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Ana Luísa Forte (DAAOT/DPAI), António Monteiro (DPAP/DCNF-Norte), Carlos Carrapato (DLAP/DCNF-Alentejo),

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Revisão coordenada por:

Júlia Almeida (DCB/DRNCN)

Contributos de:

Ana Luísa Forte (DAAOT/DPAI), António Monteiro (DPAP/DCNF-Norte), Carlos Carrapato (DLAP/DCNF-Alentejo), Carlos Pedro Santos (DPAP/DCNF-Norte), Manuela Nunes (DPAP/DCNF-Lisboa e Vale do Tejo), Maria Georgina Bastos (DAAOT/DPAI), Miguel Portugal (DPAP/DCNF-Norte) e ainda de EDP-Distribuição (Ana Carolina Janeiro, Carlos Rochinha, Nuno Mendes) e Cátedra REN em Biodiversidade (Francisco Moreira, Ricardo Martins). Uma versão prévia deste documento (2008) tinha sido preparada por António Monteiro, João Paulo Silva, Júlia Almeida e Manuela Nunes, e revista parcelarmente por Pedro Rocha, Georgina Bastos, Filipe Viegas, Paulo Barros e ainda Mãe d’Água, Lda., Bio 3, Ana Teresa Marques, João Pedro Neves.

Citação recomendada:

ICNF (2019). Manual de apoio à análise de projetos relativos à instalação de linhas aéreas de distribuição e transporte de energia

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1. INTRODUÇÃO 4

2. ENQUADRAMENTO LEGAL E PROCEDIMENTOS PARA EMISSÃO DE PARECER E PRÉVIA AUTORIZAÇÃO, INCLUINDO ANÁLISE DE

INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS E AVALIAÇÃO DE IMPACTE AMBIENTAL 6

OCASOPARTICULARDASLINHASELÉTRICASLOCALIZADASFORADEÁREASCLASSIFICADAS 9

ÁREASSUBMETIDASAREGIMEFLORESTAL 9

3. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE LINHAS ELÉTRICAS 10

TENSÃODASLINHAS 10

CABOSUTILIZADOSNASLINHASAÉREAS 10

APOIOS 11

SUBESTAÇÕES 12

INTERVENÇÕESNALINHA 13

SINALIZADORESPARAAVIFAUNA 13

SINALIZAÇÃOPARAANAVEGAÇÃOAÉREA 14

4. INTERAÇÃO DAS LINHAS ELÉTRICAS COM A AVIFAUNA 15

COLISÃO 16

ELETROCUSSÃO ERRO!MARCADOR NÃO DEFINIDO.

