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Capítulo 4 Metodologia da investigação

4.3. Descrição dos estudos

4.3.1. Estudo piloto

Este estudo teve como objectivos a validação do questionário utilizado na recolha de dados e o teste de todas as actividades experimentais a incluir no estudo principal.

Na secção 4.5, descreve-se o processo de elaboração do questionário que, tal como é referido, foi sujeito a uma análise crítica que constituiu a primeira fase de validação do mesmo. O questionário assim obtido, designado por questionário piloto (ANEXO l) foi aplicado numa das turmas piloto, tendo-se verificado que algumas das questões eram alvo de uma elevada percentagem de respostas erradas. Assim, optou-se por estabelecer um diálogo com os alunos onde se procurou descobrir quais as suas dificuldades. Em relação à maior parte das questões com maior percentagem de erro, verificou-se que os alunos estavam convictos da correcção das respostas dadas. Apenas duas das questões formuladas, nomeadamente as questões números 6 e 12, foram alegadamente mais difíceis e onde os alunos acreditavam ter errado mais. No caso da questão número 6, houve alunos que a consideraram uma "questão com ratoeira", dizendo terem escolhido a hipótese B, embora sabendo que o naftaleno é exemplo de uma substância que ao ser aquecida passa directamente ao estado gasoso, por ser esta a hipótese que abrange aquilo que sucede com a maioria das substâncias. Assim, embora a hipótese D fosse a correcta, poucos alunos a escolheram. Em relação à questão número 12, embora alguns alunos tivessem afirmado que não sabiam a resposta por nunca terem aprendido tal assunto, a maioria admitiu ter respondido ao acaso por considerarem as hipóteses oferecidas bastante confusas em termos de linguagem. Assim, decidiu-se reformular estas duas questões por forma a torná-las mais claras para os alunos.

Após as alterações referidas, o questionário tomou a forma do modelo em anexo (ANEXO 2) e voltou a ser testado na outra turma piloto. Optou-se ainda por incluir as questões 6 e 12, agora na sua nova forma, num teste de avaliação dos alunos da primeira turma onde o questionário havia sido testado. Uma vez que a maioria dos alunos de ambas as turmas não levantou quaisquer dúvidas em relação às questões colocadas e uma vez que a percentagem de erro diminuiu significativamente, o questionário foi considerado válido para o estudo a realizar, passando a constituir o questionário experimental, tendo sido aplicado, já no estudo principal, na turma experimental.

Como se poderá verificar na subsecção 4.3.2, o estudo principal envolveu a realização de 7 actividades experimentais, numeradas de 1 a 4 (note-se que na actividade experimental 3 estão incluídas 4 actividades, numeradas de 3A a 3D), cujos protocolos se encontram em anexo (ANEXO 4). Tais actividades foram elaboradas com base nas respostas dadas no questionário (pré-teste) pelos alunos da turma experimental, tendo-se procurado incidir, sobretudo, nas questões onde os alunos manifestaram ter maior dificuldade.

Por forma a ser possível testar todas as actividades no mais curto espaço de tempo, e para que se pudesse efectuar atempadamende as alterações consideradas necessárias, optou-se por realizar as actividades 1, 2 e 4 numa das turmas piloto e as actividades 3 A a 3D na outra turma piloto. A realização das actividades experimentais nestas duas turmas permitiu verificar que havia alguns pormenores que era necessário modificar, nomeadamente os seguintes:

Actividade experimental 1: o tempo de aquecimento do leite, inicialmente de 10 minutos, mostrou-se insuficiente para a obtenção de um efeito (diferentes velocidades de dissolução e fingimento) mais evidente;

Actividade experimental 3C: as provetas, inicialmente de 100 cm3, tiveram de ser

substituídas por provetas de 50 cm3 para tornar possível uma precisão adequada das

leituras;

Actividade experimental 4: estando inicialmente prevista a determinação matemática do volume de cada corpo, usando para isso uma régua, optou-se por não incluir tal determinação por esta tornar bastante morosa a actividade experimental.

Feitas as alterações descritas, os protocolos referentes às actividades experimentais que constaram do estudo principal tomaram a forma dos modelos em anexo (ANEXO 4).

4.3.2. Estudo principal

Este estudo, levado a cabo na turma experimental, desenvolveu-se em 6 etapas, as quais se descrevem na tabela 4.1, sendo também apresentada a respectiva calendarização.

Tabela 4.1 - Etapas do estudo principal e respectiva calendarização.

