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Nessa 8ª fase destacamos fatos marcantes No Brasil a criação do Novo Mer cado lançado pela Bovespa Seu objetivo muito claro e ambicioso: um segmento especial

Principais características de cada fase

Fase 8. Nessa 8ª fase destacamos fatos marcantes No Brasil a criação do Novo Mer cado lançado pela Bovespa Seu objetivo muito claro e ambicioso: um segmento especial

investidores. As empresas seriam classificadas em função de certos parâmetros prefi- xados. Partia-se de um princípio: prestigiar nesse segmento preferencialmente aquelas empresas dispostas a dar tratamento diferenciado aos seus acionistas. Em algumas em- presas os acionistas eram vistos como investidores de 2ª classe, com direito a um divi- dendo preferencial, mas sem poderes de representação junto as empresas. A facilidade de as empresas emitirem até 2/3 do capital em preferenciais era muito confortável para os acionistas controladores. Posteriormente foi alterado para 50/50.

A ideia básica, através da adesão a certos parâmetros, era de criar condições para investidores, tais como ‘tag along’, integral, ‘float’ mínimo, ações ordinárias num dos segmentos, e a câmara de arbitragem para resolver eventuais pendências.

O Novo Mercado foi recebido com ceticismo pelo mercado e muitos acreditavam que não teria sucesso.

No entanto, na retomada do mercado a CCR e a Natura deram o exemplo e mais tarde no grande “boom” de lançamentos primários e secundários. A partir de 2004, quase todas as emissões foram feitas nas regras do Novo Mercado! Estavam lançadas as bases para uma nova fase da Bolsa.

Certamente nessa dimensão da relevância do Novo Mercado, criaram-se condições para maior conscientização e favoráveis no mercado da relevância da Governança Corporativa.

À medida que o mercado de capitais mudou de escala, associado ao sucesso no com- bate à inflação, seria perfeitamente cabível que os investidores de longo prazo, que ti- nham na Bolsa de Valores um dos principais, se não o mais importante, instrumento de aplicação de seus recursos, demandavam que o tratamento que lhes era dispensa- do pelas companhias abertas fosse aprimorado.

Sucessivas reformas empreendidas na legislação societária, que datava de 1976, coin- cidindo com a criação da Comissão de Valores Mobiliários -CVM -, vieram atender sugestões dos agentes de mercado, e assim progressivamente aperfeiçoar seus meca- nismos que, sem tirar a liberdade criativa das empresas, oferecessem maior proteção e transparência em benefícios dos acionistas minoritários.

Como seria previsível, de um lado a crescente importância dos investidores institu- cionais nacionais em Bolsa, notadamente fundos de pensão, e do outro a presença cada vez maior de investidores externos, principalmente dos Estados Unidos e do

Reino Unido, buscaram acelerar novos procedimentos no relacionamento das so- ciedades negociadas em Bolsa com seus acionistas, e que passaram em larga escala a fazer parte dos procedimentos praticados em seus países de origem.

Passamos a constatar que demandas de investidores locais seguiam regras em vigor nos mercados desenvolvidos, como a de maior transparência, melhor qualidade na informação disponível, busca de equidade nas transferências de controle, maior pre- sença nos Conselhos de Administração e em Conselhos Fiscais.

No campo contábil, também em sequência, registrou-se importante fato com a cria- ção do International Accounting Standards Board (IASB), lançado ao final dos anos 90 pela iniciativa de legisladores, empresários e financistas, principalmente norte-a- mericanos e europeus. Em função da crise financeira que assolou os países asiáticos entre 1997 e 1999, concluíram a importância de criar padrões contábeis de aceitação universal, e, que pudessem convergir com o padrão do US GAAP, desenvolvido pela FASB -Financial Accounting Standards Board e adotado pelas empresas com ações negociadas na NYSE.

Sobre o IASB, lembraria também que inicialmente sua aceitação foi difícil. A forte prevalência do sistema FASB americano (USGAAP) criava sérias dúvidas quanto a sobrevivência de um sistema que pudesse conviver com ele. Ainda antes como dis- semos, as diferenças são marcantes: um baseado em princípios (IASB) e outro em regras (FASB). Parece pouco mas é de fundamental importância, pois obrigavam os reguladores a terem instrumental da ética como fator decisório.

O escândalo do caso ENRON certamente acabou dando uma nova importância ao IASB, onde ficou evidente que o sistema americano tinha grandes brechas. Foi edi- tada a SOX (Lei Sarbanes Oxley) que como dissemos, com novas exigências para as empresas negociadas na NYSE (maiores controles internos, comitê de auditoria independente e etc). Tornou-se obrigatória adoção do sistema International Finantial Reporting Standards - IFRS pelas empresas da comunidade europeia, fator funda- mental para sua divulgação e aceitação. A eles vieram a associar-se, seja por declara- ções explicitas ou por adesão efetiva, países asiáticos: Japão, China, Índia, Austrália, Nova Zelândia, tem grande relevância. Outro fato marcante foi a decisão da SEC em aceitar o padrão IFRS para empresas que eram negociadas na New York Stock Ex- change - NYSE (não tinham muita escolha, pois estaria havendo uma debandada de empresas, eliminadas sem registro naquela Bolsa).

É importante mencionar que o governo brasileiro, através da decisão do Banco Cen- tral, e a partir de 2010, através da CVM, tornou obrigatória a adoção do IFRS, sendo que no caso dos bancos o IFRS não foi integralmente aceito.

A pergunta é se o objetivo maior de contarmos, em futuro não muito distante, com o sistema de contabilidade comum, será alcançado. A superação, com a aceitação do sistema IFRS pela SEC, estimula a pensar que tal possibilidade é viável. IASB e FASB estabeleceriam que, a partir de um certo momento, as normas regulatórias serão emi- tidas de forma conjunta.

Porém, análise mais recente (2016) aponta que, apesar de certos progressos, algumas dificuldades parecem insuperáveis. Na minha visão, muito mais por razões políticas. Evidentemente para investidores e empresas seria medida muito relevante. Tornaria as empresas mais transparentes, diminuindo ônus de adaptações e consequentemen- te barateando o custo de capital.

No Brasil, a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis -- CPC foi também uma importante conquista para a evolução do mercado. Nele participam, entre outros, o Conselho Federal de Contabilidade, IBRACON, FIPECAFI, APIMEC NACIONAL, ABRASCA, BM&FBOVESPA, respondendo a diferentes segmentos do mercado. A função do CPC é de grande relevância, pois lhe compete propor as orientações contábeis emanadas do IFRS e suas adaptações ao sistema brasileiro. No jargão ame- ricano é o que chamam de “Standards Setter”.

Fase 9.

O mercado viveu uma nova fase áurea a partir de 2004. Vários fatores