DISPONIBILIZAÇÃODESUPORTE 18

5. AVALIAÇÃO DO IMPACTE DAS LINHAS ELÉTRICAS NA AVIFAUNA:MÉDIA TENSÃO,ALTA TENSÃO E MUITO ALTA TENSÃO 19

SUSCETIBILIDADEDASESPÉCIESPRESENTESESEUESTATUTODEAMEAÇA 19

AFETAÇÃO DEÁREASCOMIMPORTÂNCIARECONHECIDAPARAACONSERVAÇÃODASAVES 19

ZONAMENTODORISCOCAUSADOPELASLINHASELÉTRICAS 20

6. PROCEDIMENTOS A ADOPTAR NA AVALIAÇÃO DE PROJETO S E EMISSÃO DE PARECERES 23

ANÁLISEDEALTERNATIVAS 23

MEDIDASDEMINIMIZAÇÃO 23

ASPREOCUPAÇÕESDEINTEGRAÇÃOPAISAGÍSTICA 25

ASÁREASSUJEITASAREGIMEFLORESTAL 25

EMISSÂODEPARECERES 25

7. MONITORIZAÇÃO DO IMPACTE DA LINHA 31

CONTEUDODOPROGRAMADEMONITORIZAÇÃO 31

DURAÇÃODOPROGRAMADEMONITORIZAÇÃOEPERIODICIDADEDOSRELATÓRIOS 38

8. MEDIDAS DE COMPENSAÇÃO 39

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43

ANEXO I-ESPÉCIES COM ESTATUTO DE AMEAÇA SENSÍVEIS À COLISÃO E ELETROCUSSÃO 46

ANEXO II–LISTAS DE APOIO À APLICAÇÃO DA TABELA 2 49

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1. Introdução

As linhas elétricas aéreas (doravante referidas de forma simplificada como linhas elétricas) são infraestruturas lineares com reconhecido impacte sobre a avifauna, estando identificadas como um relevante fator de ameaça para a conservação de diversas espécies. O seu impacte pode estabelecer-se a vários níveis: mortalidade devida a colisão com as linhas; mortalidade devida a eletrocussão; alteração do habitat (fragmentação e exclusão). Também se verificam interações resultantes do uso dos apoios elétricos para a instalação de ninhos, a qual ocorre com riscos associados de eletrocussão e de colisão das aves.

Ao nível europeu, esta problemática foi alvo de recomendação específica no âmbito da Convenção de Berna1

(Recomendação No. 110 (2004) do Comité Permanente), onde foram analisadas as estruturas de maior risco, identificadas as famílias de aves mais sensíveis ao risco de eletrocussão e colisão, e propostas soluções técnicas, essencialmente para a questão de eletrocussão. Esta recomendação baseia-se no documento “Protecting birds from powerlines: a practical guide on the risks to birds from electricity transmission facilities and how to minimise any such adverse effects” elaborado pela BirdLife International em 2003 a pedido daquele Comité, e que constitui um guia prático sobre os riscos para a avifauna do transporte de energia e sobre como minimizar os respectivos efeitos negativos. Disponível em:

https://wcd.coe.int/ViewDoc.jsp?p=&id=847305&Site=&BackColorInternet=B9BDEE&BackColorIntranet=FFCD 4F&BackColorLogged=FFC679&direct=true

Posteriormente, em 2011, aquele Comité adotou a designada “Declaração de Budapeste”, que apela as instituições europeias e os governos nacionais a assumirem um compromisso para conciliar a produção, transporte e distribuição de energia com a conservação das aves selvagens dentro e fora das áreas protegidas, e a realizarem um programa de ações que conduza à minimização da mortalidade das aves nas linhas elétricas no continente europeu (e para além dele).

Este manual constitui um guia metodológico para apoiar as unidades orgânicas do ICNF na apreciação das incidências das linhas elétricas sobre as aves, designadamente na elaboração de pareceres relativos a projeto s de novas linhas ou à reconversão de linhas elétricas existentes. Para além de ter como objetivo a uniformização dos pareceres e avaliações de impacte sobre a avifauna das linhas elétricas, pretende ainda fazer o ponto da situação em termos de informação relativa aos impactes das linhas elétricas sobre a avifauna.

A informação apresentada decorre fundamentalmente dos trabalhos realizados no âmbito dos protocolos de colaboração estabelecidos entre o ICNF, diversas ONGA e as entidades responsáveis pela distribuição e transporte de energia elétrica em Portugal (EDP Distribuição e REN - Rede Elétrica Nacional, respetivamente). A EDP Distribuição – Energia, S.A., é responsável pela distribuição de energia em linhas de Baixa Tensão, Média Tensão e Alta Tensão. Tendo em vista a monitorização e minimização dos impactes resultantes da interação entre as linhas elétricas aéreas de Média Tensão e Alta Tensão e a avifauna, têm sido estabelecidos desde 2003 protocolos de colaboração entre essa entidade, o ICNF, a SPEA, a Quercus e a LPN (desde 2013). No âmbito destes protocolos, tem-se quantificado e monitorizado os impactes destas infraestruturas, experimentado novas tecnologias, avaliado a eficácia dos dispositivos de sinalização e o tempo de vida útil dos

1 Convenção sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa (Convention on the Conservation of European Wildlife and Natural Habitat): tem um âmbito pan-europeu, estendendo-se a sua influência também ao norte de África para o cumprimento dos objetivos da conservação das espécies migradoras, listadas nos seus anexos, que nesse território passam uma parte do ano. Tem como objetivos conservar a flora e a fauna selvagens e os seus habitats naturais, em particular as espécies e os habitats cuja conservação exija a cooperação de diversos estados, e promover essa cooperação; é atribuído uma ênfase particular às espécies em perigo ou vulneráveis, incluindo as espécies migratórias.

