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“O resgate/manutenção da qualidade ambiental no meio rural deve incluir o resgate/manutenção das responsabilidades mútuas entre proprietários e instituições que atuam no meio ambiente rural, e a intervenção educativa apresenta lugar na atual problemática através de seus componentes estruturais - como a comunicação, participação, construção de conhecimento e capacitação para a ação” (Malagodi, 2000, p.104).

O presente trabalho apresentou como um de seus objetivos principais, a elaboração de uma proposta de intervenção educacional. Este produto da pesquisa, teve desde o início dos trabalhos, a intenção de levar em consideração as informações obtidas em campo, nas entrevistas, nos levantamentos secundários e nos trabalhos de autores que já desenvolveram pesquisas correlatas.

Dentre as considerações julgadas importantes nesta pesquisa, destacam-se a imprescindibilidade do planejamento participativo, levantada por Martins (2000, p.92 a 95); a necessidade do planejamento contemplar as dimensões de continuidade, coordenação, integração, participação e flexibilidade, abordadas por Costa (1986, p.1); a importância de estabelecer o diálogo entre as partes, ressaltada por Tassara & Damergian (1996, p.307)12; o conhecimento da realidade concreta, descrita por Freire (1990, p.34)13; dentre outras.

Ainda para auxiliar na elaboração de uma intervenção educacional, os questionários junto aos 30 proprietários rurais pertencentes à Microbacia Tamandupá

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“É preciso pensar as conseqüências da ausência de diálogo, da uniformização do discurso e sua propagação através da mídia na tentativa de padronizar, sabotando os limites definidores das identidades. Assim como a troca de experiências é fundamental para a construção da subjetividade, a aceitação do outro como singular, como ser desejante, inscrito em um sistema simbólico, portador de uma identidade psíquica e de uma identidade cultural, é crucial para a sobrevivência do humano”.

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“A realidade concreta de uma certa área, não se reduz a um conjunto de fatos e dados materiais. Inclui também a percepção que deles esteja tendo a população neles envolvida”. Assim, a realidade concreta se dá na relação dialética entre objetividade e subjetividade. “Simplesmente, não posso conhecer a realidade de que participam a não ser com eles como sujeitos também deste conhecimento. Fazendo pesquisa, educo e estou me educando com os grupos populares” (Freire, 1990, p.34 a 36). Freire (1990 - pág. 37), cita ainda, declarações do Presidente Nyerere da Tanzânia: “Assim como não posso desenvolver um homem, uma mulher, uma pessoa, se ele ou ela não se desenvolverem, tampouco posso desenvolver uma nação sem a sua gente”. Para Nyerere, não há desenvolvimento sem a presença curiosa e responsável das massas populares na reconstrução da sua sociedade. “Daí que o seu projeto educativo se oriente sempre neste sentido”, aconselha Freire.

continham uma questão em que era solicitada a sugestão de assuntos a serem discutidos durante um curso a ser oferecido aos proprietários rurais e a maneira mais adequada para a realização do mesmo. Os entrevistados opinaram sobre o conteúdo deste curso, os horários e locais mais apropriados e a melhor época para sua realização.

Seguindo estas orientações, planejou-se a realização de um conjunto de palestras sobre árvores em propriedades rurais abordando questões como legislação florestal, programas de auxílio ao reflorestamento, alternativas econômicas envolvendo árvores e participação popular na tomada de decisões que viabilizem o seu plantio em propriedades rurais. O horário apontado como mais apropriado foi o período noturno, à partir das 19 horas. A época do ano sugerida foi o período da entressafra da cana-de- açúcar, de novembro a janeiro, pois este é o principal produto cultivado na região. O local indicado pela proximidade das propriedades e conhecimento de todos, foi a Usina Costa Pinto.

Somando-se a estas indicações e para que houvesse uma maior participação do público alvo na preparação desta intervenção, foi realizada uma Palestra de Planejamento e Divulgação no mês de outubro, quando discutiu-se como seria este conjunto do palestras, confirmou-se os assuntos de maior interesse dos proprietários, colheu-se inscrições e marcou-se as primeiras datas para a realização de palestras.

A idéia de efetuar todos os encontros em uma única semana, realizando palestras todos os dias, foi apontada como inviável pelos proprietários. Os mesmos sugeriram um intervalo maior de tempo entre uma palestra e outra, para não ficar cansativo e não sobrecarregar os participantes.

Estas palestras tiveram o intuito de subsidiar a elaboração da proposta de Intervenção Educacional.

3.5.1 Palestra de Planejamento e Divulgação

Para a realização da primeira palestra, foram considerados o horário e local sugeridos pelos proprietários rurais da Microbacia Tamandupá: às 19:30h, na Usina Costa Pinto.

Foram distribuídos 16 convites pessoalmente e 14 pelo correio, a todos os proprietários entrevistados. Para aqueles convidados via correspondência, foram efetuados telefonemas para confirmação do endereço e adiantamento do convite. Foi solicitado ainda, que estes proprietários convidassem vizinhos e conhecidos e que alguns fixassem cartazes nos locais considerados de maior circulação na região.

Planejou-se a abordagem de diversos assuntos como: o histórico de degradação ambiental no país e no mundo, os motivos pelos quais se deve proteger as florestas, quais os dispositivos legais para isto, quais os direitos e obrigações dos proprietários rurais, quais as características da região em que suas propriedades estão inseridas e como estas características interferem na conservação dos recursos naturais, qual a importância de atitudes individuais e coletivas, etc.

3.5.2 Elaboração de um Cronograma de Palestras

A partir dos resultados dos questionários aplicados, das observações de campo e da palestra de planejamento e divulgação, foi elaborado um cronograma de atividades objetivando subsidiar a elaboração de uma propostas de intervenção educacional. Propunha-se não apenas a promover palestras, mas também a divulgar eventos que estavam por ocorrer no Município e a buscar maneiras de envolver familiares e pessoas do convívio dos proprietários rurais, como mulheres, crianças e caseiros.