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O Desenvolvimento Local da Sustentabilidade Como Institutos Orientadores da Administração Pública Municipal

2. RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO NA GESTÃO AMBIENTAL

2.5 O Desenvolvimento Local da Sustentabilidade Como Institutos Orientadores da Administração Pública Municipal

Desenvolvimento sustentável é aquele que leva em conta a sobrevivência das empresas, a preservação de recursos naturais e dos ecossistemas para as gerações futuras e a melhoria da qualidade de vida. O conceito de sustentabilidade foi definido em 1987, no documento Nosso Futuro Comum, conhecido como Relatório Brundtland, feito pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU.

O documento, somado à acelerada urbanização do mundo, levou a mudanças em políticas públicas, em processos de produção e em comportamentos. Aumentou o número de programas para reduzir a poluição, como a reciclagem de lixo, e para desestimular o uso de automóveis. Programas de tecnologias para

diminuir o consumo de eletricidade e água passaram a ser adotados na agricultura, na indústria e nas residências. No consumo, cresceram a fabricação de produtos certificados, como móveis, e feitos de material reciclado.

Para um melhor entendimento a respeito do assunto, importante se fazer alguns esclarecimentos a respeito da Biocapacidade e da Pegada Ecológica. A Biocapacidade é o indicador que mede as terras e águas capazes de gerar recursos biológicos úteis ao homem – áreas ocupadas por plantações, criações, rios, florestas ou edificações – e de absorver os resíduos resultantes das atividades humanas. Já, a Pegada Ecológica é a medida da pressão que as atividades humanas exercem sobre a biocapacidade. A pegada ecológica depende tanto do número de habitantes de um país quanto de seu nível de consumo. Por isso, ambas as medidas costumam ser dadas em hectares globais per capita. A estimativa é de que a Terra tem 13,4 bilhões de hectares globais. Mas a pegada ecológica da humanidade é de 18,1 bilhões de hectares globais – ou seja, um planeta e meio.

É definido desenvolvimento sustentável, nas palavras de Stake (1991) da seguinte maneira:

“Para ser sustentável, o desenvolvimento precisa levar em consideração fatores sociais, ecológicos, assim como econômicos; as bases dos recursos vivos e não vivos; as vantagens e desvantagens de ações; alternativas a longo e curto prazo.” (Stake, 1991, p.9).

São portanto, três objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentáveis, onde:

− os objetivos sociais compreendem a moradia, educação, lazer e saúde;

− os objetivos econômicos compreendem a produção, o acesso aos bens de consumo e o emprego;

− os objetivos ecológicos compreendem a preservação do meio ambiente.

Conforme com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (1991), satisfazer as necessidades e as aspirações humanas é o objetivo principal do desenvolvimento.

No mais das vezes, as necessidades básicas de um expressivo número de pessoas, como alimento, roupas, habitação, emprego, saúde, não são atendidas. Além dessas necessidades básicas, as pessoas também desejam ter uma melhor qualidade de vida. Para que haja um desenvolvimento sustentável é necessário que todos tenham as suas necessidades básicas atendidas e lhes sejam proporcionadas oportunidades de realizar concretamente suas aspirações para que seja possível ter uma vida melhor.

O desenvolvimento sustentável é um procedimento de transformação que harmoniza e reforça o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas no que refere a exploração dos recursos, a direção dos investimentos , a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional.

O Programa de Sustentabilidade Municipal é um instrumento de gestão estratégica, com melhor aproveitamento de seus recursos. É uma avaliação inteligente, capaz de situar as questões ambientais com as atividades sociais e econômicas, orientando os Municípios no desenvolvimento e implantação de ações, projetos, programas e políticas sustentáveis. Em decorrencia da adoção do programa são criadas as ferramentas para a conquista das certificações que credenciam o município à captação de recursos e convênios nacionais e internacionais.

