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Conforme informações disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é um instituto público da administração federal brasileira, atualmente existem 5.570 municípios no Brasil. Contudo, para efeito de análise eleitoral são considerados 5.568 municípios pois não ocorrem eleições municipais em Brasília nem em Fernando de Noronha. Pescaria Brava, Balneário Rincão, Mojuí dos Campos, Pinto Bandeira e Paraíso das Águas são municípios que foram emancipados em 2013 após as suas primeiras eleições ocorridas em 2012. Assim, nas eleições de 2008 havia 5.563 municípios. Nestes municípios, de acordo com a Justiça Eleitoral, há cerca de 147 milhões de eleitores. A tabela 1 mostra a evolução do eleitorado brasileiro por região e total. Cada município é governado por um prefeito eleito, em regra, quadrienalmente. O conjunto de resultados das eleições municipais para prefeito, ocorridas em cada uma destas unidades federadas, representa o universo inicial desta pesquisa.

Tabela 1 – Evolução do eleitorado domiciliado no país

Eleitorado Abrangência 2016 2012 2008 CENTRO-OESTE 10.563.357 10.013.605 9.133.593 NORDESTE 39.379.638 38.195.297 35.328.624 NORTE 11.376.266 10.600.010 9.443.782 SUDESTE 63.508.646 60.789.706 56.793.264 SUL 21.217.301 20.795.485 19.547.199 BRASIL 146.045.208 140.394.103 130.246.462

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, 2018.

A análise do corte temporal desta pesquisa se iniciou com a observação da variável de resposta do estudo. Primeiramente se ventilou estudar todo o período eleitoral democrático, recente, para o qual esteve autorizada reeleição de prefeito para mandato ininterrupto. Assim, partiu-se do ano de 1988 quando se sucedeu a redemocratização da república para se alcançar as eleições dos anos 2000, ocorridas após a Emenda Constitucional 16, que autorizou a reeleição para mandato subsequente de prefeito.

Deste modo, sob o aspecto mandatório eleitoral, o corte temporal da pesquisa tem como limites as disputas por reeleição inseridas nos pleitos municipais transcorridos entre os anos 2000 e 2016. A tabela 2 apresenta o quantitativo de tentativas de reeleição de prefeito, por ano no Brasil, totalizado pelo TSE. Uma vez que a base de dados disponibilizada pelo TSE não contém as eleições ocorridas nos municípios de diversos Estados, no ano de 1996, não foi possível determinar a totalidade dos casos de reeleição no ano 2000, no Brasil. Conforme esclarecimento prestado pelo TSE, à época das eleições de 1996, eram os Tribunais Regionais Eleitorais os responsáveis pela produção e divulgação dos dados eleitorais e nem todos estes tribunais regionais encaminharam seus dados para o tribunal superior.

Tabela 2 – Tentativas de reeleição de prefeitos por ano no Brasil.

Ano da Eleição Tentativas de Reeleição

2000 68

2004 2213

2008 2934

2012 2300

2016 2522

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, 2018.

Uma segunda etapa de delimitação do intervalo temporal foi empreendida com fulcro na disponibilidade de dados constitutivos das variáveis explanatórias, principalmente daquelas relacionadas às despesas. Os dados de despesas de saúde, na forma requerida pelo desenho da pesquisa, decorrem da classificação funcional da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 4 de maio de 2001. Apesar de vigente desde o exercício de 2002, somente a partir do exercício de 2004, os dados de despesas passaram a ser efetivamente produzidos na forma da referida portaria.

Das características discutidas até aqui, estão disponíveis dados brutos dos anos de 2004 a 2016. Todavia, a limitação temporal deste estudo torna-se ainda maior ao aplicar as restrições de dados ora apresentas à configuração da pesquisa que estima diferenças e requer dados completos do quadriênio do mandato observado e do quadriênio imediatamente anterior.

Uma vez esclarecidos os fatores que impõem restrições temporais ao estudo, a amostra pesquisada alcança os pleitos eleitorais para o cargo de chefe do executivo municipal ocorridas no Brasil nos anos de 2008, de 2012 e de 2016 da mesma maneira que os dados econômico-financeiros referentes aos anos de 2005 a 2016. A amostra

é composta pelos resultados eleitorais de prefeitos regularmente eleitos em 2008, os quais concorreram à reeleição em 2012, e de prefeitos regularmente eleitos em 2012, os quais concorreram à reeleição em 2016. A tabela 3 detalha o processo de construção da amostra, e a tabela 4 desdobra por eleição as populações e amostras observadas.

Tabela 3 – Amostra de tentativas de reeleição com informações contábeis

Filtro para seleção de observações Removidas População Ausentes Amostra

Grupo n

Reeleições validas de 2000 a 2016* 0 9.969 0 - 0

Com mais de um candidato 696 9.273 5.879 G4 3.394 Sem aumento de candidatos 3.688 5.585 3.500 G3 2.085 Sem mudança/substituição de candidatos 4.244 1.341 883 G2 458 Sem diferenciação de candidatos 689 652 420 G1 232 * Apenas eleições com registros no TSE.

