• Nenhum resultado encontrado

Para a realização desta pesquisa, centrada na formação do professor de LE, centramos nossa atenção especificamente no aprendiz graduando em Letras. O nosso

foco principal foi o público formado por estudantes do curso de Letras, uma vez que esses futuros profissionais irão lidar diretamente com o ensino de línguas – seja materna ou estrangeira -, podendo, portanto, repassar aspectos da IRL em sua prática pedagógica. Porém, dada a quantidade inicial de participantes11, decidimos ampliar a oferta para outras áreas de formação, tendo-se uma maior quantidade de estudantes e/ou profissionais de licenciaturas diversas como filosofia, por exemplo.

Antes do início das atividades, fizemos o registro da pesquisa na Plataforma Brasil para avaliação e posterior aprovação do Comitê de Ética, sediado na Cidade de Campina Grande. Antes de iniciarmos os trabalhos de registro e gravação das aulas, fizemos uma explanação dos detalhes acerca da pesquisa que estávamos realizando. Os alunos do curso assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Cf. Anexo 14) para participarem da pesquisa, concordando com o procedimento didático que aplicaríamos e o fornecimento de dados através dos questionários e registros em áudio que coletaríamos durante a realização do curso.

O curso que foi realizado no Campus I da UFCG, Universidade Federal de Campina Grande serviu como o ambiente principal para a construção do nosso corpus para análise, composto pelas respostas dos estudantes às atividades realizadas em sala.

É importante destacar que a participação dos estudantes de outras graduações se deu prioritariamente pela curiosidade na proposta do curso, que era trabalhar com três idiomas de interesse geral da comunidade acadêmica; e, principalmente, no que diz respeito à leitura de textos, habilidade importante no meio acadêmico, visto a constante necessidade de leitura de textos em línguas estrangeiras.

Embora os interessados serem oriundos de outros cursos, tivemos um grupo formado majoritariamente por graduandos em Letras e, portanto, mantivemos o foco nessa licenciatura, visando a formação de professores de línguas. Para divulgarmos o

11

Ressalte-se que o curso foi realizado em um período de greve das Universidades Públicas Federais em 2015.

curso Ateliê de Leitura, desenvolvemos uma forma simples de propaganda, executando-a em redes sociais e em afixação de cartazes nas instituições públicas de ensino superior da cidade.

Em relação ao número de participantes, este foi bastante fluido, muito provavelmente pelas condições nas quais se encontravam as instituições federais de ensino superior no país. Assim, o número de participantes variou entre 7 e 15 participantes, mantendo-se a média de 10 participantes. Dentre eles, vários possuíam conhecimento da língua espanhola, outros da língua inglesa, apenas um da língua italiana e dois outros possuíam certo domínio da língua francesa.

Não havia exigência de que os estudantes participantes da pesquisa possuíssem conhecimentos em nenhuma das línguas-alvo. Apesar da procura pelo curso se dar por estudantes de diversas formações, analisamos como positiva a participação daqueles oriundos de outros cursos, incluindo os da área das Ciências Exatas. Outro ponto importante que precisa ser mencionado é que não foi exigido que os participantes estivessem em nenhum período específico de suas graduações. Entretanto, a maioria já se encontrava pelo menos na metade do curso. Do total destes participantes, três cursavam alguma pós-graduação na sua área de atuação ou já eram profissionais com a graduação concluída. Todavia, alguns desses participantes não concluíram o curso.

A estrutura do curso Ateliê de leitura funcionou da seguinte forma: foi realizado em um total de 32 horas/aula, distribuídas em 12 encontros. As aulas de número 9 e 10 aconteceram em dois momentos, haja vista a necessidade de utilizarmos mais tempo para concluir as atividades propostas. Dividimos o curso em três blocos, contendo aulas com duração de duas a três horas. Iniciamos com aulas de duas horas e, por conveniência da turma, passamos a fazer, em boa parte do Ateliê, três horas de curso em dois dias por semana.