O programa sustentabilidade, advém da agenda 21, é desenvolvido través da criação de um banco de dados que oferece um diagnóstico dos possíveis usos do território e da estrutura administrativa do município, para oferecer diretrizes de ações futuras, em relação aos variados temas, tendo como resultado a:

* Redução dos impactos ambientais das obras públicas, otimizando a sua execução;

* Definição de estratégias de controle de uso do solo e das atividades nele desenvolvidas;

* Identificação dos potenciais agropecuários, turísticos, industriais e de serviços;

* Propiciar à iniciativa privada acesso a base de dados para tomada de decisão do investimento;

* Identificar as áreas críticas a serem recuperadas e restauradas;

* Desenvolvimento econômico social sustentável.

É um instrumento de gestão para o planejamento das ações do município, visando um melhor aproveitamento de seus recursos e características.

O modelo de desenvolvimento adotado nos últimos anos, baseado no crescimento da produção e consumo tem como implicações o crescimento do nível de degradação dos recursos naturais, aumento da poluição ambiental e aumento nos níveis de desigualdade social e de concentração de riqueza. Em decorrência dessa situação, surge o conceito de desenvolvimento sustentável, o qual procura reduzir tais implicações.

Tais conceitos e aplicações vem sendo sistematicamente discutidos pelos movimentos sociais, instituições de ensino e pesquisa, ONGs, políticas governamentais, estratégias empresariais, dentre outras iniciativas com algum tipo de vínculo com políticas e ações para geração do desenvolvimento.

No cerne das questões que envolvem o desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade, uma questão primordial são as várias formas de percepção acerca do tema, por ser o mesmo permeado de valores baseado em diferentes interesses que os vários atores sociais e institucionais tenham sobre seus conceitos e práticas.

No entanto, para o National Research Council (1999) as maiores divergências atuais em torno da problemática do desenvolvimento sustentado consiste em saber o que deve ser sustentado; o que deve ser desenvolvido; os tipos de relação que prevalece entre o sustentado e o desenvolvido; e a extensão do

futuro a ser considerado; além de assegurar e manter o crescimento eco econômico e o desenvolvimento respeitando os limites estabelecidos pela natureza.

Lafer (1996) estabelece que o termo desenvolvimento sustentável é carregado de valores, nos quais existe uma intensa relação entre os princípios, a ética, as crenças e os valores que fundamentam uma sociedade ou comunidade e sua concepção de sustentabilidade. As diferentes definições decorrem das abordagens que se tem sobre o conceito, razão pela qual, o grau de sustentabilidade é relativo, dependendo do ponto de vista considerado ou em função do campo ideológico ambiental ou dimensão em que cada ator se coloca.

Devido à complexidade que envolve o desenvolvimento sustentável é preciso encontrar indicadores que captem todos os aspectos relevantes para o processo de desenvolvimento em bases sustentáveis e descrevam de forma compreensiva uma realidade diversa, evidenciando aspectos que revelem tendências ou perspectivas futuras. Portanto, os aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável são complicados e requerem formas diversas de análises, a partir do número apropriado de indicadores e variáveis que sejam os mais sólidos e verdadeiros para retratar um dado contexto. Nasce daí, a obrigação da criação ou adaptação de apontadores de sustentabilidade que admitam contribuir para a superação dos desafios decorrentes da viabilização do desenvolvimento sustentável, a partir de procedimentos que permitam retratar a realidade e forneçam subsídios e informações que favoreçam as interações rumo ao alcance de resultados sustentáveis.

O presente estudo parte da percepção de que a avaliação do desenvolvimento sustentável deve considerar as características e diversidades locais, como forma de melhor retratar esse processo e oferecer subsídios para a elaboração e implementação de políticas públicas de desenvolvimento local. Este instrumento deve servir como “antenas”, captando as necessidades de alterações de rumo, identificando potencialidades e vulnerabilidades, bem como, as diversidades regionais e locais existentes.

Assim, o objetivo desse trabalho consiste em elaborar uma metodologia através da pesquisa da Legislação pertinente e dos casos concretos, para construção de um índice de desenvolvimento sustentável para municípios, a partir da coleta, tratamento e análise de indicadores de sustentabilidade específicos.

