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Neste momento tenho como objetivo demonstrar a aplicação dos conceitos e da metodologia de análise da Arqueologia da Paisagem Integrada apresentado nos capítulos anteriores. A identificação das cicatrizes, das marcas e interferências antrópicas encontradas no território passam a ser avaliadas de forma a contribuir para a compreensão de um cenário pretérito. Através da descrição da paisagem dos territórios de três fazendas selecionadas no município de Campinas, as quais apresentarei a seguir, demonstro possibilidades de análise que podem ser extrapoladas a medida que entendemos o legado da interferência humana.

Desta forma, o potencial de estudo histórico, que permite aprender sobre o desenvolvimento da cidade, pode ir além do levantamento documental comumente utilizado nas pesquisas monográficas ao utilizarmos recursos da arqueologia para analisar determinadas propriedades. No entanto, é preciso olhar além, e perceber na paisagem elementos que permitem ao pesquisador transcender os restos construtivos e arquitetônicos visíveis no terreno ou descrito nos documentos.

A metodologia aqui apresentada propicia uma maior compreensão do entorno natural e humano. Desta forma, com o objetivo de testar e demonstrar essa metodologia, foram escolhidas fazendas que possuem características atuais bastante diferentes entre si, de ruinas tombadas à residências urbanas, de locais que são alugados para eventos à sede de manifestações culturais:

Fazenda Jambeiro, constituída por remanescente arquitetônico em ruína, tombada pelo órgão municipal e localizada na região sudeste da cidade; Fazenda Mato Dentro, o qual funciona o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, tombado pelos órgãos municipal e estadual e localizado à nordeste em relação ao centro da cidade; e a Fazenda Roseira, local onde funciona uma Casa de Cultura sob gestão compartilhada da Associação do Jongo Dito Ribeiro e da secretaria Municipal de Cultura, localizada à sudoeste de Campinas.

Cada análise é composta por uma ficha de identificação com informações gerais; seguido de um breve histórico onde apresento seu contexto de criação, as principais transformações e conflitos, até a situação atual; para depois passar para a caracterização e funcionalidades, a extração dos MCHs e MCIs de cada propriedade

demonstrando, na medida do possível, qual era a situação original (a fazenda na sua função cafeeira) e qual é a situação atual.

Passada essa primeira etapa, são apresentadas as tabelas referentes aos MCHs e MCIs originais (referentes a época em que a propriedade exercia sua função econômica agrária) e atual (com seus diferentes destinos e funções); e por fim uma análise destes dados com suporte do estudo das tipologias de fazendas cafeeiras a fim de extrair elementos para compor o cenário paisagístico rural da cidade de Campinas.

As fazendas

Fazenda Jambeiro

Imagem 9 – Fachada Norte (frente), Fazenda Jambeiro, Campinas. 28 de abril de 2010. Formato digital. Marcelo Gaudio Augusto

Ano de criação: 1854 com a regulamentação do desmembramento / sede 1897

Área da propriedade 1,68 Km² Desmembrada a partir

da propriedade:

Latifúndio Sete Quedas

Distância do centro antigo de Campinas:

A sede se localiza a 6,6 km a sudeste do antigo centro da cidade, atualmente se encontra dentro da área urbana no bairro Parque Jambeiro.

Situação e função atual Patrimônio tombado pelo órgão de proteção municipal CONDEPACC em 1992. Em estado de ruína, a área remanescente funciona como praça e espaço de lazer para os moradores do bairro.

Breve histórico

A Fazenda Jambeiro fazia parte de uma sesmaria conhecida como latifúndio "Sete Quedas" que foi dividido ao longo do século XIX nas fazendas: Cachoeira, Pedra Branca, Jambeiro e a área onde localizava-se a sede que manteve o nome Sete Quedas. A primeira proprietária da Fazenda Jambeiro, ainda identificada como um Sítio, foi Thereza Miquelina do Amaral Pompeu de Camargo. Essa propriedade foi criada com uma produção voltada para a cana-de-açúcar e o café.

