• Nenhum resultado encontrado

O material obturador foi removido com as limas Wave One Gold Primary R25 (25.07) (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça) acionadas no motor elétrico X-Smart Plus ((Dentsply Indústria e Comércio Ltda. – Petrópolis, RJ), em movimento reciprocante, no “mode” “WaveOne All”. Para remoção da obturação foi introduzido no canal radicular com leve pressão apical até encontrar resistência; neste momento, realizado movimento de bicada, com recuo seguido de nova introdução, até alcançar o comprimento de trabalho.

4.8.3.3 GRUPO 3 – DESOBTURAÇÃO COM O RECIPROC

Para desobturação dos canais deste estudo foi utilizado apenas o instrumento R25 (25.08), com a lima acionada no motor elétrico X-Smart Plus (Dentsply Indústria e Comércio Ltda. – Petrópolis, RJ), em movimento reciprocante, no “mode” Reciproc.

Os instrumentos RECIPROC® blue (Dentsply/ Sirona, São Paulo, Brasil) somente devem ser usados aplicando-se uma leve pressão. Após um máximo de 3 movimentos de bicada ou vaivém foi realizada uma limpeza das lâminas do instrumento em toda sua parte ativa e uma limpeza do canal segundo o protocolo de irrigação. Se fosse sentida uma resistência no canal e o instrumento não avançasse mais, foi testada a acessibilidade do canal por meio de uma lima K 10. Em seguida, a preparação foi realizada por meio de pincelamento com um breve movimento lateral da lima. Quando o avanço continuava difícil, ou até impossível, foi necessário utilizar a lima K 15.

4.8.3.4 GRUPO 4 – DESOBTURAÇÃO COM LIMAS WA1-FILE TDK

Para desobturação dos canais foram utilizadas as limas WA1-FILE (25.07) (TDK- Eurodonto, Paraná, Brasil) no sentido coroa-ápice. As limas foram acionadas no motor elétrico X-Smart Plus (Dentsply Indústria e Comércio Ltda. – Petrópolis, RJ), em movimento reciprocante, no “mode” Reciproc.

4.9 COLETA E ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS:

4.9.1 RECONSTRUÇÃO DAS IMAGENS APÓS DESOBTURAÇÃO

Após a desobturação dos canais foi realizada a Microtomografia computadorizada dos dentes. Para reconstrução das imagens pelo Software NRecon (reconstruct cross- section images) (Versão: 1.7.0.4) (Figura 14A) as amostras foram montadas em cera utilidade (Figura 15 A) (Figura 15B). e escaneadas pelo Sistema SKYSCAN 1072 (SKYSCAN, Kontich, Bélgica) O software NRecon foi usado para reconstruir imagens de seção transversal a partir de imagens de projeção de micro CT, utilizando o algoritmo de Feldkamp, possibilitando, dessa forma, a obtenção dos dados quantitativos dos dentes avaliados, como o volume do material obturador remanescente pós-obturação.

Todos os cortes desde o início do canal radicular até o final (terço cervical, médio e apical) foram utilizados para que o histograma pudesse ser elaborado permitindo obter dados do volume do material obturador. Para análise das imagens reconstruídas, as imagens foram abertas e analisadas no programa CTAn (Comprehensive TEX Archive Network) (Versão: 1.16.4.1), onde é feita a seleção da região de interesse ROI das imagens compreendidas entre o topo e base dos cortes selecionados. As áreas selecionadas foram desenhadas para verificação se todos os cortes estavam nas áreas de interesse. A etapa seguinte constituiu em binarizar as imagens no histograma disponível para o programa. Após ter realizado estas configurações e seleções, foram obtidos os dados de volume (mm) do material obturador após o procedimento de desobturação, além de utilizar o programa CTvox (volume rendering software from Bruker) (Versão: 3.2.0.0) (SkyScan, Kotich, Bélgica) para a visualização das imagens tridimensionais (3D) das amostras (dente e raiz) (Figura 14 B) que ilustram os dados do programa CTAn. De posse destas informações, foi determinado o volume do material obturador removido, de acordo com cada grupo .

Fig. 14 A- Imagens capturadas e analise com auxílio do programa NRecon (Kotich, Bélgica)

Fonte: Autora

Fig. 14 B- Software NRecon (Kotich, Bélgica) Fonte: Autora

Fig.15 A- Amostra em posição para aplicação em Softwares Fonte: Autora

Fig.15 B Espécime montado em cera para escaneamento Fonte: Autora

4.9.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

O programa utilizado para todas as análises estatísticas foi o software estatístico BioEstat 5.3 (BIOESTAT 5.3, 2009), adotando-se o nível de significância de 5%.