CONCLUSÃO

O poder de polícia administrativa é prerrogativa do Poder Público, particularmente do Executivo, e é dotado dos atributos da discricionariedade, da auto-executoriedade e da coercibilidade, inerentes aos atos administrativos, sendo que tal poder pode ser exercido diretamente ou por delegação.

A aplicação do Poder de Polícia Ambiental resulta tanto em prevenção de atividades lesivas ao ambiente através do controle dos administrados; como para sua repressão, quando as autoridades verificam e noticiam formalmente a ocorrência de uma infração às normas e aos princípios de Direito Ambiental. Esse poder de polícia se distingue dos outros tanto em sua natureza quanto nos métodos utilizados pela Administração Pública, sendo que eu exercício se dá não por policiais profissionais, voltados preferencialmente para a manutenção da ordem pública, mas por profissionais técnicos capacitados e que se ocupam de aspectos específicos à matéria, ou seja, do bem comum.

Isso porque estão em jogo a defesa e a preservação do meio ambiente, assim como a manutenção da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico essencial. Existem circunstâncias que o poder de polícia administrativa ambiental pode e deve ser reforçado por outras modalidades de polícia, como por exemplo, os policiais militares ambientais, que agem por DELEGAÇÃO expressa do Poder Executivo competente e segundo os métodos e objetivos da polícia administrativa.

Tem por finalidade preservar de riscos potenciais ou efetivos a qualidade do meio e a saúde da população, riscos oriundos de qualquer empreendimento ou intervenção que altere ou possa alterar de modo desfavorável as condições do ambiente.

A omissão do exercício do poder de polícia administrativa pela autoridade competente pode configurar tanto infração administrativa, nos termos do §3° do art. 70, da Lei 9.605/98, quanto ato de improbidade administrativa a teor do art. 11, II, da Lei 8.429/92, ensejando a co-responsabilidade e, até mesmo, a perda do cargo do servidor omisso.

A noção de cuidado e preservação dos recursos naturais deve estar amparada pela sustentabilidade, que se norteia pelo desenvolvimento econômico, humano e ambiental.

Nesse sentido, a responsabilidade administrativa na esfera ambiental é uma importante arma nessa busca pela sustentabilidade, que por sua vez, demanda a conscientização de todos, poder público, sociedade, consumidor, empresário e também se apoia nas normas que tratam da reparação do dano ambiental, como subsídio coibidor do evento danoso.

A jurisprudência caminha para esse sentido, determinando a reparação do dano ambiental de forma a voltar o status quo ante, mas também levando em consideração o caráter preventivo e punitivo dessa reparação. Isso porque, a reparação serve também como exemplo, para que o poluidor e todos aqueles que tomem conhecimento da aplicação da responsabilização ambiental temam uma condenação.

Assim, o possível poluidor, ao se deparar com a responsabilização na reparação do dano, evita, ou ao menos tenta impedir que ele ocorra, porque de forma consciente ou receosa, sabe que arcará com as consequências desse dano ambiental.

Assim, como mecanismo de prevenção e não apenas de reparação, a análise da responsabilidade administrativa ambiental corrobora a noção fundamental de todo o Direito Ambiental, que consiste na busca pela proteção do meio ambiente, com respaldo no princípio do poluidor pagador.

Apesar da responsabilidade por danos ambientais poder se dar em três diferentes esferas (a civil, a administrativa e a penal), muita confusão ainda se faz,

no entanto, quando se trata de diferenciar a responsabilidade civil por dano ambiental, objetiva, e a responsabilidade administrativa por dano ambiental, subjetiva.

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Notas:

[1] BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 826.

[2] MUKAI, Toshio. Direito Ambiental Sistematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, p. 19.

[3] Neste sentido, ver Ricardo Carneiro e Edis Milaré, obras anteriormente citadas.

[4] MUKAI, Toshio. Direito Ambiental Sistematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, p. 20.

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