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Na disciplina Teoria e Prática de Pesquisa, oferecida na estrutura curricular do Mestrado em Educação em Ciências e Matemática, há oportunidade de trabalhar com o tema central deste curso: pesquisa. O curso de pós-graduação objetiva formar pesquisadores com ênfase na interdisciplinaridade.

Em um dos trabalhos realizados para a disciplina investiguei, através da leitura e da análise de teóricos selecionados, o que é pesquisa e qual sua função. Verifiquei que uma atividade desse tipo conduz os estudantes da área científica à aproximação com trabalhos de investigação nos mais diversos campos do conhecimento, fornecendo elementos à organização de competências dispersas, obtidas na graduação. Ao término de tal trabalho, eu estava mais segura e apta a elaborar projetos de pesquisa de acordo com os princípios e normas da metodologia científica.

Com a mesma intenção de apreender intelectualmente, quando trabalho a pesquisa em sala de aula, projeto para os alunos a verificação do conhecimento do senso comum para descoberta e (re) construção do conhecimento científico. É importante fazê-los compreender que, para desenvolver uma pesquisa, é necessário estar disposto e disponível, pois ela envolve seleção de material teórico, leituras, elaboração de material teórico (relatório), comunicação e validação do material construído.

Pádua (2003, p. 29) compreende que:

Tomada num sentido amplo, pesquisa é toda atividade voltada para a solução de problemas; como atividade de busca, indagação, investigação, inquirição da realidade, é a atividade que vai nos permitir, no âmbito da ciência, elaborar um conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que nos auxilie na compreensão desta realidade e nos oriente em nossas ações.

Os estudantes, ao realizarem esse tipo de trabalho, ou seja, pesquisa, desenvolvem a leitura, a escrita, o lúdico, a oralidade, a crítica e os relacionamentos intra e interpessoais. Eles tomam consciência que todo esse expandir-se fará a diferença na administração de sua vida pessoal e em sua participação no mercado de trabalho.

O desenvolvimento de um trabalho como este também remete o aluno a constantes idas e vindas em torno da literatura especializada; o faz mais íntimo do tema; auxilia a vencer barreiras iniciais da escrita, melhorando a intensidade e a validade da produção. Como

pesquisador iniciante, o aluno pode deduzir que a pesquisa apenas o ajudará a compreender o tema estudado, mas com o passar do tempo, as técnicas de pesquisa e escrita o habilitarão a trabalhar por conta própria, por exemplo, a fazer uma redação.

Um aspecto importante e esclarecedor para o desenvolvimento deste empreendimento foi o fato de eu saber, através da minha experiência em sala de aula, que a grande maioria dos alunos jamais tivera uma experiência concreta sobre pesquisa. Assim esta atividade foi desenvolvida de acordo com o nível cognitivo estrutural que eles possuíam, porém foi exigido deles o máximo que o limite permitia. Não foi requerido um trabalho acadêmico dos estudantes, mas nem por isso deixei de oportunizar que eles fizessem uma boa obra intelectual.

Existem diferenças entre o conhecimento do cotidiano e conhecimento científico. O conhecimento comum, também chamado de conhecimento ordinário, resulta da necessidade de o ser humano resolver os problemas do cotidiano que aparecem em sua vida prática. Eles são considerados verdadeiros, mas sem questionamentos, e são reproduzidos de forma natural e aprendidos. O conhecimento popular é transmitido de geração a geração, por meio de educação informal, baseado na imitação e na experiência pessoal de quem o transmite.

Köche (1997, p. 24) fala sobre:

O conhecimento do senso comum, sendo resultado da necessidade de resolver os problemas diários não é, portanto, antecipadamente programado ou planejado. À medida que a vida vai acontecendo ele se desenvolve, seguindo a ordem natural dos acontecimentos. Nele, há uma tendência de manter o sujeito que o elabora como espectador passivo da realidade, atropelado pelos fatos. Por isso, o conhecimento do senso comum caracteriza-se por ser elaborado de forma espontânea e instintiva.

Desse conhecimento nasce a necessidade de o ser humano não mais assumir o papel de espectador da realidade e sim de agir sobre ela, controlando-a. “Cabe ao homem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo.” (KÖCHE, 1997, p. 29). Surge então o conhecimento científico.

O conhecimento científico é um produto que resulta da investigação científica, através da interação sujeito/objeto. A investigação científica nasce quando os conhecimentos existentes tornam-se insuficientes para explicar as questões que surgem. Ele pretende responder a dúvida que se estabelece e é transmitido por intermédio de treinamento apropriado. É um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos.

e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos” (GIL, 1991, p. 19). De acordo com o mesmo autor, existem várias finalidades que definem a realização de uma pesquisa:

Há muitas razões que determinam a realização de uma pesquisa. Podem, no entanto, ser classificadas em dois grandes grupos: razões de ordem intelectual e razões de ordem prática. As primeiras decorrem do desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer. As últimas decorrem do desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente ou eficaz. (GIL,1991, p. 19)

Demo (2002, p. 37) apresenta a pesquisa como diálogo:

Uma definição pertinente de pesquisa poderia ser: diálogo inteligente com a realidade, tornando-o como processo e atitude, e como integrante do cotidiano. Diálogo é fala contrária, entre atores que se encontram e se defrontam. Somente pessoas emancipadas podem de verdade dialogar, porque têm com que contribuir. Um ser social emancipado nunca entra no diálogo para somente escutar e seguir, mas para demarcar espaço próprio, a partir do qual compreende o do outro com ele e com ele de compõe ou se defronta.

De acordo com Booth, Colomb e Williams (2005, p. 8) pesquisar é:

Simplesmente reunir informações necessárias para encontrar respostas para uma pergunta e assim chegar à solução de um problema.

PROBLEMA: Depois de um dia de compras, você percebe que sua carteira sumiu. PESQUISA: Você se lembra dos lugares onde esteve e começa a telefonar aos departamentos de achados e perdidos.

Em seu desenvolvimento, a pesquisa move-se para frente e para trás, progride um pouco e recua outro pouco. Uma pesquisa envolve complexidade e questionamentos. Por exemplo:

a) Será que o meu argumento vai „satisfazer‟ o meu leitor/professor a ponto de fazê-lo aceitar a minha afirmação?;

b) Será que a introdução do meu trabalho vai prender a atenção do meu leitor/professor?;

c) Será que fui clara e objetiva na escrita de meu texto?

O objetivo de um relatório de pesquisa é manter um diálogo entre pesquisador e leitor/professor, o qual, depois da leitura da narrativa, pode ou não mudar de opinião. Nesse diálogo, o pesquisador “vai comunicar os resultados obtidos na investigação” (KÖCHE, 1997, p. 151). O relatório deve ser redigido com cuidado e apresentar precisão.