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A Descoberta de Pátios Invisíveis

Eram 10.700 unidades escolares numa primeira instância...

Como "lapidar" tamanha amostra ofertada pelo própria pesquisa à mestranda?

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Neste momento uma pergunta ecoou profundamente no cerne da pesquisa. A pesquisa agora "ganha" uma um espectro de cores muito específico e personalizado. Tão simples e tão complexa a pergunta se mostrou ao mesmo tempo. Questionamento advindo da necessidade de focarmos o objeto de estudo a pedido da orientadora desta dissertação.

Qual fase da educação escolar seria pertinente neste estudo que busca exemplares pioneiros que possuíssem "pátios educativos verdes" na cidade de São Paulo? Seria ideal pátios do Ensino Médio? Os do Ensino Fundamental II? Os do Fundamental I? Quais?

Resposta oficializada: Nenhum destes. Na verdade, se desejamos saber sobre os pioneiros construídos na cidade de São Paulo, o certo é a famosa frase: "começar pelo começo". Ou seja, ideal é focar a pesquisa nos pátios escolares da Educação Infantil, por serem o primeiro pátio escolar da vida de uma criança após seu contato com o quintal de sua família. Sim, vamos começar pelos pátios-jardins dos Jardins de Infância dos paulistanos!

Recentemente, neste novíssimo universo de estudo para a mestranda - o dos Jardins da Infância - que resgatou a presença das crianças em espaços escolares, pudemos conhecer livros atualmente voltados para este público, sendo dois deles muito compatíveis e acolhedores com as idéias-chave desta pesquisa. Pesquisa agora em diante sobre jardins (Arte Paisagística) & crianças ( História da Cultura, no caso a Infantil) & Jardins da infância (Educação). Gama interdisciplinar contemplada no perfil deste curso de Stricto Sensu em "Educação, Arte e História da Cultura".

O livro de Lane Smith, intitulado "Vovô Verde", da Companhia das Letrinhas, de 2013 (recém-publicado), com imagens belíssimas do ponto de vista da jardinagem, acabou trazendo uma frase (página que resume, de modo simples e sofisticado a ideia do que um pátio em forma de jardim é capaz de fazer ou de propiciar.

Mas as coisas mais importantes, o jardim lembra por ele.

Esclarecendo um pouco quem é "ele", o livro conta sobre a vida de um bisavó na voz de seu bisneto. A história deste ente querido se passa sempre intimamente ligada à paisagem ajardinada, já que o "Vovô Verde, além de velhinho, é um jardineiro apaixonado, e como anda um pouco esquecido, é nas plantas que guarda as suas histórias e memórias mais especiais".

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Se valendo deste recurso literário - um conto - pudemos universalizar seus personagens, também por tanto o bisneto quanto seu bisavô não se apresentarem ao longo de todo o livro com nomes próprios. Nos permitindo visualizarmos dentro do nosso novo objeto de estudo: os jardins dos jardins da infância paulistanos. Tão antigos como o "bisavô" da história, também acolhiam jardins que para o nosso estudo - daqui em diante - também são capazes de eternizar "histórias" de docentes e de pequeninos alunos, de teorias educacionais. Ao mesmo tempo que produziam e ainda produzem "memórias" dos que tiveram o privilégio de "entrar" nestas raras "nascentes" até a pouco ocultadas na "floresta". Na gama expressiva da rede escolar paulistana em todos os seus âmbitos: estadual, municipal e particular.

Outro livro com o mesmo público infantil, também a ser lembrado por suas belíssimas frases é o "Meu Jardim Secreto" (páginas 14 e 20), de Shu-Nu Yan, de 2009, da Editora FTD, que narra como foi se desenvolvendo gradativamente o contato de um pequeno menino com uma área verde com cobertura arbórea intensa, urbana, que na verdade era um terreno abandonado com ruínas de uma antiga fábrica. E que, infelizmente, esta área verde (nascida espontaneamente, sem projeto paisagístico, por exemplo) foi eliminada para uma nova construção a ser erguida. Eternizando ao leitor a seguinte reflexão convergente com nosso "olhar" sobre a importância "do verde" em simbiose com as crianças e da defendida "Educação dos Sentidos", latente nas ideias pedagógicas de Froebel. Leiamos com esta sensibilidade:

Mamãe pegou as sementes e disse: - Toda árvore cresce de uma sementinha como esta! Surpreso, olhei para aquelas sementes mágicas e as plantei em vasos, regando-as diariamente, esperando que elas brotassem logo. Nossa casa se tornou um lugar interessante por causa do bosque. Todos os dias alguma coisa emocionante acontecia. Eu decidi transformar o bosque em meu jardim secreto, meu refúgio. (...) Enquanto eu pudesse, todo dia, olhar para o refúgio, que era meu e dos animais, ouvir seus misteriosos sons e sentir o cheiro fresco das plantas e flores, eu estava feliz.