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dispositivos corretivos e foram ainda elaboradas cartas de risco para espécies-alvo. Paralelamente, a EDP Distribuição tem procedido à correção de um conjunto de linhas elétricas previamente identificadas como perigosas.

A REN-Rede Elétrica Nacional é responsável pelo transporte de energia nas linhas elétricas de Muito Alta Tensão e gere pontualmente algumas linhas de Alta Tensão (60 kV). Entre 2004 e 2006, decorreu um protocolo entre essa entidade e o então ICNB (e com a participação da SPEA e a Quercus), com o objetivo geral de compatibilizar os traçados das linhas de transporte de energia elétrica com a conservação das aves em Portugal, minimizando os impactes negativos sobre a avifauna e otimizando a eficiência dos sistemas de transporte de energia elétrica.

Como resultado destes protocolos desenvolveram-se diversos estudos e produziram-se vários documentos (disponíveis no portal do ICNF em

http://www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/gestao-biodiv/prog-proj/impac-linh-avifaun).

(6)

2. Enquadramento legal e procedimentos para emissão de parecer e prévia

autorização, incluindo análise de incidências ambientais e avaliação de impacte

ambiental

A instalação de qualquer tipologia de linhas elétricas em Áreas Classificadas, fora dos perímetros urbanos, encontra-se sujeita a parecer prévio do ICNF, de acordo com o disposto na alínea h) do art.º 9.º do Decreto-Lei n.º 140/992:

- “ [dependem de parecer favorável do ICNB] a instalação de infraestruturas de eletricidade e telefónicas, aéreas ou subterrâneas (…) fora dos perímetros urbanos”. Existem, no entanto, exceções correspondentes às seguintes situações:

- Quando o PDM do concelho onde se insere a linha elétrica tiver sido adaptado nos termos do art.º 8.º do decreto acima referido, e aquela atribuição deixar de estar acometida ao ICNF;

- Quando o território de um SIC ou ZPE onde se insere a linha elétrica for abrangido por uma Área Protegida de âmbito regional ou local, esta possuir um Regulamento de Gestão, pois nesses casos a gestão compete ao respetivo órgão de gestão, podendo este ter, ou não, definido naquele regulamento a competência em causa. De acordo com o n.º 3 do art.º 1.º do Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, na sua redação atual, a construção de linhas elétricas de Muito Alta Tensão está sujeita a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) de acordo com os seguintes critérios:

a) Construção de linhas aéreas de transporte de eletricidade com uma tensão igual ou superior a 220 kV e cujo comprimento seja superior a 15 km (n.º 19 do Anexo I);

b) Instalações industriais destinadas ao transporte de energia elétrica por cabos aéreos, com tensão ≥ 110 kV (alínea b) do n.º 3 do Anexo II):

- e comprimento ≥ 10 km;

- que se localizem em Área Sensível3;

- que se localizem, parcial ou totalmente, em Área Sensível e sejam considerados4, como suscetíveis de provocar impacte significativo no ambiente em função da sua localização, dimensão ou natureza (subalínea iii) da alínea b) do n.º 3 do art.º 1.º);

- que não estando abrangidos pelos limiares fixados, nem se localizando em Área Sensível, sejam considerados, como suscetíveis de provocar impacte significativo no ambiente5 em função da sua localização, dimensão ou natureza (subalínea iii) da alínea b) do n.º 3 do art.º 1.º).

Esta legislação prevê ainda que podem ser sujeitos a AIA projeto s que em função da sua localização, dimensão ou natureza sejam considerados como suscetíveis de provocar um impacte significativo no ambiente6.

