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5.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MEMBRANAS DE QUITOSANA

5.2.1 Determinação da variação de peso entre as membranas

O peso médio das membranas estudadas foi encontrado na faixa de 0,020 – 0,025 g, indicando que a variação de peso foi pequena, apresentando uma semelhança de massa próxima entre os sistemas (Figura 12). Apenas houve diferença estatística significativa entre o sistema I (controle) com as amostras IV e VI (p-valor <0,05).

Figura 12: Representação gráfica da variação de peso das membranas (n=6)

I II III IV V VI 0.015 0.020 0.025 0.030 0.035 m a s s a ( g ) Membranas I=Controle II=TA III=BCD+TA IV=HPBCD+TA V=HPBCD+TEA1+TA VI=HPBCD+TEA2,5+TA

Fonte: autoria própria.

As amostras das membranas de quitosana foram aumentando de peso à medida que aumentava a massa dos componentes ao sistema, mas em média as membranas apresentaram um valor próximo de 0,023 g. Este peso torna-se um valor aceitável quando comparado com outras membranas desenvolvidas em outros estudos, que obtiveram tiras de lâminas orais de quitosana maiores (2 x 3,5 cm) com peso variando de 0,054 a 0,079 g e contendo agentes plastificantes (CARDELLE-COBAS et al., 2015). Esse comportamento também foi observado em outro estudo que desenvolveu filmes orais utilizando nanopartículas poliméricas de lercanidipina, à medida que aumentava a quantidade de componentes no sistema aumentava também seu peso, variando de 18 a 45 mg (CHONKAR et al., 2016). Entretanto, nas membranas obtidas neste estudo apresentaram-

se com uma variação de massa muito pequena quando comparado com os estudos na literatura, mesmo na ausência de plastificantes e reticulantes. Talvez, a presença das CDs juntamente com a TEA nestas membranas possam ter ajudado a manter uma maior estabilidade nesta propriedade, não interferindo no aumento da massa.

5.2.2 Análise de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A Figura 13-I mostra a membrana de quitosana sem fármaco (controle) com uma superfície lisa e com a presença de alguns pontos salientes, provavelmente trata-se de algum material da quitosana que não foi disperso em meio ácido. Nas imagens da Figura 13-II, mostra a membrana que contém a TA sem solubilizantes exibindo agregados irregulares em sua superfície, com aspecto heterogênea e irregular, sugerindo a não dispersabilidade da TA neste sistema. Achados semelhantes foram observados na incorporação de nanopartículas de quitosana com timol em filmes de quitosana-quinoa em que a superfície das membranas se mostraram irregulares com a incorporação das nanopartículas (MEDINA et al., 2019). Fato também observado na incorporação de óleo essencial de Eucalyptus globulus em membranas de quitosana, principalmente quando a concentração de óleo essencial era aumentada (HAFSA et al., 2016).

Enquanto que, as membranas que eram compostas com agentes solubilizantes e co- solventes apresentaram superfície homogênea e com ausência de partículas e agregados irregulares, com destaque para os sistemas contendo a HPβCD (Figura 13-IV a VI). Situação homogênea também conseguida por pesquisadores na obtenção de filmes de quitosana com incorporação de antioxidantes naturais, na qual apresentaram uma superfície homogênea sem separação de fases entre os polissacarídeos, indicativo de uma adequada solubilização dos componentes das membranas (LOZANO-NAVARRO et al., 2018).

Diante disto, a dispersabilidade da TA com adjuvantes solubilizantes utilizados nesta pesquisa permitiu a obtenção de membranas lisas e homogênea quando comparadas com a membrana de quitosana controle. Esta característica qualifica estes sistemas como possível potencial para formação de membranas precisas e eficientes para controlar a liberação e direcionamento do medicamento na concentração desejada através da mucosa (TRAN; TRAN, 2019).

Figura 13: Fotomicrografias eletrônicas de varredura das membranas de quitosana. I: Controle; II: TA; III: TA-βCD; IV: TA-HPβCD; V: TA-HPβCD-TEA 1%; VI: TA- HPβCD-TEA 2,5%, com aumento de 500 e 8.000 x

Nas imagens das membranas seccionadas evidenciou-se uma morfologia bem semelhante entre elas, uniforme e homogênea, conforme pode ser visto na figura 14. A partir dessas fotomicrografias foi possível dimensionar as espessuras das membranas utilizando o software do equipamento MEV-FEG. Na figura 15, apresenta as medidas das espessuras das membranas, que variaram de 43,36 a 62,99 µm apresentando estatísticamente diferenças entre si, em comparação múltipla (p-valor <0,05).

