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Lynch e Horton (2004) apontam em seus estudos que as pessoas, ao visualizarem uma interface gráfica digital, veem primeiro as telas como grandes massas de formatos e cores, nas quais os elementos do primeiro plano contrastam com a área de fundo. Após essa primeira visualização, as pessoas passam a identificar informações específicas, como figuras e quadros (quando presentes) e, em seguida, a parte textual. Os autores afirmam ainda que, obviamente, a área mais visível de uma interface são as 30 polegadas quadradas, algo entre 10 e 12 centímetros, da parte superior da tela visualizada por meio do monitor (Figura 6). Desse modo, o posicionamento dos elementos é de suma importância.

Figura 6 - Área visível pelo usuário da tela

Fonte: Autora; UOL, 2017.

Após a identificação dos primeiros elementos de uma página web, Goldsmith (1984) aponta que a visualização pelo olho humano, na sociedade ocidental, divide-se em sete zonas:

Área visível da tela Para visualização do restante da página é necessário utilizar a barra de rolagem

primeiro o olhar se direciona para o lado superior esquerdo da tela; em seguida, movimenta-se da esquerda para a direita; logo após, o olhar move-se para a parte inferior esquerda da interface e passa a explorar as extremidades da tela; o olhar explora a extremidade superior esquerda; o olhar explora a extremidade superior direita; o olhar dirige-se para a extremidade inferior esquerda; por fim, o olhar movimenta-se em direção da extremidade inferior direita. Para melhor visualização da explicação sobre a trajetória de exploração visual da interface pelo usuário, é apresentada a representação a seguir (Figura 7):

Figura 7 - Leitura de página web na cultura ocidental

Fonte: Autora, baseada em Goldsmith, 1984, p. 245-248, 308.

Considerando as explanações dos autores, a página inicial (Figura 8) deve seguir uma estética minimalista, porém funcional, evitando o excesso de informações, de modo que o usuário localize a informação desejada rapidamente. Krug (2010) afirma que uma escrita eficaz deve ser concisa, evitando frases e parágrafos com palavras desnecessárias. Para o autor, uma mensagem deve possuir o mínimo de palavras, sem que isso acarrete na perda de valor; isso também se aplica à interface do usuário, evitando a poluição visual e permitindo ao usuário a visualização de toda a página em um relance. Com isso, deve-se tomar cuidado com os significados das palavras utilizadas, evitando o entendimento dúbio, para que o usuário

compreenda rapidamente e facilmente os termos adotados na interface.

O primeiro projeto foi construído mediante a prototipação em papel, entre os meses de novembro de 2016 e junho de 2017. Para Silva e Savoine (2010), o protótipo em papel é uma ferramenta de comunicação que facilita a compreensão de um sistema por parte do usuário, e sua utilização é mais recorrente nos primeiros estágios do processo de design. Os autores apontam que, apesar da simplicidade, pode-se achar que esse tipo de prototipação não é importante, porém, quando se observa a possibilidade de avaliações desse método, esse preconceito muda. Além disso, “fatores como metáforas conceituais, navegação, fluxo de telas, layout e agrupamento dos elementos, rótulos, botões e controles são alguns dos exemplos que podem ser avaliados pela prototipação em papel” (SILVA; SAVOINE, 2010, p. 48).

A interface do usuário foi concebida para que se possa acessar as informações disponíveis em um sistema voltado ao patrimônio histórico. Como explanado no tópico anterior, nesse primeiro momento, não foram elencados os elementos da interface relacionados à cor, fonte e formas, priorizando apenas os aspectos informacionais.

Figura 8 - Interface do usuário

Fonte: Autora.

A figura 9 apresenta os mesmos elementos mencionados anteriormente, e acrescenta links para páginas em redes sociais, que podem ser adicionados para uma única propriedade ou um grupo delas, conforme a conveniência. As redes sociais digitais são, para Santos e Santos (2014, p. 310), “um meio de possibilidades, estabelecido a partir dos elementos virtuais e das

relações entre os indivíduos usuários”. Santaella e Lemos (2010, p. 40) compreendem as redes sociais como a relação entre sistemas e pessoas ao afirmarem que “as redes consistem não apenas em pessoas e grupos sociais, mas também em artefatos, dispositivos e entidades”. Torres (2009, p. 113) acrescenta que as redes sociais são “[...] sites na internet que permitem a criação e o compartilhamento de informações e conteúdos pelas pessoas e para as pessoas [...]”.

As redes sociais tornaram-se uma espécie de vitrine para bens, produtos e serviços, em que o consumidor (usuário) pode conhecer um determinado lugar, encontrar informações sobre a finalidade do estabelecimento, sua localização e estabelecer contato a fim de sanar dúvidas. Considerando as redes sociais como um meio de promoção de uma propriedade, ou conjunto delas, sugere-se a inclusão de links para esse propósito.

