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1.4 MAMÍFEROS

1.4.2.2 Atividades desenvolvidas em maio (outono)

1.4.2.4.1 Descrição das atividades realizadas

Os trabalhos tiveram início no dia 12 com a instalação das armadilhas e foram concluídos no dia 16 de novembro de 2009. O menor número de armadilhas utilizadas em relação ao previsto deveu-se à perda de armadilhas devido a roubo nas amostragens anteriores.

Com o uso de armadilhas de arame do tipo Young e das armadilhas de queda foram obtidas três capturas de apenas uma espécie de Rodentia. Na localidade de Sertãozinho obtiveram-se duas capturas, e na área da Restinga, uma captura (Euryoryzomys russatus).

Os registros de vestígios permitiram a identificação de quatro espécies de mamíferos de médio porte, Cerdocyon thous (graxaim), Procyon cancrivorus (mão-pelada), Nasua nasua (quati) e Dasypus novemcinctus (tatu-galinha).

As espécies de mamíferos registradas até o presente momento era o previsto para o Estado de Santa Catarina (Quadro 1.3).

Espécies Localidade Resting a Sertãozinh o Area l Ilhot a São Paulinho Sertão do Trombudo Akodon montensis V O O I Brucepattersonius iheringi O Cebus nigritus O Cerdocyon thous O I I P V O I Dasyprocta azarae V Dasypus novemcinctus I P V O I P I P O I P Didelphis sp. I Euryoryzomys russatus O I P V O I P O O Eira Barbara I

Felino não identificado I P

Galictis cuja I Leopardus wiedii V Lontra longicaudis I Micoureus paraguayanus I Monodelphis iheringi I Nasua nasua I I Nectomys squamipes V O Oligoryzomys nigripes V O I Oligoryzomys sp., O Philander frenatus O Procyon cancrivorus O I V O I I Sphiggurus villosus O Tamandua tetradactyla V

Quadro 1.3 - Lista de espécies registradas por localidade no município de Itapema, SC. V = verão, O = outono, I = inverno

Fonte: NEAmb UFSC, 2009

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram registradas até o presente momento 23 espécies de mamíferos pertencentes a cinco ordens e doze famílias. Considerando que o gênero Didelphis já estava representado por

uma das duas espécies (Didelphis aurita e Didelphis albiventris) registradas previamente pelo Biólogo Javier Toso e a inclusão de outras três espécies (Alouatta guariba, Sciurus aestuans e

Hydrochoerus hydrochaeris), consideramos o registro, ao término desse estudo, de 27

espécies de mamíferos.

Esse número é baixo, considerando as espécies de provável ocorrência (n = 70 espécies), no entanto, novas espécies devem ser acrescentadas ao longo de novos estudos. A curva de suficiência amostral não mostra tendência de estabilização, e a estimativa de Jackknife 38,2 ± 3,07 (DP) espécies (CI 95% = 29,7 a 46,7 espécies), considerando o esforço de amostragem empreendido, aponta para um aumento significativo no número de espécies à medida que novos estudos forem desenvolvidos. Isso ocorre principalmente porque o registro de mamíferos, especialmente quirópteros e pequenos mamíferos arborícolas e o uso de armadilhas fotográficas para registro de mamíferos de médio e grande porte (esforço iniciado em novembro-2009) demandam grande esforço de campo, mas permite um grande número de registro de espécies que não foram amostradas.

Das 27 espécies registradas, oito são consideradas ameaçadas em âmbito nacional ou regional (ANEXO C).

Aproximadamente 30% dessas espécies pertencem à ordem carnívora. O elevado número de registros de P. cancrivorus, a presença de Leopardus wiedii e de outras espécies de mamíferos de médio porte, e o segundo registro do roedor B. iheringi para o Estado indicam previamente uma boa qualidade ambiental para os remanescentes ambientais do município de Itapema, em especial das localidades de Sertãozinho e Ilhota, onde se registrou o maior número de espécies até o momento, doze e onze espécies, respectivamente.

A presença de E. russatus também pode ser considerado um bom indicativo da qualidade ambiental das áreas selecionadas no município de Itapema-SC, uma vez que a espécie é sensível à fragmentação florestal.

O menor número de espécies registradas na localidade de Areal (sete espécies), em relação às outras duas áreas de encosta, pode estar associado a maior pressão antrópica registrada naquela localidade. Por outro lado, nessa localidade é comum o relato de várias espécies sensíveis à alteração ambiental, como felinos e primatas. Considerando que ocorra realmente uma maior pressão de caça nessa localidade, acreditamos que as populações estão sendo mantidas em níveis relativamente altos devido à conectividade com áreas mais preservadas, como a bacia do São Paulinho.

Em geral, as áreas amostradas são representativas de toda a área de encosta de Floresta Atlântica encontrada no município de Itapema, no que se refere à presença de mamíferos. Nesse sentido, ambientes mais preservados, com mais difícil acesso e com menos conflitos, como as localidades de São Paulinho e as partes mais elevadas do Sertão do Trombudo, devem ser levados em consideração para a criação de Unidade de Conservação de proteção integral.

Áreas de encosta nas demais localidades, apesar dos conflitos existentes, abrigam uma grande diversidade de mamíferos e servem de corredores para dispersão-recolonização da fauna de áreas mais preservadas, de modo que também devem ser consideradas de relevante interesse para a conservação da biodiversidade.

A localidade da Restinga foi a que apresentou a maior proporção de pequenos mamíferos em relação às outras localidades, o que poderia ser atribuído principalmente a dois fatores, a boa condição ambiental e a baixa abundância ou ausência de predadores, pois apenas duas espécies de mamífero de médio porte foram registradas. Apenas uma foi da ordem Carnívora.

Por se tratar de um fragmento relativamente pequeno e isolado (pela BR 101), os deslocamentos de animais de maior porte tornam-se menos frequentes, dificultando a manutenção da diversidade desse grupo em relação às áreas adjacentes. Por outro lado, principalmente nas áreas mais baixas, este é um ambiente que está tornando-se extremamente raro no estado de Santa Catarina. Nesse sentido, recomenda-se fortemente a criação de áreas que possam proteger os ambientes mais preservados e que sejam adotadas formas de manejo que permitam uma conectividade com os ambientes de encosta no outro lado da BR 101 nas localidades de Ilhota e Sertãozinho.

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