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Desporto na escola e equipamentos desportivos de apoio

No documento Carta Escolar do Grupo Ocidental (páginas 65-113)

C. Ilha do Corvo

1. Enquadramento Territorial da Ilha

3.2. Desporto na escola e equipamentos desportivos de apoio

Aos olhos dos menos informados a Educação Física e o Desporto Escolar são muitas vezes objecto de alguma confusão. No entanto, deverá ser clarificado que ambas se apresentam como unidades autónomas no âmbito escolar, embora tendo vivido numa dinâmica de contradições, que tem mesmo colocado, desde há muito, em risco a sua existência, em especial no que respeita à segunda actividade. Parece assim ser fundamental definir, de forma sucinta, no que consiste cada uma destas actividades, de modo a evitar discordâncias e assim definir os modos de actuação de cada uma delas.

A Educação Física é uma disciplina escolar, de carácter obrigatório no 2º e 3º CEB e no Ensino Secundário, que tem como objectivo promover o desenvolvimento de capacidades motoras e corporais através da prática desportiva, em que o desporto tem vindo a ser assumido como um instrumento pedagógico e como a própria substância da Educação Física.

De acordo com o anexo I do Decreto-lei nº 6/2001, de 21 de Janeiro, a Educação Física no 1º CEB, na Região Autónoma dos Açores integra-se na área disciplinar das expressões Físico-motoras, tendo que ser asseguradas pelo menos três secções semanais, cada uma com uma duração mínima de trinta minutos. Importa referir que na Educação Pré-escolar a Educação Física é da responsabilidade, por vezes, dos Educadores de Infância, situação que ocorre frequentemente nos estabelecimentos de Educação Pré-escolar da rede particular.

Por seu turno, o Desporto Escolar, destina-se aos alunos que frequentam os 2º e 3º CEB e o Ensino Secundário, integra o conjunto das actividades extracurriculares, desenvolvendo-se, tal como o próprio nome indica, fora do horário curricular, dependendo a participação nesta modalidade dos próprios alunos ou mesmo dos pais e encarregados de educação. Apresenta como objectivos a promoção da saúde e da condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o entendimento do desporto como factor de cultura, estimulando sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, devendo ser fomentada a sua gestão pelos estudantes praticantes, desde que salvaguardada pela orientação de profissionais qualificados.

O Desporto Escolar destina-se aos alunos de todos os ciclos, níveis e modalidades de ensino das escolas da Região Autónoma dos Açores pela necessidade de ser construída uma escola que prepare os alunos para o mercado de trabalho e que lhes ensine os benefícios de uma vida saudável. Desta forma, o desporto conquista um espaço pedagógico privilegiado na complexidade do processo educativo, assumindo, enquanto instrumento de educação, um significado social bastante importante, contribuindo para a criação de uma cultura desportiva. Na Região Autónoma dos Açores o Desporto Escolar pode decorrer de acordo com quatro níveis de participação, designadamente:

1. Actividades Desportivas Escolares (ADE); 2. Jogos Desportivos Escolares (JDE);

3. Actividades físicas e desportivas com ou sem enquadramento federado, através dos Clubes Desportivos Escolares (CDE);

4. Participação nas actividades de Desporto Escolar Nacional e Internacional (DEN).

No âmbito do Programa de Desporto Escolar desenvolvido ao nível do 2º e 3º CEB e do Ensino Secundário, na EBS Padre Maurício de Freitas, são oferecidas apenas dois tipos de modalidades, nomeadamente as Actividades Desportivas Escolares, que envolvem um total de 58 alunos, e o Clube Desportivo Escolar das Flores, com 76 alunos (Quadro).

Quadro - Modalidades do Programa de Desporto Escolar na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008. Municípios Designação Actividades Desportivas

Escolares

Clube Desportivo Escolar Flores Total Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

58 76 134

76 58

EBS Padre Maurício de

Freitas 134

Total

3.3. Educação Especial

A Educação Especial assume-se como uma das modalidades especiais de educação escolar, que tem como objectivo a integração educativa e social, a autonomia, a estabilidade emocional, bem como a promoção da igualdade de oportunidades dos indivíduos com necessidades educativas especiais (NEE) resultantes de deficiências físicas e mentais.

De acordo com o Decreto Legislativo Regional nº 15/2006/A, de 7 de Abril, a Educação Especial visa responder a necessidades educativas especiais de crianças e jovens, decorrentes de limitações ou incapacidades, que se manifestam de modo sistemático e com carácter prolongado, inerentes ao processo individual de aprendizagem e de participação na vivência escolar, familiar e comunitária.

