O advento da Revolução Industrial impulsionou transformações na conjuntura
da sociedade atual, trazendo um modelo de desenvolvimento capitalista que vem
fomentando problemas socioeconômicos a bilhões de cidadãos. Tudo isso converge
para a consolidação de uma estrutura político-econômica caracterizada pela crise
socioambiental global, cujas consequências são mais intensas nas nações mais
carentes (CHAVES, 2010).
Decorrente desse processo, a necessidade de alternativas de
desenvolvimento que contemplem as dimensões econômica, social, cultural,
ambiental e política capazes de enfrentar os desafios colocados pela crise das
últimas décadas do século XX (CHAVES, 2010), tendo em vista promover qualidade
de vida para a população, o debate acerca da construção de um novo modelo de
desenvolvimento em destaque na agenda de inúmeros agentes públicos e privados
e a concepção de desenvolvimento local surgem “como instrumento viável para
atender às demandas sociais de grande parcela da população, já que tem como
pressuposto a valorização das potencialidades e especificidades locais, com ênfase
na participação social”(CHAVES, 2010, s/p).
A política de desenvolvimento do Município, fundamentada no princípio do
desenvolvimento sustentável, pressupõe o desenvolvimento baseado na garantia do
meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras
gerações a fim também de reduzir desigualdades, o que ressalta, conforme a
mesma política, a importância do desenvolvimento da região rural, que, por muitas
vezes, não é contemplado na constituição da identidade regional, já que é encarado
como local invisível ou irrelevante para o desenvolvimento municipal (BRASIL, 2001,
p. 50).
Examinando a dinâmica metropolitana de desenvolvimento, Alencar (2008)
afirma que o ritmo acelerado de urbanização que acompanhamos nos Municípios,
junto com a idealização da civilização como promessa de vida na cidade, em
contraposição à vida no campo, associados à desigualdade e exclusão sociais,
promovem investimentos, mas também discriminações sociais e tensões, que nesta
perspectiva, fazem com que a questão ambiental se configure como socioambiental
(ALENCAR, 2008, p. 63).
Sendo assim, Nascimento e Alencar (2008) agregam força ao sustentar que:
Desse modo, pode-se afirmar que todos os problemas socioambientais são formas de conflitos sociais entre interesses individuais e coletivos, envolvendo a relação natureza-sociedade. Assim, travam-se, em torno de problemas socioambientais, confrontos entre sujeitos sociais que defendem diferentes lógicas para a gestão dos bens coletivos de uso comum seguindo lógicas próprias a cada um deles. Em síntese, pode-se afirmar que durante o processo de confrontação entre interesses opostos, configuram-se os conflitos socioambientais, e da relação confronto – negociação entre sujeitos sociais, resultam os mecanismos de coordenação que permitem a regulação desses conflitos, reduzindo as possibilidades de riscos, quando as negociações são bem-sucedidas, ou ao contrário, transformando riscos em eventos ambientais (NASCIMENTO; ALENCAR, 2008, p. 80).
Isto posto, quanto à questão da sustentabilidade faz-se mister, como se
segue, uma análise crítica em torno de sua compreensão e aplicação no
planejamento e intervenções nos Municípios, como bem assevera Ester Limonad
(2013):
Cabe, portanto, uma leitura crítica da incorporação da ideia de sustentabilidade ao planejamento e seu desdobramento prático em projetos de intervenção como as cidades sustentáveis, de modos a termos elementos que nos permitam avançar rumo à construção de uma economia política do espaço e a uma prática crítica de planejamento territorial, que instrumentalize a participação social em uma perspectiva transformadora (LIMONAD, 2013, p. 127).
Acrescenta, ainda, Limonad (2013) sobre a noção de desenvolvimento
sustentável que:
De fato, a noção de desenvolvimento sustentável refere-se a teorias de desenvolvimento econômico, nas quais o desenvolvimento refere-se a uma mudança qualitativa nas estratégias de reprodução social e nos vínculos econômicos prevalecentes, relevando os limites do crescimento econômico (...) Contribui para isso, o termo sustentabilidade remeter a possíveis cenários futuros desejáveis em contraposição a cenários catastróficos,
somado ao fato de, segundo Acselrad (1999, p. 80), os discursos da sustentabilidade serem portadores de representações e valores gerais, sem se preocupar em construir um conceito explicativo. (LIMONAD, 2013, p. 131-132).