Assim como aconteceu com o jardim do Jardim da Infância anexo à escola Normal Caetano de Campos (e ele em si), este refúgio do menino também foi demolido por "escavadeiras do Progresso". Na historinha infantil, para se construir um grande prédio. No caso do Jardim anexo à Caetano, para passar apenas um par de vias - com extensão de apenas um quarteirão, para provavelmente se alinharem esteticamente com a nova Avenida São Luis, sob as regras urbanísticas do "Plano de Avenidas" de Prestes Maia.

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Este momento (página 31) de "Meu Jardim Secreto" poderiam bem que representar, ao nosso estudo, o desconforto de quem já tinha vivido a pouco dentro daquele jardim do Jardim Infância anexo à escola Normal Caetano de Campos. Deleitemos esta "licença poética" nos nós, nesta tese, reinterpretada.

A escavadeira trabalhava todos os dias... As folhagens desapareciam de minha visão, e eu não podia mais sentir o cheiro fresco de grama trazido pelo vento. Pétalas amarelas pararam de flutuar ao vento.

Silenciosamente, fechei minha cortina.

Procuramos mais que a fatídica notícia sobre a famosa demolição deste precioso exemplar, tanto arquitetonicamente (como veremos a seguir) quanto na relação nos seus quase 45 anos de existência valorizando a relação Pedagogia & Natureza enquanto se situou aos fundos e no eixo da Escola Normal da Capital. Em busca, na verdade, não de datas, mas de impressões, vivências e sentimentos envolvidos com o fim físico deste jardim e do próprio Jardim anexo à Escola Normal da Capital, felizmente, encontramos este universo na forma de dois poemas ainda hoje "escondidos" nos armários do Arquivo da Escola Caetano de Campos, próxima à Praça Rossevelt.

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Poema "Recordar" do Cinquentenário do Jardim da Infância, de Isabel Vieira de Serpa e Paiva

( Documentos pertencentes ao "Dossiê Didático No 3, Caixa No 4 ", do Arquivo da Escola Caetano de Campos / ver detalhe abaixo. Fotografia da mestranda autorizada pelo CR Mário Covas)

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Mesmo atrás de memórias de outras fontes de pesquisa, o poema acima ainda contribuiu com um pouco da marca do Paisagismo da Praça da República, com seu "plátanos da Praça".

'Plátanos", da família das Plantanáceas, de nome científico Platanus

occidentalis L. , ainda muito usado pelos paisagistas é uma árvore que não faz parte

de nosso ecossistema brasileiro, logo não é nativa. Típica da América do Norte, se desenvolve bem em países de clima subtropical e temperados. Foi trazida do exterior devido às suas qualidades estéticas, como a sua típica folha que é homenageada na bandeira do Canadá e tem uma marcante característica de marcar as estações do ano, com a folhagem migrando do verde, passando para o vermelho até ficar marrom e cair no chão. Como ainda é fato, por exemplo, em Campos do Jordão. Cidade de apreço pelos paulistanos ainda hoje.

Segue foto da mestranda, feitas durante esta pesquisa, de "plátanos" ao longo das estradas da cidade de Campos do Jordão, no Estado de São Paulo, registrados em 12 de maio de 2012. E acreditamos que Paulo Bonfim, no poema acima, tenha tentado nos transmitir esta "paisagem cromática"!

Paisagem com "plátanos" em maio de 2012 numa estrada da cidade de Campos do Jordão

(Foto de autoria da pesquisadora, com intuito de pesquisa em Paisagismo)

Num momento mais a frente, detalharemos o processo citado e descobertas inéditas, inclusive. No mais, nossas primeiras conclusões sobre os dados que "nos" encontraram. E como "as cortinas abertas" - as janelas generosamente projetadas por Paula Souza em parceira com Ramos de Azevedo - fariam o próprio jardim fazer parte do dentro e do fora ao mesmo tempo. Vejamos tal caixilharia:

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Foto do Jardim da Infância anexo à Escola Normal Caetano de Campos em construção!