Neste sentido, e tendo em consideração a necessidade de flexibilizar as estruturas curriculares, foi criado pela Resolução nº 121/99, de 22 de Julho, o Programa de Integração Escolar de Crianças e Jovens com Necessidades Educativas Especiais, designado por Programa Cidadania, voltado especificamente para as crianças e jovens com acentuadas necessidades educativas especiais.

Estes alunos necessitam, por força desta dificuldade, de um complemento educativo adicional e diferente, com o objectivo de promover o seu desenvolvimento e a sua aprendizagem, utilizando para isso todo o seu potencial.

Este apoio educativo traduz-se na disponibilização de um conjunto de estratégias e actividades de apoio, de carácter pedagógico e didáctico, organizadas de forma integrada, para complemento e adequação do processo de ensino e aprendizagem.

Ao necessitarem de um apoio acrescido, a sua sinalização precoce torna-se bastante premente, uma vez que vai permitir um correcto acompanhamento, numa tentativa de combate ao insucesso escolar que, aliás, é bastante frequente nestes alunos.

Educação Pré-escolar

Do total de 92 crianças inscritas na Educação Pré-Escolar no ano lectivo 2007/2008, apenas duas encontram-se referenciadas como tendo necessidades educativas especiais, valor que corresponde a 2,17% do total de crianças a frequentar este nível de ensino (Quadro).

Quadro - Número de crianças com Necessidades Educativas Especiais a frequentar a Educação Pré-escolar na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008.

Municípios Designação Número de crianças Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

Santa Cruz das Flores JI O Girassol 0 2 Total

EBS Padre Maurício de Freitas 2

1º Ciclo do Ensino Básico

Por sua vez, dos 164 alunos que frequentam o 1º CEB na Ilha das Flores no ano lectivo 2007/2008, 17 apresentam necessidades educativas especiais, o que corresponde a 10,37% do total de alunos matriculados neste nível de ensino (Quadro).

Quadro - Número de alunos com Necessidades Educativas Especiais a frequentar o 1º CEB na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008.

Municípios Designação Número de alunos Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

17 EBS Padre Maurício de Freitas

Ensino Secundário

No Ensino Secundário apenas um aluno apresenta necessidades educativas especiais do total de 91 alunos matriculados neste nível de ensino (Quadro).

Quadro - Número de alunos com Necessidades Educativas Especiais a frequentar o Ensino Secundário na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008.

Municípios Designação Número de alunos Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

EBS Padre Maurício de Freitas 1

3.4. Acção Social Escolar

Na Região Autónoma dos Açores a acção social escolar rege-se pelo Decreto Legislativo Regional nº34/2003/A, que estabelece a organização e o funcionamento do sistema de acção social escolar a conceder às crianças que frequentam a Educação Pré-escolar e aos alunos do Ensino Básico e Secundário dos estabelecimentos de educação e ensino regular.

Os serviços de acção social escolar traduzem-se num conjunto diversificado de acções, como a comparticipação nas refeições, serviços de cantina, transportes, alojamento, manuais e material escolar, bem como na atribuição de bolsas de estudo.

As crianças e alunos são agrupados em diferentes escalões de acordo com o rendimento familiar, composição do agregado familiar ou existência no seio da família de encargos de carácter extraordinário, como doença deficiência, entre outros.

3.4.1. Alimentação e Material Escolar

O apoio a prestar ao alunos em matéria de alimentação abrange a disponibilização, durante o período escolar, de refeições e alimentos com custos comparticipados e a existência, em cada unidade orgânica, de um programa de educação e higiene alimentar.

O material escolar é comparticipado em função do escalão de rendimento familiar em que se insiram. Assim sendo, os livros, equipamentos e materiais duradouros que forem comparticipados são propriedade da unidade orgânica, podendo esta exigir a sua devolução após o termo da utilização.

Educação Pré-escolar

Do total de 74 crianças a frequentar a Educação Pré-Escolar na EBS Padre Maurício de Freitas, apenas duas crianças recebem apoio da acção social escolar (2,7%). As duas crianças encontram- se abrangidas pelo 1º e 2º Escalão (Quadro).

1º Ciclo do Ensino Básico

Relativamente aos alunos que frequentam o 1º CEB, do total de 164 alunos matriculados, 27 recebem apoio da acção social escolar para alimentação (16,4%) e 32 apoio para livros e material escolar (19,5%) (Quadro).

