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PROGRAMA EXPERIMENTAL DE CAMPO

4.2 ENSAIOS DE CAMPO

4.2.6 Descrição do processo de mineração da Mina de Bayóvar

O processo de mineração de fosfato na Mina de Bayóvar utiliza procedimentos que envolvem a utilização de água captada no mar, que é bombeada para uma planta de dessalinização localizada no complexo. Parte do processo de beneficiamento do minério utiliza a água do mar natural e parte, especificamente os filtros, já envolve a água dessalinizada.

Devido aos grandes volumes utilizados no processo de mineração, a água do mar é bombeada e aduzida até a planta de concentração por tubulações de polietileno de alta densidade, de 36 polegadas de diâmetro, a uma distância próxima a 40 km. A água do mar é armazenada em reservatórios de decantação, para remoção da areia, e posteriormente bombeada para o processo. Este mesmo reservatório fornece água para uma planta de dessalinização, que é utilizada na lavagem final do minério, conforme se verá adiante. O processo de dessalinização dentro da mina é realizado por meio de osmose inversa.

Como já ressaltado anteriormente, a planta recupera concentrado com teor nominal em torno de 30% de P2O5. Os minerais de ganga incluem gesso e diatomita. No processo de

lavagem, os fragmentos de gesso e os agregados de diatomita, rocha sedimentar, rica em sílica, formada pelo aprofundamento das carapaças silicosas das diatomáceas, opalas e outros corpúsculos, são removidos do minério por triagem a 0,8 mm. A diatomita desagregada é removida do minério por lavagem. Uma lavagem com o uso de água dessalinizada é realizada no concentrado desidratado para remover e na água do mar utilizada para o processamento.

As instalações da Mina de Bayóvar incluem as seguintes etapas, compostas pela operação da mina e pelo pátio de secagem (CMMM, 2017):

 Britagem primária;  Cilindro de lavagem;  Peneiramento primário;  Hidrociclone primário;  Cilindro de abrasão;  Peneiramento secundário;  Hidrociclone secundário;  Correia de filtro;  Secador.

Os minérios de fosfato, extraídos das cavas, são transportados por caminhões do local da mina para uma série de pilhas, de acordo com a classificação, umidade, etc., onde ocorre a alimentação do processo por carregadores frontais em um sistema composto por separadores estáticos e tanques. Uma das finalidades do carregamento frontal é garantir que a planta de lavagem receba uma mistura de minério relativamente constante e homogênea. O separador estático remove os materiais de maior granulometria em etapa anterior ao envio do minério para o cilindro de lavagem.

Na sequência do procedimento da operação da mina, uma britagem primária é realizada, visando fornecer, à planta de lavagem, um fluxo constante de alimentação. O material reservado no tanque (depósito de recepção) é conduzido através de dois alimentadores de correias (duas linhas) que, seguidamente, enviam o minério para os cilindros de lavagem, onde são criadas as condições necessárias para a desagregação do material. Antes e após o procedimento de alimentação dos cilindros de lavagem, dois processos de separação por vibração horizontal ocorrem simultaneamente com o material oriundo da britagem primária. A separação primária (anterior ao cilindro de lavagem) é realizada com a água do mar, sendo que o material retido, com diâmetro superior a 6 mm, é enviado para o cilindro de lavagem. Uma segunda etapa de peneiramento (nesta fase) utiliza o material que passou pela desagregação do cilindro de lavagem dissolvido em água salgada (recirculada do processo). Ao final desta etapa, que envolve o peneiramento anterior e posterior ao processo de desagregação, o material com diâmetro inferior a 6 mm é levado à bateria de hidrociclones (hidrociclones primários). O material retido neste processo constitui a primeira geração de rejeitos grossos.

Os hidrociclones de alta eficiência separam o minério oriundo dos separadores primários (materiais que passaram pela peneira de 6 mm). A alimentação dos hidrociclones é diluída com água salgada e, nesta etapa, são separados os rejeitos finos que são diretamente bombeados para os tanques de contenção, com um teor de sólidos em torno de 15%. A outra parcela do material é vertida para os separadores de alta frequência. A água do mar reservada (oriunda de uma lagoa de armazenamento) é bombeada para estes separadores que também retêm rejeitos grossos (segunda etapa de geração) e envia o material de diâmetro inferior a 0,8 mm aos hidrociclones secundários.

Os rejeitos grossos, tanto da seleção primária quanto da geração secundária, são coletados e transportados por correias e, posteriormente, dispostos sob a forma de pilhas.

Os hidrociclones secundários recebem o material de menor diâmetro, consistindo por apatitas, algumas diatomitas e gangas com sal dissolvido. A bateria de hidrociclones trabalha com materiais diluídos com água do mar, que também é usada no processo de ciclolavagem. Estes equipamentos são responsáveis pela eliminação dos últimos agregados de apatita, mediante um processo de desidratação, visando a sua descarga em um tanque distribuidor, que alimenta correias de filtro em paralelo, com área de 120 m². As correias desaguam o concentrado de apatita e promovem uma lavagem do concentrado com a água dessalinizada. A operação possui uma planta de dessalinização cuja água é destinada exclusivamente aos filtros.

A lavagem do concentrado ocorre com a água dessalinizada em três etapas, suficientes para redução do teor de cloretos solúveis a níveis relativamente aceitáveis. O concentrado lavado é transportado por uma correia ao pátio de concentrados para posterior carga do produto.

O material concentrado final da operação de mina, com teor de umidade em torno de 15%, contendo até 700 ppm de cloretos, é inicialmente transportado por caminhões tipo ‘bitrem’, por meio de uma estrada industrial com extensão de 32 km, e disposto em pilhas para posterior envio à planta de secagem. Esta segunda etapa do transporte, efetuada a uma distância de 5,5 km, é realizada por correias transportadoras, sendo o material depositado em tanques de recepção, que alimentam os secadores rotatórios localizados na planta de secagem.

A planta de secagem está localizada ao sul da Baía de Sechura, na parte inferior do Morro Illescas. Neste processo, o fosfato concentrado com umidade média inicial de 15%, é levado a uma nova umidade, de 3%, por meio de dois fornos rotativos de gás natural e, posteriormente, armazenado em silos. Os concentrados de fosfato são então enviados para o porto por meio de uma correia transportadora.

Todo este processo é apresentado em um diagrama de fluxo (Figura 4.43). Um mapa, destacando as linhas é mostrado na Figura 4.44.

Figura 4.44 – Mapa regional da região de Sechura destacando as linhas de transporte da mina até o porto (Adaptado de CMMM, 2017)