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A situação generalizada da taxa de fecundidade relativamente alta na Suécia tem, por vezes, sido um pouco vaga pelo facto da procriação na Suécia ter apresentado grandes flutuações em décadas recentes. Uma apresentação sobre as tendências conjuntas da procriação nos quatro principais países Nórdicos, conforme submetida num período de Taxas de Fecundidade Totais (TFT)1, revela que

Roteiros do Futuro - Conferência “Nascer em Portugal” FECUNDIDADE E CONTEXTOS SOCIAIS: O CASO DOS PAÍSES NÓRDICOS

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a fecundidade sueca apresentou um modelo do tipo montanha russa (Hoem e Hoem 1996), com variações próximas da média dos países Nórdicos (ver Figura 1). O panorama geral da fecundidade Nórdica mostra que houve um aumento na década de 80 seguido de uma convergência entre países, movendo-se no sentido da actual média Nórdica de TFT de cerca de 1.8 – 1.9 filhos por mulher. Numa comparação internacional, um tal nível de fecundidade pode ser rotulado de “elevado-baixo”: encontra-se abaixo do nível de reposição de 2.1. filhos por mulher, mas mesmo assim elevado com- parativamente a muitos outros países desenvolvidos.

Flutuações recentes em peródo sueco de fecundidade total apresentam uma tendência para cima a partir de 1983 até 1990, uma quebra significativa entre 1992 a 1997 e uma recuperação entre 1999 e 2010: as estatísticas mensais das Estatísticas Suécia (Statistics Sweden) revelam que a fecundidade sueca recuou em 2011. Porém, como medida de fecundidade, a TFT é um indicador muito inci- piente. Está melhor adaptada para descrever a maternidade e paternidade na coorte de nascimentos do que os desenvolvimentos da fecundidade num dado período. Em vez disso, apresentei em várias publicações as tendências de procriação em dados períodos com diferentes ordens de nascimentos de mulheres na Suécia (consultar Andersson 1999 com actualizações em Andersson 2004a e Andersson e Kolk 2011) e outros países Escandinavos (Andersson 2002, 2004b), através da aplicação de méto- dos estatísticos mais avançados aos dados de registo populacional longitudinal. No seguimento de uma abordagem que foi, em primeiro lugar, sugerida e descrita por Jan Hoem (1991, 1993a), isto resulta numa versão moderna de padronização indirecta, o que permite (i) a descrição desagregada da mudança demográfica, apresentando tendências de fecundidade para importantes subgrupos de mulheres, (ii) a utilização eficiente dos dados disponíveis, controlando as alterações de composição das categorias demográficas disponíveis no momento, e (iii) a utilização de uma medida que seja apropriada para uma análise baseada num dado período, providenciando alterações ao longo do tempo quanto à propensão dos vários grupos de mulheres que irão dar à luz.

As Figuras 2 e 3 fornecem a descrição da dinâmica de procriação sueca através de um conjunto de taxas padronizadas de nascimentos anuais em mulheres sem filhos e mães, respectivamente. A Figura 2 apresenta como decresceu continuamente o primeiro nascimento em mulheres mais novas desde meados de 1960 até meados dos anos 80; a partir do início dos anos 80 subiu significativamente para as mulheres com idades entre os 30 e 40 anos, reflectindo, no seu conjunto, um adiamento geral da entrada na maternidade (consultar também Billari et al. 2007). Durante os anos 80, a propensão dos nascimentos cresceu igualmente para mães em diferentes paralelismos (Figure 3). Diferentemente, os anos 90 caracterizaram-se por fortes declínios em riscos de nascimentos. Tal como nos anos 80, esta tendência foi seguida por mulheres de todos os paralelismos. De uma maneira geral, as tendências evoluiram conjuntamente com o ciclo dos negócios (Hoem 2000; Andersson 2000). Observamos outra tendência uniforme de inversão nos finais dos anos 90: A propensão dos nascimentos por par- te das mães (Figura 3) e de mulhes sem filhos com 31 anos e mais (Figura 2) registaram aumentos renovados depois de 1997. Também é possível verificar uma nova tendência para mulheres mais novas sem filhos (Figura 2), uma vez que a propensão para os nascimentos permaneu estável desde 1998. Evidentemente, o adiamento da fecundidade em idades mais jovens registou uma paragem,

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que conjuntamente com a recuperação continuada do primeiro parto em idades mais avançadas e a propensão aumentada para a procriação por parte das mães, apresentou tendência para impulsionar o aumento das medidas agregadas de fecundidade (Figure 1). É interessante observar que a inversão de tendências na propensão para os nascimentos nem sempre é imediatamente evidente nos agre- gados dos dados TFT (Andersson 2004a). Com a nossa apresentação, podemos chegar à dinâmica subjacente de diferentes subgrupos de mulheres, revelando com melhor precisão quando ocorreram alterações importantes no comportamento da fecundidade.

Uma comparação da dinâmica da fecundidade na Suécia tal como se demonstra nas Figuras 2 e 3 com as de outros países Nórdicos revela muitas similitudes em padrões e tendências e, de novo, que a fecundidade sueca registou maiores flutuações do que as taxas de nascimento correspondentes dos seus vizinhos (Andersson 2002, 2004b; Neyer et al. 2006). A recente similitude da fecundidade dos outros países Nórdicos sugere que os seus níveis de fecundidade podem ser vistos, até certo ponto, como um reflexo de um regime subjacente de fecundidade Nórdica no início do século vinte e um. Finalmente, a imagem de uma muito volátil fecundidade sueca enfraquece, se em vez disso, olhar- mos para as gestações completas de coortes de mulheres suecas, (Figura 4). As estatísticas desse tipo mostram que cada coorte feminina nascida na Suécia em 1940 e depois dessa data chegou a um número final de filhos muito perto de 1.9 - 2.0 filhos por mulher. (Para informações sobre padrões de fecundidade de coortes nos países Nórdicos, ver Andersson et al. 2009; ver também Frejka e Calot 2001 e Björklund 2006.). Apesar de períodos de flutuação, o resultado final em termos da média de número de crianças nascidas de coortes em mulheres suecas não foi afectado. A informação com- binada de diferentes estatísticas de fecundidade, indicam mesmo uma estabilidade relativa de longa data da fecundidade sueca, com períodos curtos de flutuação que ocorrem tanto nas imediações dos seus próprios níveis de longo prazo de fecundidade de coortes, como nas imediações de uma média recente de um período de fecundidade Nórdica. Quando se comparam medidas de fecundidade de coortes nos países Nórdicos, a Suécia surge, por sua vez, como sendo o país com um nível final mais estável em número de filhos (Figura 4). Um aspecto interessante das tendências mais recentes em fecundidade de coortes nos países Nórdicos é que parecem indicar níveis crescentes de gestações completadas em vez da viragem descendente que a maioria dos prognosticadores previram.