2º e 3º Ciclo do Ensino Básico

Dos 168 alunos que frequentam os 2º e 3º CEB, na EBS Padre Maurício de Freitas, cerca de 48% (82 alunos) recebem subsídio para alimentação, livros e material escolar, dos quais 40 alunos estão abrangidos pelo 1º Escalão, 27 alunos pelo 2º Escalão, e os restantes pelos 3º e 4º Escalões (nove e seis alunos, respectivamente) (Quadro).

Ensino Secundário

Por sua vez, do total de alunos (91 alunos) que frequentam o Ensino Secundário, no ano lectivo 2007/2008, 21 recebem apoio da acção social escolar (23,08%) dos quais nove alunos são abrangidos pelo 1º Escalão, sete alunos pelo 2º Escalão e cinco alunos pelo 3º Escalão (Quadro).

Quadro - Número de crianças subsidiadas na Educação Pré-escolar na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008.

1º Escalão 2º Escalão 3º Escalão 4º Escalão Total Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

Santa Cruz das Flores JI O Girassol 0 0 0 0 0

1 1 0 0 2

EBS Padre Maurício de Freitas 1 1 0

Municípios Designação Subsídio para alimentação, livros e material escolar

Total

2 0

Quadro - Número de alunos subsidiados no 1º CEB na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008.

1º Escalão 2º Escalão 3º Escalão 4º Escalão Total 1º Escalão 2º Escalão 3º Escalão 4º Escalão Total Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

6 17 2 2 27 9 19 2 2 32

Total

Subsídio para alimentação

27 2

2

EBS Padre Maurício de Freitas 17 2 2 32

Subsídio para livros e material escolar

6 9 19

Designação Municípios

´

Quadro - Número de alunos subsidiados no 2º e 3º CEB na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008.

1º Escalão 2º Escalão 3º Escalão 4º Escalão Total Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

Subsídio para alimentação, livros e material escolar Municípios Designação

82 6

9 EBS Padre Maurício de Freitas 40 27

Quadro - Número de alunos subsidiados no Ensino Secundário na Ilha das Flores, no ano lectivo 2007/2008.

1º Escalão 2º Escalão 3º Escalão 4º Escalão Total Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

0 5

7

9 21

Municípios Designação Subsídio para alimentação, livros e material escolar

EBS Padre Maurício de Freitas

3.4.2. Transportes Escolares

O transporte escolar dos alunos residentes na Região Autónoma dos Açores que frequentam a escolaridade obrigatória é regulamentado pelo Artigo 9º do Decreto Legislativo Regional nº34/2003/A e Decreto Legislativo Regional nº 23/2006/A de 12 de Junho.

O transporte escolar é feito, prioritariamente, utilizando a rede pública de transporte colectivo de passageiros que sirva a localidade onde se situa o estabelecimento de ensino, devendo os percursos e os horários das carreiras, ajustar-se às necessidades do sistema educativo.

No momento em que a utilização do sistema público de transportes colectivos exceda um tempo de espera superior a sessenta minutos, ou quando não exista qualquer transporte público colectivo com o trajecto ou características adequadas ao transporte dos alunos, podem ser criadas carreiras privativas de transporte escolar.

O apoio em termos de transporte consiste no financiamento do passe mensal dos alunos que frequentam a escolaridade obrigatória. Segundo o artigo 12º de Decreto Legislativo Regional nº 34/2003/A, têm direito à comparticipação no transporte escolar os alunos que:

1. O transporte é gratuito para as crianças da educação pré-escolar e para os alunos sujeitos a escolaridade obrigatória que residam a mais de 3 km do estabelecimento de ensino que devam frequentar;

2. Exclusivamente parta as crianças da educação pré-escolar e para os alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico, o limite a que se refere o número anterior é reduzido para 2 km, sendo de 1 km quando a deslocação resulte do encerramento do estabelecimento de ensino, realizado no âmbito da reestruturação da rede escolar, ou existam situações excepcionais de perigosidade, penosidade ou inclinação da via a percorrer que a isso obriguem;

3. O transporte escolar é gratuito para os alunos portadores de deficiência independentemente da distância ao estabelecimento de ensino que frequentam;

4. O transporte escolar dos alunos que frequentem estabelecimentos de ensino situados a menos de 3 km da sua residência e dos alunos não sujeitos à escolaridade obrigatória é comparticipado, nos termos que forem estabelecidos no regulamento de execução a que se refere o artigo 16º (…);

Não beneficiam de transporte escolar os alunos que optem pela frequência de estabelecimento de educação diferente daquele que serve a localidade onde residem.