( Documento do álbum "Jardim da Infância / Turmas 1931 / caixa 14, do Arquivo da Escola Caetano de Campos. Foto da foto executada pela mestranda autorizada pelo CR Mário Covas)

Num primeiro momento, o projeto arquitetônico do Jardim da Caetano de Campos foi atribuído à Ramos de Azevedo. Mas se delicadamente lermos esta passagem de Wolff ( 2010, p. ) percebemos uma co-autoria importante: a parceria com Paula Souza, este principalmente presente na fase projetual. Já, Ramos na fase de execução do Jardim em questão. E este detalhe pode ter feito o projeto original não ter sido até hoje (mesmo durante mais de um ano, por parte da mestranda a "vasculhar" inúmeros arquivos e departamentos pela cidade) encontrado. Nem mesmo por Silvia Ferreira santos Wolff, pesquisadora assídua de projetos escolares da fase da República no Brasil. Nem por nós...a procura de projetos arquitetônicos datados entre 1892 a 1896, teoricamente em nome de Ramos de Azevedo. Mas, se fosse possível, esta pesquisadora teria tempo para conferir nas mesmas fontes projetos arquivados e processos municipais agora envolvendo o também ilustre Antonio Francisco Paula Souza: engenheiro, educador e político parte da historia dos paulistanos. Abolicionista e republicano, segundo PADILHA (2010).

Apreciemos a frase (apud WOLFF, p. 149) que os firmam como co-autores, na verdade, do Jardim da Infância tão sonhado por Gabriel Prestes situado não na rua Ipiranga (dado inédito) na época, e sim na Rua Epitácio Pessoa (como se

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chamava este trecho da atual Avenida Ipiranga). Dado percebido pela mestranda em plantas de arquitetura da época como esta a seguir. Detalhe da história desta rua que ainda será apresentado ao responsável por este assunto no Arquivo Histórico Municipal da Cidade de São Paulo (no atual Edifício Ramos de Azevedo) no Bairro da Luz, ao chefe Maurilio José Ribeiro, da "Seção de Denominação de Lougradouros Públicos".

A nova sede para a Escola Normal de São Paulo, por tanto tempo esperada, inaugurou-se com festa, banda e discurso em 2 de agosto de 1894...

"O orçamento e a planta foram feitos pelo Dr. Antonio F. Paula Souza, mas a construção foi confiada ao notável engenheiro Dr. F. Ramos de Azevedo...o que hoje chamaríamos anteprojeto era de Paula Souza e seu desenvolvimento , ao longo da obra, coube a Ramos de Azevedo.

Paula Souza, engenheiro de sólida formação na Suiça e na alemanha, está inextricavelmente ligado às transformações político-culturais do final do século em São Paulo. É o primeiro diretor da Superintendência de Obras Públicas em 1892...graças ao qual apresenta projeto de lei que resultou na criação da Escola Politécnica de São Paulo....profissional cuja capacidade de trabalho vinha sendo demonstrada desde a catedral de Campinas e, mais, das obras da igreja matriz de Itu na qual, aliás, haviam trabalhado juntos."

Tanto autor quanto logradouro nos faz distanciar a chance de encontrarmos os originais ainda "perdidos" pela cidade. Seria o autor que deu entrada na prefeitura, Ramos de Azevedo, com obra na Rua Ipiranga (rua da frente do Jardim da Infância)? Ou ainda Ramos de Azevedo, com obra na Rua Araújo (rua do fundo do lote do Jardim da Infância)? ou Paula Souza, autor da obra na Rua Epitácio Pessôa?

A pesquisa a este respeito se iniciou, incansavelmente, desde março de 2013 e ainda esta em andamento. Mas já contribui de modo inédito à "História das Ruas de São Paulo", de respnsabilidade do Arquivo Histórico Municipal, situado hoje no Bairro da Luz, no Edifício Ramos de Azevedo.

Vejamos um destes raros projetos de arquitetura, preservados no Arquivo Histórico de São Paulo, onde temos a certeza do nome da rua na época da inauguração (1896) até 1933 (ver seta branca / poucos anos antes da demolição a pedido de Prestes Maia). Fato que serve como nova pista para tentarmos encontrar documentos e desenhos até o momento ainda "ocultos". E dado incorporado à esta pesquisa (assim como serão muitos outros) `a luz do "Método Fundamentado em Dados", teoria de Glaser e Strauss.

