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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.4 O SETOR DE FAST-FOOD E A DINÂMICA PROVENIENTE DE UMA COMPETIÇÃO

4.4.3 Desempenho

Globalmente, a indústria de fast-food fatura 570 bilhões de dólares, valor que supera a economia de muitos países. Espera-se um crescimento de 2,5% nos próximos anos (FRANCHISE HELP, 2017). A tabela 2 apresenta um ranking das maiores redes de fast-food. As empresas analisadas foram extraídas de um ranking desenvolvido por QSR MAGAZINE (2016), que apresenta as 50 maiores redes de QSR do mercado americano, e do ranking Franchise 500 desenvolvido por Enterpreneur (2017), o qual apresenta as maiores franquias do mundo. As empresas foram classificadas em ordem decrescente de número de unidades, tendo sido escolhidas as doze maiores redes para compor o ranking.

As receitas das redes de capital aberto foram obtidas em relatórios financeiros anuais, cuja divulgação é obrigatória. Entretanto, no relatório de algumas delas, não é evidenciado a receita total incluindo as unidades franqueadas, limitando-se a apresentar as vendas de lojas

próprias e receitas provenientes de royalties e outras taxas de franquia. Para essas empresas e a Dairy Queen (capital fechado), foi necessário estimar a receita total, utilizando-se a média de venda por unidade nos EUA, informada por QSR Magazine (2016), multiplicando-a pelo total de unidades em 2016 informado por Enterpreneur (2017). As receitas estimadas estão sinalizadas com um asterisco “*”. A receita da Subway, que possui capital fechado, foi obtida em uma notícia publicada por Bloomberg (2017a). As informações do ranking têm como data base 31 de dezembro de 2016.

Tabela 2 – Maiores redes de fast-food

Fonte: Elaboração própria com informações extraídas dos sites.

Como pode ser observado na tabela 2, a Subway destaca-se como a maior rede em número de lojas com 44.830 unidades. Entretanto, no critério receita, o Mc Donald´s possui ampla vantagem assumindo a liderança do setor. Essa aparente distorção justifica-se no modelo de negócio utilizado pela Subway, baseado em um grande número de pequenas lojas.

As participações de mercado evidenciadas na tabela baseiam-se na receita global do setor informada por Franchise Help (2017) atualizada para 2016 considerando-se o crescimento estimado pelo mesmo para este ano (2,5%). As doze empresas do ranking são responsáveis por 42% do mercado global de fast-food. Observando-se a coluna “Países”, verifica-se que as redes apresentam elevada dispersão geográfica, estando presentes em dezenas de países. Tal dispersão contribui significativamente para o nível de globalização do segmento. Todas as redes tiveram origem nos EUA, fato que evidencia a posição desse país enquanto grande disseminador desse segmento.

Dez entre as doze empresas do ranking visualizaram na abertura de capital a possibilidade de obter recursos para impulsionar suas expansões. Essas redes possuem ações na New York

1 Subway 44.830 17,1 2,9% 113 100% Não 1965 - Connecticut (EUA) 2 Mc Donalds 36.899 85,0 14,5% 120 85% Sim (NYSE) 1940 - Illinois (EUA) 3 Starbucks 25.085 30,0* 5,1% 75 49% Sim (NASDAQ) 1985 - Washington (EUA) 4 KFC 20.604 21,3* 3,7% 128 93% Sim (NYSE) 1939 - Kentucky (EUA) 5 Pizza Hut 16.409 12,0* 2,1% 103 97% Sim (NYSE) 1958 - Kansas (EUA) 6 Burguer King 15.738 21,0* 3,6% 100 99,5% Sim (NYSE E TSX) 1954 - Flórida (EUA) 7 Domino´s Pizza 13.800 12,5* 2,1% 85 97% Sim (NYSE) 1960 - Michigan (EUA) 8 Dunkin´ Donuts 12.258 10,8 1,8% 45 100% Sim (NASDAQ) 1950 - Massachusetts (EUA) 9 Baskin-Robbins 7.822 10,1 1,7% 52 99,9% Sim (NASDAQ) 1945 - Massachusetts (EUA) 10 Dairy Queen 6.711 5,3* 0,9% 27 100% Não 1940 - Illinois (EUA) 11 Taco Bell 6.604 9,9* 1,7% 22 87% Sim (NYSE) 1964 - California (EUA) 12 Wendy´s 6.537 9,6* 1,6% 29 95% Sim (NASDAQ) 1969 - Ohio (EUA)

Fundação

Maiores redes de fast food

Posição Rede Receita

($/bilhão)

Participação de mercado Países

%

franquias Capital aberto? Unidades

Stock Exchange (NYSE) ou na NASDAQ, sendo que a Burguer King também possui ações na bolsa canadense Toronto Stock Exchange (“TSX”).