Os dados obtidos serão tabulados e submetidos ao teste de normalidade Shapiro- Wilk para análise de distribuição normal entre grupos e determinar a diferença estatística entre grupos experimentais

Para comparação entre grupos quanto ao sistema mais eficiente na remoção do material obturador, foi utilizado o teste ANOVA, para comparação de dados paramétricos (distribuição normal), o teste de Mann-Whitney, para comparação de dados não paramétricos (distribuição não normal) e, para análise da diferença entre médias ou medianas foi utilizado o teste de Tukey.

5. RESULTADOS

5.1 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO DESVIO APICAL

Os dados foram compilados em planilhas e a média, com seus respectivos desvio padrão, estão dispostos no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Média e desvio padrão dos desvios apicais produzidos após desobturação

Legenda: G1 – X1 Blue; G2 – Wave One Gold; G3 – Reciproc Blue; G4 WA1

Podemos observar que as médias obtidas são semelhantes com exceção do G4, sistema WA1, no canal MV, pois este apresentou menores valores de desvio em relação aos demais grupos. No entanto, para confirmar essa superioridade, em promover menores desvios, foram feitas as análises estatísticas.

5.1.1 ANÁLISE INTERGRUPOS DA PRODUÇÃO DO DESVIO APICAL:

As médias dos valores do desvio apical após desobturação foram comparadas, inicialmente, entre os grupos e entre os respectivos canais. Foi realizado o teste de normalidade Shapiro Wilk onde todos os grupos apresentaram distribuição normal. Assim foi realizado o teste estatístico Anova: um critério. em que demonstrou não haver diferença estatisticamente significante entre os grupos tanto para os canais radiculares MV como para os canais ML (p > 0,05) (Tabela 6).

Tabela 6- Análise estatística intergrupos dos desvios apicais produzidos após desobturação 0,74 0,72 0,77 0,46 0,77 0,71 0,79 0,76 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 MV ML

ANÁLISE INTER GRUPOS

CANAIS p

MV 0,2467 ns

ML 0,8832 ns

5.1.2 ANÁLISE INTRAGRUPOS DA PRODUÇÃO DO DESVIO APICAL:

O desvio apical após desobturação foi analisado, também, intragrupo para observar se houve alguma diferença estatisticamente significante entre os canais MV e ML instrumentados pelo mesmo sistema. Os resultados estatísticos apontaram não haver diferença entre os canais MV e ML nos grupos G1, G2 e G3 (p > 0,05), porém o grupo G4 apresentou diferença significante, mostrando que o mesmo apresentou menor grau de desvio (p < 0,05) (Tabela 7), mostrando que o mesmo apresentou maior desvio no canal ML do que no MV.

Tabela 7: Análise estatística intragrupos dos desvios apicais produzidos após desobturação

GRUPOS MV ML p-valor

G1 – X1 Blue 0,76 0,80 0,076

G2 – Wave One Gold 0,75 0,72 0,089

G3 - Reciproc Blue 0,79 0,80 0,093

G4 – WA1 0,47 0,79 0,037

Grupos MV ML MV ML

● FASE 1 ● FASE 2 ● FASE 2 ● FASE 3

G2

G3

G4

Figura 16: Imagem dos canais radiculares, em micro-CT – análise do desvio

Legenda: Fase 1 – Antes de instrumentar; Fase 2 – Após a instrumentação; Fase 3 – Após Desobturação

5.2 ANÁLISE DA REMOÇÃO DO MATERIAL OBTURADOR

As figuras abaixo demonstram que em todos os grupos e em todos os terços houve a presença de material obturador remanescente.

G1 – X1 BLUE G2 – WAVE ONE GOLD

G3 – RECIPROC BLUE G4 – WA1

Figura 17: Imagem dos remanescentes do material obturador (cimento endodôntico), em micro-CT

Foram calculados os percentuais de remoção de material obturador dividindo-se os valores finais volume pelos iniciais.

Os percentuais foram calculados por terços (Cervical, Médio e Apical) o que possibilitou tanto a análise entre os grupos em cada terço, quanto a análise intra grupos, visando comprovar qual terço apresentou maior quantidade de remanescente de material obturador.

