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CAPÍTULO VII DAS ATRIBUIÇÕES

DESPACHO DECISÓRIO Nº 095/2010 Em 25 de maio de

PROCESSO: PO nº 1001125/10-A2/GCEx ASSUNTO: recurso em processo administrativo

3º Sgt (073697064-1) PATRÍCIA MARIA DA SILVA SIQUEIRA

1. Processo originário do Ofício nº 016 – Asse Jur/CMNE, de 01 Fev 2010, do Comando Militar do Nordeste – CMNE (Recife – PE), encaminhando requerimento, datado de 25 Jan 2010, por meio do qual a 3º Sgt (073697064-1) PATRÍCIA MARIA DA SILVA SIQUEIRA solicita, mediante recurso administrativo, a reconsideração do ato administrativo que lhe atribui a responsabilidade pela restituição, ao Erário Público, de valor recebido indevidamente.

2. Considerações preliminares:

– em 08 Out 2009, após regular tramitação de Processo Administrativo, instaurado consoante orientação da Procuradoria Regional da União – 5ª Região, o Diretor do então Hospital Geral de Recife – H Ge Recife, atualmente Hospital Militar de Área de Recife – H Mil A Recife (Recife – PE), resolveu imputar à recorrente a responsabilidade de restituir, ao Erário Público, a importância de R$ 44.524,43 (quarenta e quatro mil quinhentos e vinte e quatro reais e quarenta e três centavos), recebida indevidamente por esta, no período de 14 Jan 2008 a 30 Jun 2009, em razão da suspensão dos efeitos da decisão que determinou a sua reintegração às fileiras do Exército;

– inconformada, a interessada recorreu da decisão ao Comandante da 7ª Região Militar/7ª Divisão de Exército – 7ª RM/7ª DE que, depois de analisar as razões de recurso, manteve o dever de restituir ao Erário o valor recebido indevidamente;

– irresignada, a recorrente interpôs novo recurso, desta feita endereçado ao Comandante Militar do Nordeste que, corroborando o entendimento expendido pelas instâncias anteriores, manteve a decisão do Diretor do H Mil A de Recife;

– ainda inconformada, apresentou outro recurso, nos mesmos termos do apresentado ao Comandante da 7ª RM/7ª DE, para apreciação e decisão final por esta última instância administrativa, consoante § 1º do art. 56 da Lei nº 9.784, de 29 Jan 1999;

– aduz a recorrente que estaria amparada judicialmente, quanto ao direito ao recebimento da remuneração, no período de Jan 2008 a Jun 2009, pela oposição de Embargos de Declaração (2006.83.00519137-5 - JF de Recife – PE), não tendo sido julgado o mérito da ação, mas apenas a competência do Juízo;

– afirma, também, que faria jus à remuneração, pois era militar e estava à disposição do Exército, tendo prestado serviços no H Mil A de Recife, nos períodos de 11 a 15 Fev 2008 e de 03 a 17 Jun 2009, mesmo estando incapaz para tal;

– acrescenta, a contrário sensu, que, no período considerado para o ressarcimento que lhe foi imputado, encontrava-se em Licença para Tratamento de Saúde Própria (LTSP), como preceitua a Lei nº 6.880, de 1980 - Estatuto do Militares – em seus artigos 50, inciso IV, alínea e), e 67, § 1º, alínea d), estando, portanto, protegido, pelo que dispõe o art. 31, inciso I, das Instruções Gerais para Concessão de Licença aos Militares da Ativa do Exército (IG 30-07), aprovadas com a Portaria nº 470, de 17 de setembro de 2001, o seu direito ao recebimento mensal da remuneração;

– de outra parte, alega que a reintegração judicial referia-se apenas ao tratamento de saúde, em razão do término do seu tempo de serviço, e que, mesmo assim, teria trabalhado no H Mil A de Recife; e

– por fim, alega que não pode ser responsabilizada pelo ressarcimento dos valores recebidos, uma vez que caberia à Administração Militar e à Advocacia-Geral da União acompanhar a ação judicial que interpôs contra a União, bem como adotar as providências cabíveis decorrentes de tal demanda.

