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Descrição da região

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (páginas 31-35)

A região das Palmas localiza-se no extremo norte do município de Bagé-RS, na região fisiográfica da Serra do Sudeste (Escudo Cristalino Sul-Rio-Grandense). Está inserida dentro do Território do Alto Camaquã. Caracterizada por uma vegetação de fisionomia savanóide, por espécies arbóreas e arbustivas associado ao campo. Predominam espécies arbustivas, freqüentemente encontradas de modo agrupado, formando manchas de variados tamanhos inseridos na matriz campestre, caracterizando um mosaico de floresta-campo, sendo as florestas mais desenvolvidas junto às faixas ciliares de rios e arroios, apresentando solos litólicos rasos com afloramento de rocha e topografia acidentada (RAMBO, 1956).

A vegetação dessa região divide-se em dois estratos. Um superior (lenhoso) formado por arbustos e árvores, onde as principais espécies do estrato arbustivo são a aroeira (Schinus lentiscifolius), a vassoura-vermelha (Dodonaea viscosa), as vassouras (Bacharis dracunculifolia e B. tridentata) e da vegetação arbórea verifica-se principalmente

a presença abundante da curunilha (Scutia buxifolia), a taleira (Celtis spinosa), a

pitangueira (Eugenia iniflora) e murta (Blepharocalyx salicifolius).

O estrato inferior (herbáceo) é constituído por espécies de bom valor forrageiro nas porções baixas, com solos mais profundos, destacando-se grama forquilha (Paspalum notatum), capim melador (Paspalum dilatatum), capim rabo-de-lagarto

(Coelorachis selloana), pega-pega (Desmodium incanum) e trevo nativo (Trifolium

polymorphum) e nas encostas verifica-se a presença de espécies de baixo valor

forrageiro como a barbas-de-bode (Aristida jubata) entre outras (BOLDRINI, 1997; GONÇALVES et al., 1997 apud BORBA, 2006).

Na figura 5 pode observar a taxa de acúmulo e massa da forragem do campo nativo da região, em dois períodos, demonstrando um comportamento típico da vegetação, com crescimento na primavera e verão (quando este último chuvoso) e declínio na produção nos meses de outono e inverno¹.

Figura 5 – Taxa de acúmulo e massa de forragem de campo nativo na região das Palmas/Bagé-RS.

A criação de caprinos se destaca na região, com um significativo efetivo, em razão de o ambiente reunir características favoráveis a esta atividade. Áreas de topografia acidentada, serras e solos rasos, melhor utilizados pelos caprinos. Estas características contribuíram na formação de tipicidades próprias do sistema de produção praticado na região: utilização de genótipos baseado em raças ou ecotipos naturalizados, criações extensivas, baixo uso de insumos e alta dependência dos recursos ecossistêmicos. Outra característica importante é o hábito de pastejo arbóreo-arbustivo da espécie caprina, comportamento comum desta espécie. (GRANADOS et al., 2001).

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Dados de projetos em andamento da Embrapa - Pecuária Sul, 2010. 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Kg/M s/h a Kg/M s/h a/d ia

Oliveira et al. (2008), durante estudo do comportamento arbóreo-arbustivo de caprinos na região, identificou o consumo pelos caprinos no mês de setembro de três espécies: aroeira cinzenta ou suja campo (Schinus lentiscifolius), embira (Daphnopsis racemosa) e coronilha (Scutia buxifolia).

A espécie arbustiva Schinus lentiscifolius (aroeira cinzenta), foi à espécie com

maior frequência de registros, evidenciando uma clara preferência dos caprinos por está espécie. Em relação à Daphnopsis racemosa (embira) o consumo limitou-se a casca do arbusto, diferentemente da aroeira cinzenta, que teve tanto folhas e ramos consumidos. A Scutia buxifolia (coronilha) por ser uma espécie arbórea de porte alto, o

seu consumo foi verificado a partir de galhos caídos no chão (Figura 6). De acordo com Araújo-Filho (1989), a altura de pastejo de caprinos se limita aos dois primeiros metros da vegetação.

Figura 6 – Consumo arbóreo-arbustivo de caprinos e espécies consumidas. (Oliveira et al., 2008).

Os rebanhos variam na sua maioria entre 50 e 100 animais, podendo chegar até 400 animais, estão constituídos por animais Angorá, Crioulos e Zebus (cruzamento de Anglo-nubiano).

No sistema de criação as fêmeas entram em reprodução aos seis meses de idade, em função de que não há separação de categorias. Os machos são castrados em torno de 20 dias após o nascimento e todos os animais permanecem em um único rebanho, o que facilita o manejo. Parte dos criadores não utiliza períodos fixos de acasalamento, os que o fazem utilizam em média 45 dias, podendo ocorrer em

duas épocas distintas ao longo do ano. Mais de 50% das cabras apresentam partos gemelares. A taxa de sobrevivência passa dos 70%. De forma geral as fêmeas não são selecionadas e/ou descartadas, permanecendo em reprodução até mais de 10 anos de idade. Aqueles que fazem o descarte de animais, o fazem em função de problemas de úbere e patas.

No que se refere à sanidade os animais recebem entre 1 e 3 medicações anuais, no período de primavera e verão, visando o controle de endo e ectoparasitos (berne e miíases). O controle do piolho é realizado no final do outono antes da parição, a base de banhos de aspersão com diazinon ou amitraz. Boa parte dos animais não recebe qualquer medicação ou vacinas. Durante o experimento foi realizado exame OPG antes da vermifugação, porém em função da baixa contagem não haveria necessidade desta, no entanto foi realizada em a fim de prevenir algum eventual problema decorrente da castração no mês de dezembro.

Alguns criadores utilizam vacina contra a gangrena gasosa. As doenças mais importantes, segundo os criadores, são: a pipoca (provavelmente Ectima contagioso), a gangrena, a “frieira” (problema de casco) e o “bicho da cabeça” (Oestrus ovis).

Em relação ao clima da região, segundo a classificação de KOPPEN, corresponde a um clima mesotérmico, tipo subtropical da classe Cfa. com chuvas regularmente distribuídas durante o ano. O Município está situado a 218 metros acima do nível do mar. A precipitação média é de 1.350 mm, com uma variação de 20%. A distribuição desta precipitação durante o ano situa-se em torno de 34% no inverno, 25% na primavera, 25% no outono e 16% no verão.

A temperatura média anual é de 17,6° C. A média do mês mais quente (janeiro) é de 24° C e do mês mais frio (junho) 12,5°C. As temperaturas extremas são - 4° C no mês mais frio e 41° C no mês mais quente. A umidade relativa do ar oscila de 75 a 85%. A insolação anual é de 2.444 horas. A formação de geadas ocorre de abril a outubro, com maior incidência nos meses de junho a agosto. Os ventos predominantes são de setembro a abril - Sudeste, e de maio a agosto - Nordeste.

Em relação às condições metereológicas durante o experimento, dois momentos são importantes ressaltar: o primeiro diz respeito ao inverno de 2009, considerado um dos mais frios das úz ltimas décadas, o segundo diz respeito à

primavera de 2009, marcada por volumes de chuva nunca antes visto na região (ver Fig. 7).

Figura 7 – Condições metereológicas durante o experimento (06/08 – 01/06/09) Fonte: Dados da Estação Bagé - A827/ INMET, adaptado de

http://www.inmet.gov.br/sonabra/maps/automaticas.php

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (páginas 31-35)

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