No primeiro e no segundo bloco, trabalhamos individualmente cada uma das línguas-alvo. A cada intervenção um idioma novo era trabalhado, começando pelo francês, seguindo-se pelo espanhol e, por último, a língua italiana. No primeiro encontro, foi feita uma exposição introdutória, na qual também foi apresentado o cronograma do curso. A primeira língua, o francês, foi abordada com duas canções trabalhadas em dias diferentes.

Na sequência, o espanhol foi trabalhado em um único dia, sendo estudadas, em cerca de três horas, duas canções. A partir de nossas observações, entendemos que isto se deu pela relativa facilidade em lidar com o idioma, posto ser muito próximo do português. Na aula seguinte, foi iniciada a abordagem do italiano. Para quase todos os participantes, o idioma de Dante Alighieri era muito menos familiar e, por essa razão, apenas uma canção em italiano foi trabalhada, fechando-se, dessa forma, o primeiro bloco.

O segundo bloco seguiu o mesmo procedimento metodológico do primeiro, abordando-se um idioma por aula. Tal decisão foi tomada em função de se observar que havia sido um procedimento que atendeu às expectativas tanto do pesquisador em ação quanto dos próprios participantes da pesquisa. Um único ajuste feito foi o acréscimo de mais uma canção à aula, situação na qual trabalhamos a leitura de textos na língua italiana. O objetivo de realizarmos dois blocos com características semelhantes foi justamente familiarizar o máximo possível os aprendizes com a alternância dos idiomas estudados e com as características de similaridade entre eles, elemento identificado como fator primordial para se estabelecer uma correlação românica.

O terceiro bloco foi realizado com a abordagem de três canções nos idiomas distintos em cada encontro, totalizando três encontros de três horas de duração. Seguimos a ordem francês, espanhol e italiano, com uma canção para cada idioma trabalhado; assim, os procedimentos deste bloco seguiram as abordagens anteriores.

De um modo geral, ao longo do processo, os estudantes tinham contato com a letra da canção e seu respectivo áudio, respondiam às primeiras questões propostas nas sequências de atividades (Cf. Apêndices) e, após uma primeira discussão, fazia-se uma leitura do texto para, em seguida, o videoclipe ser explorado.

A segunda metade da atividade consistia, na maioria das vezes, no diálogo entre o vídeo e o que os alunos haviam afirmado nas primeiras respostas, quando do contato apenas com a letra das canções. O momento seguinte da ativida de consistia na avaliação, ainda que de um modo geral, do processo de leitura, no qual os estudantes verificavam se haviam ou não feito uma leitura correta do texto, identificando o(s) significado (os), reforçado(s) pelo videoclipe. Observamos também se os aprendizes haviam conseguido vincular as duas linguagens, estabelecendo, com esse procedimento, a conexão necessária para a compreensão da letra da canção.

Parte de nossa abordagem tocou em diversos aspectos interculturais, haja vista a própria natureza da intervenção que trabalhava com textos em línguas diferentes, escritos e interpretados por artistas de nacionalidades distintas. Como entendemos que língua e cultura são elementos intrínsecos, abordamos evidentemente questões centradas em uma perspectiva intercultural, para fins de sensibilização. Por essa razão, optamos por não os analisar nesta dissertação, devido ao fato de o nosso foco ser a ILR, muito embora tais fatores sejam consistentes e essenciais em qualquer abordagem de ensino de línguas.

Considerando-se o fato de que o período no qual realizamos o Ateliê, também para fins de coleta de dados, ter sido concomitante à greve nas instituições federais de ensino superior, para algumas atividades foi proposto que elas poderiam ser feitas em casa e, em seguida, enviadas por e-mail. Considere-se que as atividades, em um primeiro momento, foram feitas em sala e, então, levou-se em conta que o envio virtual otimizaria o tempo das aulas, quando se poderia discutir mais detalhadamente questões concernentes ao processo de leitura proposta pela ILR.

Portanto, seguiu-se o procedimento de se discutir questões da aula, in

praesentia; e, em um segundo momento do curso, fez-se como atividade prática o

virtual, quando primeiramente os alunos analisavam o texto em sala para então assistir ao clipe em seus gadgets12, acessando os conteúdos enviados pelo professor e respondendo às atividades que foram enviadas por e-mail.