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Desenvolvimento Sustentável no Espaço Rural

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1.1 Desenvolvimento Sustentável: Algumas Reflexões

1.1.2 Desenvolvimento Sustentável no Espaço Rural

Sachs (2010), acredita que a atividade rural deve ter garantia de rendimentos elevados, dentro dos limites imposta pelo ambiente, para que se possa pensar o desenvolvimento rural em termos de inclusão social e conservação ambiental. Para que se consiga esta alta produção, com respeito pelo ambiente, é necessário construir um planejamento com base nos conhecimentos e mão de obra local, e ter em vista a economia em capital e recursos naturais.

Os produtores rurais estão implicados na proteção da natureza e precisam ser incentivados a preservar os recursos naturais vitais para a existência humana tais como: a água, o solo, o ar, as florestas e a manutenção do clima, dentre outros. A maior parte dos agricultores , devido aos seus recursos financeiros escassos e pela falta de um conhecimento técnico adequado, transformam-se em predadores ambientais, destroem o ambiente em que vivem, e/ou, migram para as favelas das cidades, e aumentam a população urbana marginalizada. Neste sentido, é preciso concordar que; “Não basta dizer que o desenvolvimento rural é necessário, ainda é preciso demonstrar que ele é possível” (SACHS, 2010, p. 37).

É preciso mostrar caminhos que viabilizem na prática o DS, tanto rural, quanto urbano. Não basta mostrar as vantagens e sua necessidade urgente de implantação. Mais do que isso, é necessário demonstrar que é possível construir e manter um modelo econômico cujas vantagens são superiores ao modelo econômico vigente, que tem demonstrado ser devastador do meio ambiente e gerador de desigualdades e marginalização social. Em relação ao espaço rural, um modelo de DS poderia desacelerar o êxodo rural, humanizar os campos, estabelecer novos equilíbrios demográficos, sociais, ecológicos e culturais no continuum cidade – campo (SACHS, 2010).

Para que um modelo de sustentabilidade se imponha, efetivamente no espaço rural, é necessário que grandes mudanças ocorram em toda a sociedade, ao retomar a prática da agricultura de base familiar, reduzir ou cessar a utilização de agrotóxicos e outras mudanças drásticas. Porém, Estas mudanças, implicam na transformação profunda da estrutura fundiária do País, através de políticas públicas consistentes e coerentes em prol de milhões de brasileiros que vivem na miséria e pela revisão dos pressupostos epistemológico e metodológico, que guiam ações de pesquisa e desenvolvimento (MOREIRA e CARMO, 2004).

A introdução de tecnologias de cultivo através da introdução de máquinas que substituem ou reduzem o uso do trabalho humano, a utilização de agrotóxicos nas lavouras, e, mais recentemente a descoberta de transgênicos, foram um processo histórico ocorrido no campo chamado, talvez, por ironia, de revolução verde. Esta “revolução” de intensa produção rural, com ideais simplesmente capitalistas voltados para o lucro da venda de produtos, resultou na extensão da prática monocultora e dos problemas ligados a este tipo de produção, conservou e aumentou a quantidade de latifúndios, gerou a concentração doa terra em mãos de poucas e tem sido um dos maiores problemas de casos de conflitos sociais no campo e impactos ambientais.

A modernização foi um fator de ruptura cultural, ecológica e social das comunidades rurais à medida em que os agricultores precisaram modificar as tecnologias que utilizavam e para isso precisavam de um capital para investimento o que a maioria deles não possuíam e não podiam competir no mercado sem o diferencial agro tecnológico. Porque não conseguiram adaptar-se à nova e dura realidade, que já começou e se implantou há décadas, os pequenos agricultores

foram obrigados a vender suas terras para o grande fazendeiro, geralmente para um vizinho latifundiário, pois o progresso trouxe transformações que não condiziam com a sua realidade financeira (NORGAAD e SIKOR, 2002 apud MOREIRA; CARMO, 2004).

Diante dos problemas evidenciados na estrutura do setor rural com a implantação do modelo capitalista de desenvolvimento, alguns autores, acreditam que é possível a construção de uma nova Extensão Rural. Esta é percebida como um esforço de intervenção planejada, que visa estratégias de desenvolvimento rural sustentável, também, Enfatiza-se a participação popular, tanto na agricultura familiar, como nos princípios agroecológicos, orientada para a promoção de estilos de agricultura socioambiental e economicamente sustentáveis (CAPORAL e COSTABEBER, 2000).

Para se pensar em desenvolvimento rural sustentável sobre uma base agroecológica é necessário o conhecimento e a construção coletiva de tecnologias agrárias, o que permitiria fortalecer a capacidade local de experimentação e inovação dos agricultores com os recursos naturais específicos de seus agro- ecossistemas (MOREIRA e CARMO, 2004). É necessário que haja transferência do núcleo de poder, ter por base o conhecimento científico para o núcleo de conhecimento local, que geralmente responde diretamente às prioridades e capacidades das comunidades rurais em questão, “aceitando que estas são capazes de desenvolver agroecossistemas eficazes, rentáveis e sustentáveis” (CASADO, SEVILHA-GUZMÁN, MOLINA, 2000, apud MOREIRA e CARMO, 2004, p. 140).

Uma avaliação da saúde pública e ambiental do espaço rural é necessária para a constituição dos indicadores de desenvolvimento sustentável, e verificar se nas atuais situações o meio ambiente tem ou não condições de suportar as demandas de crescimento e de consumo da sociedade. Este é um dos fatores para que o Desenvolvimento Sustentável tenha definição e, principalmente, torne se operante. Assim, ele será uma ferramenta de ajustamento e direcionamento da sociedade a procura de ajustamento e interação com o meio ambiente natural.

Neste contexto, é bom pensar numa solução segundo a qual o desenvolvimento implica em estabelecer sistemas de indicadores ou ferramentas de avaliação capazes de mensurar a sustentabilidade. Através destes indicadores é possível estabelecer a potencialidade de uma comunidade e identificar se existem

condições de sustentabilidade ou não e também questionar sobre que poderia ser feito para instaurar um modelo de DS rural local viável (VAN BELLEN, 2005).

São esses indicadores de sustentabilidade no meio rural, que apontam índices de saúde pública, ambiental, socioeconômicos e culturais que serão usados no estudo presente para mensurar, se há ou não, condições de sustentabilidade e qualidade de vida na região goiana de Ceres e, mais detalhadamente, no município de Itapuranga, com enfoque na saúde dos trabalhadores dessa comunidade rural brasileira.

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