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Devem ser estabelecidas as parcerias necessárias para garantir a correta identificação dos restos

LINHA MUITO ALTA TENSÃO: ≥ 110 ≤400 k

CONTEUDO DO PROGRAMA DE MONITORIZAÇÃO

11. Devem ser estabelecidas as parcerias necessárias para garantir a correta identificação dos restos

encontrados, podendo ser feita a identificação de penas seguindo bibliografia disponível (Brown et al. 1987) e a identificação de fragmentos ósseos por recurso a uma coleção de referência (p. ex. a da Osteoteca do Instituto Português de Arqueologia).

Metodologia para determinação das taxas de remoção de cadáveres por necrófagos:

A taxa de remoção de cadáveres por necrófagos será determinada através da colocação de cadáveres de aves domésticas em troços selecionados que são visitados posteriormente para verificar da sua permanência no terreno. - Protocolo de colocação dos cadáveres:

Os cadáveres a utilizar deverão ser de diferentes classes de dimensão representativas das aves que na área em questão sejam vítimas potenciais daquelas infraestruturas. Podem ser usadas codornizes e perdizes, e ainda cadáveres maiores (como faisão) em linhas em que seja previsível a ocorrência de mortalidade de espécies de maior dimensão (e.g. abetarda, grou, cegonha, rapinas). Os cadáveres deverão ser colocados frescos, usando para o efeito luvas, e devem ser previamente marcados - por exemplo através do corte da ponta da asa - de forma a não os confundir com uma ave efetivamente morta nas linhas elétricas.

A colocação dos cadáveres deve ser aleatória (nos dois eixos da faixa de prospeção: largura e comprimento), mas garantindo um mínimo de 100 m de distância entre eles. Em cada experiência de remoção, os cadáveres devem ser distribuídos por diferentes habitats de acordo com a sua representatividade no corredor da linha monitorizada. Como tamanho da amostra, sugere-se no mínimo 20 cadáveres a utilizar para cada fator considerado nas experiências (e.g. tamanho do cadáver, época do ano), devendo esse número passar para 30 no caso de se utilizarem apenas 2 classes de tamanho.

- Protocolo de visitas para verificação dos cadáveres deixados no terreno:

Os locais onde decorrem os ensaios devem ser visitados diariamente até ao 4º dia (inclusive) e depois ao 7º, 14º e 21º dias após a colocação, para verificação da sua permanência ou não no terreno ou de eventuais vestígios de predação. Este protocolo permite a obtenção de curvas de remoção, necessárias para o cálculo de probabilidades médias de permanência de cadáveres num período de tempo conhecido anterior a uma prospeção, segundo os estimadores mais recentes (e.g. Huso 2010).

Nas visitas de verificação deve ser considerada uma “remoção de cadáver” apenas quando há remoção total, ou seja, quando não ficam vestígios suficientes para se considerar uma prova de mortalidade (assumindo o mesmo critério usado nas prospeções).

Na análise dos resultados, deve ser analisada a variável tamanho do cadáver (2 a 3 classes, como acima especificado) e avaliado o efeito do fator época do ano (invernada, reprodução, dispersão pós-reprodução, migração outonal).

A taxa de remoção de cadáveres será determinada para cada época do ano e para cada classe de tamanho de ave.

Metodologia para determinação das taxas de deteção pelos observadores

Esta taxa deverá ser determinada pela colocação de cadáveres de aves domésticas ou, preferencialmente, modelos de aves, com textura e cor aproximadas das encontradas em aves selvagens, em locais desconhecidos de um segundo colaborador. Procede-se ao registo do número de cadáveres encontrados pelo observador num período de tempo equivalente ao que despenderia na habitual prospeção de cadáveres.

Os modelos devem ser colocados de forma aleatória nos dois eixos espaciais, ou seja, tanto na largura da faixa de prospeção como no comprimento do troço de linha utilizado para a experiência, sendo sugerido que a extensão do troço de linha para a realização de cada experiência não seja inferior a 1 km por cada 10 modelos a colocar. A capacidade de deteção de cadáveres será determinada para cada tipo de habitat, sendo testadas situações de dificuldade de deteção (categorizadas em 3 níveis) que sejam representativas da variabilidade de condições (altura e densidade de vegetação) existentes na área de estudo.

