• Nenhum resultado encontrado

Determinação do ambiente tectono-magmático dos cromititos de Mumbuca e Petúnia

7. QUÍMICA MINERAL DOS CROMITITOS

7.4. Características Químicas da Cromita nos Cromititos de Mumbuca e Petúnia

7.4.2. Determinação do ambiente tectono-magmático dos cromititos de Mumbuca e Petúnia

Fe2+)] vs. Cr# [Cr/(Cr + Al)] (fig. 40b), Cr

2O3 vs. TiO2 (fig.40a) e Al2O3 vs. TiO2 (fig. 40c), para

realizar uma classificação preliminar em função do tipo de cromitito onde a cromita ocorre e do seu ambiente tectono-magmático generalizado. Assim os cromititos de Mumbuca tem uma correspondência razoável com o campo dos cromititos estratiformes, sobretudo no diagrama Mg# vs. Cr# (figura 40b). Por outro lado, as análises dos cromititos de Petúnia ficam fora de qualquer campo neste diagrama, entretanto no diagrama Cr2O3 vs. TiO2 tais

análises se agrupam ao longo do limite do campo dos cromititos podiformes e alguns deles se projetam neste campo (fig.40a). Isto não é conclusivo, pois como será destacado mais

82

adiante por meio dos diagramas de Irvine (1967) e dos diagramas de Barnes e Roeder (2001), as análises de Petúnia não se ajustam às tendências nem aos contornos estabelecidos nos diferentes diagramas para cromititos ofiolíticos (fig.42).

Figura 40. a) Composição da cromita em termos de Cr2O3 vs. TiO2 (% em peso; discriminação de campos

segundo Ferrario e Garuti 1988 e Arai et al. (2004 apud BAUMGARTNER et al. 2013, p.484), b) Diagrama de classificação para cromitas Mg# [(Mg/(Fe2++Mg)] vs. Cr# [(Cr/Cr+Al)] (discriminação de campos segundo IRVINE 1967 e Leblanc e Nicolas 1992 (apud BAUMGARTNER et al. 2013, p. 484), c) Composição da cromita no diagrama Al2O3 vs. TiO2. A discriminação de campos para basaltos de dorsal meso-oceânica (MORB), basaltos de ilhas oceânicas (BIO), grandes províncias ígneas (GPI), basaltos de arco de ilha (ARC), segundo Kamenetsky et al. (2001 apud BAUMGARTNER et al. 2013, p. 484).

A respeito dos ambientes tectono-magmáticos, a figura 40c mostra que a maioria das análises para os dois cromititos (Mumbuca e Petúnia) se concentra principalmente dentro e na vizinhança do campo de basaltos de arcos de ilhas (ARC). Algumas análises dos cromititos de Mumbuca ocorrem dentro da intersecção entre os campos correspondentes a basaltos de arcos de ilhas e os de basaltos de dorsal meso-oceânica (MORB).

83

Figura 41. a) Cátions trivalentes, b) Fe3+/(Fe3++Cr+Al) vs. TiO

2 (% em peso) c) XFe vs. Cr/(Cr+Al) d) XFe vs.

Fe3+/(Fe3++Cr+Al) para as os cromititos de Mumbuca e Petúnia, mostrando os contornos de densidade para os

cromititos de complexos estratiformes segundo Barnes e Roeder (2001). A linha mais fina representa o contorno do 90° percentil e a linha mais grossa representa o contorno do 50° percentil. XFe=[Fe2+/(Fe2++Mg)].

As análises dos cromititos de Mumbuca apresentam boa concordância com os contornos para cromititos de intrusões estratiformes (fig. 41). Assim, a maioria destas análises ocorre dentro do contorno que representa o 90° percentil (90% de análises da subcategoria), determinado por Barnes e Roeder (2001) para os diagramas que definem a composição do Cr-espinélio em cromititos associados a intrusões estratiformes. Na maioria dos diagramas discriminantes de relações catiônicas, uma parte do conjunto das análises de Mumbuca se concentra no campo do 50° percentil. Tal concordância é congruente com o ajuste razoável dos cromititos de Mumbuca com o campo dos cromititos do tipo estratifome nas figuras 40a e b, razão pela qual é possível sugerir que os cromititos de Mumbuca foram formados em complexos máficos-ultramáficos estratiformes. As análises para os cromititos de Mumbuca não tem coincidência com os campos para cromititos ofiolíticos, apenas no diagrama ternário para os cátions trivalentes e no diagrama de Fe3+/(Fe3++Cr+Al) vs. TiO

2 (fig. 42b)

84

Figura 42. a) Cátions trivalentes, b) Fe3+/(Fe3++Cr+Al) vs. TiO2 (% em peso); c) XFe vs. Cr/(Cr+Al); d) XFe vs.