Quando os projetos são sujeitos a AIA e se localizam em Áreas Sensíveis quando Áreas Protegidas ou Rede Natura 2000, ou sejam suscetíveis de afetar valores naturais classificados, o ICNF é nomeado pela APA, I.P. para a respetiva Comissão de Avaliação.

2 Designa de forma simplificada o Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de abril, republicado pelo Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro e alterado pelo Decreto-Lei n.º 156-A/2013, de 8 de Novembro, que transpõe para o direito interno as Diretivas Aves e Habitats.

3 Áreas sensíveis: i) Áreas protegidas, classificadas ao abrigo do Decreto-Lei n.º 142/2008, de 24 de julho, na sua redação atual; ii) Sítios da Rede Natura 2000, zonas especiais de conservação e zonas de proteção especial, classificadas nos termos do Decreto-Lei n.º 140/99, no âmbito das Diretivas n.ºs 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril de 1979, relativa à conservação das aves selvagens (Diretiva Aves), e 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio de 1992, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens (Diretiva Habitats); iii) Zonas de proteção dos bens imóveis classificados ou em vias de classificação definidas nos termos da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro.

4 Por decisão da autoridade de AIA, e de acordo com os critérios estabelecidos no anexo III.

5 Por decisão da entidade licenciadora ou competente para a autorização do projeto e ouvida obrigatoriamente a autoridade de AIA, nos termos do art.º 3.º, e de acordo com os critérios estabelecidos no anexo III.

6 Por decisão conjunta do membro do Governo competente na área do projeto em razão da matéria e do membro do Governo responsável pela área do ambiente, tendo em conta os critérios estabelecidos no anexo III.

(7)

Por outro lado, a instalação de qualquer tipologia de linhas elétricas pode ser sujeita a um processo de avaliação de impacte ambiental ou de análise de incidências ambientais (AIncA), de acordo com o disposto no Art. 10º do Decreto-Lei nº 140/99:

- “As ações, planos ou projeto s (…) suscetíveis de afetar [uma ZEC ou uma ZPE] de forma significativa

(…) devem ser objeto de avaliação de incidências ambientais no que se refere aos objetivos de conservação da referida zona”.

Os Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas (POAP) ou os diplomas da criação das Áreas Protegidas podem condicionar (incluindo interditar) a instalação de linhas elétricas. Alguns planos de ordenamento são mais restritivos quanto à instalação destas infraestruturas, de acordo com o zonamento dos regimes de proteção por eles estabelecido. Do mesmo modo, e de acordo com o Decreto-Lei nº 140/99 nos SIC e ZPE da Rede Natura 2000 não coincidentes com Áreas Protegidas, os Planos Diretores Municipais deverão, na sua revisão, integrar as necessidades regulamentáveis de gestão territorial da Rede Natura 2000, devendo desse modo, e à semelhança do que acontece com os POAP, estabelecer as regras de condicionamento da instalação de linhas elétricas. O ICNF, ao integrar as Comissões Consultivas da revisão dos Planos Diretores Municipais (PDM), deverá assegurar a proposta e discussão destes condicionamentos no contexto global da integração da gestão territorial da Rede Natura 2000 nestes instrumentos.

Estas infraestruturas deverão ser devidamente ponderadas nas áreas de ZEC e ZPE no contexto dos Programas da Orla Costeira e Programas das Albufeiras de Águas Públicas, devendo posteriormente as condicionantes que lhes dizem respeito ser transpostas para os respetivos PDM uma vez que têm um carácter de permanência no solo.

Com a implementação do mais recente quadro legal do ordenamento do território (Lei n.º 31/2014 de 30 de maio e Decreto-Lei n.º 80/2015 de 14 de maio) as disposições dos POAP relativas à instalação ou ampliação de infraestruturas de produção, distribuição e transporte de energia elétrica, serão reconduzidas ao programa especial, vinculando privados ao ser integradas nos planos territoriais, nomeadamente planos diretores municipais. Caso o programa especial o preveja expressamente estes atos poderão ser sujeitos a parecer prévio da Autoridade Nacional de Conservação da Natureza.

