4.2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECORRENTES NA ORLA DA PRAIA DO
4.2.1 Descolamento de reboco
De acordo com Bauer (1997), o descolamento do reboco refere-se à separação da camada de revestimento de argamassa, esse descolamento pode compreender desde áreas restritas até extensões maiores abrangendo a totalidade da alvenaria. Na figura 02 observou-se o tipo de descolamento de reboco em forma de placas:
Figura 2 - Descolamento do reboco
Fonte: Autores (2020).
Como observou-se na figura 02, o descolamento do reboco abrangeu uma grande extensão do muro e apresentamos a seguir de que forma isso acontece:
Possíveis causas: Esse tipo de problema provavelmente está relacionado ao fato de a superfície não ter recebido a camada de chapisco e também pela espessura do revestimento não condizente com as normas.
Origem: A origem desse descolamento pode estar no projeto, por não ter previsto corretamente a espessura do revestimento e a camada de chapisco que proporcionaria a aderência necessária na superfície, ou na execução, por não ter seguido as especificações do projeto.
Mecanismo de ocorrência: A falta de chapisco pode tornar a aderência entre a superfície e o revestimento insuficiente, o que pode acabar ocasionando o desprendimento do reboco.
Reparos: O reparo sugerido é a remoção do restante do reboco, aplicar a camada de chapisco seguida pelo emboço e reboco.
4.2.2 Destacamento de placas cerâmicas
Segundo Luz (2004), o destacamento de placas cerâmicas está relacionado à falta de aderência entre as placas e o emboço. Esse tipo de manifestação patológica apresenta grande risco aos usuários da edificação, já que quando acontece seu desprendimento pode acabar caindo em alguém que esteja passando no momento. Nas figuras 3 e 4 observa-se edifícios distintos que apresentam o mesmo problema de destacamento de cerâmica.
Figura 3 – Destacamento de placas cerâmicas
Figura 4 – Reparo quando não encontrada mesma cerâmica
Fonte: Autores (2020).
Como observou-se na figura 03, o destacamento dessas placas cerâmicas confere um prejuízo estético à fachada do edifício e muitas vezes quando necessário o reparo, não se encontra a mesma cerâmica e a mesma acaba destoando das outras, como na figura 04.
Abaixo destacamos as possíveis causas, a origem do problema, de que forma ele ocorre e sugestões de reparo:
Possíveis causas: A falta de preparo da base ou a argamassa colante de má qualidade pode acabar ocasionando a perda de aderência e consequentemente o destacamento das placas cerâmicas.
Origem: A origem desse problema pode estar relacionada a escolha de materiais inadequados ou à execução que não atendeu as especificações do projeto.
Mecanismo de ocorrência: Se a base não for preparada e limpa corretamente, ou se a argamassa colante não ter boa qualidade e ser muito rígida, as placas cerâmicas acabam perdendo a aderência o que provoca o destacamento das cerâmicas.
Reparos: As placas cerâmicas devem ser retiradas, e posteriormente a superfície deve ser preparada e aplicado novamente a argamassa colante de boa qualidade. É importante observar também as placas que estão com som cavo, que antecede ao seu destacamento, e retira- las e repetir o mesmo processo.
4.2.3 Descascamento na pintura
De acordo com Dos Santos (2010), o descascamento é quando a pintura acaba se destacando da superfície do reboco, geralmente tem origem na falta de preparação adequada para receber a tinta. Observou-se esse tipo de ocorrência na figura 05:
Figura 5 – Descascamento na pintura
Fonte: Autores (2020).
A figura 5 destaca muros de edificações distintas que apresentaram o mesmo tipo de problema, provavelmente pelo alto teor de umidade.
Possíveis causas: Esse tipo de problema pode ter sido ocasionado pela falta de preparação da superfície que possivelmente apresentava pó ou aplicação da pintura prematuramente sobre o reboco, aliada a exposição à umidade já que em todas as figuras acima representam áreas externas e, portanto, áreas expostas a água da chuva e umidade do ar.