A fazenda foi passada para seus herdeiros e Herculano Pompeu de Camargo, seu neto, foi o responsável pela construção da sede em 1897. Esse edifício se destacava por apresentar algumas características urbanas que expressam a latente vontade do urbano na linguagem arquitetônica da fazenda. Assim temos desde a fachada com platibanda como diversas sofisticações com água encanada e luz elétrica.

Ao longo dos anos seguintes, a fazenda foi vendida e diferentes proprietários a utilizaram não apenas com o cultivo de café, mas com uma produção mais diversificada, desde a plantação de algodão até a ampliação do pomar a partir da década de 1940. Em 1979 a propriedade foi negociada com uma incorporadora imobiliária e loteada, resultando no seu partilhamento. A partir de então temos uma série de demolições dos edifícios do entorno da sede e o abandono dos remanescentes, estes sofreram com a

depredação e retirada de material como peças de louça e madeiras que foram utilizadas pelos novos moradores do bairro em suas próprias casas, resultando na situação atual de ruína do casarão e edifícios remanescentes.

Em 1989 um movimento que uniu interesses do Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campina (CONDEPACC) e parte dos moradores do recém-criado bairro Parque Jambeiro resultou na abertura do processo de tombamento do conjunto arquitetônico e ambiental referente à antiga Fazenda Jambeiro. O processo foi finalizado com o tombamento em 1993, mas apenas tombar não é suficiente e sem continuidade e ações concretas para a preservação do espaço, pouco a pouco o patrimônio foi sendo esquecido e arruinado.

As justificativas para o tombamento sempre permeiam a importância do local pela sua atuação na cidade, ou elementos arquitetônicos específicos que o diferenciam de outros. Mas ao analisarmos o processo de tombamento elaborado pelo CONEPACC observamos que a primeira declaração feita sobre a Fazenda Jambeiro se referia a “significativa área natural”, uma descrição mais completa só viria a acontecer em 1991. Talvez isso explique um pouco o motivo de a prefeitura ter deixado o patrimônio arquitetônico do local ser destruído.328

Ao longo do mestrado fiz uma pesquisa extensa sobre a Fazenda Jambeiro e o desenvolvimento de seu tombamento. Com uma simples visita e ao comparar com algumas fotos do início do procedimento identificamos que o poder público pouco fez nesses mais de 20 anos desde a abertura do processo de tombamento da fazenda. Durante as leituras, tanto do documento do CONDEPACC, quanto dos jornais dessas últimas décadas, observei que a fazenda foi gradativamente destruída por descaso, falta de fiscalização, falta de entrosamento entre os departamentos dentro da própria prefeitura, e principalmente pela quase inexistente interação com a população que mora no entorno do patrimônio.329

Diante deste cenário comecei a me perguntar sobre como se desenvolveu o processo de tombamento, pois este aparentemente ganhou força com o abaixo assinado dos moradores. Mas a população sabia realmente do que se tratava o local na época? E

328 Processo de Tombamento n° 007/89 - Fazenda Jambeiro de 2 de junho de 1989.

329 AUGUSTO, Marcelo Gaudio. Fazenda Jambeiro: redescobrindo um patrimônio abandonado. 2013.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP.

hoje? Ao verificar os depoimentos encontrados nos jornais observamos que as pessoas estão mais preocupadas com a segurança do bairro do que com a questão do patrimônio cultural. Em nenhum caso elas se referem à fazenda ou à sede pelo nome verdadeiro, mas apenas por “casarão”.330

A falta de ligação entre o patrimônio e a população do entorno constatada por essas declarações me faz pensar que o tombamento foi algo vazio. Os moradores do bairro, que seriam os primeiros interessados em tomar conta do local, foram responsáveis por parte da depredação nos primeiros anos de formação do loteamento, pois ao construir suas casas em fins da década de 1980, utilizaram o madeiramento e outros materiais retirados da fazenda. Essa falta de relacionamento se reflete até os dias atuais quando o local se mostra com pouco uso e muito menos conhecimento sobre ele.