5.2.1 ANÁLISE DO VOLUME DE REMOÇÃO DE MATERIAL OBTURADOR ENTRE OS GRUPOS

5.2.1.1 CANAL MV

Podemos observar (na figura 18) que em todos os grupos há uma diminuição na capacidade de remoção do material obturador no sentido cervical para apical (figura 18). No grupo G4, WA1, houve uma maior remoção tanto no terço médio quanto no apical.

Figura 18: Média e desvio padrão do percentual de material obturador removido referente ao canal MV, por terços

Legenda: G1 – X1 Blue; G2 – Wave One Gold; G3 – Reciproc Blue; G4 WA1

Os valores médios dos percentuais de remoção de material obturador, com seus respectivos desvios padrão (Tabela 8) foram analisados estatisticamente.

Tabela 8: Média e desvio padrão do percentual de material obturador removido referente ao canal MV

TERÇO

GRUPOS CERVICAL MÉDIO APICAL

G1 - X1 BLUE 78,64 ± 12,99 a* 63,82 ± 18,15 abc 43,34 ± 20,81

a G2 - WAVE ONE GOLD 89,47 ± 3,67 b 66,94 ± 7,96 b 28,19 ± 8,71 b G3 - RECIPROC BLUE 81,75 ± 5,67 a 58,74 ± 12,52 a 25,06 ± 9,70 b G4 - WA1 84,39 ± 6,84 ab 74,71 ± 17,30 c 52,40 ±

32,70

ab

*Letras iguais demonstram que não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05)

No terço cervical houve maior remoção do material obturador no grupo G2, seguido do G4, G3 e G1. O teste de normalidade Shapiro Wilk demonstrou que todos os grupos apresentaram distribuição normal. Assim foi realizado o teste estatístico Anova: um critério. Os resultados mostraram que houve diferença significante apenas entre os grupos G1 x G2 (p < 0,01) e G2 x G3 (p < 0,05).

No terço médio o grupo G4 promoveu maior remoção do material obturador, seguido de G2, G1 e G3. O teste de normalidade Shapiro Wilk apresentou distribuição não normal. Assim, foi realizado o teste estatístico de Mann Whitney. Os resultados

78,64 89,47 81,75 84,39 63,82 66,94 58,74 74,71 43,34 28,19 25,06 52,40 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

CERVICAL MÉDIO APICAL

DIA E

DE

SVIO P

ADRÃO

mostraram que houve diferença significante apenas entre os grupos G2 x G3, G2 x G4 e G3 x G4 (p < 0,05)

No terço apical manteve-se o grupo G4 com maior capacidade de remoção de material obturador, seguido de G1, G2 e G3. O teste de normalidade Shapiro Wilk que apresentou distribuição não normal. Assim foi realizado o teste estatístico de Mann Whitney. Os resultados mostraram que houve diferença significante apenas entre os grupos G1 x G2 e G1 x G3 (p < 0,05).

5.2.1.2 CANAL ML

Podemos observar (na figura 19) que em todos os grupos há uma diminuição na capacidade de remoção do material obturador no sentido cervical para apical, porém observa-se um aumento no percentual de remoção em todos os terços (figura 19). O grupo G4, WA1, demonstrou uma maior estabilidade de remoção em todos os terços.

Figura 19: Média e desvio padrão do percentual de material obturador removido referente ao canal ML, por terços

Legenda: G1 – X1 Blue; G2 – Wave One Gold; G3 – Reciproc Blue; G4 WA1

Os valores médios dos percentuais de remoção de material obturador, com seus respectivos desvios padrão (Tabela 9) foram analisados estatisticamente.

Tabela 9 – Média e desvio padrão do percentual de material obturador removido referente ao canal ML

TERÇO

GRUPOS CERVICAL MÉDIO APICAL

G1 - X1 BLUE 78,35 ± 18,84 a* 75,04 ± 13,63 a 56,74 ± 22,79 a G2 - WAVE ONE GOLD 92,13 ± 3,38 b 76,44 ± 6,90 a 52,01 ± 8,33 a G3 - RECIPROC BLUE 84,88 ± 5,80 a 67,31 ± 0,07 b 42,22 ± 19,38 b G4 - WA1 87,50 ± 5,96 a 74,68 ± 22,22 ab 65,87 ± 25,48 a 78,35 92,13 84,88 87,50 75,04 76,44 67,31 74,68 56,74 52,01 42,22 65,87 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4 G1 G2 G3 G4

CERVICAL MÉDIO APICAL

MÉ DIA E DE SV IO PADR ÃO

*Letras iguais demonstram que não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05)

No terço cervical houve maior remoção do material obturador no grupo G2, seguido do G4, G3 e G1. O teste de normalidade Shapiro Wilk apontou uma distribuição não normal. Assim foi realizado o teste estatístico de Mann Whitney. Os resultados mostraram que houve diferença significante entre os grupos G1 x G2 (p=0,005) , G2 x G3(p=0,0003) e G2 x G4 (p = 0,02).

