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3.2 OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS

3.2.3 Designação de Locais de Armazenagem

Esta fase está relacionada com a atribuição dos produtos nas seções de armazenamento. A política de armazenamento escolhida é a política baseada em classe, que consiste em agrupar os tipos de produtos em classes e alocar cada classe a uma área específica dentro do departamento de armazenagem.

Conceitualmente os produtos são armazenados aleatoriamente ou utilizando algum parâmetro pouco complexo dentro do espaço destinado a classe. No entanto, o presente trabalho propõe além da separação dos tipos de produtos em classes, estipular critérios mais eficientes para o armazenamento dentro da área de cada

classe. Outra proposta desse estudo é considerar que a capacidade de carga do equipamento de coleta utilizado afeta de maneiras diferentes a distância total percorrida pelo coletor, dependendo de como os produtos estão alocados.

O problema apresentado no presente estudo é caracterizado como um problema de designação dos locais de armazenagem baseado nas informações do produto (SLAP/PI). Os procedimentos escolhidos para a classificação e alocação são a Classificação ABC com a demanda mensal e versões adaptadas da Classificação ABC usando a massa e combinações da massa com a demanda. As versões adaptadas são procedimentos que possuem o método de implementação semelhante ao da Classificação ABC.

De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), a Classificação ABC pode ser utilizada para a classificação dos produtos estocados. Confirmando as escolhas dos procedimentos, Chan e Chan (2011) afirmam que esse procedimento é o mais aplicado nos casos de SLAP/PI com a política de armazenamento baseada em classe. A Classificação ABC é a aplicação do Diagrama de Pareto para a gestão da armazenagem. Surgiu do princípio econômico estabelecido por Vilfredo Pareto, esse princípio relata que uma pequena parcela da população detinha a maior parte da renda (PALADINI, 1998; BERNARDI, 2008).

Serão criados dois cenários para cada procedimento de classificação e alocação. Um cenário refere-se à disposição dos produtos no armazém depois da classificação e alocação dos mesmos por meio de algum procedimento. Os cenários são formados utilizando os seguintes parâmetros:

• Cenário 1: classificação usando a demanda mensal; • Cenário 2: classificação usando a demanda mensal; • Cenário 3: classificação usando a massa dos produtos; • Cenário 4: classificação usando a massa dos produtos;

• Cenário 5: classificação usando a demanda mensal e subclassificações usando a massa dos produtos;

• Cenário 6: classificação usando a demanda mensal e subclassificações usando a massa dos produtos;

• Cenário 7: classificação usando a massa dos produtos e subclassificações usando a demanda mensal;

• Cenário 8: classificação usando a massa dos produtos e subclassificações usando a demanda mensal.

De acordo com Frazelle (2002) e Gu, Goetschalckx e McGinnis (2007) a popularidade é um dos critérios mais aplicados para classificar e atribuir as classes dentro do armazém. Como relatado no referencial teórico, a popularidade refere-se ao número de viagens de armazenamento por período de tempo. Dessa forma, a demanda é considerada nos procedimentos que usam a popularidade para a classificação e alocação dos tipos produtos (FRAZELLE, 2002; PAN; SHIH; WU, 2012).

A armazenagem dos produtos com maior demanda próximos do ponto de entrada e saída do armazém, possibilita uma redução no tempo de movimentação e coleta de pedidos (ACCORSI; MANZINI; BORTOLINI, 2012). Por esses motivos, os cenários 1 e 2 serão criados utilizando apenas o critério demanda, desse modo, será possível verificar isoladamente a eficiência desse parâmetro. Primeiro deve-se calcular a frequência relativa de cada tipo de produto (𝑓𝑟𝑖) a partir da demanda, para

isso adotou-se a Equação 4.

𝑓𝑟𝑖(%) =

𝐷𝑖

∑ 𝐷𝑛𝑖 𝑖

× 100 (4) Onde:

• 𝐷𝑖: demanda do tipo de produto 𝑖 em um período de tempo; • 𝑛: número total de tipos de produtos.

O segundo passo é organizar a lista de tipos de produtos ordenando a frequência relativa de modo decrescente. A partir da lista reordenada, calcula-se a frequência acumulada (𝑓𝑎𝑐𝑖). Para o primeiro tipo de produto a frequência acumulada é igual a frequência relativa. O cálculo da frequência acumulada pode ser representado pela Equação 5.

𝑓𝑎𝑐𝑖(%) = 𝑓𝑎𝑐𝑖−1 + 𝑓𝑟𝑖 (5) As porcentagens utilizadas para definir quais tipos de produtos pertencem a classe A, B ou C estão presentes nos intervalos apresentados no referencial teórico por Martins e Alt (2009). As porcentagens definidas e empregadas serão fixas para todas as classificações e subclassificações desse estudo para a padronização dos procedimentos de classificação. Sendo assim, a definição dos tipos de produtos pertencentes à cada classe ocorrerá da seguinte maneira. Os tipos cuja soma de suas

demandas representa aproximadamente 60% do somatório total, são enquadrados na classe A. Os próximos produtos da lista cujo somatório das demandas corresponder a quase 30% da demanda total, são enquadrados na classe B. E por fim, na classe C são designados o restante dos produtos que compreendem apenas 10% da demanda total.