Figura 9 - Interface do usuário com links para redes sociais

Fonte: Autora.

Visando possibilitar o acesso à interface por pesquisadores e pessoas interessadas em conhecer os bens patrimoniais, sendo ou não pessoa com deficiência, foram incluídos recursos de acessibilidade (Figura 10), considerados de alta relevância no projeto de uma interface por Shneiderman e Plaisant (2005), em suas “regras de ouro”.

Figura 10 - Acessibilidade na interface

Fonte: Autora.

O Consórcio World Wide Web (W3C) (2015, p. 13) considera que:

Quando os sítios web não apresentam acessibilidade, os conceitos de inclusão, igualdade e autonomia são afetados diretamente pelas barreiras de acesso às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A predominância de sítios acessíveis torna a web mais funcional e fácil de ser utilizada pela maioria das pessoas, já para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, a predominância de sítios acessíveis torna a web possível.

Conforme o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico, conhecido como eMAG, a interface deve conter uma barra de acessibilidade no topo da página com os seguintes itens (BRASIL, 2014):

 Aumentar fonte.  Diminuir fonte.  Fonte normal.  Alto contraste.

 Atalhos para menu, conteúdo e busca.

 Acessibilidade (link para a página contendo os recursos de acessibilidade do sítio).

Incluir ferramentas de acessibilidade possibilita o exercício da autonomia às pessoas com deficiências e mobilidade reduzida, além de idosos, leigos no uso do computador e analfabetos funcionais, que são pessoas com baixo letramento e incapacidade de compreender um texto. Para o W3C (2015, p. 12), promover a acessibilidade em páginas web possibilita que ocorram situações como:

 Pessoas cegas que utilizam programas leitores de tela no computador navegam sem dificuldade pelos sítios web, preenchem formulários, acionam botões por meio de comandos do teclado e conseguem acessar, inclusive, as informações que estão em imagens, por meio de textos alternativos.

 Pessoas com baixa visão, usando ou não programas ampliadores de tela, não têm dificuldade com o contraste, nem para identificar e clicar em hiperlinks, barras e botões, nem para aumentar o tamanho das letras.

 Pessoas que não conseguem identificar algumas cores não se confundem nem perdem informações, porque todas as informações apresentadas por meio de cores são transmitidas também de outras formas.  Pessoas surdas ou com deficiência auditiva acessam informações em áudio e vídeo com legendas, transcrições e traduções em Libras (Língua Brasileira de Sinais).

 Pessoas com deficiência motora e mobilidade reduzida que utilizam apenas o teclado para acessar os conteúdos dos sítios web navegam com facilidade por todos os menus e seus subitens, formulários, serviços e informações disponíveis.

 Pessoas com deficiência intelectual ajustam a velocidade das animações e têm acesso a conteúdos em texto, áudio e vídeo para aprimorarem seus estudos.

 Pessoas com baixa experiência computacional aprendem com facilidade a utilizar serviços fundamentais para seu dia a dia e encontram com rapidez todas as informações de que necessitam.

 Pessoas com idade avançada conseguem encontrar todas as informações de que necessitam devido ao bom contraste, assim como pelo tamanho dos textos, navegabilidade e baixa complexidade das interações.  Pessoas com problemas de conexão com a internet acessam as páginas web com facilidade e navegam com ótimo desempenho.

 Pessoas com dispositivos móveis acessam serviços e informações na web, mesmo utilizando telas e teclados muito pequenos e com velocidade de conexão e capacidade de processamento e armazenamento reduzidas.

A partir das recomendações mencionadas, observou-se que não foi incluído o recurso para voltar à fonte normal após aumentar ou diminuir o tamanho da fonte, bem como não há um link voltado às explanações sobre os recursos de acessibilidade contidos na interface. Tais correções serão efetuadas na próxima etapa da pesquisa, quando a interface será criada a partir de uma ferramenta digital.

A figura 11 refere-se ao campo destinado para inclusão do logotipo da interface, assim como as ferramentas de busca. A decisão em colocar os elementos no alto da página deve-se à trajetória de exploração visual de uma interface pelo olho humano, conforme o estudo de Goldsmith (1984), anteriormente mencionado.

Figura 11 - Espaço destinado ao logotipo e busca da interface

Fonte: Autora.

