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O que determina o que somos ou fazemos?

No documento Sociologia II (páginas 85-87)

E agora? O que diferencia a espécie humana dos outros animais? O que marca o surgimento da cultura?

Aula 13 O que determina o que somos ou fazemos?

Continuando nosso estudo, vamos conhecer a analisar:

– O determinismo biológico; – O determinismo geográfico; – Algumas consequências sociais;

– As influências destes determinismos sobre a análise da diversidade cultural brasileira.

Você já ouviu sobre os determinismos? A expressão determinismo quer

dizer que as coisas, as realidades ou situações já estão definidas, que nada podemos fazer para modificar. Vejamos o que esse determinismo tem a ver com a questão biológica e a geográfica:

O determinismo biológico afirma que as diferenças genéticas determinam as diferenças culturais. Observe as afirmações abaixo:

“os nórdicos são mais inteligentes do que os negros; os judeus são avarentos e negociantes; os norte-americanos são empreendedores e interesseiros; os brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a imprevi- dência dos índios e a luxúria dos portugueses.”

Já o determinismo geográfico afirma que o ambiente físico condiciona a di- versidade cultural. O clima é um fator importante na dinâmica do progresso. Analise as afirmações a seguir:

“acima da linha do equador estão os povos mais civilizados. O nordes- te brasileiro tem uma população pobre por causa do calor e no sul a população é mais rica porque o clima frio a favorece.”

Pois bem, podemos aceitar esses determinismos sem questioná-los? Como é possível determinarmos a inteligência ou a riqueza de alguém apenas pela questão biológica ou geográfica? Apesar de muitas pessoas acreditarem que as coisas já estão determinadas para nós, devemos buscar outras explicações com base no processo histórico, político, econômico e social. Assim pode- mos concluir que:

Nome Literário: Caminha, Adolfo.

Nome Completo: Caminha, Adolfo Ferreira. Nascimento: Aracati, CE, 29 de maio de

1867. Falecimento: Rio de Janeiro, RJ, 1º de janeiro de 1897

Figura 13.1: Adolfo Caminha

Fonte: http://pt.wikipedia.org

a) o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de endoculturação, ou seja, nós assimilamos os valores culturais, aquilo que é importante para nosso grupo, as regras, o certo e o errado. Portanto, um menino e uma menina agem diferente- mente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.

a) as diferenças existentes entre homens não podem ser explicadas em ter- mos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais terrível dos predadores.

Vejamos como esses determinismos serviram de explicações sobre a “natu- reza humana” de negros e brancos no Brasil. Para isso utilizaremos, a obra

Bom-Crioulo de Adolfo Caminha. Nesta obra, Caminha nos possibilita per-

cebermos dois momentos de nossa história: o fim da escravidão e o início da República. Você vai fazer um pequeno passeio para compreender como algumas teorias acabam se transformando em explicações que interferem na análise sobre alguns grupos sociais brasileiros.

Adolfo Caminha, que fez parte do corpo da Marinha nos anos de 1883 até 1890, trabalha uma temática ousada demais – homossexualismo e crime passional - para aquela época, construída com personagens da marinha bra- sileira. Causando escândalo e indignação, esta obra foi recebida com desa- grado e ressentimentos por parte da Marinha.

Caminha, escritor naturalista, procura mostrar a influência que o meio, a raça e o momento histórico exercem sobre o comportamento das pessoas. Neste sentido, o naturalismo evidencia e faz dos problemas que a decadên- cia social apresenta uma verdadeira tese científica, ao mesmo tempo em que apresenta um desejo de mudar as condições de existência social.

No romance naturalista, o protagonista, está mais à mercê das circuns- tâncias do que de si mesmo, parecendo não ter entidade própria, como se fosse uma marionete. Ele é objeto de estudo, de observação, e cabe ao narrador desenvolver uma tese em torno do fato que o cerca. O pa- pel do narrador naturalista é de registrar a realidade e ser tão impessoal quanto um cientista, sendo assim o romance naturalista, transforma-se em um romance de tese sobre a realidade humana

(CRUZ, Jornal de Poesia)

Além das características apontadas acima, o naturalismo apresenta a rela- ção espaço e tempo contemporâneo do autor, com personagens anti-heróis, com narrativa lenta e minuciosa de fatos e personagens, privilegia a classe social considerada miserável, ao mesmo tempo em que se propõe a escrever do ponto de vista impessoal e objetivo.

Caminha apresenta os dois principais personagens, Amaro e Aleixo. Cada um representa o antagonismo entre o negro, Amaro, que era escravizado, depois foge e,é condenado pela raça, vivia em meio miserável e Aleixo, re- presentante da raça branca. Ele também sofre a influência do meio e da con- vivência com Amaro. Mas quando Aleixo fica distante de Amaro, consegue livrar-se de sua influência, o que prova que suas atitudes eram decorrentes do meio. Isto permite concluir que os determinismos, presentes nesta obra eram desfavoráveis para Amaro, mas totalmente favorável para Aleixo.

Amaro é considerado pervertido por conta do determinismo da raça, ou seja, por causa das heranças genéticas, biológicas. Esta herança determina suas atitudes, seu comportamento sexual, sua força física e muitas vezes sua passividade. Assim sendo, não há possibilidade de mudanças. E mais do que isso, como consegue ser persuasivo, acaba envolvendo “o belo marinheiro de olhos azuis, que embarcara no sul” (CAMINHA: 2007, p.29).

As características físicas de Amaro são assim identificadas:

No documento Sociologia II (páginas 85-87)