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O cálculo do percentual a ser aplicado na saúde segue uma sistemática definida em leis. Para que se possa encontrar a base de cálculo para definição dos recursos mínimos a serem aplicados em saúde, verifica-se o inciso III, da Primeira Diretriz, da Resolução n. 322/2003 do Conselho Nacional de Saúde:

Para os Municípios:

• Total das receitas de impostos municipais: ISS, ITU, IPTU, ITBI

• (+) Receitas de transferências da União: Quota-parte do FPM

Quota-parte do ITR

Quota-parte da Lei Complementar n. 87/96 (Lei Kandir) • (+) Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF

• (+) Receitas de transferências do Estado: Quota-parte do ICMS

Quota-parte do IPVA

• (+) Outras receitas correntes:

Receita da Dívida Ativa Tributária de Impostos, Multas, Juros de Mora e Correção Monetária

• (=) Base de Cálculo Municipal

Ainda ao seguir a Resolução n. 322/2003, na Quinta Diretriz, encontra-se uma definição para despesas com ações e serviços públicos de saúde que são:

aquelas com pessoal ativo e outras despesas de custeio e de capital, financiadas pelas três esferas de governo, conforme o disposto nos artigos 196 e 198, § 2º, da Constituição Federal e na Lei n. 8080/90, relacionadas a programas finalísticos e de apoio, inclusive administrativos, que atendam, simultaneamente, aos seguintes critérios:

I - sejam destinadas às ações e serviços de acesso universal, igualitário e gratuito;

II - estejam em conformidade com objetivos e metas explicitados nos Planos de Saúde de cada ente federativo;

III - sejam de responsabilidade específica do setor de saúde, não se confundindo com despesas relacionadas a outras políticas públicas que atuam sobre determinantes áreas sociais e econômicas, ainda que incidentes sobre as condições de saúde.

O TCM/GO dispôs sobre a obrigatoriedade da aplicação do limite mínimo de 15% em ações e serviços de saúde. Isto pode ser notado no inciso V do artigo 17 da Resolução Normativa n. 07/08, como segue:

É obrigatória a elaboração, em apartado do balancete do Poder Executivo, do balancete mensal do Fundo Municipal de Saúde (“Tipo 10”, obrigatório no Arquivo Órgão.txt), dentro do qual serão extraídas as despesas para apuração do cumprimento do limite mínimo de 15% (quinze por cento) dos impostos, inclusive transferências, em ações e serviços públicos de saúde (Emenda Constitucional n. 29), devendo ser automaticamente expurgados, para efeito do cálculo em questão, os gastos realizados fora do referido fundo

Ao levar em conta tal obrigatoriedade e a exigência do cumprimento do limite mínimo de 15% em ações e serviços públicos de saúde, bem como a ausência, tanto na legislação do TCM/GO quanto nas vias de acesso das informações ao público (internet), do procedimento adotado para o cálculo do índice da saúde, é possível traçar os procedimentos executados por este Tribunal de Contas para se alcançar o percentual aplicado na saúde, com base nas tabelas divulgadas no sítio do TCM/GO.

A base de cálculo estabelecida pela Resolução n. 322/2003 do CNS será o divisor da operação que define o percentual aplicado em saúde pelo município.

O dividendo será composto de três partes, sendo elas: 1) a soma das despesas liquidadas com ações e serviços públicos de saúde; 2) a soma das despesas aplicadas em ações e serviços da saúde, mas que não são consideradas pela legislação como da saúde; e 3) As receitas de convênios. O dividendo será os elementos que compõem o item 1 excluindo os que compõem o item 2 e o item 3, como segue:

O percentual de recursos aplicados em ações e serviços de saúde, por cada ente federado, será o quociente obtido desta divisão, multiplicado por 100, apresentado com duas casas decimais, como segue:

Quadro 1 – Cálculo do Índice de Aplicação na Saúde 1) Despesas liquidadas

com ações e serviços

públicos de saúde (-)

2) Despesas aplicadas na saúde

mas que não são consideradas como despesas com ações e

serviços públicos de saúde (-)

3) Receita de

Convênios

Base de Cálculo Municipal x 100 =

ÍNDICE DE APLICAÇÃO NA SAÚDE Fonte: Autora

As despesas aplicadas em ações e serviços da saúde, mas que não são consideradas pela legislação como da saúde devem ser excluídas do cálculo do índice de aplicação na saúde porque se essas despesas forem contabilizadas como se fossem da saúde, o índice de aplicação na saúde iria aumentar, podendo o município atingir o percentual mínimo constitucional (15%), sem que efetivamente tenha aplicado o mínimo exigido nas ações devidas.

Para demonstrar claramente quais são os procedimentos para que se possa apurar o cálculo da aplicação nas ações e serviços de saúde, observa-se uma orientação do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, no qual é possível perceber que é aplicada a mesma metodologia, somando-se, inicialmente, os impostos e transferências, dos quais 15% devem ser aplicados nesta área.

Quadro 2 – Procedimentos dos Cálculos da Aplicação nas Ações e Serviços de Saúde

Fonte: TCM/CE

Posteriormente, para se verificar se realmente foi gasto o percentual mínimo, efetua-se a soma dos gastos com saúde, sendo estes todos aqueles que forem empenhados na função “Saúde”, com os Restos a Pagar inscritos em anos anteriores e liquidados no atual exercício.

Deste montante excluem-se os restos a pagar não processados inscritos no exercício que sejam relacionados à área da saúde, as despesas com inativos e pensionistas, os serviços de limpeza e tratamento de resíduos sólidos, as despesas com assistência médica e odontológica de servidores, saneamento básico (exceto para controle de vetores) e as despesas realizadas com recursos de transferências voluntárias e operações de crédito, que são os convênios. Deste valor, retira-se o percentual que foi aplicado pelo Município.

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