Qualquer proposta de intervenção, em qualquer patrimônio, deve levar em conta a população que vive no seu entorno, sem isso, o desconhecimento e a falta de relação de pertencimento que um patrimônio sugere não existe. Assim, a destruição acaba ocorrendo devido ao abandono físico e pela falta de significado do edifício. É o trabalho em conjunto, não só com entrevistas, mas analisando suas necessidades que, no caso, a fazenda pode ser reconhecida e reconstruída na memória e fisicamente, possibilitando desta forma sua proteção.331

Ao longo 20 anos a área recebeu diferentes propostas de apropriação do espaço que compreendia desde um restauro até a manutenção das ruínas para um Parque Arqueológico. No entanto, pouco foi desenvolvido na prática e o local que foi tombado hoje corre o risco de ser completamente destruído pelo abandono.

330 Tombamento de casarão da Fazenda Jambeiro. Diário do Povo. 06 jun. 1989. Secretaria de Cultura

Pede Vigilância na Fazenda Jambeiro. Correio Popular 10 de novembro de 1989. Proprietária Aguarda Resposta sobre a Fazenda. Correio Popular, 15 de junho de 1994. Sede da Fazenda Jambeiro Vira Ruína. Correio Popular 14 de março de 2000. Fazenda do Século XIX será Recuperada. Correio Popular. 25 de março de 2003. Jambeiro tem planos de revitalização paralisado. Correio popular. 05 de abril de 2006. Casarão da Fazenda Jambeiro é exemplo de abandono. Correio Popular, 04 de junho de 2007. Ruínas do descaso e da insegurança. Correio Popular 27 de abril de 2010.

Vários registros de destruição já foram constatados com posterior atualização no documento de tombamento, a fazenda foi entregue ao poder público contendo “cocheiras, estábulo, rancho das carroças e arados, moinho de fubá, portal em pedra e senzala deixam a marca da época escravagista como a casa do Sr. Angelo administrador, a tulha, a pequena capela e o terreiro de café com lugar de secagem (...) tudo isto está cercado por imensos jardins com centenárias árvores, lagoa, plantas raras e pomar formando um complexo significativo com 71.807,48 m².”332 Como podemos constatar a propriedade já perdeu grande parte de seus edifícios anexos e com as chuvas do início do ano de 2019 algumas paredes da sede também caíram.

Falta por parte da prefeitura, e que poderia ser feito por meio da Secretaria da Educação ou da Secretaria da Cultura e do CONDEPACC, estabelecer um diálogo com os moradores do bairro acerca deste patrimônio com o objetivo de buscar novas possibilidades para o uso deste espaço que ofereça à população um local de lazer e cultura ao mesmo tempo em que o preserve.333

A partir de 2014 um grupo civil, preocupado com o destino do patrimônio, se reuniu e vem promovendo atividades de apropriação do espaço público, incentivando estudos e práticas esportivas e recreativas no local.334 Esse movimento promovido por pessoas comuns, mas interessadas no patrimônio histórico provoca reações como a que ocorreu no dia 5 de agosto de 2019, quando a Câmara Municipal aprovou uma moção que recorre aos órgãos do patrimônio Nacional e Estadual para que intercedam pelo salvamento do Casarão do Jambeiro. Algo ainda muito pequeno, mas reflete um incomodo por parte dos moradores e significa um movimento político importante para fomentar o debate público acerca da recuperação deste patrimônio, mostrando que ele ainda estimula reações da sociedade.

332 Processo de Tombamento n° 007/89 - Fazenda Jambeiro de 2 de junho de 1989. 333 AUGUSTO, Marcelo Gaudio. Op. Cit.

334 Grupo Casarão do Jambeiro no facebook,

Caracterização e suas funcionalidades

Localizada na região sudeste da atual macrozona de estruturação urbana do município de Campinas, caracteriza-se por um relevo colinoso ondulado com baixo grau de inclinação. Sua hidrografia é formada pelo córrego Serra D'Agua, pertencente à bacia do Rio Capivari. Atualmente observamos duas lagoas no que antes compreendia o território da Fazenda Jambeiro, uma localizada ao norte da quadra onde residem os remanescentes tombados, atualmente funciona como parque municipal; o outro foi formado pelo represamento da nascente do córrego e se encontra mais para o alto no relevo, a nordeste da sede, nas terras da atual Fazenda Remonta, pertencente à Coudelaria de Campinas.