Com a exceção da Starbucks, todas as líderes de mercado assumem majoritariamente o

franchising como modelo de expansão, sendo que Subway, Dunkin´ Donuts e Dairy Queen,

optaram exclusivamente por esse modelo. Os relatórios anuais das redes evidenciam o desejo de ampliação das unidades franqueadas em detrimento das unidades próprias, em alguns deles são divulgadas metas para esse objetivo. As redes alegam que a adoção do franchising permite a elas se concentrarem em inovação, marketing, treinamento, apoio aos franqueados e outras iniciativas que impulsionam o sucesso da marca. A combinação do modelo de franquias, cujos investimentos nas lojas são financiados com os recursos dos franqueados, com a captação de recursos através da abertura de capital, eleva substancialmente a capacidade de expansão.

Como já antecipado na introdução, as líderes do segmento possuem como característica em comum o fato de terem sido fundadas há muito tempo. Como pode ser verificado na tabela 2, elas foram estabelecidas nas décadas de 30,40, 50 e 60 com a exceção da Starbucks, fundada em 1985. Essas empresas enfrentaram diversas mudanças que afetaram o setor de fast-food como será evidenciado no gráfico 8.

Romero (2016) cita uma pesquisa realizada pela EAE Business School que coloca apenas Estados Unidos (290,2 bilhões de reais), Japão (162,3 bilhões de reais) e China (130,2 bilhões de reais) a frente do Brasil (53,7 bilhões de reais) em gastos no setor. De acordo com o levantamento, o gasto com fast-food por habitante no Brasil em 2014 foi de 265 reais e esse consumo deve crescer em 30% até 2019, o que representa uma das maiores expectativas entre os países estudados junto com Espanha (48%) e China (24%). Os japoneses são os que mais gastam, com uma despesa média equivalente a 1.024 reais por habitante ao ano, seguidos por norte-americanos e australianos. Os indianos são os que menos gastam, despendendo o equivalente a 41 reais por ano.

O Bobs foi a primeira empresa a explorar o conceito de fast-food no Brasil. Fundado em 1952 no Rio de Janeiro, ela traz em sua marca o apelido do seu fundador, o americano Robert Falkenburg. A empresa trazia em seu mix hot-dog, hambúrguer, milkshake e sorvete (posteriormente, o hot-dog foi retirado do mix). Atualmente, a rede conta com mais de 1.000 pontos de venda em todas as capitais do Brasil, assim como em Angola e Chile (BOB´S, 2017). O Habib´s é outro caso de sucesso brasileiro no segmento de fast-food. Fundado em 1988 em São Paulo por Antônio Alberto Saraiva, a empresa tornou-se a maior rede de fast-food árabe do mundo (HABIBS, 2017).

A maioria das redes cobram royalties entre 4 e 6%, assim como um percentual que varia em torno de 5% para composição de um fundo de publicidade. A margem líquida média das lojas variam entre 8 a 22%. Existem alguns grupos empresariais que controlam mais de uma rede, é o caso da Restaurant Brands Internacional Inc que controla Burguer King e Tim Hortons, e a Dunkin´Brands Group Inc, que controla Dunkin Donuts e Baskin-Robbins.

O número de restaurantes de fast-food no Brasil cresceu 11% em 2015 com 630 novas lojas abertas e 57 fechadas, entretanto, esse crescimento foi inferior a anos anteriores (18% em 2014 e 20% em 2013). Conforme evidenciado no gráfico 7, a Subway foi a rede que mais abriu restaurantes em 2015 (354 unidades). A rede vem liderando o ranking de abertura de novas unidades há alguns anos, através de uma estratégia de crescimento acelerado. Entre 2010 e 2015, a rede expandiu a uma média de 33% ao ano, enquanto o crescimento de seus concorrentes foi de 21% (GEOFUSION, 2016).

Gráfico 7 – Inaugurações por rede no Brasil

Fonte: Adaptado de Geofusion (2016).

No que tange aos hábitos de consumo do brasileiro, Geofusion (2016) aponta que 28% deles fazem refeições em restaurantes de fast-food mais de uma vez por semana; 27% uma vez por semana; 20% uma vez a cada quinzena; 13% uma vez ao mês; 10% menos de uma vez por mês; e 2% nunca consomem alimentos em restaurantes fast-food. Segundo Shopper Experience (apud EXAME, 2011), sabor da comida e higiene local são os fatores mais importantes para a escolha de um fast-food. A pesquisa conclui que os consumidores de fast-food no Brasil estão interessados em novidades no cardápio, apontando que 86% dos entrevistados gostariam que as redes lançassem mais produtos.