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A presente investigação adopta um desenho observacional-analítico longitudinal. Como refere Ribeiro (1999), num estudo observacional o investigador não intervém, descreve os acontecimentos que ocorrem e quais os efeitos nos sujeitos em estudo. Analítico porque procura explicar os resultados através do exame das relações estatísticas (correlações) entre variáveis e transversal porque os dados são recolhidos num único momento.

Como método de investigação utilizamos um estudo epidemiológico correlacional. Segundo Ribeiro (1999), o método epidemiológico permite identificar a distribuição das doenças e dos factores que lhes estão associados. Fornecem indicadores tais como a prevalência. Correlacional, porque inspecciona se a ocorrência de determinada doença se relaciona com aspectos que se suspeita serem factores de risco para essa doença. Uma correlação forte entre o presumível factor de risco e a doença sugere possível associação entre ambos.

4.1.1 Objectivos da investigação

O problema central em torno do qual se centrou o nosso estudo foi: A influência dos

factores de risco para o aparecimento de sintomatologia depressiva em contexto institucional. Com este trabalho, pretendemos dar o nosso contributo, ao verificar como se

apresenta esta problemática no Distrito de Bragança.

A escolha desta localização, correspondeu ao facto de ser o nosso Distrito de origem, ao qual temos uma óbvia ligação afectiva, pela conhecida e já abordada situação sócio- demográfica (aumento da população idosa, acompanhado da previsível taxa de institucionalização), bem como pela escassez de estudos realizados nesta região sobre a temática em causa.

A fundamentação teórica apresentada nos capítulos anteriores permite-nos supor que é elevada a taxa de prevalência de depressão nos idosos institucionalizados e que a depressão se relaciona com um conjunto de variáveis independentes, como tem sido já objecto de investigação em vários países (veja-se Quadro 5 – Prevalência de sintomatologia depressiva na população idosa Institucionalizada, pág. 75). Pretendemos também saber quais as variáveis que mais influenciam a depressão.

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4.1.2 As variáveis

O termo variável reporta-se às características ou atributos que podem tomar diferentes valores ou categorias. Na investigação correlacional, a variável está relacionada com as dimensões do comportamento avaliadas ou com os construtos subjacentes (Almeida & Freire, 2003).

Na investigação correlacional, a variável pode ser chamada de variável preditora ou

variável critério quando se pretende analisar as correlações entre as variáveis (Almeida &

Freire, 2003).

Na presente investigação definimos como variável critério a depressão e como variáveis preditoras: nível cognitivo; sexo; idade; estado civil; escolaridade; profissão; situação sócio-económica; motivo do internamento; iniciativa do internamento; tempo de internamento; presença de um confidente ou relação íntima; adaptação à institucionalização; actividades de lazer; condição de saúde; solidão; funcionalidade física.

4.1.3 Formulação das hipóteses

As hipóteses de trabalho estabelecidas e que a pesquisa pôs em destaque são as seguintes:

1. É elevada a taxa de prevalência de depressão nos idosos institucionalizados (Bartels et al., 2003; Brodaty et al., 2001; Mann et al., 2000; Mozley, Challis, Bagley, Burns, & Huxley, 2000; Rozzini, Boffelli, Franzoni, Frisoni, & Trarucchi, 1996; Snowdon, Burgess, Vaughan, & Miller, 1996; Weyerer, Hafner, Mann, Ames, & Graham, 1995).

2. O nível de depressão é mais elevado nos idosos com menor nível cognitivo (Bergdahl et al., 2005; Djernes, 2006; Haynie et al., 2001, Stek et al., 2004, citados por Chou & Chi, 2005; Green et al., 2003; Papadopoulos et al., 2005).

3. O nível de depressão é mais elevado em idosos do sexo feminino (Angst, Gamma, Gastpar, Lépine, Mendlewicz, & Tylee, 2002; Bracke, 1998, Nolen-Hoeksema, 1990, Piccinelli & Wilkinson, 2000, Sonnenberg et al., 2000, Weissman et al., 1996, citados por Takkinen, Gold, Pedersen, Malmberg, Nilsson, & Rovine, 2004; Maier et al., 1999, Weissman et al., 1996, citados por Justo & Calil, 2006; Nolen-Hoeksema, 2001; Robbins, Bertakis, Helms, Callahan, Azari, & Leigh, 2001; Kessler et al., 1993,

101 IV. MÉTODO

Weissman & Klerman, 1977, 1985, Weissman et al., 1991, Zádóczky, Rihmer, Papp, Vitrai, & Füredi, 2007, citados por Salokangasa, Vaahterab, Pacrievc, Sohlmand, & Lehtinen, 2002; Zunzunegui, Béland, Llácer, & León, 1998).

4. O nível de depressão é mais elevado em idosos com menor adaptação à institucionalização (Ames, 1991; Bergdahl et al., 2005; Goffman, 1961 citado por Hyer, Larpenter, Bishmann, & Wu, 2005; Lawton, 2001; Patterson, 1995; Phifer & Murrel, 1986, Kennedy et al., 1990, Harlow et al., 1991, citados por Forsell & Winbland, 1999; Zarit, Femia, Gatz, & Johansson, 1999).

5. O nível de depressão é mais elevado em idosos com menos actividades de lazer (Bergdahl, Allard, Alex, Lundman, & Gustafson 2007).

6. O nível de depressão é mais elevado em idosos com menor condição de saúde (Beekman et al., 1995, 1997, Berkman et al., 1986, Murphy, 1982, Murrell et al., 1983, citados por Street, O’Connor, & Robinson, 2007; Blazer et al., 1991, citados por Osborn et al., 2003; Sherina, Zulkefli, & Mustaqim, 2003; Blazer, 2003; Bruce, 2002; Street, O’Connor, & Robinson, 2007; Chou & Chi, 2005; Moldin, Scheftner, Rice, Nelson, Knesevich, & Akiskal, 1993; Zunzunegui, Béland, Llácer, & León, 1998; Katona & Livingston, 1997; Murphy, 1982, citado por Street, O’Connor, & Robinson, 2007; Kennedy, Kelma, Thomas, Wisniewski, Metz, & Bijur, 1989; Osborn et al., 2003).

7. O nível de depressão é mais elevado em idosos com maior índice de solidão (Blazer, 2003; Bruce, 2001; Green et al., 1992; Haynie et al., 2001, Stek et al., 2004, citados por Chou & Chi, 2005; Prince, Harwood, Blizard, Thomas, & Mann, 1997; Tiikkainen & Heikkinen, 2005, citados por Bergdahl, Allard, Alex, Lundman, & Gustafson, 2007).

8. O nível de depressão é mais elevado nos idosos mais dependentes nas Actividades de Vida Diárias (AVD’S) (Harlow et al., 1991, Kennedy et al., 1990, Phifer & Murrel, 1986, citados por Forsell & Winblad, 1999).