Imagem 10 – A área destacada da imagem corresponde ao território aproximado da antiga Fazenda Jambeiro. Na parte inferior da imagem observamos o perfil de elevação do terreno que varia de 649 m e 763 m. Formato digital. Google trabalhado por Marcelo Gaudio Augusto

Essas duas lagoas, além de contribuir como área de cobertura vegetal, que possibilita a absorção das águas pluviais, abrigam espécies de aves migratórias como

garças e biguás. Na época do levantamento feito pelo CONDEPACC os moradores indicavam que ambas lagoas possuíam peixes.335 Infelizmente na lagoa mais próxima, que funciona como parque municipal e se encontra em meio à zona urbana, observamos o assoreamento crônico de seu leito.

A área passou por um adensamento populacional relativamente recente, que ocorreu principalmente a partir da década de 1980, ainda assim toda a paisagem sofreu. De forma que atualmente ela se encontra completamente urbanizada, situação que alterou todo o cenário rural no qual a Fazenda Jambeiro se encontrava, provocando inclusive a subtração de edifícios já tombados do complexo no final da década de 1990.336

Na parte leste do antigo território da fazenda observamos uma grande massa de vegetação, esta corresponde aos remanescentes de Mata Atlântica e Cerrado e pertencem ao Sítio Santa Rita, de propriedade da Associação de Educação Homem de Amanhã, e da Fazenda Remonta. Vale ressaltar que se trata de uma interessante área para estudarmos a vegetação original da parte sul da cidade, já que excetuando este espaço, grande parte foi urbanizada ou é explorada pela agricultura.

Na área correspondente ao tombamento temos, na descrição do documento, a identificação de um "jardim abandonado rodeado de árvores centenárias e pomar com exemplares de jambeiro"337. Dentre as espécies frutíferas registradas, podíamos encontrar árvores de jambeiros, mangueiras, pitangueiras, jabuticabeiras e um cajueiro; todas localizadas à oeste da casa sede e se perderam no processo de loteamento do bairro. Ainda assim, algumas espécies arbóreas exóticas podem ser encontradas na quadra atual, pois estavam mais próximas e faziam parte do jardim da casa, entre elas temos Ficus

Benjamin, na parte mais alta do terreno, à leste; Ficus Elástica, que envolveu a senzala

na parte mais baixa e ao norte do terreno; e a Couropita Guianensis, mais próxima da sede, à noroeste.

Infelizmente pouco sobrou dos outros edifícios além da sede da Fazenda Jambeiro, uma análise de observação com os remanescentes pode levar a interpretações equivocadas ou insuficientes. Assim, precisamos olhar de forma conjuntural para o que seria o antigo território da fazenda e sua relação com o complexo tombado localizado em

335 Processo de Tombamento n° 007/89 - Fazenda Jambeiro 336 Idem. Documento anexado em 22 de maio de 2001. p.146

uma das quadras do Parque Jambeiro. A seguir, pretendo fazer uma descrição dos edifícios ainda existentes em comparação com a descrição feita no início do processo de tombamento redigido em 1989. Mais para o fim da análise, acrescentarei um documento pictórico que nos permite traçar outras possibilidades interpretativas por meio de uma análise comparada da área baseada na reprodução da aquarela com o cenário contemporâneo que estou apresentando. Desta forma, poderei somar informações visuais que já foram perdidas no processo de urbanização com elementos físicos e antrópicos ainda identificáveis.

Imagem 11 – Levantamento botanico feito pela engenheira agronoma Cláudia Maria Esmeriz em 1993. Processo de Tombamento n° 007/89 - Fazenda Jambeiro, p.99

Devido essa característica de arruinamento e considerando os processos de urbanização pelo qual a Fazenda Jambeiro passou, pode-se caracterizá-la como um sítio de potencial arqueológico moderado. Em decorrência das grandes intervenções que recebeu ao longo dos anos muita informação se perdeu com a remoção de edifícios e do próprio solo, no entanto ainda guarda elementos na quadra tombada e nesse olhar conjuntural da paisagem que procuro expor.