Figura 14: Fotomicrografias eletrônicas de varredura das membranas de quitosana seccionadas. I: Controle; II: TA; III: TA-βCD; IV: TA-HPβCD; V: TA-HPβCD-TEA 1%; VI: TA-HPβCD-TEA 2,5%, com aumento de 500 x

Fonte: autoria própria.

Figura 15: Medidas das espessuras da membranas obtidas pelo MEV-FEG (n=5)

I II III IV V VI 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 I- Controle II- TA III- BCD+TA IV- HPBCD+TA V- HPBCD+TEA1+TA VI- HPBCD+TEA2,5+TA es pe ss ura (m ) Membranas

Todavia, estas medidas de espessura das membranas apresentaram-se dentro de valores adequados, estando praticamente enquadrados numa espessura próxima de um filme bucal ideal que deve ser de 50 a 1000 µm (NAIR et al., 2013). Outros valores parecidos foram encontrados em alguns estudos, como na obtenção de filmes de quitosana incorporados de antioxidantes naturais, com espessuras de 52 a 71 µm (SOUZA et al., 2017). Espessura (± 40 µm) também observada na formulação de filmes de quitosana contendo extrato de açafrão (KALAYCIOĞLU et al., 2017). Ademais, filmes orais contendo nanopartículas de cloridrato de lercanipidina também apresentaram espessuras uniformes, dentro da faixa de 55 a 67,5 µm (CHONKAR et al., 2016). As espessuras das membranas obtidas juntamente com os seus valores de massa, corroboram com a robutez do ensaio de obtenção destes sistemas. Tendo em vista, que a presença dos componentes não interferiram nestas propriedades estudadas.

5.2.3 Análise de Microscopia de Força Atômica (MFA)

O estudo de MFA permite avaliar a rugosidade do material estudado e correlacionar com a microscopia eletrônica de varredura. Além disso, a rugosidade da superfície é um dos parâmetros úteis para descrever informações qualitativas e quantitativas sobre a aparência (VUDDANDA et al., 2017). As amostras contendo TA apresentaram rugosidade das superfícies semelhantes entre si com valores de 30,34 a 88,49 nm, enquanto que a membrana controle apresentou um valor de rugosidade de 183,33 nm (Figura 16).

A análise de MFA foi realizado para melhor entender a influência da adição dos componentes da formulação na superfície das membranas. Neste estudo observou-se que a adição dos componentes (fármaco, solubilizante e co-solvente) promoveu uma menor rugosidade quando comparada com a membrana de quitosana controle (sem aditivos), em que o valor de rugosidade caiu de 183 nm para aproximadamente 30 nm com a incorporação dos ativos. Fato não observado em outras pequisas, como no estudo que fizeram filmes orais contendo nanocristal de tadalafil, cuja adição deste fármaco aumentou a rugosidade superficial dos filmes. Tal aumento foi proporcional a quantidade de tadalafil incorporada na membrana (VUDDANDA et al., 2017). Comportamento também semelhante reportado no estudo de membranas de quitosana reticuladas ionicamente com tripolifosfato pentassódico (TPP), que também aumentaram a rugosidade superficial com a adição do reticulante (GIERSZEWSKA; OSTROWSKA-CZUBENKO, 2016).

Figura 16: Imagens topográficas das superfícies das membranas por MFA (3D), onde temos, I: Controle; II: TA; III: TA-βCD; IV: TA-HPβCD; V: TA-HPβCD-TEA 1%; VI: TA-HPβCD-TEA 2,5%

Fonte: autoria própria.

Entretanto o sistema desenvolvido neste trabalho, conseguiu forma membranas com menor rugosidade, devido as características de complexação dos componentes do sistema. Dessa forma, reduziu a superfície de contato e aumentou a possibilidade de obtenção de um novo sistema de liberação modificada da TA. E esta aparência da superfície mais lisa e homogênea corroborou com as imagens obtidas pelo MEV-FEG.

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