A classe A será alocada nas seções próximas ao ponto de entrada e saída de produtos. Deve-se respeitar a quantidade de seções de armazenamento destinada para cada tipo de produto calculada anteriormente na segunda fase desse estudo. Consecutivamente, serão alocadas as classes B e C, de forma que a classe C se encontre mais distante da porta do departamento. Dentro de cada classe os tipos de produtos com maior frequência relativa serão armazenados mais próximos ao ponto de entrada e saída de produtos. Essas regras de alocação das classes dentro do armazém serão aplicadas em todos os procedimentos de classificação e alocação independentemente do critério utilizado para a classificação.

Os cenários 3 e 4 serão criados por meio da aplicação de uma versão adaptada da Classificação ABC, que utiliza a massa dos tipos produtos como critério para separá-los em classes e alocá-los no armazém. O equipamento de coleta possui uma capacidade máxima e quando, após a coleta de muitas unidades, não couber mais nenhuma unidade, o coletor deverá retornar ao ponto de entrada e saída para descarregar o equipamento antes de prosseguir com a coleta. O coletor retirará diversos produtos de diferentes massas e ao chegar no fundo do armazém a capacidade estará no limite.

Sendo assim, a distância percorrida para descarregar o equipamento será maior do que se não coubesse mais nenhuma unidade nas proximidades da porta. Ao priorizar o armazenamento dos tipos de produtos com maior massa próximo do local de entrada e saída, teoricamente garante-se que não se consiga carregar mais nenhuma unidade próximo desse local. E quando o coletor retirar os produtos mais leves localizados no fim do armazém, só não caberá mais unidades após a coleta de muitos produtos.

Para os cenários 3 e 4, primeiro calcula-se a porcentagem relativa da massa de cada tipo de produto (𝑀𝑟𝑖). Sendo assim, foi adotada a Equação 6.

𝑀𝑟𝑖(%) = 𝑚𝑖

∑ 𝑚𝑛𝑖 𝑖

Onde:

• 𝑚𝑖: massa do tipo de produto 𝑖.

O próximo passo é ordenar a porcentagem relativa de modo decrescente. Depois da lista reorganizada, calcula-se a porcentagem acumulada da massa (𝑀𝑎𝑐𝑖), utilizando o mesmo procedimento da frequência acumulada, com a Equação 8.

Uma vez que as porcentagens foram fixadas, a definição dos tipos de produtos enquadrados em cada classe ocorrerá de modo análogo ao procedimento empregado para a formação dos cenários 1 e 2. São colocados na classe A os tipos de produtos cujo somatório das massas corresponde a cerca de 60% da soma total. Os próximos produtos da lista, cuja soma das massas representa próximo de 30% do somatório total, são enquadrados na classe B. E a classe C é atribuída aos últimos produtos da lista que compreendem aproximadamente 10% do somatório total das massas. Dentro de cada classe os tipos de produtos com maior porcentagem relativa da massa serão armazenados mais próximos da porta do departamento.

Por último, os cenários 5, 6, 7 e 8 serão criados a partir da aplicação de procedimentos de classificação e alocação que utilizam a demanda mensal e a massa dos produtos. Primeiro classificam-se os tipos de produtos usando um critério e posteriormente subclassificam-se os tipos de produtos de cada classe usando o outro critério. Dessa forma, busca-se unir as melhores características proporcionadas por cada critério. Nos cenários 5 e 6, primeiro classificam-se os tipos de produtos com a demanda mensal e depois subclassificam-se os tipos de cada classe utilizando a massa dos produtos. Para os cenários 7 e 8 a ordem é invertida, primeiro classificam- se os tipos de produtos utilizando suas massas e depois subclassificam-se os tipos de cada classe utilizando a demanda mensal.

As porcentagens de definição também foram fixadas para as subclassificações. Contudo, deve-se salientar que para as subclassificações o somatório total refere-se ao somatório para os tipos de produtos pertencentes à classe em que se realiza a subclassificação. Usa-se a mesma regra de alocação aplicada nos procedimentos anteriores tanto para a alocação das classes, quanto das subclasses. Dentro das subclasses dos cenários, os tipos de produtos com maior porcentagem relativa da massa ou frequência relativa são armazenados mais próximos da porta do departamento.

Nos cenários 5 a 8, se a quantidade de tipos de produtos em cada classe for suficientemente pequena para inviabilizar a subclassificação respeitando as

porcentagens fixadas, aplica-se a lógica e a coerência. Por exemplo, se existir apenas três tipos de produtos na classe cada um deles irá representar isoladamente uma das subclasses. Outro exemplo é se existir apenas dois tipos de produtos, aquele com maior frequência relativa ou porcentagem relativa na subclassificação deve estar mais próximo à porta do departamento.

Cada seção de armazenamento do departamento armazena dez SKU’s. Durante a atividade de seleção de pedidos, coleta-se a quantidade necessária de uma SKU. Por exemplo, suponha-se que se deve coletar 50 itens da SKU 1.79, essa estará presente em apenas uma seção de armazenamento. Desse modo, depois de alocadas as classes e os tipos de produtos, deve-se determinar quais SKU’s estarão estocadas em cada seção. As SKU’s serão atribuídas de modo crescente em relação ao ponto de entrada e saída do departamento.