Fe3+/(Fe3++Cr+Al) para as os cromititos de Mumbuca e Petúnia, com os contornos de densidade para os cromititos ofiolíticos segundo Barnes e Roeder (2001). A linha mais fina representa o contorno do 90° percentil e a linha mais grossa o de 50° percentil. XFe=[Fe2+/(Fe2++Mg)].

Por outro lado, as análises dos cromititos de Petúnia estão fora dos contornos definidos para cromititos de intrusões estratiformes em todos os diagramas discriminantes de relações catiônicas (fig. 41), porém geralmente tais análises encontram-se na vizinhança do contorno que representa o 90° percentil de Barnes e Roeder (2001). A exceção pode ser observada no diagrama Fe2+/(Fe2++Mg) vs. Fe3+/(Fe3++Cr+Al) (fig. 41d), onde o contorno

apresenta uma razão Fe2+/(Fe2++Mg) (XFe) menor em relação aos dados de Petúnia, que

geralmente apresentam razão Fe3+/(Fe3++Cr+Al) caracteristicamente baixa

comparativamente com os cromititos de Mumbuca, já que estes últimos foram provavelmente gerados em intrusões estratiformes que representam ambientes mais próximos à superfície, onde fO2 é mais variável e geralmente maior.

85

Figura 43. a) Cátions trivalentes, b) Fe3+/(Fe3++Cr+Al) vs. TiO2, c) XFe vs. Cr/(Cr+Al) d) XFe vs.

Fe3+/(Fe3++Cr+Al) para as os cromititos de Mumbuca e Petúnia, mostrando os contornos de densidade para os espinélios metamórficos segundo Barnes e Roeder (2001). A linha mais fina representa o contorno do 90° percentil e a linha mais grossa representa o contorno do 50° percentil. XFe=[Fe2+/(Fe2++Mg)].

Só no diagrama ternário para os cátions trivalentes (fig. 42a) e no diagrama Fe3+/(Fe3++Cr+Al) vs. TiO

2 (fig. 42b) para cromititos ofiolíticos, as análises de Petúnia se

projetam dentro do contorno correspondente ao 90° percentil, portanto sem uma coincidência suficiente para afirmar que os cromititos de Petúnia são do tipo ofiolítico, já que nos diagramas Fe2+/(Fe2++Mg) vs. Fe3+/(Fe3++Cr+Al) (fig. 42d) e Fe2+/(Fe2++Mg) vs. Cr/(Cr +

Al) (fig.42c) as análises se encontram bastante afastadas do contorno do 90° percentil. Contudo, as análises dos cromititos de Petúnia têm uma concordância bastante razoável com os campos composicionais para espinélios de rochas metamórficas de alto grau (fig. 43), fato que condiz com características observadas nas amostras, principalmente durante a caracterização petrográfica. Assim, a variação de tamanho bimodal dos cristais de cromita nos domínios maciços (capitulo 6), relacionada à recristalização da cromita em cristais menores concomitantemente à deformação nos cromititos de Petúnia; a diferença nas formas cristalinas entre os cromititos de Petúnia e Mumbuca, com predomínio de cristais idiomórficos no último; e, do ponto de vista composicional, a razão Cr/(Cr + Al) mais alta na cromita de Petúnia em relação à de Mumbuca (Fig 43b), além da distribuição das análises dos cromititos de Petúnia em relação ao Al no diagrama ternário de elementos trivalentes (explicada na seção 7.4.1), que para Evans e Frost (1975) seria relacionada ao

86

metamorfismo progressivo do espinélio são fatores que apoiam a hipótese de que os cromititos de Petúnia sofreram os efeitos de metamorfismo de alto grau. Provavelmente, esta seria a razão pela qual as análises dos cromititios de Petúnia não apresentem uma concordância razoável com os dois principais tipos de cromititos, como descrito acima.

87

8. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

O terreno estudado localiza-se numa zona de transição entre o Cráton de São Francisco (Complexo Campos Gerais - CCG, Faixa Mumbuca, Domínio Autóctone) e um conjunto de terrenos e escamas de empurrão de escala crustal (representados pelo Complexo Petúnia), que convergiram para leste contra o Cráton, configurando uma paleo-sutura de colisão continental E-W. Esta região caracteriza-se por uma estruturação complexa, na qual as unidades litológicas exibem um alto grau de deformação dúctil e dúctil/rúptil, que é evidenciado por elementos estruturais típicos de uma zona de cisalhamento. A estruturação complexa e o alto grau de deformação da zona estudada também influenciaram os cromititos, cujas estruturas e texturas originais foram modificadas em grau variável em resposta à intensa deformação.

8.1. Diferenças entre as Associações Litológicas da Faixa Mumbuca (Domínio