- Variáveis a analisar: as experiências de deteção devem ser desenhadas de forma a considerar os fatores tamanho do modelo (3 níveis) e dificuldade de deteção (3 níveis, com base na densidade e altura da vegetação). - Tamanho da amostra: para cada combinação de nível de dificuldade e tamanho de modelo, deve ser feita uma experiência de deteção com um mínimo de 10 aves/modelos, sendo cada uma destas experiências replicada um mínimo de 3 vezes. Devem participar nos testes de deteção os observadores que efetuam as prospeções, sendo que diferentes observadores podem ser considerados replicados do ensaio.

Para que o fator dificuldade de deteção seja corretamente incorporado na estimativa da mortalidade real, no âmbito das prospeções de mortalidade deve ser feita uma classificação (por época do ano) dos troços amostrados (ou frações deles) de acordo com os referidos 3 níveis de dificuldade de deteção, de forma a determinar (por tamanho de ave) quais os fatores de correção para cada troço (ou parte) em cada época do ano.

Nota para cálculo da percentagem do troço prospetado eficazmente

Os observadores estimarão a percentagem de troço onde não é possível conduzir uma prospeção eficaz (por exemplo vegetação muito densa, plano de água, cercado com animais domésticos). Se esse valor ultrapassar 20% o troço deverá ser eliminado.

Saliente-se que o desenho experimental da amostragem da mortalidade de aves deverá ser feito de modo a permitir avaliar a eficácia das medidas de minimização implementadas. Para o efeito poderá ser necessário recorrer a amostras de controlo em troços não sinalizados e ao cálculo de taxas de atravessamento (nº de aves que atravessam a linha em voo/ unidade de tempo/km), para serem posteriormente interpretadas. Da experiência obtida até ao momento, constata-se que a avaliação desta eficácia é muito difícil de obter, sendo os resultados frequentemente pouco conclusivos. Importa por isso assegurar à partida a suficiência de amostragem e considerar a possibilidade de prospetar de forma adequada os troços sinalizados e não sinalizados ou de estabelecer uma amostra de controlo representativa.

Outros parâmetros

Podem ainda ser monitorizados outros parâmetros, desde que devidamente justificada a sua necessidade e utilidade na interpretação dos resultados da monitorização, como por exemplo:

o Taxas de atravessamento e comportamento das aves: nº de aves que atravessam a linha em voo/

unidade de tempo/km, altura da passagem das aves relativamente à linha.

o Índices de abundância relativa da avifauna: poderá ser dirigida para espécies-alvo ou para a

comunidade alargada de passeriformes e espécies afins.

Metodologia para determinação das taxas de atravessamento da linha e estudo do comportamento das aves

O cálculo da frequência de voo das aves através da linha deve basear-se na contagem visual, a partir de um ponto fixo, do número de aves que passam por uma secção de linha elétrica de extensão conhecida (normalmente um vão).

Estes pontos de observação devem abranger uma amostra representativa da linha.

Em cada período de observação, além dos dados relativos à espécie e respetivas quantidades (com referência se é em bando ou não), deverão ainda ser registadas as alturas de voo das aves em relação aos cabos da linha (por cima, por baixo, entre os cabos condutores/de guarda) e pousadas nos apoios.

As taxas de atravessamento devem ser calculadas nos troços prospetados, para onde é calculada a taxa de mortalidade. Devem ser calculadas para cada época do ano. Para tal, as contagens de aves devem ser feitas dois meses de cada época, com três contagens de 1hora por mês (Nota: considera-se que a média de 6 contagens por época é razoável para uma interpretação da variação interanual.

Metodologia para determinação de índices de abundância relativa da avifauna:

A determinação dos índices de abundância das populações de aves passeriformes e espécies afins deverá ser feita preferencialmente com recurso a pontos de escuta, com distância fixa de 250m e duração de 10 minutos. O número e localização dos pontos de escuta deve constituir uma amostra significativa e representativa dos habitas presentes na área.

No entanto, outros métodos de censo poderão ser utilizados se mais adequados atendendo a particularidades da situação em causa. Nomeadamente, poderão ser justificadas outras abordagens específicas, tendo em conta as espécies-alvo. A determinação dos índices de abundância deverá ser realizada em cada época do ano e tendo em conta a representatividade de diferentes habitats.

o Efeito de exclusão: o estudo desse efeito deve ser dirigido para espécies de elevada sensibilidade,

atendendo ao tipo de utilização que fazem da área atravessada pela infraestrutura, com metodologia específica adequada às espécies-alvo. Deverá incluir a realização de um “ano zero” e monitorização na fase de construção.

o Efeitos cumulativos com outras linhas elétricas nas proximidades: no caso de haver linhas

próximas com potencial impacte cumulativo e não monitorizadas, o programa de monitorização deve abranger ambas as infraestruturas em causa.

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