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"O.Pu. - Edifícios VIII.C. 28 / 1-J : Mapoteca 05 / Gaveta 03", carimbo com data de 1933171

(cópia de autoria da desenhista Angela W. Oliveira, com data de 27.06.1933, no carimbo)

Outro aspecto interessante, além do nome da rua na época (Rua Epitácio Pessôa) não ser ainda parte da seção "História das Ruas de São Paulo" do referido Arquivo (deixemos nossa pequena contribuição à esta famosa avenida, hoje, Ipiranga), tal projeto de implantação parece ser um estudo não para a Escola Normal, e sim para o Jardim da Infância neste período ainda "de pé".

Como todas as informações arquitetônicas se referem apenas à área externa, podemos visualizar claramente propostas para uma possível "horta", para um possível espaço para "jogos" e proposta de dois galpões ("galpão") cobertos com estrutura metálica e vidro, mas que nunca foram construídos como as fotografias remanescente denunciam. Nestas fotos (apreciar a seguir) só podemos ter certeza da existência de dois grandes pátios secos descobertos para atividades esportivas .

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Foto tirada pela mestranda da folha com a implantação da Escola Normal Caetano de Campos e indicação em forma de texto da localização do Jardim da Infância nos fundos da Escola Normal e registro do endereço "Rua Epitácio Pessôa" -ver seta branca- desta escola, hoje Avenida Ipiranga. Autorizada pelo Arquivo Histórico de São Paulo em 29.out.2013)

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Um masculino (à direita na implantação acima visualizada), outro feminino (à esquerda na mesma implantação acima dada) , desde 1908. Data do álbum "Album de Photographias da Escola Normal de São Paulo", o qual tivemos acesso no Setor Iconográfico do Arquivo do Estado. Só o jardim (com um par de palmeiras imperiais simetricamente dispostas entre o jardim e o ginásio) parece ter sido executado, interligando os dois pátios com a edificação que vemos em primeiro plano: o ginásio (no desenho arquitetônico acima exposto: "ginástica"). E atrás deste, ao fundo e à direita, podemos identificar principalmente a rotonda octogonal metálica do Jardim da Infância anexo à esta instituição.

Escola Normal Caetano de Campos : entrada dos alunos pelos fundos/ Ala Masculina (o da direita na implantação acima comentada) e Jardim da Infância, após Ginásio.

(foto da foto do álbum citado tirada pela mestranda / divulgação autorizada pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo/ Setor Iconográfico em 24.04.2013)

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Escola Normal Caetano de Campos : entrada dos alunos pelos fundos/ Ala Feminina (o da esquerda na implantação acima comentada) e Jardim da Infância, após Ginásio.

(foto da foto do álbum citado tirada pela mestranda/ divulgação autorizada pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo/ Setor Iconográfico em 24.04.2013)

Seria este um estudo para ampliar a conexão no nível térreo entre Jardim da Infância e Escola Normal, suprindo necessidades de ambas ou já poderíamos arriscar entender que talvez, em 1933, estavam já prevendo a demolição do Jardim e, então, a necessária transferência do Jardim da Infância para dentro da edificação da Escola Normal e assim uma também urgente readaptar da área externa para atender às futuras necessidades das crianças de três a seis anos pós-demolições?

Quanto à horta, não encontramos registros dela. Só como um local tal qual um pátio seco, descoberto e que hoje lembraria muito apenas um recuo posterior. Vejamos onde seria a mesma, mas também foi de uso da parte masculina dos alunos.

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Escola Normal Caetano de Campos : onde seria a "horta" / Ala Masculina

(o pátio da direita na implantação acima comentada) e Rua Araujo ao fundo da mesma

(foto da foto do álbum citado tirada pela mestranda/ divulgação autorizada pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo/ Setor Iconográfico em 24.04.2013)

Só podemos concluir observando as três fotos acima do referido álbum de 1908 que o Paisagismo foi proposto, numa primeira análise, com plantas exóticas - ou seja, não nativas do Brasil - como palmeiras imperiais (Roystonea oleracea) e arecas-bambu (Dypsis lutescens), para interligar a construção principal - a da Escola Normal - com o Ginásio, ao fundo. Este entre o Jardim da Infância anexo à esta escola e a própria Escola Normal da Capital. Além de um Flamboyant majestoso

(Delonix regia ou flor-do-paraíso)como na foto imediatamente acima

Vejamos, agora, parte desta "paisagem cromática" que fez parte do referido conjunto monumental formado pela Escola Normal, Ginásio e Jardim da Infância:

