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Capítulo 2: A transformação do transporte rodoviário nos anos 1990 no Brasil

2. Descrição dos segmentos

Seguindo a metodologia definida pela PNAD (2001), dividimos o ramo de transportes em nove segmentos de atividades, a saber: a) pequeno transporte (manual ou de tração animal);

b) transporte rodoviário urbano (de passageiros e de carga); c) transporte rodoviário de cargas; d) transporte ferroviário (inclui trem e metrô); e) transporte aquaviário; f) transporte aéreo; g) armazenagem; h) serviços auxiliares em transportes; e i) administração portuária. Mantivemos esta forma de organização dos ramos de transportes definida pela PNAD (IBGE) para podermos desagregar o setor da melhor maneira possível, a fim de observá-lo. Para os seis primeiros segmentos, a divisão leva em conta o meio de transporte; as demais são todas atividades relacionadas aos meios de transportes, atividades que poderiam ser agrupadas em um único segmento. Mas, como já afirmamos, esta organização é uma escolha que amplia a visualização do ramo.

As principais atividades presentes em cada um dos segmentos dos transportes podem ser descritas da seguinte maneira:

a) Pequeno transporte: a característica deste segmento é de ser composto por todos os serviços de transportes que utilizam como força motriz a tração humana ou animal. Ele faz parte dos segmentos com menor representação, perfazendo menos de 6%32 do total de ocupados no ramo, tanto em 1992 como em 2001. As principais atividades são: carrinho a frete, carrinho de mão e charrete de condução humana ou animal;

b) Transporte rodoviário urbano: este segmento é composto por atividades de transportes tarifados de pessoas por veículos que utilizam motor a combustão, realizado nos centros urbanos ou em interligações entre eles. Este é o segmento que, no ano de 2001, ocupou a maior quantidade de pessoas – mais de 42% do total. As principais atividades são: empresas de ônibus de transportes coletivos, empresas e autônomos em lotação, empresas de táxis e transporte escolar;

c) Transporte rodoviário de cargas: trata-se do segmento com maior volume de cargas transportadas no país, ocupava, em 2001, o segundo lugar no nível das ocupações, com 40% do total. Os principais segmentos são: caminhão a frete, empresas de transporte rodoviário de cargas, transportadores autônomos e empresas de mudanças e, mais recentemente, serviço de entregas expressa por motoboy.

d) Transporte ferroviário: como já foi dito anteriormente, este segmento é composto por todas as atividades que utilizam trilhos como forma de locomoção. Este segmento já foi

uma das mais importantes formas de transportes no país, mas ultimamente (durante a década de 1990), foi perdendo participação tanto na quantidade de ocupados quanto na quantidade de cargas transportadas. As principais atividades do segmento estão relacionadas às empresas de transportes ferroviário de cargas, empresas de transporte metroviário, empresas de trem metropolitano;

e) Transporte aquaviário: neste segmento encontram-se as atividades relacionadas ao transporte feito por vias aquáticas. Trata-se de um segmento pouco expressivo no Brasil, realizado em rios, em lagoas e nos mares. As principais atividades encontram-se nas empresas de transporte fluvial, transporte lacustre, navegação de cabotagem, transporte hidroviário e marinha mercante;

f) Transporte aéreo: este segmento, que realiza o transporte de pessoas e de mercadorias, é um dos meios de transporte com menor quantidade de cargas e de passageiros em comparação aos demais, por ser um dos serviços mais caros no país. As principais atividades do setor se encontram em empresas de táxi-aéreo, de aviação civil, de aviação comercial e de transportes não regulares suplementares;

g) Armazenagem: como o próprio nome indica, este segmento se preocupa com a acomodação e distribuição das mercadorias, fazendo parte das atividades auxiliares em transportes e sendo de fundamental importância para a organização dos transportes e principalmente para a multi-modalidade. Apesar do grande volume de carga movimentada, este segmento ocupa uma pequena quantidade de pessoas (menos de 2% do total de ocupados em 2001). As principais atividades relacionadas com a armazenagem de cargas são desenvolvidas por empresas administradas por órgãos públicos, como os CEASA´s para produtos alimentícios e outros armazéns espalhados pelo país;

h) Serviços auxiliares em transportes: este segmento engloba todas as atividades auxiliares que não estão diretamente relacionadas aos transportes. Foi nele que se observou proporcionalmente o maior crescimento entre 1992 e 2001 (de 3% para aproximadamente 4,5% do total de ocupados). As suas atividades estão relacionadas às empresas de locação de veículos, estacionamentos, logística, administração de terminal rodoviário, guardadores de veículos e serviços de socorro de veículos;

i) Administração portuária: neste segmento, encontram-se as atividades relacionadas ao transporte aquaviário, porém, realizadas em terra. A divisão entre as atividades tipicamente de transporte por vias aquáticas e a administração portuária se dá pela metodologia da própria PNAD. Com o processo de modernização portuária, a quantidade de ocupados nos portos brasileiros se manteve praticamente inalterada no seu volume. As principais atividades neste segmento estão relacionadas às empresas de administração portuária, companhias docas, serviços de capatazia, agências de navegação, despacho aduaneiro, serviços de estiva e polícia portuária.

Um certo número de alterações metodológicas no Código de Classificações das Atividades da PNAD (cf. PNAD-2002) acarretou alterações quanto às classificações dos segmentos que compõem o ramo na análise do ano de 2002. Com esta nova classificação, o setor de transportes pode ser subdividido em: (i) transportes terrestres (60010-60092), que englobam: a) transporte ferroviário, b) metroviário, c) rodoviário de carga, d) rodoviário de mudanças, e) rodoviário de passageiros, f) transporte por bondes e g) transporte dutoviário; (ii) transporte aquaviário (61000); (iii) transporte aéreo (62000); e (iv) atividades anexas e auxiliares em transporte e agências de viagens (63010- 63030), este último sendo subdividido em: (h) carga e descarga, armazenagem e depósitos, (i) atividades auxiliares em transportes, (j) organização do transporte de cargas e (k) agências de viagens e organizadores de viagens.

Como se vê, a análise de 2002 englobou, por conta desta nova classificação, as atividades das agências de viagens, que no conjunto de dados anterior não haviam sido apresentadas como atividades de transportes. Nesta nova classificação, observa-se que as ocupações em agências de viagens são definidas como componentes do ramo de transportes, ao passo que, na base anterior, havia dúvidas quanto ao enquadramento dessa atividade nos transportes ou nas atividades de lazer e recreação. Deste modo, como a nova classificação define tal atividade como típica dos transportes, ela é aqui apresentada. Para se ter uma idéia, estavam ocupados em agências de viagens 78.308 pessoas em 1992, as quais possuíam um rendimento médio de R$ 675,55. Em 2001, eram 139.146 pessoas, com um rendimento médio de R$ 929,99. Observe-se que, no período, houve uma ampliação de mais de 56% no volume de ocupados – muito superior à variação média do ramo de transportes (que, neste período, variou em 27%) –, além de uma variação nos rendimentos superior

(27%) a média do ramo de transportes (que foi de 1,5%), resultados próximos do desempenho dos setores mais bem estruturados do ramo, como o transporte aéreo (ver as Tabelas 8 e 933).

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