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Desenvolvimento de modelo para busca de excelência organizacional

4.1 Generalidades

A modelagem, segundo Dagnino (2002), “é uma condição para o tratamento analítico de qualquer objeto em qualquer campo do conhecimento. Ela compreende a identificação das características do sistema que descrevem seu estado num dado instante (momento descritivo), que explicam sua trajetória (momento explicativo) e que permitem orientar sua trajetória ou características, mediante o exercício de uma ação sobre suas variáveis com maior poder de determinação, visando a alteração de seu estado numa direção desejada (momento prescritivo ou normativo)”. Segundo o mesmo autor, “a construção de um modelo é um passo essencial para entender o funcionamento de um sistema” (p. 70).

Este trabalho segue, em linhas gerais, o pensamento de Dagnino, procurando, ao longo deste capítulo, desenvolver um novo modelo organizacional a ser aplicado na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, localizada em Campinas-SP.

Esse modelo, além da integração entre gestão por processos e planejamento estratégico, apresenta também outras três características importantes:

— ele é suportado por uma estrutura híbrida, conciliando as funções tradicionais de uma organização militar com os processos organizacionais, conforme já descrito no Capítulo 2 — Revisão da Literatura;

— é voltado para a busca da excelência organizacional, aqui definida como uma situação da gestão que procura se orientar pelos critérios do PQSP. Além disso, o desempenho da organização passa a ser constantemente monitorado por indicadores de desempenho, atuando diretamente sobre os processos organizacionais. Cabe observar que as organizações militares normalmente apresentam padrões de qualidade aceitáveis (do ponto de vista qualitativo), porém o sucesso no futuro depende em grande parte da prática de uma gestão adequada no presente;

— pressupõe a participação de todos os níveis da organização. O Comandante deve ser o iniciador do processo e principal responsável, mas os níveis inferiores passam a ter uma importância não só na execução, mas também no planejamento de algumas atividades. Esta característica é particularmente sensível em uma organização militar, que segue à risca os princípios da Administração Científica propostos por Taylor, com uma nítida separação entre o planejador e o executor (Taylor, 1970).

4.2 Premissas

Algumas premissas são necessárias para o desenvolvimento do modelo:

— a simplicidade nas operações: cerca de um terço do efetivo de uma organização militar é composta por recrutas, jovens soldados que ingressam na força aos dezoito anos. Esses militares, em princípio voluntários, apresentam grau de escolaridade baixo (muitos não completaram sequer o ensino fundamental). Como eles também devem participar ativamente na implementação do modelo, atividades simples facilitam o entendimento e a participação dessas pessoas;

— a objetividade: o desenvolvimento das operações com foco na missão e nos objetivos estratégicos da Escola deve ser uma preocupação constante dos militares;

— a determinação em se vencer obstáculos: para isso, há a necessidade de que as pessoas tenham (auto)motivação. Apesar de esse processo ser inerente a cada indivíduo, a organização

dadas, mas existem maneiras que podem ser utilizadas para incentivar a participação das pessoas. O reconhecimento de um trabalho por meio de elogios é uma delas. Outra forma de incentivo, principalmente para os níveis inferiores da organização, é a realização de cursos e estágios de aprimoramento profissional. A Instituição Exército Brasileiro apresenta credibilidade15 e isso favorece o contato com algumas organizações civis para a realização de cursos e estágios;

— o caráter ético das decisões. Este tema esteve sempre presente nas organizações militares norteando a mentalidade de seus integrantes. A sua importância pode ser observada pelo aumento no debate sobre ética nas organizações nos dias de hoje.

4.3 Proposta do modelo

O modelo (Fig. 4.1) apresenta conceitos já conhecidos de planejamento estratégico, tais como missão, visão, objetivos, política, análise do ambiente interno e externo, e que não serão definidos para fins deste trabalho. Apenas o resultado da implementação será apresentado. Por outro lado, alguns tópicos (destacados abaixo em negrito) representam contribuições importantes e inovadoras no processo estratégico, sobretudo para uma organização militar, sendo, então, detalhados. Seguem abaixo os passos necessários para a aplicação do modelo:

a) Definição da visão, da missão e da política de Comando; b) Análise do ambiente externo e do interno;

c) Correlação matricial entre os padrões de competitividade externa, interna, atributos e metodologias;

d) Com base nos itens a, b e c, definição dos fatores críticos de sucesso; e) Definição dos objetivos estratégicos;

f) Definição dos indicadores estratégicos e operacionais;

g) Definição dos processos organizacionais, com base na sinergia entre estes e os objetivos estratégicos;

15 Em recente pesquisa realizada pelo IBOPE, com o objetivo de se verificar a imagem de uma Instituição, as Forças Armadas ficaram em segundo lugar, com 73%, conforme detalhado pelo Informex Nr 008, de 02 Mar 04.

h) Sugestões de militares para consolidação dos objetivos e processos definidos; i) Atuação das equipes interfuncionais;

j) Implementação, controle e melhorias, via BSC. 4.3.1 Detalhamento das contribuições inovadoras

1) Análise da correlação matricial entre padrões de competitividade externa, interna, atributos e metodologias 16 e definição dos fatores críticos de sucesso

Em qualquer empreendimento, existem diversos fatores importantes que contribuem para se obter o êxito, sendo este entendido como o cumprimento dos objetivos da política de comando (ou da chefia, num outro tipo de organização). No entanto os recursos disponibilizados e a capacidade de uma organização militar são restritos, daí a necessidade de serem estabelecidas prioridades. Essa metodologia vem ao encontro desta necessidade, na medida em que auxilia na determinação dos fatores realmente importantes para uma organização.

Na identificação desses fatores, são levados em consideração (de uma forma geral) a análise do ambiente interno e externo, as diretrizes e a política de comando. O modelo proposto agrega novas informações obtidas por intermédio da correlação existente entre os padrões externos, internos e atributos de competitividade, bem como pela análise das diversas metodologias existentes, dando uma nova dimensão na determinação dos fatores críticos de sucesso.

16 Essa análise é baseada nos estudos apresentados em sala de aula pelo Professor Oswaldo L. Agostinho, como parte da disciplina IM 191 – Manufatura Integrada por Computador, e no Trabalho Final da disciplina: Gestão Estratégica de Tecnologia

f) Indicadores estratégicos

g) Processos g) Processos g) Processos