No terço médio houve maior remoção do material obturador no grupo G2, seguido de G1, G4 e G3. O teste de normalidade Shapiro Wilk demonstrou que houve uma distribuição não normal. Assim foi realizado o teste estatístico de Mann Whitney. Os resultados mostraram que houve diferença significante apenas entre os grupos G1 x G3 (p=0,02) e G2 x G3 (p=0,002).

No terço apical o grupo G4 promoveu maior capacidade de remoção de material obturador, seguido de G1, G2 e G3. O teste de normalidade Shapiro Wilk que apresentou distribuição não normal. O teste estatístico de Mann Whitney demonstrou que houve diferença significante apenas entre os grupos G1 x G3 (p=0,04), G2 x G3 (p=0,01) e G3 x G4 (p =0,01).

5.2.2 ANÁLISE DO VOLUME DE REMOÇÃO DE MATERIAL OBTURADOR INTRAGRUPOS

Os valores percentuais de material obturador removido de cada terço foram submetidos ao teste de Normalidade sendo apontado uma distribuição normal em todos os grupos. Desta forma, foi aplicado o teste Anova: um critério de análise de variância e o pós teste de Tukey para comparação entre médias intragrupos, por terços, para observar se houve alguma diferença estatisticamente significante, entre os canais radiculares MV e ML. Os resultados estatísticos mostraram que houve diferença significante (p < 0,05) para a maioria dos grupos, mostrando que houve uma significante remoção do material obturador. Não houve diferença estatisticamente significante quando comparou-se os terços cervical/médio para os Grupos G1 e G4 (tanto no canal MV como no ML) e terços médio/apical (apenas no canal ML).

Canal radicular Terços MV ML Diferença entre as médias p-valor Diferença entre as médias p-valor C x M G1 14,81 ns 3,29 ns G2 22,53 < 0,01 15,68 < 0,01 G3 23,00 < 0,01 17,56 < 0,01 G4 9,68 ns 12,82 ns C x A G1 35,29 < 0,01 21,60 < 0,05 G2 61,28 < 0,01 40,12 < 0,01 G3 56,68 < 0,01 42,65 < 0,01 G4 31,99 < 0,01 21,63 < 0,05 M x A G1 20,47 < 0,05 18,30 < 0,05 G2 38,74 < 0,01 24,43 < 0,01 G3 33,68 < 0,01 25,08 < 0,01 G4 22,30 < 0,05 8,81 ns

Legenda: MV: Mesiovestibular; ML: Mesiolingual; C: Cervical; M: Médio; A: Apical

Desta forma, podemos confirmar que o terço apical é o que mais dificulta a remoção do material obturador. O grupo G4 teve percentuais semelhantes nos terços médio e apical quanto a remoção do material obturador.

6. DISCUSSÃO

O sucesso do tratamento endodôntico é correlacionado a múltiplos fatores, sendo o preparo do canal radicular uma etapa de expressiva importância, visando otimizar a limpeza e a modelagem do sistema de canais de forma tridimensional, sempre considerando a anatomia inicial no planejamento de cada caso (PETERS, 2004; PRICHARD, 2012).

Nos últimos anos, inovações tecnológicas vêm sendo implementadas visando minimizar a ocorrência de falhas no tratamento endodôntico, tais como: desvio do conduto, acúmulo de debris, fragilização da estrutura dentinária e presença de áreas não tocadas, as quais favorecem o estabelecimento do biofilme bacteriano remanescente, podendo levar ao insucesso do tratamento (YARED, 2008; PRICHARD, 2012; NIEME,

et al., 2016).

A variabilidade anatômica pode influenciar fortemente no preparo e, portanto, no sucesso do tratamento endodôntico, por isso é necessário o conhecimento da anatomia interna do sistema de canais e suas frequentes variações que podem influenciar no preparo e limpeza efetiva do sistema de canais, interferindo no sucesso da terapia endodôntica (WEIGER et al., 2006; LI et al., 2011; BUSQUIM et al., 2015; COELHO et al., 2016; AZIM et al., 2017).