ETAPA DATA

l8 etapa - Administração dos conteúdos em estudo seguindo uma metodologia "tradicional".

Dezembro de 1999 e Janeiro de 2000 2a etapa - Primeira administração do questionário experimental. Janeiro de 2000 3a etapa - Implementação da metodologia de ensino em estudo (que se

descreve na subsecção 4.4), a qual está de acordo com a perspectiva construtivista da aprendizagem.

Maio de 2000 e Junho de 2000 4a etapa - Segunda administração do questionário experimental Junho de 2000 5a etapa - Análise dos dados recolhidos através dos diferentes instrumentos

de recolha de dados utilizados.

De Junho de 2000 a Março de 2001 6a etapa - Estabelecimento de conclusões. Abril de 2001

Como se pode verificar por análise da tabela 4.1, os conteúdos em estudo foram ensinados aos alunos, pela primeira vez, seguindo uma metodologia "tradicional", ou seja, uma metodologia que está de acordo com o modelo de ensino de transmissão de conceitos (modelo tradicional), tendo portanto como principal característica o facto de os alunos não terem um papel activo na construção do seu conhecimento, apresentando-se como receptores passivos da informação que lhes foi transmitida pela professora. No decorrer destas aulas não foi dado lugar à realização de qualquer actividade experimental e a discussão oral de ideias raramente ocorreu. Quando um aluno apresentava alguma dúvida, a professora fornecia a resposta à questão colocada, sem explorar grandemente a ideia apresentada.

Após o ensino "tradicional" dos conteúdos em estudo, e tal como se pode verificar na tabela 4.1, procedeu-se à administração do questionário experimental. Este teve como objectivo fazer um levantamento das principais ideias alternativas sustentadas pelos alunos da turma experimental na situação pós-ensino formal, para que, em função destas, se definisse quais as tarefas a levar a cabo no estudo.

No que respeita à metodologia de ensino em estudo, que se descreve na secção 4.4, esta foi levada a cabo apenas quatro meses depois do ensino "tradicional" dos conteúdos envolvidos no estudo. De facto, optou-se por deixar passar um intervalo de tempo considerável entre as duas situações de ensino, pois pretendia-se que os alunos, aquando da implementação da nova metodologia de ensino, já não tivessem tão presentes os conceitos em estudo e que se afastassem o menos possível, em termos de conhecimentos, de uma situação anterior ao ensino formal do tema em estudo. Pensa-se que tal foi conseguido, pois os resultados obtidos imediatamente antes da discussão oral de ideias, que constituiu a principal estratégia da metodologia de ensino em estudo, revelam que os alunos esqueceram uma parte significativa dos conteúdos em estudo.

NOTA: Por forma a evitar a repetição do termo "estudo", optou-se por, em determinadas situações, designar a metodologia de ensino em estudo por metodologia de ensino "construtivista"

Após a implementação da metodologia de ensino "construtivista", e tal como se indica na tabela 4.1, administrou-se novamente o questionário com o objectivo de dar resposta ao segundo objectivo definido para este trabalho de investigação, ou seja, para concluir acerca da superioridade da metodologia "construtivista" em relação à metodologia "tradicional" inicialmente utilizada, em termos dos desempenhos dos alunos após a conclusão do ensino através de ambas as metodologias. Para isso, comparou-se os resultados obtidos no primeiro questionário com os obtidos no segundo, passando estes a constituir o pré-teste e o pós-teste, respectivamente.

Refira-se que a situação verificada neste estudo, em que os mesmos conteúdos são tratados em duas alturas temporalmente distintas, não foi algo de planeado, pois aquilo que se pretendia era uma abordagem dos conteúdos em estudo unicamente através da metodologia de ensino "construtivista". Tal situação surgiu por questões de ordem temporal e metodológica, pois quando se optou pelo tema "Constituição e estrutura da matéria", o ensino do mesmo já havia tido início nas três turmas do 8o ano disponíveis. Acredita-se, no entanto, que a

metodologia de ensino "construtivista" resultaria de igual modo eficaz se utilizada isoladamente, já que os alunos, como se disse anteriormente, não tinham presentes, na altura em que esta foi implementada, a maior parte dos conteúdos em estudo.

No que respeita à análise dos resultados obtidos nos questionários e nas fichas de controlo, que constituíram os dois principais instrumentos de recolha de dados deste trabalho, esta teve lugar imediatamente depois da administração do pós-teste, e descreve-se na secção 4.7, tendo sido a partir dela que se estabeleceram as conclusões deste trabalho, conclusões essas que são apresentadas no capítulo 6.