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3 PERCURSOS METODOLÓGICOS

3.2 Descrição e caracterização do locus da pesquisa

A pesquisa foi realizada em uma escola pertencente à rede municipal de ensino na cidade de Cristais Paulista, interior do estado de São Paulo. O município possui quatro escolas, das

quais três são municipais e responsáveis pelo Ensino Infantil, Ensino Fundamental I – de 1º ao 5º Ano e Ensino Fundamental II – de 6º ao 9º Ano. Apenas uma das escolas pertence à rede estadual, responsável pelo Ensino Médio, cujos alunos frequentam os períodos da tarde e da noite. A cidade comporta aproximadamente 7500 habitantes e sua principal atividade econômica é agropecuária, sobretudo a cultura de café. Muitos moradores trabalharam na zona rural e outro grande número de munícipes vai diariamente à cidade vizinha de Franca – um dos principais centros calçadistas do Brasil, com pouco mais de 342 mil habitantes, localizada a 15 km de Cristais Paulista - para atuarem em diversas atividades, tanto no comércio quanto em indústrias do setor de calçados.

Não há muitas atividades culturais naquele município, cujas opções de lazer se caracterizam primordialmente por passeios na praça central da cidade e pela tradicional festa de rodeio que acontece anualmente. A cidade ainda conta com a realização de competições de corrida equestre e possui um dos principais times de atletas em nível nacional nessa modalidade, o que acaba configurando outra atividade prazerosa para os habitantes do lugar. A administração municipal procura, na medida do possível, promover atividades recreativas e competições esportivas no município, mas a frequência com que essas acontecem acaba sofrendo alterações conforme a mudança da gestão principal que ocorre a cada quatro anos.

A escola onde o trabalho de pesquisa foi realizado é composta, atualmente, por 313 crianças e adolescentes, sem contabilizar os alunos que frequentam as aulas do Ensino Médio da rede estadual, já que utilizam o mesmo prédio onde ocorrem as aulas do Ensino Fundamental II – do 6º ao 9° Anos. O montante total é dividido nos períodos da manhã, tarde e noite, sendo que os alunos do Ensino Fundamental II frequentam os períodos da manhã e da tarde e os alunos do Ensino Médio estudam nos períodos da tarde e da noite. Atualmente, essa divisão dos alunos nos respectivos períodos não se realiza conforme a escolha dos pais, deixando de ser opção dos responsáveis no ano de 2017, devido à necessidade de economia no setor de transporte escolar, já que a administração municipal oferece gratuitamente o transporte para os alunos que moram na zona rural. Conforme decisão da Secretaria do Transporte em conjunto com a Secretaria da Educação, os alunos que residem na cidade passaram a frequentar o período da manhã e aqueles que moram na zona rural foram alocados para o período da tarde e da noite. Dessa maneira, os ônibus que trazem os alunos que estudam na escola estadual, no período noturno, já levam os que encerraram as atividades escolares no período da tarde evitando, assim, a necessidade de mais viagens, como acontecia nos anos anteriores em que os ônibus faziam viagens nos três períodos: manhã, tarde e noite. A unidade escolar referente ao Ensino Fundamental – de 6º ao 9º Ano - atende, portanto, o montante de alunos distribuídos em dezesseis turmas no total: oito

turmas no período da manhã e oito turmas no período da tarde. Desse montante, 82 famílias de crianças e adolescentes são cadastradas no programa federal Bolsa Família.

Com relação ao espaço físico, a escola conta com uma biblioteca que não está localizada dentro das imediações escolares, mas em um prédio contíguo, cujo acesso atravessa a sala de almoxarifado e inspetores. Os professores que desejam levar seus alunos até a biblioteca devem percorrer o caminho por dentro desses espaços ou sair da escola e percorrer a calçada externa para chegarem até lá. Isso ocorre porque a biblioteca não pertence somente à escola, mas sim ao município, e é onde abriga, também, uma unidade do Acessa São Paulo, programa de incentivo à utilização de computadores, mas que apresenta vários problemas atualmente, sobretudo, no que se refere à contratação e orientação de monitores. Dessa maneira, os habitantes da cidade têm acesso livre a máquinas de computador e à internet para utilizarem conforme suas necessidades, mas sem qualquer tipo de monitoração.

O laboratório de informática da escola onde a pesquisa foi realizada conta com vinte máquinas de computador, das quais estão funcionando, perfeitamente, menos de dez. Não é possível precisar o número, pois diferentes problemas acontecem semanalmente e esse número se modifica frequentemente. A escola não conta com um técnico específico, o qual é contratado pela administração municipal, que precisa atender todos os setores da cidade, ficando inviável a manutenção das máquinas na unidade escolar. Durante os dois anos de realização dessa pesquisa, a gestão administrativo-pedagógica da escola se empenhou de diversas maneiras para que os problemas fossem resolvidos, por meio de inúmeras solicitações de visitas e reparos protocoladas no setor responsável. Infelizmente, a pesquisa terminou e os problemas não foram solucionados, os quais são basicamente o reparo das máquinas danificadas e o sinal de internet. Há dois espaços onde ficam guardados os livros disponíveis aos alunos: a biblioteca municipal, já mencionada - cujo acervo não é renovado há anos - e o almoxarifado - espaço também ocupado pelos inspetores - onde ficam os livros adquiridos pela escola. Geralmente, este último espaço é mais frequentado pelos alunos e professores, devido ao problema de deslocamento e ao acervo precário da biblioteca municipal. É importante ressaltar que a frequência dos alunos a este espaço da escola se limita à ida deles somente para retirada e registro dos livros escolhidos, pois não há um ambiente físico para realizar leituras ou atividades pedagógicas juntamente com os alunos.

A escola não possui, portanto, um espaço específico destinado à leitura de livros, tampouco a projetos pedagógicos voltados para esse exercício como rodas de leitura, discussão e divulgação de obras literárias. As atividades e os projetos pedagógicos relacionados à leitura

são realizados pelos professores de Língua Portuguesa dentro da sala de aula ou, às vezes, em espaços exteriores como a quadra de esportes ou o pátio escolar.