No que se refere a situações de instalação de linhas elétricas com tensão inferior a 110 kV, o pedido de parecer é geralmente enviado ao ICNF pela entidade reguladora do sector energético (ERSE) ou outras entidades licenciadoras, a quem a EDP Distribuição solicita autorização7. Tem de ser dada atenção ao prazo

para resposta, dado que varia consoante o enquadramento da solicitação de parecer, conforme exposto seguidamente:

Prazo (dias úteis) Enquadramento

20 Regime jurídico de edificação e urbanização

30

AP com Programa Especial

Em todas as situações não especificadas, em conformidade com o Código de Procedimento Administrativo, nomeadamente:

AP quando o Regulamento do POAP não determina prazo para emissão de parecer Regime Florestal

Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 26 852, de 30 de julho de 1936, na sua redação atual

45 Decreto-Lei nº 140/99, na sua redação atual (Rede Natura 2000 sem que os PDM tenham sido adaptados nos termos do art.º 8.º do diploma citado) Consultar Em AP quando o Regulamento do POAP determina prazo para emissão de parecer

7 A Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) é a entidade licenciadora das instalações de produção e de transporte de energia elétrica e inspetora das instalações elétricas de potência igual ou superior a 10 MW e das instalações de transporte de energia elétrica. É da competência das Direções Regionais de Economia (DRE) o licenciamento e inspeção de pequenas instalações de produção em auto consumo em Baixa Tensão, bem como das instalações de segurança e de socorro, a inspeção das instalações de produção de energia elétrica de potência inferior a 10 MW e o licenciamento e inspeção das instalações elétricas de distribuição ( http://www.min-economia.pt/).

(8)

É de salientar que, no âmbito dos protocolos com a EDP Distribuição, estabeleceram-se abordagens para agilizar os processos de licenciamento, nomeadamente nas situações mais problemáticas. Assim, foi acordado naquele âmbito que a EDP Distribuição divulgará o projeto prévio de instalação de linhas elétricas para análise pelo ICNF antes do seu envio à entidade licenciadora. Desta forma, o projeto apresentado a esta entidade já integrará as recomendações de conservação da natureza, numa fase em que as alterações são mais fáceis de implementar. Este esquema está já em curso entre algumas direções da EDP Distribuição e departamentos do ICNF territorialmente desconcentrados.

Recorda-se que no caso de centros electroprodutores que utilizem fontes de energia renováveis (entre outras, eólica, solar), que não se encontrem abrangidos pelo regime jurídico de avaliação de impacte ambiental,

e cuja localização esteja prevista em áreas da Reserva Ecológica Nacional, Sítios da Rede Natura 2000 ou da Rede Nacional das Áreas Protegidas e que não sejam abrangidos por nenhuma das exclusões listadas no n.º 2 do art.º 1.º do Decreto-Lei n.º 172/2006, na redação em vigor, está prevista a realização de um procedimento de avaliação de incidências ambientais com base num estudo de incidências ambientais que deve abranger as linhas elétricas de interligação e respetivos corredores, enunciando os seus impactes, e prevendo medidas de minimização e recuperação das áreas afetadas, a implementar em fase de obra, bem como a monitorização de valores naturais que permita a avaliação dos impactes produzidos pelo projeto e da eficácia das medidas.

A remodelação de linhas elétricas de Média Tensão, Alta Tensão ou Muito Alta Tensão (upgrading /uprating), em que o pedido de parecer é feito direta mente pela EDP Distribuição ou pela REN, pode ter o seguinte enquadramento:

- alínea h) do artº 9.º do Decreto-Lei nº 140/99, respeitante a atos e atividades condicionados8 e no que se refere

a instalação de novas linhas;

- interdição geral de causar perturbação a espécies animais, prevista no art.º 11. desse diploma9.Todas as

intervenções em linhas já instaladas devem assegurar o cumprimento do disposto neste artigo, podendo ser derrogadas, em casos excecionais, nos termos do art.º 20.º, mediante licença do ICNF. Este licenciamento poderá ser condicionado ao cumprimento de medidas de minimização do impacte destas estruturas;

- A alteração ou ampliação de projetos incluídos no anexo I ou II é sujeita a AIA nos termos do n. º4 do art.º 1.º, do Decreto-Lei n.º 151-B/2013, de 31 de outubro, na sua redação atual.