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Exemplar de árvore Flamboyant (Delonix regia) - tal qual na foto onde seria a "horta"

(fonte: http://flores.culturamix.com, acessada em outubro de 2013, para fins acadêmicos)

Exemplar de Palmeira Imperial (Roystonea oleracea) - como as adjacentes ao Ginásio

(fonte: http://pauloferreirapaisagismo.com.br, acessada em outubro de 2013, para fins acadêmicos)

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Exemplar de Palmeira Areca Bambu (Dypsis lutescens)- como as adjacentes ao Ginásio

(fonte: http://terracotajardinagem.com.br, acessada em outubro de 2013, para fins acadêmicos)

Assim, sendo Ginásio e ao mesmo tempo entrada de alunos da edificação monumental.

Acabamos por saber pelo prof. Diógenes, do CRE Mário Covas, que somente os professores entravam na Escola Normal para lecionar pela entrada principal (na época, a mais "nobre"): a da Praça da República.

Logo, parece que podemos afirmar que temos um registro raro que realmente já considera a demolição do Jardim da Infância, por este desenho arquitetônico estar iminentemente próximo ao período histórico acima comentado e, por isso, talvez transfeririam as crianças de três a seis anos para o térreo da edificação maior . Ou, se não sabiam ainda da futura demolição, este também é um raro registro de uma possível melhoria da área externa, acrescentando - nesta opção- mais área verde, horta e caminhos cobertos com estrutura metálica e vidro, convergentes com a elegância do estilo da edificação existente até hoje na Praça da República. Estilo este assinado por Ramos de Azevedo e Paula Souza: Eclético.

O que decidiu o fim do Jardim da Infância aos fundos da Escola Normal aqui em análise foi o "Plano de Avenidas", como é chamado oficialmente, como comenta Renato Luiz Sobral Anelli, em "Redes de Mobilidade e Urbanismo em São Paulo: das radiais/perimetrais do Plano de Avenidas à malha direcional PUB (1)" na bem

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conceituada revista eletrônica "Vitruvius" (ver matéria no link:

http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.082/259) , é um:

... projeto de sistema viário estrutural proposto por Prestes Maia e Ulhôa Cintra nas décadas de 1920 e 30 para São Paulo estruturou o crescimento da cidade ao longo das décadas seguintes.

Compreendendo em breve, condensadas e precisas palavras as diretrizes e as consequências urbanísticas nascidas e promovidas por este plano, agora, de Maria Cristina da Silva Leme, por seu "Revisão do Plano de Avenida: estudo sobre o planejamento urbano de São Paulo, 1930", de sua tese de doutorado da FAU- USP( 1990):

O plano é organizado em nove capítulos e um apêndice...No primeiro capítulo, Introdução, Prestes Maia define os objetivos e abrangência do plano. No segundo e terceiro..."Desapropriações" e "Recursos Financeiros".

O tema central do plano, remodelação e extensão do sistema viário de São Paulo...a se estruturar como um sistema radial perimetral...proposta de um anel viário em torno do centro da cidade...propunha o descongestionamento e expansão do centro envolvendo a área central com um sistema de avenidas e viadutos. Desta forma transpunha os obstáculos físicos para a expansão do centro, de um lado o Vale do Anhangabaú e, do outro, a Várzea do Carmo...

A extensão da cidade é o tema do nono capítulo com informações sobre a legislação urbanística vigente. O Apêndice ao plano é dividido em duas partes "Parques" onde Prestes Maia aborda os novos e grandes parques propostos para São Paulo...

Importante destacar que o Plano de Avenidas tem uma concepção de cidade implícita no projeto de sistema radial perimetral, na preferência por um sistema de transporte em superfície e na proposta de expansão do centro histórico.

Este plano orientou a atuação de dois prefeitos de São Paulo Fabio Prado e o próprio Preste Maia, no período entre 1934 e 1945...A execução das obras viárias transformam a estrutura urbana da cidade e consolidam o padrão periférico de expansão apoiado no tripé: loteamento clandestino, auto-construção e transporte por ônibus.Preparam a cidade para o desenvolvimento econômico que se concretizará nas décadas seguintes.

Para tanto, fomos à busca de "vestígios" em forma de projetos urbanísticos no chamado Arquivo da Balsa ou Arquivo de Processos Municipais, na Rua da Balsa na

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