Frente a uma situação de insucesso endodôntico, o retratamento endodôntico tem substituído o método cirúrgico como tratamento de primeira escolha para maioria dos casos, apresentando uma taxa de sucesso que varia de 65% a mais de 80%. A remoção do material obturador é um importante fator no momento do retratamento, pois restos de tecido necrosado e/ou bactérias podem permanecer no interior do sistema de canais radiculares, podendo contribuir para a persistência de um quadro infeccioso. Assim, a maior quantidade possível de material obturador deve ser removida (SJOGREN et al., 1990; WEIGER et al., 2006; BARLETTA et al., 2007; SCHIRRMEISTER et al., 2006a; MAUTONE et al., 2014). No entanto, essa remoção do material obturador exige o estudo prévio das condições iniciais do elemento dentário e conhecimento dos atuais sistemas que possam auxiliar no procedimento clínico. Desta forma, estudos in vitro utilizando dentes naturais são fundamentais para avaliar os novos sistemas endodônticos lançados no mercado.

Neste trabalho foi realizada a seleção de molares inferiores com 2 canais radiculares mesiais de forma padronizada, segundo o grau de curvatura, mensurado pela

técnica de Schneider (SCHNEIDER, 1971) em imagens obtidas por meio de radiografia digital, com atenção especial em relação a padronização da anatomia interna, os quais foram distribuídos aleatoriamente em 4 grupos experimentais (Tabela 2). Para obter a padronização foi realizado o pareamento das amostras após escaneamento inicial por Micro-CT, bem como a confirmação de canais mesiais independentes, protegendo os resultados com relação a possíveis dissonâncias na seleção das amostras, em concordância com outros autores (MANNOCCI et al., 2005; VILLAS-BOAS et al., 2011; SIQUEIRA et al., 2013; DE-DEUS et al., 2015a).

A alta dose de radiação requerida pela radiografia convencional, a variabilidade na qualidade da imagem obtida, o processamento radiográfico longo, a utilização de produtos químicos tóxicos ao meio ambiente, a necessidade de um local próprio para o processamento radiográfico e a impossibilidade de modificação da imagem depois de adquirida, justificam a escolha do uso da radiografia digital neste estudo, onde utilizamos o receptor do tipo placa de fósforo foto estimulável, chamado semidireto e a placa pode ser reutilizada após a leitura. Além da radioproteção ao paciente e profissional, a radiografia digital eliminou a necessidade de processamento químico, além de diminuir em 90% a dose de radiação necessária, bem como a possibilidade de editar as imagens obtidas, melhorando a nitidez, brilho e contraste (FREITAS, 2004; WALTER-PORTO, 2006; WHITE; PHAROAH, 2007; FERNANDES et al., 2010; CANDEIRO et al., 2011; GONÇALVES; DOTTA; SERRA, 2011; DELUIZ, 2014).

A micro-CT é uma tecnologia promissora com várias aplicações na odontologia (JUN, LOMMEL e KILMEK, 2005). Seu uso aumentou substancialmente nas duas últimas décadas ( HUUMONEN et al., 2006). Essa técnica possibilita a reconstrução de imagens tridimensionais, que são formadas pela união digital de centenas de secções transversais do material avaliado (BAIRD; TAYLOR, 2017). Na endodontia, tem sido utilizada, principalmente, como ferramenta de pesquisa para avaliação da anatomia do canal radicular e da alteração da sua morfologia pós-instrumentação (BARLETTA et al., 2007; RODIG et al., 2014; DIOGUARDI et al., 2015). Também tem sido empregada em análises de retratamentos, com a vantagem de verificar a execução de diferentes procedimentos e o efeito de cada um na remoção do material obturador (CAVENAGO et

al.,2014).

Estudos têm utilizado a análise por microtomografia computadorizada (micro-CT) para avaliar a produção de desvio apical e, também, mensurar o volume remanescente e o percentual de material obturador removido (HAMMAD, QUALTROUGH e SILIKAS,

2008). A microtomografia computadorizada possibilita a visualização de imagens tridimensionais do material a ser analisado (ASHEIBI, 2014), permitindo a avaliação gradual por repetidas varreduras de um mesmo espécime e exibe uma resolução de maior qualidade que a radiografia convencional, proporcionando uma maior sensibilidade para detectar características anatômicas ou resquícios de material obturador após o retratamento. Além disso, fornece detalhadamente informações sobre as áreas de interesse como volume de dentina e o volume de material obturador ao invés de apenas descrever a área em mm2 (PETERS et al., 2001, 2003; PAQUÉ et al., 2005; SCHIRRMEISTER et

al., 2006 a).