Origem: A origem desse problema pode estar na execução, nesse caso o equívoco pode ter acontecido por não ter sido executado conforme especificações do projeto ou o substrato não ter sido devidamente preparado para receber a pintura (presença de pó na superfície, tempo necessário de cura do concreto não respeitado).
Mecanismo de ocorrência: Se houver resquícios de sujeira no substrato, não há aderência suficiente entre a superfície e a película de tinta, e aos poucos ela descolará da superfície.
Reparos: O reparo sugerido é a remoção das bolhas e da tinta que está solta com o uso de uma espátula, lixar a superfície e pintar novamente.
4.2.4 Bolhas na pintura
Polito (2006) definiu as bolhas na pintura como resultante da perda de adesão localizada e levantamento do filme da superfície. Como observou-se na figura 06, esse problema não está apenas associado com o tipo de tinta utilizado, mas ao local onde a tinta foi aplicada. Em regiões em contato com a umidade, se não impermeabilizadas corretamente, poderão aparecer esse tipo de manifestação patológica.
Figura 6- Bolhas na pintura
Fonte: Autores (2020).
Destaca-se abaixo as possíveis causas, a origem do problema, de que forma ele ocorre e sugestões de reparo:
Possíveis causas: Nesse caso a causa mais provável é que a impermeabilização tenha sido executada de maneira ineficiente.
Origem: A origem desse tipo de problema pode ser no projeto, não sendo previsto corretamente a impermeabilização correta do local, ou na execução da mesma.
Mecanismo de ocorrência: A umidade acumulada penetra na alvenaria e empurra a tinta, formando bolhas.
Reparos: Executar uma impermeabilização adequada e posteriormente remover as bolhas, lixar e pintar novamente.
4.2.5 Mofos e bolores
A presença de umidade no ar é muito intensa na área estudada em razão da proximidade ao mar, o que favorece muito a proliferação de micro-organismos, fungos, bactérias, formando essas manchas escuras denominadas de mofos e bolores.
Figura 7 – Formação de bolor
Figura 8 – Mofos e bolores
Fonte: Autores (2020).
Nas figuras 07 e 08, a proximidade com o mar é um agravante para a manifestação desses tipos de fungos. Isso porque o solo apresenta bastante umidade que acaba percolando para a alvenaria por capilaridade.
Possíveis causas: Possível ausência de agente impermeabilizante, e baixa estanqueidade estrutural.
Origem: A alta exposição a umidade do local onde se encontra, aliada a possível falta ou uso inadequado de impermeabilizante, portanto o problema na falta de especificação no projeto ou na execução ineficiente.
Mecanismo de ocorrência: Ascensão da água pelas capilaridades do concreto, e a absorção da umidade pelas paredes.
Reparos: Remoção da alvenaria superior a viga baldrame, aplicando argamassa impermeabilizante; impermeabilizar completamente a viga; remover o mofo, e fazer a desinfecção dos fungos e bactérias.
4.2.6 Manchas provenientes de poluição atmosférica
As manchas provenientes da poluição atmosféricas representam um grande problema estético, são manchas escuras que acabam aparecendo pelo acúmulo de partículas de poluição aliadas à ação da chuva e vento (PETRUCCI, 2000). Observou-se esse tipo de manifestação patológicas na figura 09:
Figura 9 – Manchas provenientes da poluição atmosférica
Fonte: Autores (2020).
A figura 09 apresenta manchas ocasionadas por poluentes suspensos no ar que acabam aderindo a superfície do revestimento.
Possíveis causas: Poluentes presentes em suspensão na atmosfera, como fuligem e pequenas partículas de pó tem a capacidade de aderir aos mecanismos de revestimento externo inadequados à região, causando manchas escuras.
Origem: Pode estar relacionada à rugosidade da pintura, assim como falta de limpeza e manutenção.
Mecanismo de ocorrência: As partículas poluentes suspensas na atmosfera, se acomodam na superfície rugosa, se acumulando com o tempo Bauer (1997).
Reparos: Em casos de acumulação exagerada, deve ser realizado a limpeza mecânica do local contaminado, e posteriormente restaurar a superfície com pintura adequada, e menos porosa.