Fonte: Dados da Pesquisa.

O conjunto eleição-reeleição de 1996-2000 foi desconsiderado em razão da assimetria de dados. Da eleição de 2004 até a de 2016, 9.969 prefeitos lançaram candidaturas válidas para reeleição em todo o Brasil. Um quantitativo de 696 disputas por reeleição foi desconsiderado pelo fato de as eleições terem sido efetivamente disputadas por apenas um candidato no pleito de condução inicial ou na tentativa de recondução.

Do universo de 9.237 disputas por reeleição do grupo com mais de um candidato (G4), 3.394 apresentaram dados completos para formação das variáveis regressoras e, portanto, constituem a amostra deste grupo.

Para formar o grupo de reeleições, sem aumento da quantidade de candidatos entre os pleitos (G3), foram removidas 3.688 observações. Do total de 5.585 tentativas de reeleição sem aumento da quantidade de candidatos, 2.085 apresentaram dados completos e, portanto, compõem a amostra deste grupo. Então, para formar o grupo de reeleições com não substituição de candidatos entre os pleitos subsequentes (G2), removeu-se 4.244 casos observados. Do total de 1.341 tentativas de reeleição sem mudança de candidatos, 458 apresentaram dados completos, compondo a amostra deste grupo.

Por fim, foram removidas 689 disputas por reeleição nas quais, mesmo não havendo substituição de candidatos, houve redução de seu quantitativo entre pleitos subsequentes. Esta última operação serviu para formar o universo de 652 reeleições que não sofreram substituição ou variação de quantitativo de candidatos, aqui denominado como grupo sem diferenciação de candidatos5 (G1). A restrição de dados imposta para formação das variáveis regressoras determinou os 323 casos presentes na amostra deste grupo.

Tabela 4 – Populações e amostras por eleições

Todos G4 G3 G2 G1

Eleição População Amostra População Amostra População Amostra População Amostra População Amostra

2004 2213 0 2138 0 1188 0 330 0 172 0

2008 2934 0 2741 0 1737 0 425 0 183 0

2012 2300 1835 2087 1702 1309 1083 305 247 145 118 2016 2522 1823 2307 1692 1351 1002 281 211 152 114

Fonte: Dados da Pesquisa

Nota: * Apenas eleições com registros no TSE.

A figura 5 identifica, a partir de um mapa do Brasil, os 232 municípios do grupo G1. As áreas destacadas em tons de cinza claro representam os municípios para os quais se observou disputas por reeleição. O tom mais claro representa os municípios observados por advento de tentativa de reeleição de prefeito no ano de 2012. O tom ligeiramente mais escuro representa os municípios observados devido a tentativa de reeleição durante o pleito de 2016. A inspeção visual do mapa sugere preponderância de municípios oriundos das regiões nordeste, sudeste e sul. Dentre os municípios oriundos da região centro-oeste que compõe, há preponderância daqueles que são próximos da região sudeste.

5 Em verdade, o que se observa não é um cenário sem diferenciação de candidatos estrita. A despeito

da mutabilidade ideológica dos candidatos e do eleitorado, a qual se renova ao longo do tempo, sequer foram estabelecidos controles para coligações partidárias alternantes e para os candidatos a vice- prefeito. Todavia, considera-se que o efeito ideológico do voto é principalmente determinado pela personalidade do candidato titular e, portanto, a dimensão de controle, ora proposta, é suficiente para se alcançar os objetivos deste trabalho.

Figura 5 – Cartograma dos municípios estudados

Fonte: Dados da Pesquisa.

Os quatro grupos populacionais e as respectivas amostras construídas estão correlacionados de forma decrescente com as premissas do modelo de voto retrospectivo, discutidas por Persson e Tabellini (2000). Neste sentido, considerando que a dimensão ideológica relacionada aos candidatos é uma característica permanente, na medida em que não pode ser substancialmente modificada por meio da campanha eleitoral, do grupo G1 para o G4 há uma crescente diminuição da situação de imutabilidade ideológica.

De forma mais específica, no G1, grupo no qual todos os candidatos que disputam o cargo de chefe de executivo na eleição t são exatamente os mesmos que disputaram este mesmo cargo na eleição t-1, a imutabilidade da dimensão ideológica é razoavelmente assegurada. A garantia proposta no grupo G1 vai se esvaindo ao longo do ordenamento crescente dos grupos. No G2, grupo no qual não há novos

candidatos no pleito t, mas há casos de redução do quantitativo de candidatos em relação a t-1, a imutabilidade da dimensão ideológica é menor que em G1 pois, apesar de haver um razoável controle da inovação ideológica, não se pode controlar como eleitores do candidato dissidente rearranjará seus votos.

No G3 – grupo no qual novos candidatos na eleição t em relação à eleição t-1 são admitidos desde que a quantidade de candidatos que disputam a eleição t seja igual ou inferior ao quantitativo de políticos que disputaram a eleição t-1 – já não há exceptiva de persistência da imutabilidade ideológica do conjunto de candidatos que disputam a eleição no município. No G4, não há qualquer espécie de controle relacionado à dimensão ideológica de Persson e Tabellini (2000).