Ainda com o enquadramento do art.º 11.º do Decreto-Lei n.º 140/99, a EDP Distribuição e a REN solicitam com frequência ao ICNF licença para remoção de ninhos instalados nas suas infraestruturas. Com efeito, a necessidade de manutenção das condições de serviço das linhas elétricas e de garantir proteção das espécies de aves, requerem a realização de intervenção em ninhos (em particular de cegonha branca) instalados nos apoios das linhas de Alta Tensão, Média Tensão e Baixa Tensão. Essas intervenções, são licenciadas pelo ICNF, enquadradas pelo Regime excecional definido no art.º 20.º do Decreto-Lei n.º 140/99:

De um modo geral, estas intervenções podem ser tipificadas do seguinte modo:

8 h) A instalação de infraestruturas de eletricidade e telefónicas, aéreas ou subterrâneas, de telecomunicações, de transporte de gás natural ou de outros combustíveis, de saneamento básico e de aproveitamento de energias renováveis ou similares fora dos perímetros urbanos;

9 Art.º 11.o

Espécies animais

1—Para assegurar a proteção das espécies de aves previstas na alínea a) do n.º 1 do art.º 2.º e das espécies animais constantes dos anexos B-II e B-IV, é proibido:

a) capturar, abater ou deter os espécimes respetivos, qualquer que seja o método utilizado; b) perturbar esses espécimes, nomeadamente durante o período de reprodução, de dependência, de hibernação e de migração, desde que essa perturbação tenha um efeito significativo relativamente aos objetivos do presente diploma;

c) destruir, danificar, recolher ou deter os seus ninhos e ovos, mesmo vazios;

(9)

- Transferência de ninhos;

- Reposicionamento/Aparagem de ninhos;

- Remoção de material no início de construção de ninho; - Remoção de ninhos.

Foram acordados com a EDP Distribuição procedimentos para este licenciamento, que constam de Guias Técnicos dessa Empresa e que estão indicados em Normativo Interno do ICNF.

O CASO PARTICULAR DAS LINHAS ELÉTRICAS LOCALIZADAS FORA DE ÁREAS CLASSIFICADAS

Fora das Áreas Classificadas, a entidade competente para decidir sobre estes projeto s pode condicionar a construção de linhas elétricas nos termos do previsto nos artigos 10.º (AIncA)10 ,11.º e 12.º(regime jurídico de

proteção às espécies) do Decreto-Lei n.º 140/99.

ÁREAS SUBMETIDAS A REGIME FLORESTAL

De acordo com as Deliberações n.º 1597/2013, de 27 de dezembro de 2012 e n.º 1599/2013, de 29 de janeiro de 2013, do Conselho Diretivo do ICNF, este Instituto é responsável pela gestão direta dos terrenos submetidos a Regime Florestal que constituem as Matas Nacionais e os Perímetros Florestais nelas elencados.

Assim sendo, todas as intervenções em territórios submetidos a Regime Florestal sob gestão direta do ICNF (sejam estas intervenções decorrentes da instalação de linhas elétricas ou não) estão sujeitos a prévia autorização (e não parecer) do Instituto, o qual deve também (em caso de autorização) proceder ao cálculo do valor da indemnização e à comercialização do material lenhoso e em fase de execução das obras acompanhar os trabalhos.

Para além disso, deve ser feita uma análise do projeto à luz dos critérios estabelecidos no presente Manual quanto à classificação da sensibilidade da área e propor os procedimentos e medidas consequentes conforme capítulo 6.