Os campos de busca foram projetados no alto da página para que o usuário tenha acesso à ferramenta rapidamente. Para Nielsen e Tahir (2002), a busca deve apresentar uma caixa de entrada na homepage, no alto da página, pois os usuários frequentemente não encontram o campo para buscas quando este se apresenta no formato de link. A busca simples, na interface em questão (Figura 12), fará o rastreio do termo digitado pelo usuário em todos os campos do banco de dados e dos links disponibilizados na página; cabe destacar que a busca é apenas interna, não serão recuperadas informações externas e alheias à interface.

Figura 12 - Campo de busca simples

Fonte: Autora.

O campo de busca avançada (Figura 13), por sua vez, apresenta-se como link, logo abaixo da caixa de texto da busca simples. O usuário, ao clicar em busca avançada, poderá refinar sua pesquisa, selecionando um ou mais campos desejados para a recuperação da

informação pretendida. Os campos pensados nessa primeira fase para refinamento da pesquisa do usuário são: seleção da propriedade e cidade, caso haja mais de uma propriedade integrando a base de dados, natureza do bem patrimonial (material/ imaterial), tipo do bem patrimonial (livro, periódico, fotografia, quadro, partitura, disco, vídeo etc.), autoria do bem patrimonial, data e assunto.

Figura 13 - Campo de busca avançada

Fonte: Autora.

A página Conheça-nos (Figura 14), pode ser utilizada por apenas uma propriedade, ou por um conjunto delas. A finalidade aqui é possibilitar ao usuário conhecer a história da(s) propriedade(s), com o objetivo de familiarizá-lo ao contexto histórico e econômico em que os bens foram adquiridos.

Ao clicar nesse e nos demais links, o usuário será encaminhado para as páginas correspondentes, e o retorno para a página inicial se dará com o clique no logotipo da interface ou na figura de uma casa, situada no cabeçalho, que representa a ação de ir à página inicial, que aparecerá somente quando o usuário não estiver nela; tais ações foram pensadas de forma a não confundir o usuário sobre o que é ou não a página inicial e aparecerão sempre que o usuário sair da página inicial.

Figura 14 - Página Conheça-nos

Fonte: Autora.

A página seguinte, denominada Patrimônio (Figuras 15, 16 e 17), foi projetada para que sejam inseridas definições simplificadas sobre o que é patrimônio, quais são os tipos de patrimônio existentes e as legislações relacionadas, de modo a facilitar a compreensão daqueles que não são familiarizados com a temática.

Figura 15 - Página Patrimônio

Figura 16 - Página Patrimônio

Fonte: Autora.

Figura 17 - Página Patrimônio

Fonte: Autora.

A página Acervo (Figura 18) abrigará os registros catalográficos dos bens patrimoniais situados nas propriedades, materiais ou imateriais. Ao selecionar essa opção no menu principal, o usuário será remetido para uma nova página com as tipologias disponíveis.

Figura 18 - Página Acervo

Fonte: Autora.

Selecionando a categoria de seu interesse, o usuário encontrará os ali abrigados conforme seu título, demonstrado pela figura 19.

Figura 19 – Página Acervo

Ao selecionar o título de seu interesse, o usuário visualizará o cadastro completo do bem patrimonial que, conforme a figura 20 e anteriormente mencionado, abrigará bens patrimoniais materiais e imateriais.

Figura 20 - Página Acervo

Fonte: Autora.

A página Eventos (Figura 21) foi idealizada para que as propriedades possam divulgar eventos ocorridos em suas instalações, como casamentos, encontros e festas em geral, bem como eventos externos que sejam de interesse do usuário, como encontros acadêmicos, seminários voltados à agricultura etc.

Figura 21 - Página Eventos

Fonte: Autora.

A página Notícias (Figura 22) destina-se às veiculações na mídia sobre a propriedade. Aconselha-se a organização por data, título da notícia e a inserção de palavras-chave, para que o usuário possa recuperar a informação por intermédio dos campos de busca.

Figura 22 - Página Notícias

A página Cadastre-se (Figura 23) foi idealizada para que o usuário possa receber boletins sobre atualizações da interface, como a inserção de novas notícias, divulgação de eventos e, caso seja possível, informações sobre novos bens patrimoniais inseridos na base de dados. Os dados solicitados para cadastro são: nome completo, data de nascimento, e-mail, cidade em que reside e frequência desejada para receber os boletins, que poderão ser sempre que ocorrer uma atualização, semanal, quinzenal ou mensal. A frequência do recebimento dos boletins é considerada importante para que o usuário possa controlar o recebimento de e-mails conforme sua disponibilidade de tempo para sua leitura; no corpo do e-mail haverá a opção de cancelamento de inscrição, para que não receba mais os boletins.

Figura 23 - Página Cadastre-se

Fonte: Autora.