Educação Pré-escolar

No ano lectivo 2007/2008 são apenas 27 as crianças que frequentam a Educação Pré-Escolar que usufruem do subsídio de transporte escolar, o que corresponde a 29,3% do total de crianças matriculadas neste nível de ensino (Quadro). A totalidade de crianças subsidiadas diz respeito à EBS Padre Maurício de Freitas, o que corresponde a 36,4% do total de alunos afectos a esta unidade orgânica. Por seu turno, das 18 crianças que frequentam o JI da rede privada, nenhuma usufrui de subsídio de transporte escolar.

Quadro - Número de crianças inscritas na Educação Pré-escolar na Ilha das Flores com subsídio de transporte escolar, no ano lectivo 2007/2008.

Municípios Designação Número de crianças transportadas Número de crianças matriculadas Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

27 74

EBS Padre Maurício de Freitas

1º Ciclo do Ensino Básico

Relativamente aos alunos que frequentam o 1º CEB, dos 164 alunos matriculados na EBS Padre Maurício de Freitas, 77 alunos usufruem de subsídio de transporte escolar, o que corresponde a 46,9% do total (Quadro).

Quadro - Número de alunos matriculados no 1º CEB na Ilha das Flores com subsídio de transporte escolar, no ano lectivo 2007/2008.

Municípios Designação Número de alunos transportados

Número de alunos matriculados Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

EBS Padre Maurício de

Freitas 77 164

2º e 3º Ciclo do Ensino Básico

No ano lectivo 2007/2008 são 95 os alunos matriculados nos 2º e 3º CEB na Ilha das Flores que usufruem do subsídio de transporte escolar, o que corresponde a cerca de 44% do total de alunos afecto a este nível de ensino (Quadro).

Quadro - Número de alunos matriculados nos 2º e 3º CEB na Ilha das Flores com subsídio de transporte escolar, no ano lectivo 2007/2008.

Municípios Designação Número de alunos transportados

Número de alunos matriculados Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

EBS Padre Maurício de

Freitas 95 221

Ensino Secundário

Por sua vez, dos alunos que frequentam o Ensino Secundário na EBS Padre Maurício de Freitas, no ano lectivo 2007/2008, apenas 21 alunos (23%) beneficiam de subsídio de transporte escolar (Quadro).

Quadro - Número de alunos matriculados no Ensino Secundário na Ilha das Flores com subsídio de transporte escolar, no ano lectivo 2007/2008.

Municípios Designação Número de alunos

subsidiados

Número de alunos matriculados Lajes das Flores

Santa Cruz das Flores

91 21

1. Enquadramento Territorial da Ilha

1.1. Enquadramento e Caracterização Física

A Ilha do Corvo ocupa uma superfície total de 17,13 km², apresentando 6,5 km de comprimento e 4 km de largura, assumindo-se, deste modo, como a ilha mais pequena do Arquipélago dos Açores. Em termos administrativos a Ilha do Corvo integra um Município, o qual corresponde apenas a uma freguesia, a Freguesia do Corvo (Figura).

O território insular localiza-se sobre a placa tectónica norte-americana, a Oeste do rifte da Crista Média Atlântica que juntamente com a Ilha das Flores emerge do mesmo banco submarino, de orientação NNE-SSO. A sua tectónica é controlada por falhas orientadas aproximadamente Norte- Sul, paralelas à Crista Média Atlântica e por falhas transformantes com direcção Oeste-Este, que segmentam o vale do rifte.

Em termos de relevo, a Ilha do Corvo é formada por uma única montanha vulcânica extinta, um grande cone vulcânico coroado com uma ampla cratera de abatimento chamada localmente de “Caldeirão”, com 3,7 km de perímetro e 300 m de profundidade, onde se podem observar várias lagoas, turfeiras e pequenas "ilhotas" (Figura).

A Ilha do Corvo, com apenas 17 km², possui um relevo muito simples, sendo formada por uma única montanha vulcânica extinta, um grande cone vulcânico do tipo estrato-vulcão, cuja fisionomia se modificou devido a dois fenómenos de natureza diferente: por um lado, a parte central do edifício vulcânico abateu formando-se uma ampla cratera de abatimento com 3,7 km de perímetro e 300 m de profundidade; por outro lado, a erosão marinha muito intensa fez praticamente desaparecer o seu flanco ocidental. O fundo da caldeira, que se encontra em torno dos 400 m de altitude, é ocupado em grande parte por uma lagoa e numerosos pequenos cones vulcânicos secundários.