10 Art.º 10.º n.º 3 - Sem prejuízo do disposto nos n.os 4 e 5, nos casos não abrangidos pelo número anterior, a entidade competente para decidir das ações, planos ou projetos deve promover, previamente à respetiva aprovação ou licenciamento, a realização de uma análise de incidências ambientais.

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3. Noções básicas sobre linhas elétricas

O presente capítulo pretende introduzir alguns conceitos e informação técnica de base relacionada com este sector de atividade, que permita informar sobre o que são e como se caracterizam as linhas de distribuição e de transporte de energia elétrica.

TENSÃO DAS LINHAS

Linhas de distribuição de energia

o Baixa Tensão (BT): tensão ≤ 1000 V (≤ 1 kV)

Distribuem a energia elétrica desde os Postos de Transformação, ao longo das ruas e caminhos até aos locais onde é consumida em Baixa Tensão (230 V entre fase e neutro, e 400 V entre fases). Podem ser de dois tipos: aéreas ou subterrâneas. As linhas aéreas podem ser com condutores nus (já construtivamente abandonado) ou com condutores isolados em feixe (condutores em cabos em torçada). As linhas de distribuição em Baixa Tensão são normalmente constituídas por cinco condutores, um dos quais se destina à iluminação pública.

o Média Tensão (MT): tensão > 1 kV e ≤ 45 kV

Linhas elétricas cuja tensão nominal é superior a 1 kV e inferior ou igual à tensão de 45 kV. As tensões mais comuns são 10 kV, 15 kV e 30 kV. Estas linhas ligam as Subestações aos Postos de Transformação ou ligam diferentes Postos de Seccionamento /Transformação entre si. As aéreas são normalmente em cabo nu, apoiadas em postes de betão (mais comum) ou metálicos, sendo os condutores suspensos ou fixados em isoladores.

o Alta Tensão (AT): tensão > 45 kV e < 110 kV

Linhas cuja tensão nominal é superior a 45 kV e inferior a 110 kV, sendo a tensão utilizada na distribuição a de 60 kV. São utilizadas sobretudo para distribuir a energia a grandes distâncias ou para fornecimento de energia à indústria, unindo centros produtores (centrais térmicas, hídricas, eólicas) às subestações ou fazendo ligação entre subestações. São linhas predominantemente aéreas podendo, no entanto, ser subterrâneas. As linhas aéreas são suportadas por apoios, normalmente metálicos, sendo os condutores suspensos ou fixados em isoladores.

Linhas de transporte de energia

o Muito Alta Tensão (MAT): tensão ≥ 110 kV e ≤ 400 kV

Estas linhas unem centros produtores (centrais térmicas, hídricas, eólicas) às subestações, ou entre subestações. Estas linhas são suportadas por apoios, normalmente metálicos, sendo os condutores suspensos ou apoiados por isoladores. Até à data, a REN não tem admitido a possibilidade de enterramento deste tipo de linhas.

CABOS UTILIZADOS NAS LINHAS AÉREAS

o Cabo de guarda (ou cabo de terra): cabo não condutor de energia elétrica (não possui isoladores), que, situado no plano superior do apoio, serve de para-raios (proteção das restantes linhas), e, nalguns casos, também inclui cabos de telecomunicações. Este tipo de cabo está presente nas linhas elétricas de AT (um cabo de guarda) e de MAT (dois cabos de guarda), e apenas excecionalmente na MT. No entanto, algumas linhas de AT podem não ter cabo de guarda.

o Condutores de fase: condutores em tensão percorridos pela corrente elétrica. o Condutores nus: condutores sem qualquer bainha isolante.

o Cabo coberto: cabo que possui um revestimento com características dielétricas inferiores ao cabo isolado, sendo, no entanto, capaz de suportar temporariamente a tensão entre fase e terra, podendo ser aplicado para proteção da avifauna contra as electrocuções. Utiliza-se apenas em MT. O seu diâmetro confere grande visibilidade aos condutores, assumindo-se que não necessita de ser sinalizado para redução do risco de colisão. Assume-se também que não existem partes nuas em tensão, não sendo necessárias medidas mitigadoras da eletrocussão; no entanto, sugere-se, preventivamente, a adoção de medidas anti poiso.