3. No mérito:

– preliminarmente, cumpre destacar que a Administração Pública detém o poder de autotutela, o qual lhe confere a prerrogativa de rever seus próprios atos quando inquinados de qualquer invalidade, devendo para tal, quando haja repercutido no campo dos interesses individuais, utilizar o devido processo legal administrativo, consoante art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal de 1988;

– no caso em apreço, trata-se do recebimento indevido de remuneração, no período de 14 Jan 2008 a 30 Jun 2009, por parte da recorrente, em razão da perda da eficácia da decisão que amparava sua reintegração às fileiras do Exército, consoante restou apurado no processo administrativo instaurado por meio da Portaria nº 6.SDP-SAJ, de 28 Jul 2009, do Diretor do então Hospital Geral do Recife;

– quanto aos argumentos apresentados pela recorrente, para amparar o suposto direito remuneratório, verifica-se que a alegação baseada na interposição dos Embargos de Declaração não merece guarida, uma vez que este recurso referiu-se a decisão que extinguiu o processo sem julgamento de mérito, em face da incompetência absoluta do Juizado Especial Federal para julgar o feito, não retirando a eficácia da suspensão da antecipação de tutela concedida anteriormente, e, consequentemente, não havendo decisão a amparar a reintegração da recorrente no período considerado;

– no tocante às alegações de que faria jus à remuneração por ter prestado serviços na Organização Militar de Saúde (OMS) a que pertencia, ou de que estaria em gozo de LTSP, à época do pagamento indevido da remuneração, não há nenhuma comprovação nos autos de que tais fatos tenham ocorrido, limitando-se a recorrente a repetir ilações já analisadas em instâncias inferiores;

– equivoca-se novamente a recorrente, ao afirmar que a reintegração judicial referia-se apenas ao tratamento de saúde, pois, se assim fosse, não faria jus ao recebimento da remuneração no tempo em que esteve amparada, efetivamente, pela decisão que a reintegrou;

– em relação à pretendida atribuição de responsabilidade à Administração Pública no caso em comento, não se vislumbra a ocorrência de má-fé, tampouco de qualquer benefício obtido por parte dos agentes envolvidos, cabendo ressalvar que o assunto, por via transversa, foi submetido à apreciação do Ministério Público Militar (Inquérito nº 0000003-97.2010.7.07.0007), sem que tenha havido qualquer manifestação que corrobore o posicionamento da recorrente;

– de outra parte, em face dos princípios da legalidade e da supremacia do interesse público, que não permitem que o patrimônio público seja lesado, bem como da vedação do enriquecimento sem causa, não pode a recorrente se beneficiar de lapso administrativo, da qual tinha pleno conhecimento, e que lhe gerou o recebimento mensal de remuneração, sem a contraprestação de serviço, para se eximir da responsabilidade de restituir ao Erário os valores recebidos indevidamente; e

– da análise dos autos, conclui-se que o pagamento da remuneração, no período apurado no processo administrativo ora atacado, foi indevido, não havendo como sustentar a não restituição em face da ausência de amparo legal.

4. Conclusão:

– dessa forma, à vista dos elementos constantes do processo, revela-se inviável o atendimento do pleito, porquanto o ato administrativo recorrido foi processado em estrita observância da legislação pertinente aplicável à matéria, pelo que dou o seguinte

D E S P A C H O

a. INDEFERIDO, por improcedência das razões apresentadas. Mantenho a decisão exarada pelo Diretor do então H Ge Recife, atualmente H Mil A Recife, em 08 Out 2009, nos autos do Processo Administrativo nº 1466/PA/DJ/7/2009, corroborada pelo Comandante da 7ª RM/7ª DE e pelo Comandante Militar do Nordeste.

b. O assunto encontra-se esgotado na esfera administrativa.

c. Publique-se o presente despacho em Boletim do Exército e informe-se ao CMNE, à interessada e à sua procuradora, por meio do H Mil A de Recife, da presente decisão.

d. Arquive-se o processo neste Gabinete.

DESPACHO DECISÓRIO Nº 096/2010