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Determinação do Índice de divulgação do risco

3. Método de pesquisa

3.3. Metodologia

3.3.2. Determinação do Índice de divulgação do risco

Concluída a definição e análise da metodologia utilizada neste estudo, passamos de seguida para a definição das etapas a seguir na determinação dos índices do relato por tipo de risco, por forma a que, no final, se possa determinar o índice global do relato do risco. A figura 1 apresenta as etapas para a determinação do nível de relato de risco:

Como podemos verificar, o processo de determinação do índice do relato, é composto por quatro etapas, iniciando-se com a recolha dos relatórios anuais das empresas da amostra, passando depois para a leitura narrativa, identificação e classificação das frases de risco, que segundo Linsley & Shirves (2006), deve ser efetuada de forma a criar e estipular as regras de decisão a aplicar para a categorização das frases. Basells (2003, p. 4) define a etapa de caracterização, como sendo “uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por

diferenciação, através do agrupamento por género (analogia), a partir de critérios previamente definidos”.

Tendo em conta a literatura abordada, procedemos à categorização das frases, a qual envolve um conjunto de passos:

Realização de uma primeira leitura dos relatórios, classificando provisoriamente as frases, de forma a criar regras de decisão quanto às classificações a efetuar;

Realização de uma segunda leitura, de forma a categorizar definitivamente as frases;

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Realização de uma última analise, de forma a verificar a consistência na codificação das frases, validando deste modo a classificação efetuada.

Como já mencionado anteriormente, a realização da análise implica definir o enquadramento das frases. Ou seja, é indispensável a definição dos elementos chave catalogados com o tema, os quais, de alguma forma, poderão vir refletidos no relato, e que iremos denominar por “itens de divulgação do risco”. Estes itens de divulgação do risco podem ser divididos em várias categorias. Para tal, optamos pela tipologia usada por Linsley & Shirves (2006), e que esquematizamos na Tabela 7:

Tabela 7: Itens de divulgação de risco

Tipo de risco Itens de Divulgação

Risco Financeiro Taxas de juro Taxa de câmbio Risco commodities Risco liquidez Risco de crédito Risco Operacional Satisfação do cliente

Desenvolvimento de produtos/ projetos Eficiência e desenvolvimento operacional Obsolescência de equipamentos

Falha de equipamentos Perdas de pessoas chave Ambiente

Saúde e Segurança Erosão da marca

Desastres físicos (Incêndio/explosão) ou catástrofes

Risco Estratégico

Análise Ambiental (problemas económicos nacionais e regionais) Indústria (problemas no sector)

Carteira de negócios (capacidade de atrair capitais) Concorrentes Preços Avaliação Planeamento Ciclo de vida Medição de desempenho Regulamentação Soberano e Politico

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Fonte: adotado de Linsley & Shirves (2006)

Linsley & Shirves (2006) propuseram a divisão dos riscos em seis áreas distintas, caracterizando-as em R. Financeiro, Risco Operacional, Risco Estratégico, Risco Empowerment, Risco. Processamento de Informação e Tecnológico e por último, Risco Integridade. Em cada categoria são apresentadas um conjunto de informações relacionadas, que poderão vir relatadas de forma direta ou indiretamente levar ao seu propósito, para depois permitir, de forma consistente, identificar e categorizar os itens de divulgação. Além da definição dos itens de divulgação do risco, a categorização das frases exige a criação de regras de decisão, de forma a permitir-nos ter uma análise concisa, com um nível de subjetividade mínimo, e um nível máximo de segurança e credibilidade.

Linsley & Shirves (2006) definem um conjunto de regras para a identificação de divulgação de risco, as quais sumariamos na Tabela 8:

Tabela 8: Regras de identificação de divulgações de risco Regras para a identificação de divulgações de risco:

 As frases devem ser codificadas como divulgações de risco, quando, nelas existir alusões ou indicações de oportunidades, perigo, dano, ameaça ou exposição, que já ocorreram ou que possam vir a ter impacto no futuro;

 A categorização do risco deve ser interpretada consoante o seu impacto esteja associado a notícias “boas”,“más” ou “neutras”;

 O tipo de divulgação de risco, deve ser sempre classificado de acordo com a tipologia de risco definida para o estudo;

 Na presença duas ou mais identificações, o item de divulgação da sentença deve ser codificado, de acordo com o seu grau de importância e de ênfase. O que apresentar maior relevância é o que será Risco Empowerment

Liderança e Gestão

Outsourcing

Incentivos de desempenho

Capacidade de resposta (rapidez na tomada de decisões) Comunicação Risco Processamento de Informação e Tecnológico Integridade Acesso Disponibilidade Infraestrutura

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 Quando em presença de quadros, tabelas ou gráficos que proporcionem informação de riso, são consideradas como frases e codificadas devidamente como tal;

 Qualquer sentença que se repita, deve ser contabilizada na mesma proporção que se repete;  A codificação das sentenças apenas é contabilizada, quando a divulgação de risco for

expressamente indicada;

 Sempre que uma divulgação seja em termos monetários, a mesma deve comunicar o seu impacto financeiro.

Fonte: adotado de Linsley & Shirves (2006)

Para além do que já foi dito para o processo de caracterização das frases, existe a necessidade de se fazer também a classificação consoante algumas especificidades, nomeadamente no que respeita ao período temporal (se se refere ao passado ou ao futuro), ao nível económico (se a informação comunicada é apresentada em termos monetários ou não-monetários) e, por fim, quanto ao tipo de notícias (se se refere a notícias “boas”, “más” ou “neutras”).

De forma a sintetizar a análise de conteúdo, utilizamos uma grelha, onde, se foi completando à medida que surgia um item de divulgação de risco, para nos permitir concluir acerca da caracterização do relato dos riscos do tipo de risco divulgado com maior frequência e do índice de divulgação efetuado pelas empresas da nossa amostra. O Anexo 2 apresenta o exemplo da Grelha da análise do conteúdo, para a empresa Cimpor (de todas as empresas que compreendem a amostra, é a que apresenta um maior número de identificação de risco).

Após a conclusão da identificação, codificação e preenchimento das grelhas da análise do conteúdo para cada umas das empresas da amostra, reunimos o número de identificação de cada empresa com o intuito de retirar todas as conclusões que advêm da divulgação de risco, e desta forma determinar o índice de divulgação do risco, ou seja, a variável dependente, já definida anteriormente, no ponto 3.1.

Neste sentido, além do cálculo do rácio denominado por índice do relato do risco por empresa, determinámos também o índice de relato por tipo de risco (Financeiro, Operacional, Estratégico,

empowerment, tecnológico e Processamento de Informação por fim, risco de Integridade) e o

índice das variáveis independentes, no que respeita ao sinal económico, à referência temporal e por fim, a qualidade do item de divulgação.

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Concluída a determinação dos índices de divulgação do risco, e com base nas variáveis independentes, nomeadamente a dimensão, o endividamento, o desempenho e o risco sistemático, explicadas no ponto 3.1, prosseguimos então para a análise e tratamento estatístico dos dados, através do programa estatístico denominado PASW statistical, versão 18.0.

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