A fim de informar o usuário que sua ação foi devidamente realizada, será exibida uma mensagem de confirmação da efetivação do cadastro, como demonstrado pela figura 24. Para sair da confirmação é necessário clicar em “OK”; tal ação remeterá o usuário à página inicial.

Figura 22– Página Cadastre-se

Fonte: Autora.

A página Ajuda (Figura 25) esclarece ao usuário como funciona cada parte da interface. Para Nielsen (1993), tal funcionalidade é de grande importância para que o usuário não se sinta perdido na navegação. Nesse link serão apresentados todos os recursos disponíveis, e caso o usuário não encontre a resolução de seu problema, poderá entrar em contato, via formulário, com a equipe responsável pelo sistema.

Figura 25 - Página Ajuda

Na página Contato (Figura 26) há três possibilidades de implantação, com a finalidade de estabelecer comunicação. Na primeira, a área pode ser destinada para o usuário estabelecer contato com a equipe responsável pela interface e pelo banco de dados. A segunda possibilidade é o usuário entrar em contato com a propriedade detentora dos bens patrimoniais ali disponibilizados. Por fim, a terceira possibilidade aplica-se no caso de a interface e base de dados abrangerem mais de uma propriedade, possibilitando ao usuário selecionar qual deseja enviar uma mensagem.

A decisão sobre estabelecer comunicação com a equipe de trabalho da interface e do banco de dados ou com as propriedades será tomada em conjunto com os usuários, na etapa de avaliação de usabilidade a ser realizada após a criação da interface em meio digital.

Figura 26 - Página Contato

Fonte: Autora.

A confirmação do envio da mensagem (Figura 27) segue a mesma lógica da página destinada ao cadastro de usuários, isto é, após a redação da mensagem e clique no botão de envio, aparecerá a informação de que a mensagem foi enviada seguida de um botão “OK”, remetendo o usuário à página inicial.

Figura 27 - Página Contato

Fonte: Autora.

Por fim, a Área do catalogador (Figura 28) é de acesso restrito aos responsáveis pela alimentação da base de dados, cujo acesso se dá mediante login e senha.

Figura 28 - Área do catalogador

Fonte: Autora.

Após a autenticação, será exibida uma tela (Figura 29) com as opções para realização de cadastros, exclusão de cadastros, edição de cadastros, manuais e gerenciamento de membros.

Figura 29 - Área do catalogador

Fonte: Autora.

A figura 30 expõe as três primeiras opções da área restrita ao catalogador: cadastros, exclusão e edição. A área de cadastros permite a catalogação de bens patrimoniais, bem como o cadastro de autores e das fazendas. A intenção ao criar o cadastro de autores e de fazendas é promover a normalização na entrada dessas informações no momento do cadastro dos itens. No momento da catalogação dos itens cogita-se disponibilizar na forma de link, o acesso aos bancos de dados de autores e de fazendas dentro do cadastro de itens.

A área de exclusão destina-se à remoção de registros de bens patrimoniais, seja por motivo de extravio do item ou registro em duplicidade na base de dados; remoção de autores seja por duplicidade de registro ou outros motivos e exclusão de propriedades, caso demonstre interesse em não mais compartilhar seus bens na base de dados.

Por fim, é disponibilizada a opção para editar registros, sejam eles de bens patrimoniais, autores ou propriedades; a relevância dessa opção é possibilitar a correção de dados incompletos ou com erros de digitação sem a necessidade de excluir e realizar um novo cadastro da informação.

Figura 30 - Área do catalogador

Fonte: Autora.

Na área do catalogador (Figura 31) pretende-se ainda disponibilizar manuais e orientações para a utilização correta da interface, seja para o cadastro, remoção ou edição dos registros, considerando a importância em fornecer um registro claro e correto para o usuário.

A opção de gerenciamento de membros foi projetada para que sejam incluídas novas pessoas na administração da interface, bem como a revogação no acesso à interface, e alteração de dados dos membros, seja correção de nome, de e-mail, dentre outras possibilidades.

Figura 31 - Área do catalogador

A informação sobre a última atualização ocorrida na interface (Figura 32) foi inserida pensando na dinâmica informacional, em que o usuário pode se informar, de modo facilitado, sobre essa última intervenção.

Figura 32 - Atualização de informação da interface

Fonte: Autora.

Como explanado anteriormente, há a possibilidade de linkar as páginas das redes sociais (Figura 33) na interface, caso seja de interesse da propriedade. Como se trata de mais de uma propriedade, no momento em que o usuário clicar no link, irá para uma nova página para que ele selecione a de seu interesse. Há ainda a possibilidade de um grupo de fazendas estarem agrupadas em uma só página da rede social; nesse caso, o link funcionaria como no primeiro exemplo.

Figura 33 - Acesso às redes sociais