O ponto mais alto da ilha é o Morro dos Homens no bordo sul da caldeira, com 718 m de altitude. Além desta elevação destacam-se ainda as da Lomba Redonda, da Coroa do Pico, da Coroinha, do Morro da Fonte, do Espigãozinho e do Serrão Alto.

A Ilha do Corvo, apesar da sua reduzida dimensão, pode ser dividida em três unidades morfológicas: o cone principal, o “Caldeirão” e a plataforma meridional (Medeiros, 1967).

A totalidade da Ilha, exceptuando no sector sul, onde se observa uma pequena plataforma, está cinturada por arribas altas e escarpadas, constituindo as vertentes do cone central do vulcão extinto. As vertentes encontram-se parcialmente preservadas nos flancos Sul e Leste (com altitudes entre os 150 e os 250 m), sendo muito reduzidas pelo recuo das arribas litorais a Norte e completamente inexistentes a Oeste (com altitudes entre os 500 e os 700 m) devido à forte erosão marinha que atinge as paredes internas da caldeira e cuja arriba resultante chega atingir os 700 m de altitude.

No sector meridional, sobressai a plataforma onde se fixou a Vila do Corvo, a única povoação da Ilha, que pela sua planura (com altitudes entre os 10 e os 60 m), produz um vigoroso contraste com o resto da Ilha.

Estas linhas gerais da morfologia vão reflectir-se, de forma muito clara, na existência de declives, muito acentuados nas vertentes do sector Norte e Oeste, notando-se um aumento de gradual à medida que avançamos para o cimo do cone (Figura). Por outro lado, na plataforma meridional da Ilha, devido à sua planura, os declives são quase inexistentes.

Em virtude da sua origem vulcânica, o território insular desenvolve-se, essencialmente, em materiais basálticos, verificando-se nos flancos exteriores do aparelho eruptivo principal, pequenos cones secundários, formados por piroclastos de diferentes dimensões (cinzas basálticas, escórias, lapilli e bombas) e, na plataforma meridional, uma cobertura lávica, formada por derrames de lavas andesíticas dos cones secundários do Morro da Fonte (371 m) e Coroinha (500 m).

A rede hidrográfica da Ilha é estruturada por um grande número de ribeiras, constituídas, provavelmente, a partir de infiltrações da lagoa que se formou no fundo da depressão fechada do “Caldeirão”, e cujos caudais, variáveis ao longo do ano, são maioritariamente de regime torrencial, o que aliado aos elevados declives dos flancos exteriores do maciço eruptivo central, sulcados de grutas, potencia o escoamento superficial.

Do ponto de vista climático, a Ilha do Corvo apresenta um clima temperado com características oceânicas como é claramente deduzido pela evolução do estado do tempo ao longo do ano, onde se verifica que praticamente chove todo, embora com um máximo no Inverno e uma quebra, esta mais sensível, no Verão, e onde a variação térmica anual regista uma reduzida amplitude, predominando temperaturas amenas a maior parte do ano (Figura).

Deste modo, na Ilha do Corvo verifica-se uma temperatura média anual de cerca de 17°C, sendo a amplitude térmica anual pouco acentuada, não ultrapassando os 11°C. No mês de Agosto registam-se as temperaturas médias mais altas (23,05°C) e no mês de Fevereiro as mais baixas (12,85°C), pelo que no período de Inverno, a temperatura média permanece à volta dos 14°C e no Verão aproxima-se dos 22°C.

Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1991.

Figura – Gráfico termo-pluviométrico – Estação meteorológica do Corvo (médias de 1951/1980).

O ritmo pluviométrico apresenta-se contínuo com a precipitação regularmente distribuída ao longo do ano, embora com maior abundância nos meses de Inverno com 64% das chuvas a cair entre os meses de Outubro e Março (706,5 mm), atingindo o seu máximo nos meses de Janeiro (140,8 mm) e Fevereiro (122,3 mm). Por seu turno, os meses de Junho, Julho e Agosto correspondem aos meses menos pluviosos, com um valor total de precipitação de 165,3 mm, o que corresponde ainda a cerca de 15% do total anual (1 105 mm).

1.2. Caracterização Demográfica

1.3. Caracterização da Rede de Acessibilidades Transportes

Em termos de acessibilidades internas, e dada a reduzida dimensão da ilha do Corvo, pode afirmar-se que grande parte da população desloca-se maioritariamente a pé, havendo mesmo assim uma parte das deslocações efectuadas em automóvel, uma vez que não existe uma rede de

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