Neste estudo, os exames microtomográficos foram realizados no aparelho de raios-X SkyScan 1072 que emprega uma fonte de raios X com tensão ajustável e um amplo conjunto de filtros, permitindo versatilidade na adaptação conforme a massa específica dos objetos. Apresenta um aumento exponencial da resolução e permite a visualização não destrutiva em 3D de morfologia e microestruturas internas de amostras em fina escala, com alta resolução. Por ser uma análise não destrutiva, possibilitou a avaliação pré e pós tratamento com os sistemas empregados no procedimento de retratamento.

O retratamento, por meio dos instrumentos acionados a motor, está tornando-se cada vez mais popular, seguindo a tendência semelhante da utilização destes instrumentos para limpeza e moldagem dos condutos. A eficiência na desobturação de canais curvos por meio de intrumentos que utilizam movimento reciprocante tem sido relatada na literatura (VARELA-PATIÑO et al., 2010; (FRANCO et al., 2011; CAVENAGO et al., 2014; FRUCHI et al., 2014). Embora instrumentos específicos tenham sido desenvolvidos para o retratamento, o design semelhante das limas de níquel-titânio de alguns sistemas, associado ao movimento reciprocante que desempenha, verifica-se a possibilidade de haver um efeito benéfico e eficaz na remoção de material obturador (OLIVEIRA et al., 2006; HASSANLOO et al., 2007; YARED, 2008; VERSIANI; STEINER; DE DEUS et al., 2013; MENEZES, 2019)

Neste estudo utilizamos os sistemas X1 Blue, Wave One Gold, Reciproc Blue e WA1, para a remoção do material obturador. Em princípio, apenas o sistema Reciproc Blue, utilizado neste estudo, foi desenvolvido tanto para instrumentação como para remoção do material obturador (JÚNIOR, 2016; FERNANDES, 2017). Porém por se tratar de sistemas reciprocantes semelhantes, e o movimento reciprocante sendo relatado na literatura por ser mais seguro em relação à possíveis desvios e fraturas dos

instrumentos, decidiu-se analisar a eficiência dos demais sistemas mencionados, com relação à produção ou não de desvio apical após desobturação, como também, verificar a capacidade de remoção do material obturador que já foi analisada em outros estudos, no entanto, foram utilizados outros sistemas rotatório e reciprocante (BAGO et al., 2016; ROMEIRO et al., 2019) diferentes dos sistemas utilizados neste estudo. Além disso, cabe ressaltar que os sistemas testados apresentam, segundo o fabricante, tratamento de superfície que lhes conferem maior, flexibilidade, eficiencia de corte e menores riscos de fratura.

Visando então testar estes sitemas frentes a condições reais, os canais foram previamente instrumentados e obturados utilizando tanto sistemas modernos, como técnicas e materiais obturadores que propiciaram um adequado selamento do canal radicular, dificultando assim, ainda mais a remoção do material obturador.

Como forma de padronização das amostras, optou-se por realizar uma mesma técnica de preparo dos canais radiculares, onde utilizamos o sistema Protaper Next (Dentsply,Sirona), sendo padronizado o instrumento apical final X2 com auxílio do motor elétrico X-Smart Plus (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça), para não interferir nos resultados.

Da mesma forma, no intuito de manter a padronização das amostras, as limas dos sistemas selecionadas para o retramento apresentavam o mesmo calibre na sua ponta (TIP) e conicidades (TAPER) aproximadas, variando entre 0,06 e 0,08. Neste estudo, durante a conemetria, observou-se uma maior prevalência na adaptação do cone F1, da Protaper Universal, com relação aos testes visual, tátil e radiográfico. Isso pode ter ocorrido devido a semelhança na conicidade do cone F1 (0,07) com a lima X2 da Protaper Next (0,06), ou pela ação do pincelamento contra as paredes do canal, ao atingir o CRT, ter promovido uma leve ampliação da conicidade (0,06). Este fato também foi observado em outro estudo (OLIVEIRA et al., 2016)

Em contraste com alguns trabalhos anteriores, onde a obturação foi realizada por meio da técnica da condensação lateral e vertical (SCHIRRMEISTER et al., 2006 a; ASHEIBI, 2014), no presente estudo foi utilizada a técnica da Compressão Hidráulica

Documentos relacionados