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1.2 Da Saúde

1.2.5 Despesas

As despesas são o meio para que se alcance a consecução dos objetivos, seja do Estado como um todo, seja de uma parte específica deste.

Conforme Piscitelli (2010), “Despesa pública é um dispêndio de recursos do patrimônio público, representado essencialmente por uma saída de recursos financeiros, imediata – com redução de disponibilidades – ou mediata – com reconhecimento dessa obrigação”. Sendo assim, despesa é tudo aquilo que é diminuído do patrimônio público.

Para melhor compreender as despesas, estas são separadas de acordo com classificações. Quanto ao aspecto legal, de acordo com Silva (2009) elas se dividem em enfoque jurídico e administrativo-legal. Esta última classificação se desdobra em quatro outras que são: institucional; funcional-programática; natureza da despesa; e fonte de recursos.

Dentro de uma dessas classificações, qual seja a institucional, tem-se a subordinação aos três níveis do Governo, sendo que há uma correspondência à estrutura organizacional.

A segunda classificação, funcional-programática, “segrega as dotações orçamentárias em funções, subfunções e programas, conforme estabelece a Portaria n. 42, de 14-4-1999” (SILVA, 2009, p. 248). Ainda conforme Silva (2009, p. 258).

as funções e subfunções servem como elemento agregador dos gastos públicos por área governamental nas três esferas de governo, enquanto os programas são orientados para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de quatro anos.

Quanto às funções, para este trabalho interessa a função 10 - Saúde que se segrega em subfunções; quais sejam: Atenção Básica, Assistência Hospitalar e Ambulatorial, Suporte Profilático e Terapêutico, Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica e Alimentação e Nutrição (SILVA, 2009).

Outra classificação é a natureza da despesa orçamentária, na qual, a despesa segue três divisões: categoria econômica, grupo de natureza de despesa e elemento de despesa.

Quanto à categoria econômica, é considerado se a despesa “não contribui, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital”, em que os gastos serão classificados como Despesas Correntes, ou se as despesas “contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital”, casos em que serão Despesas de Capital (SILVA, 2009, p. 253).

As despesas correntes se dividem em: De Custeio e Transferências Correntes. Para o trabalho serão consideradas as despesas de custeio, que, por sua vez, é fracionada em materiais de consumo, serviços de terceiros e encargos diversos (PISCITELLI, 2010).

Dessa forma, pode-se perceber que as despesas da saúde estão classificadas como Despesas Correntes de custeio e devem estar elencadas em subfunções pertencentes à função Saúde.

Entretanto, devido à complexidade desta área, a legislação preferiu especificar as despesas que à saúde são competentes. Ao se mesclar a análise da Sexta Diretriz da Resolução n. 322/2003 do Conselho Nacional de Saúde com o art. 5. da Lei n. 8.080/90, verifica-se quais são as despesas que são relativas à promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde, sendo estas as que são incluídas no cálculo do percentual aplicado na saúde.

I.Vigilância epidemiológica e controle de doenças; II.Vigilância sanitária;

III.Vigilância nutricional, controle de deficiências nutricionais, orientação alimentar, e a segurança alimentar promovida no âmbito do SUS;

IV.Educação para a saúde; V.Saúde do trabalhador;

VI.Assistência à saúde em todos os níveis de complexidade; VII.Assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; VIII.Atenção à saúde dos povos indígenas;

IX.Capacitação de recursos humanos do SUS;

X.Pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico em saúde, promovidos por entidades do SUS;

XI.Produção, aquisição e distribuição de insumos setoriais específicos, tais como medicamentos, imunobiológicos, sangue e hemoderivados, e equipamentos;

XII.Saneamento básico e do meio ambiente, desde que associado diretamente ao controle de vetores, a ações próprias de pequenas comunidades ou no nível domiciliar, ou aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI);

XIII.Serviços de saúde penitenciários, desde que firmado Termo de Cooperação específico entre os órgãos de saúde e os órgãos responsáveis pela prestação dos referidos serviços; XIV.Atenção especial aos portadores de deficiência; e

XV.Ações administrativas realizadas pelos órgãos de saúde no âmbito do SUS e indispensáveis para a execução das ações indicadas nos itens anteriores.

A mesma resolução, na Sétima Diretriz, também apresenta um rol de despesas que não são consideradas com da saúde, sendo elas:

I.Pagamento de aposentadorias e pensões;

III.Merenda escolar;

IV.Saneamento básico, mesmo o previsto no inciso XII do art. 7., realizado com recursos provenientes de taxas ou tarifas e do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, ainda que excepcionalmente executado pelo Ministério da Saúde, pela Secretaria de Saúde ou por entes a ela vinculados;

V.Limpeza urbana e remoção de resíduos sólidos (lixo);

VI.Preservação e correção do meio ambiente, realizadas pelos órgãos de meio ambiente dos entes federativos e por entidades não-governamentais;

VII.Ações de assistência social não vinculadas diretamente à execução das ações e serviços consideradas da saúde, bem como aquelas não promovidas pelos órgãos de Saúde do SUS.

Após análise de tais previsões legais, foi possível perceber a permissão legislativa para se aplicar as receitas municipais em alguns tipos de despesas, entretanto, o próprio legislativo restringe tais gastos ao prever quais são as despesas que não devem compor o índice da saúde devendo ser, por isso, retiradas do cálculo do percentual aplicado na saúde pelos municípios.

Tal fato significa que apesar de os gestores dos FMS’s gastarem as verbas públicas discricionariamente, há um controle externo, feito pelo TCM/GO, que irá regulamentá-lo, excluindo dos seus gastos aqueles que não são permitidos pela lei.

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