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Gráfico 2 – Composição dos RSU recicláveis inorgânicos (em %)

Produção do autor com base na tabela 1 (MMA, 2012, p. 10)

Tabela 3 – Composição dos resíduos recicláveis inorgânicos por nível de renda dos países (em %)

Países Plástico Papel Metal Vidro

Renda baixa 42 26 16 16

Renda média baixa 45 33 11 11

BRASIL 42,5 41 9 7,5

Renda média alta 34 42 9 15

Renda alta 20 56 11 13

Adaptado de Banco Mundial, 2012 (apud ABRAMOVAY; SPERANZA; PETITGAND, 2013, p. 27)

- disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. (BRASIL, 2010a, art. 3º, VII e VIII).

Embora a PNRS, realisticamente, contemple a disposição de resíduos e rejeitos em aterros (notar que não em lixões), o ideal é que esta modalidade de destinação final seja a menos utilizada dentre as citadas acima, isto devido a uma série de inconvenientes. Nos centros urbanos, em particular nas metrópoles, não há espaços físicos sobrando, além do que os aterros têm prazo de vida curto e inutilizam terrenos.

Já do lado dos pequenos municípios, muitas vezes falta capacitação técnica ou então recursos financeiros que cheguem. Por outro lado, enterrar os resíduos é deixar de fazer deles um bem econômico apto a gerar emprego e renda e a movimentar a economia (por este mesmo motivo os resíduos tampouco devem ser incinerados).

Todavia, o ideal de que a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação ou o aproveitamento energético prevaleçam sobre a utilização de aterros não passa ainda de uma sementinha. Em 2008, conforme mostrado no gráfico 3, a reciclagem e a compostagem foram, juntas, a forma de destinação final de apenas 2,2% do total de resíduos, enquanto a disposição em solo (aterro sanitário, aterro controlado e lixão) respondeu por 97,5%.

Gráfico 3 – Destino final dos RSU em 2008 (em %)

Produção do autor com base em Ipea, 2012, p. 27 19,4 58,3

19,8

0,8 1,4 0,3

Aterro sanitário Aterro controlado

Lixão Unidade de compostagem

Unidade de triagem para reciclagem Outras (inclui incineração)

Entre as três formas de disposição final em solo, o aterro sanitário é a única admitida como ambientalmente adequada. A disposição de resíduos em lixões e aterros controlados foi por muito tempo considerada uma prática aceitável, pois se acreditava que o chorume resultante da decomposição dos resíduos era completamente dissolvido no solo, não apresentando ameaça de contaminação. Hoje é sabido que, ao contrário, as substâncias altamente tóxicas provenientes da massa dos resíduos contaminam o lençol freático, reduzindo a quantidade e a qualidade de água potável disponível à população.

O lixão caracteriza-se pela descarga dos rejeitos e resíduos no solo sem qualquer técnica ou medida de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. O material fica a céu aberto, poluindo o solo, o ar, a paisagem, atraindo insetos e animais como ratos e urubus, bem como catadores, que na maioria dos casos fixam residência nos arredores. O local é foco de transmissão de doenças e sujeito a escorregamentos e incêndios causados pelos gases gerados pela decomposição dos resíduos. Por motivos como esses, a lei 12.305/2010 determina no seu artigo 54 que os lixões sejam fechados em todo o país até agosto de 2014, meta que, ao que tudo indica, não poderá ser cumprida.30

Por não serem mais que um lixão coberto, os aterros controlados também estão condenados, devendo ser gradativamente substituídos por aterros sanitários. No seu caso, o único cuidado realizado é o recobrimento da massa de resíduos e rejeitos com terra. Não há qualquer proteção do solo nem por conseguinte dos lençóis freáticos.

Salvam-se, como já dito, os aterros sanitários, em que o terreno é preparado para receber adequadamente os rejeitos, minimizando-se o impacto causado ao meio ambiente e à população local. Como se pode observar na figura 12, são utilizados princípios de engenharia – impermeabilização do solo, cercamento, ausência de catadores, sistema de drenagem de gases, águas pluviais e lixiviado (chorume) – para confinar os resíduos e rejeitos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-o com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário.

30 Na sua edição impressa de 5/6/2014, o jornal Folha de S.Paulo informava que até então 45,1% das cidades ainda usavam lixões e que a Associação Brasileira de Municípios estava pleiteando a prorrogação do prazo para 2018, a fim de evitar a criminalização dos prefeitos cujos municípios não consigam fechar seus lixões dentro do prazo atual. Ainda segundo o jornal, as cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as que mais usam lixões, principalmente no interior (Caderno Sustentabilidade, p. 9).

Figura 12 – Aterro sanitário

Fonte: http://eco4u.wordpress.com/tag/aterros-sanitarios (acesso em 12/3/2014)

Tendo em vista a proporção mostrada no gráfico 1 e considerando que a disposição em aterro deveria ser a última das opções a ser adotada no manejo de resíduos sólidos, após a reutilização, reciclagem etc. (Brasil, 2010a, art. 9º), apenas 1,5 kg de cada 10 kg deveria ir para os aterros sanitários. Vimos, no entanto, que a realidade é distinta. Em Curitiba, que é uma das capitais que tem um dos melhores índices de reciclagem do Brasil, apenas 21% dos resíduos secos, correspondentes aproximadamente a 1 kg destes 10 kg, são reciclados. Portanto, mesmo na chamada

“Cidade Ecológica do Brasil”, há ainda muito resíduo indo parar nos aterros, até porque a cidade não faz compostagem dos resíduos domiciliares orgânicos.

Ainda com relação à destinação e disposição final de resíduos sólidos ou rejeitos, a lei proíbe o seu lançamento em praias, no mar, em quaisquer corpos hídricos e in natura a céu aberto (excetuados os resíduos de mineração), bem como a sua queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licenciados para essa finalidade (Brasil, 2010a, art. 47).

Quanto à incineração, há no país um movimento contrário a que ela faça parte das alternativas de destinação correta dos resíduos sólidos. O movimento é integrado por diversas redes e entidades ambientalistas, entre elas a Rede Gaia (Aliança Global para Alternativas à Incineração) e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais

Recicláveis (MNCR), que se reuniram em São Paulo em 2011 e criaram a Coalizão Nacional contra a Incineração do Lixo. Além dos atos e eventos que tem promovido, o movimento lançou o “Manifesto contra a incineração, pela reciclagem e reutilização dos materiais do lixo domiciliar”. Segundo o documento, a incineração

[...] é das alternativas de gestão de resíduos que mais gera gases de efeito estufa e a que mais desperdiça energia; é das alternativas de gestão que menos gera postos de trabalho e que compete com os catadores de materiais recicláveis pelos materiais recicláveis secos.31