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Capítulo 4 Metodologia da investigação

4.7. Tratamento e análise de dados

A análise dos resultados obtidos com os dois principais instrumentos de recolha de dados utilizados, nomeadamente os questionários e as fichas de controlo, foi feita tendo em conta os objectivos definidos para o presente trabalho de investigação.

Assim, por forma a satisfazer o primeiro objectivo definido, procedeu-se a uma análise de conteúdo das fichas de controlo (semelhante à utilizada nos trabalhos de investigação levados a cabo por Brook, Briggs e Bell em 1983 e por Griffiths e Preston em 1992), sendo analisadas as ideias apresentadas pelos alunos dos diferentes grupos de trabalho, em cada uma das actividades experimentais, nos pontos 3 e 4 das respectivas fichas, ou seja, nos pontos correspondentes às explicações apresentadas pelos alunos antes e depois da discussão oral grupos/ turma, identificadas como "explicações pré-discussão" e "explicações pós-discussão", respectivamente. Tendo em conta a metodologia de ensino levada a cabo e os objectivos do presente trabalho, considerou-se pouco relevante uma análise dos pontos 1 e 2 das fichas de controlo, nomeadamente o respeitante às previsões e às observações dos alunos, pois a metodologia de ensino implementada teve como ponto forte a discussão oral de ideias e esta actuou apenas ao nível das explicações formuladas pelos alunos, ou seja, nem previsões nem observações foram alvo de discussão. No entanto, optou-se por, na apresentação dos dados obtidos, incluir as ideias apresentadas pelos alunos nos pontos 1 e 2 (previsões e observações), pois considerou-se que, para outro tipo de trabalho de investigação, estas ideias poderiam ter algum interesse.

Com base na análise referida, e de acordo com a semelhança das ideias encontradas, estas foram agrupadas e incluídas numa das seguintes categorias:

• Categoria IC (ideias correctas) - esta categoria inclui as ideias consideradas cientificamente correctas e completas, ou seja, ideias que contemplam todos os aspectos necessários para que fossem consideradas cientificamente correctas, aspectos esses se apresentam, para cada actividade experimental, aquando da respectiva análise (secção 5.3), e que foram definidos com o apoio de docentes do Departamento de Química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto tendo por base a consulta do programa de Ciências Físico-Químicas do 8o ano e de manuais escolares do mesmo

• Categoria II (ideias incompletas) - esta categoria inclui as ideias que se

apresentavam como parcialmente correctas, ou seja, ideias que, não apresentando importantes incorrecções, abrangiam apenas alguns aspectos das ideias correctas.

• Categoria IA (ideias alternativas) - esta categoria inclui as ideias que, não sendo consideradas cientificamente correctas, possuem, do ponto de vista dos alunos, coerência suficiente para explicarem os fenómenos observados.

• Categoria OI (outras ideias) - esta categoria inclui todas as ideias que não puderam ser incluídas em nenhuma das categorias anteriores, como é o caso das situações em que não se conseguiu compreender a lógica da ideia apresentada e também situações em que os alunos repetem ideias anteriores (por exemplo: no espaço reservado às explicações, houve situações em que os alunos se limitaram a escrever novamente as suas observações, não apresentando quaisquer explicações). Também se incluiu nesta categoria todas as ideias que constituíam explicação correcta de fenómenos observados, mas não daqueles que haviam sido seleccionados para serem alvo de explicação.

Após esta categorização, determinou-se a frequência absoluta dos diferentes tipos de ideias encontradas (IC, II, IA ou OI) nas duas situações em análise, ou seja, antes da discussão grupos/ turma (ideias apresentadas no ponto 3 da ficha de controlo) e após essa mesma discussão (ideias apresentadas no ponto 4 da ficha de controlo).

Por comparação dos valores de frequências absolutas encontrados, foi possível avaliar a mudança conceptual, tendo-se considerado que esta ocorria sempre que se verificava uma das seguintes evoluções:

• IA ^ IC ou II; . II ^ IC;

Pelo contrário, considerou-se haver regressão dos conhecimentos dos alunos sempre que se verificou a ocorrência de uma das seguintes situações:

• IC -» H, IA ou 01; • II ^ IA ou 01.

No que respeita ao segundo objectivo deste trabalho, e como já foi referido na subsecção 4.3.2, considerou-se que a resposta ao mesmo seria conseguida através da análise comparativa dos dois questionários utilizados, pré e pós-testes. Assim, são feitos dois tipos de análise, uma de natureza quantitativa e outra de natureza qualitativa. Em termos de análise quantitativa, começa-se por fazer um teste t de Student para avaliar o significado estatístico das diferenças entre as médias obtidas nas duas medições temporalmente distintas da mesma amostra e assim concluir se a metodologia de ensino em estudo é eficaz no tratamento das concepções alternativas dos alunos. Depois, com o objectivo de verificar quais os ganhos efectivos de aprendizagem por parte de cada aluno da turma experimental, apresenta-se um diagrama de dispersão com os resultados obtidos, por cada aluno, nos pré e pós-testes, e representa-se a respectiva recta de regressão linear. Os ganhos de aprendizagem obtêm-se por diferença entre cada valor obtido no pós-teste e o correspondente valor esperado (na subsecção 5.2 apresenta-se a descrição detalhada dos dois métodos de análise quantitativa utilizados). A análise detalhada da recta de regressão obtida permite ainda concluir quais os alunos mais beneficiados com a implementação da metodologia de ensino em estudo. Em relação à análise qualitativa, para cada questão é feita uma análise em termos de respostas mais frequentes, quer no pré-teste quer no pós-teste, procurando-se inferir as ideias

sustentadas pelos alunos do 8o ano em relação aos conteúdos em estudo, e, por comparação

dos resultados obtidos nos dois testes, procura-se concluir acerca da evolução dessas mesmas ideias.

Capítulo 5 - Apresentação, análise e discussão de