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Descrição do Amparo Maternal: Histórico, descrição, contexto

Parte III – Pesquisa Empírica

7. Metodologia da Pesquisa

7.2. Descrição do Amparo Maternal: Histórico, descrição, contexto

O Amparo Maternal é uma entidade filantrópica fundada em 1939, localizada atualmente à rua Loefgreen, 1901, na V. Clementino, em São Paulo, SP, Brasil. Fundado por um grupo de cristãos católicos liderados por D. José Gaspar de Alfonseca e Silva, então bispo da cidade, e por Madre Dominique, religiosa Franciscana, nasce com o objetivo de amparar gestantes e parturientes carentes e em situação de abandono na cidade. Apresenta como princípio fundamental não recusar ninguém em seu alojamento.

A entidade declara como objetivos institucionais:

• Dar assistência integral à mãe necessitada sem distinção de etnia, credo, ou qualquer outra característica pessoal, tal como orienta os princípios cristãos

• Prestar assistência obstétrica à mulher necessitada e ao filho em qualquer fase do ciclo gravídico-puerperal;

• Prestar assistência social à mãe desvalida, procurando, por meios adequados, a sua reabilitação social;

• Estudar os problemas médico-sociais com verdadeira dedicação e respeito à pessoa humana, acompanhando o progresso da ciência e promovendo a formação de recursos humanos;

• Denunciar à sociedade as danosas conseqüências do desamparo da família e colaborar com todas as iniciativas que visem o bem e o fortalecimento da instituição familiar.

Deste modo, a entidade procura dar sustentação às mulheres gestantes sem condições materiais ou suporte familiar/social, que diante à gravidez decidem ter o filho.

A princípio, a entidade funcionava alugando casas onde as gestantes ficavam até terem a criança e conseguirem recurso para sua existência. Com o crescimento populacional da cidade, a demanda por tal serviço também aumentou, sobretudo por questões como a falta de apoio da sociedade, processos migratórios desestruturados, o individualismo da metrópole. Assim, iniciou-se um trabalho em parceria com a prefeitura de São Paulo para a construção de um alojamento que pudesse albergar todo tipo de gestantes carentes (andarilhas, migrantes, doentes mentais, etc.).

Em 1945 inicia-se a construção de uma obra de um prédio em terreno do município, que fora inaugurada 19 anos mais tarde. No início, o plano de construção não previa a Maternidade, mas com o desenvolvimento das necessidades da Previdência Social e a recusa dos hospitais particulares diante famílias e mulheres desprivilegiadas materialmente, foi necessária a construção da área hospitalar. A entidade chegou a realizar 125 partos em 24 horas na véspera de Natal de 1973, e entre 1972 e 1975, com a restrição dos serviços das maternidades municipais, realizava diariamente cerca de 60 partos, o que denuncia o descaso público com a saúde e a relevância desse serviço à população.

A clientela atendida é que procura a entidade para dar à luz, muitas vezes orientadas e encaminhadas por assistentes sociais de toda a cidade. As gestantes são atendidas com recursos do sistema único de saúde (SUS), portanto não lhes é cobrado nada pelo serviço médico recebido. No alojamento social, ficam albergadas as gestantes abandonadas, que não possuem família, moradoras de rua ou sem teto, de quem o serviço não é cobrado também. Durante os anos de sua existência, a entidade já enfrentou e ainda enfrenta dificuldades

financeiras, superadas com a colaboração de pessoas que com ela participam da missão de propiciar o atendimento a pessoas carentes e desprovidas de recursos.

Atualmente, atende exclusivamente pelo SUS, o que cobre a folha de pagamento dos funcionários. A alimentação, medicamentos, materiais médico-cirúrgicos, roupas, instrumentos, máquinas, etc., são providenciados através de doações e subvenções.

O trabalho desenvolvido pretende o atendimento da mulher desde o princípio da sua gestação, através de um pré-natal bem conduzido, a fim de detectar e evitar quaisquer problemas que possam prejudicar a mãe ou seu bebê, amparando por exames médicos completos e minuciosos. Os partos contam com médicos e enfermeiros obstétricos devidamente habilitados. As crianças que nascem com problemas são tratadas no Amparo Maternal por uma equipe de neonatologistas, a fim de diminuir a mortalidade infantil. Desde 1999 a entidade está credenciada pelo SUS a atender gestantes de alto risco, possuindo uma UTI neonatal com 12 leitos.

No alojamento social são albergadas gestantes carentes com todo tipo de dificuldade, sendo presentes grande número de mulheres drogadas, mães solteiras e sozinhas na cidade, população de rua, mulheres de homens presos, doentes mentais, mulheres grávidas de homens casados, deficientes físicas, psicopatas, migrantes. A capacidade é de atender até 100 pessoas diariamente, sendo que são registrados pela instituição mais de 50.000 atendimentos realizados desde sua fundação.

A mulher atendida é acompanhada até o nascimento do bebê, com assistência médica, alimentação e alojamento, apoio psicológico e religioso, e também com formação profissional a fim de oferecer condições de desenvolvimento que possibilite a autonomia à mulher atendida, e condições para inclusão social. Por meio de projetos e voluntariado, a entidade conta com um serviço de alfabetização, aulas de postura e relacionamento, cursos de artesanato, e um curso de informática. Após o parto, a entidade procura a reintegração das mulheres atendidas á sociedade por meio de assistentes sociais, prioritariamente com o filho, e se possível, com a família.

Atualmente, cerca de 5% de todos os nascimentos da Grande São Paulo ocorrem no Amparo Maternal, que busca continuar fiel á sua filosofia fundadora, limitando-se apenas pela realidade de seus recursos financeiros. Constitui entidade filantrópica e de utilidade pública municipal, estadual e federal, devidamente reconhecida pelas autoridades executivas. Foi também declarada pelo Ministério da Saúde como o primeiro hospital a se tornar um

Centro de Capacitação para a Formação de Recursos Humanos para o Parto Humanizado, formando enfermeiros obstétricos e médicos para efetuarem partos normais sem necessidade de cirurgias. Atualmente, a instituição declara efetuar 800 consultas pré-natais mensalmente, 45 exames de ultra-sonografia e colposcopia diariamente, 28.500 exames de laboratório clínico por mês, entre outros serviços, como a triagem auditiva neonatal, teste de fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito.