tradicionais e sem novidades, conforme se fez à transcrição da justificativa da não participação nas considerações do capítulo II.

Uma das questões que também se visualiza é o conflito de gerações. Muitas vezes acontece, por exemplo, as mais velhas acharem que o mundo atingiu o ponto crítico porque as/os filhas/os não ouvem as mães, os pais e as/os mais velhas/os. Ainda se comenta que a juventude atual está estragada porque é levada por culturas não edificantes, não quer

390Idem, p.92-93.

391 FREIRE, Paulo; Ana Maria Araújo Freire organizadora. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo,

Editora UNESP, 2001, p.28.

392 CARITAS DE ANGOLA; IGREJA EVANGÉLICA CONGREGACIONAL EM ANGOLA; OIKOS-

aprender dos mais velhos valores que constroem uma sociedade moralmente sadia. Muitas vezes uma jovem da Igreja, assim que se casa, não consegue se enquadrar na organização da Sociedade de Senhoras e nem permanece no grupo de jovens onde pertencia. Daí, a criação de casais jovens que passou para Sociedade Média Joyce, organização criada para acolher as recém casadas, os recém casados e mães jovens solteiras.

A reclamação apresentada é de que as mulheres mais jovens deviam aprender para manter seus lares moralmente saudáveis, na perspectiva religiosa cristã. Por sua vez, as mulheres jovens têm um olhar diferente a esse respeito. Elas advogam que nem tudo que se pretende se adequa na sociedade contemporânea.

Em relação à questão, Libânio J. B diz que o conflito de gerações existirá, e será mais forte enquanto as pessoas se mantiverem apegadas a um tempo, a um lugar, a um modo de estar de vida, a idéias, a conceitos e preconceitos. À medida que os horizontes se ampliam, em alguns casos as interpretações mudam, o que implica frequentemente em transformações. Contudo, é também normal ocorrer interferências que impedem a transformação e mudança de horizontes. Mas a formação pode levar a entender discrepâncias de convicções e mudanças de conceitos393.

As mulheres, da Igreja Congregacional através seu departamento, Sociedade de Senhoras, mantem seus estudos semanais, lições da Bíblia, projetos de Formação Feminina, seminários de tempo em tempo. Nos projetos de formação feminina lecionam- se: direitos humanos, informática, educação para a saúde, costura, nutrição e culinária, administração do lar, alfabetização e outras. A Igreja continua a promover formação teológica, educação cristã, estudos nas diversas áreas de conhecimento, formação para uma cultura de paz e tudo mais.

Também se tem a impressão de que algumas mulheres mais jovens não têm tempo de participar, pois a prioridade é a luta pela sobrevivência. Outras, porém, não encontram formação que satisfaça suas necessidades diante da realidade e da tendência delas de identidade no espaço público.

Tem havido mudanças na sociedade angolana, por exemplo, socialismo para economia de mercado livre, a participação das mulheres nas lutas de libertação do país, o envolvimento das mulheres em todas as esferas da vida social do país, a influência de movimentos feministas etc., criaram novas perspectivas para a vida de todo povo.

393LIBÂNIO, J. B; SJ. Formação da consciência crítica:.Subsídios Filosófico-Culturais. Petrópolis, Editora

Nisso, as mulheres mais jovens procuram formação que lhes identifique no espaço público. A identidade das mulheres no espaço público requer das igrejas formação pastoral que as capacite em busca do sentido da vida ou projeto de vida. Por outro lado, a geração das mulheres mais velhas se identifica com a formação pastoral que adquiriram ao longo da sua vida, na Igreja e na sociedade em geral, exercendo funções de educadora a partir do lar, ser boa esposa, boa administradora do lar, provedora do bem estar no lar, munida de conhecimentos. Pois, parte da formação religiosa e cultural adquirida imprimiu nelas essa postura. A conjuntura de mudanças pelas quais a sociedade angolana tem passado requer das igrejas atingir com sua ação pastoral as realidades novas que surgem, exigindo com ênfase especial as iniciativas destinadas à transformação de conceitos e atitudes por meio da formação e preparação das pessoas, a serem co-responsáveis na Igreja e na sociedade394.

A história mostrou que muito dos problemas e desafios das sociedades encontraram soluções e também atingiram desenvolvimento quando decidiram apostar na formação de seus cidadãos. As igrejas, como já o fizeram no passado, poderiam continuar a fomentar esta área numa perspectiva da práxis religiosa, para que se possa atingir o ser humano de forma integral (material, moral e espiritual). A formação torna-se uma oportunidade e um desafio um de ultrapassar determinadas situações e tensões.

3.1.1– A necessidade da formação pastoral das mulheres

Jung Mo Sung dizia que não se deve esperar da pessoa que dê à sociedade aquilo que a sociedade não formou nas pessoas. A sociedade contemporânea, caracterizada pelo poder econômico e político, capaz de controlar os espaços do conhecimento, educar, passa a ser uma tarefa que, segundo Jung Mo Sung ,é:

(...) dar competências necessárias para o mundo de hoje. A gente não educa só dando o conteúdo. É preciso ajudar as pessoas a aprender a aprender. Pois, em um mundo de tantas e tão rápidas mudanças, não adianta apenas saber conteúdos. Saber conteúdos não é o mais importante na vida e no trabalho. O que realmente importa é aprender a aprender. Mas num mundo tão complexo, tão contraditório, que não nos dá o sentido humano com tantas exclusões e tanta violência, é necessário ajudar as pessoas a encontrarem um sentido fundamental para as suas vidas, um sentido que humanize, para que não se percam. Isso só é possível se houver sensibilidade, ou competência e solidariedade395.

394 ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL. Para Que Todos Tenham Vida. Brasil,

A.E.C, 1984, p.64.

395 SUNG, Jung Mo. Conhecimento e solidariedade: educar para a superação da exclusão social. São Paulo,

A situação que Jung Mo Sung analisa requer de todas/os encontrar o sentido fundamental para as vidas, que integre ações pastorais cuja linguagem simbólica religiosa, assim como rituais, ajudem na busca de significado e sentido da vida.

Ao nosso ver, as ações pastorais que a Igreja em geral e as mulheres desenvolvem hoje, resultam da formação adquirida no passado, que capacitou as mulheres a contribuírem de forma eficiente no desenvolvimento da Igreja, das comunidades e da sociedade angolana em geral. Apesar desta formação ser muito importante, é necessário que nos dias atuais se procure mecanismos que se ajustem às mudanças.

A formação tem papel preponderante nas sociedades, tanto para mulheres como para homens. Ela leva a refletir no que se faz e em determinadas posturas do ser humano. Hoje, as mulheres precisam de formação, não para satisfazer nomeações, nem tão pouco demonstrar conhecimentos, mas para a transformação da sociedade por meio de ações conjuntas e humanizantes.

De acordo com Fernando Ernanne Pinheiro, um dos critérios para a formação pastoral abrange sujeito e comunidade, isto é, levando o cristão a ser sujeito corresponsável na comunidade eclesial, formação que ajude a pessoa a se situar com sua vocação e missão no mundo de hoje, assumindo não apenas a dimensão intelectual, mas a afetiva, espiritual e social pastoral396.

O que se sabe é que com a formação muitas sociedades conseguiram ultrapassar inúmeras dificuldades. Tem sido notório que a falta de formação tem deixado muitas mulheres e homens em sub missão e em baixa auto-estima, tornando raquítica a criatividade e a potencialidade das pessoas. As mulheres têm sido penalizadas, pois são olhadas como tímidas, que rejeitam certos cargos, mesmo que se tratem de sua representatividade. É