Suas ruínas encontram-se à céu aberto à sudeste da região central da cidade, no bairro Parque Jambeiro. O conjunto arquitetônico remanescente é representado por unidades habitacionais e produtivas; canaletas e barragens de água voltados para abastecimento e força motriz da cultura cafeeira; muros de arrimo e caminhos que se distribuem por 9.700 m². Mas naturalmente ela era muito maior e, ao confrontarmos a situação atual com a documentação histórica e mapas da topografia, podemos supor o tamanho aproximado da propriedade (Imagem 11), quando ainda era produtora de café, na segunda metade do século XIX.

Imagem 12 – Implantação feita em 2011 da Fazenda Jambeiro em Campinas, com os terreiros deslocados do conjunto principal com terreiros organizados em patamares. Implantação por Francisco de Carvalho Dias de Andrade.

A implantação do sítio se encontra em um terreno em declive não muito íngreme, mas que passou por intervenções antrópicas na segunda metade do século XIX com a construção de muros de arrimo para corrigir irregularidades, resultando na criação de patamares artificiais para as áreas da casa sede e dos terreiros. No entanto, grande parte dos terreiros atualmente não se encontram visíveis, pois foram aterrados nos últimos 30 anos.

O complexo é constituído pela casa sede, construída no final do século XIX, e esta possui características estéticas urbanas como, entre outros elementos, a presença de platibandas que escondiam o beiral do telhado nas extremidades do edifício. Em sua composição interna também tínhamos água encanada e luz elétrica à gás. Construída em terreno de meia encosta possui sua face principal voltada para o norte em dois pisos, com os cômodos sociais na parte superior e área de estocagem e serviços na inferior. Outra característica interessante é a planta em formato de “L”, na qual a área de serviço doméstico ficava na parte de trás da casa, já em local mais alto, de forma que seu subsolo contava principalmente com as fundações e encanamentos.

Imagem 13 – Planta atual da Fazenda Jambeiro, em Campinas, feita em 2012 (piso superior e inferior), residência do final do século XIX que mantém as influências da planta em “L”. Planta por Francisco de Carvalho Dias de Andrade.

Imagem 14 – Planta da Fazenda Jambeiro identificando os edifícios do complexo e quais estruturas teriam sido solicitadas para serem demolidas em maio de 1994. Processo de Tombamento n° 007/89 - Fazenda Jambeiro, Volume 2 p.04

Localizada no meio da colina e direcionada para o norte, a sede tinha uma ampla visão de parte da área de plantio. No entanto, seu direcionamento não sugere controle da produção, mas outro tipo de controle, pois permite verificar àqueles que chegavam na propriedade vindos do município.

Observamos então que a rota principal de acesso para a fazenda ocorria no vetor norte-sul, seguindo por um caminho que desembocava na estrada rural que ligava o centro administrativo do município com a sede da Fazenda Sete Quedas, a principal desta área e da qual a Jambeiro se desmembrou. Por sua vez, o acesso à área social, bem como alguns dos edifícios de trabalho chegava por noroeste, como é possível observar por meio do levantamento das construções remanescentes feito no momento do estudo de tombamento do patrimônio e pela pintura analisada no capítulo anterior, infelizmente o portal que indicava essa entrada foi demolido.

É interessante que, para perceber o lado frontal da residência, precisamos atualmente recorrer à documentos históricos como fotos ou relatos. Pois em sua “porta de entrada” existia uma frondosa escadaria de aço fundido que foi retirada e vendida por um dos proprietários em meados do século XX. Decisão que acabou por descaracterizar e alterar completamente o fluxo interno de movimentação das pessoas e da percepção do edifício em relação ao território.

Imagem 15 – Fachada da sede Fazenda Jambeiro, Campinas. Aproximadamente 1940 - Construída em 1897, segundo Celso Maria de Melo Pupo era dotada de todo conforto de uma casa urbana, possuía luz de gás acetileno, rede de esgoto, salas de banho internas e água encanada.

No entorno da casa sede temos, ao sul, subindo a colina, um corredor de árvores da espécie das figueiras antes de chegar à rua e o fim da área delimitada de tombamento. Porém, havia nesse topo de morro um frondoso pomar com grande variedade de espécie, uma murada de pedra cercando a área e uma construção não identificada.

À leste da sede encontraríamos as estruturas de canalização hídrica que

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