(11)

A solução de cabo coberto constitui uma alternativa menos impactante para as aves em termos de risco de colisão e eletrocussão, tendo sido aprovada a sua aplicação em projeto na região Norte.

De realçar que a utilização de cabo coberto não permite derivações de linha, pelo que a sua aplicação em troços de grande extensão, em zonas com maior dinamismo de construção, poderá não ser viável (a titulo indicativo, a EDP Distribuição considera que a utilização desta solução poderá atingir no máximo c. 2km). Por outro lado, a sua utilização implica um maior número de apoios comparativamente com a utilização de cabo nu, pois a distância máxima entre apoios é de cerca de 130m.

o Cabo em torçada: Trata-se de uma rede aérea de média tensão constituída por um conjunto de três cabos

isolados monopolares, cableados sobre um núcleo central constituído por um tensor em aço, revestido, utilizado para conferir a resistência mecânica necessária ao autosuporte do conjunto. O seu diâmetro confere grande visibilidade aos condutores, assumindo-se que não necessita de ser sinalizado para redução do risco de colisão. Como desvantagem, a imposição da utilização de vãos mais curtos implica um maior número de apoios comparativamente com a utilização de cabo nu, pois a distância máxima recomendável entre apoios é de 60 m. Esta solução foi utilizada a titulo experimental, tendo sido para o efeito elaborado pela EDP Distribuição um projeto tipo. Esta tecnologia aguarda homologação da DGEG Direção Geral de Energia e Geologia.

o Spacer-cable: Trata-se de uma rede compacta de média tensão com cabos de dupla cobertura isolante, em que

a sustentação da rede é efetuada por meio do cabo tensor, fixado aos postes por meio de braços metálicos e por espaçadores poliméricos. Note-se que esta solução apresenta custos bastantes superiores relativamente à construção em linha nua, reservando-se a sua aplicação em casos que não permitam aplicação de outro tipo de solução,

o Diâmetro dos condutores: aumenta com a capacidade de transporte de energia das linhas elétricas. Secções

de 50, 90 ou 160 mm2 são de utilização corrente na MT. As linhas de AT têm em geral entre 160 e 325 mm2. o Distância entre fases: distância entre os condutores de fase de uma linha. É condicionada pela tensão da linha. o Nº de condutores: as linhas elétricas de MT e AT possuem 3 condutores de fase; algumas linhas de 30 kV e a generalidade das linhas acima dessa tensão têm adicionalmente um (ou dois) cabo (s) de guarda situados num plano superior.

o Nº de planos: número de planos horizontais que, imaginariamente, conteriam os condutores de uma dada linha.

APOIOS

o Apoio: estrutura vertical que pode utilizar postes de ferro, betão ou madeira e que se destina a sustentar os condutores, em linhas elétricas aéreas. Os apoios de linha podem ainda servir de suporte para aparelhagem de manobra (seccionadores ….) e/ou transformador de potência..

o Arco: cabo que estabelece uma ponte para ligar os condutores de ambos os lados da travessa ou a uma derivação.

o Armação:

estrutura do suporte, situada na cabeça do apoio, na qual se fixam os isoladores e por sua

vez os condutores. Há várias tipologias de armação, que têm associadas diferentes números de planos

de colisão.

Nota: As designações das armações normalizadas estão indicadas entre parêntesis

Em MT:

- galhardete (3 planos) – (armações GAN / GAL)

- galhardete 1 (3 planos): mantém os três planos de colisão mas diminui o risco de eletrocussão, uma

vez que a distância da fase inferior aos restantes condutores é superior (armações GAN 1 e GAL 1)

- esteira vertical, simples ou dupla (3 planos) – (armação VAN)

- triângulo (2 planos) – (armação TAN)

- canadiana

11

(2 a 3 planos)

- esteira horizontal (1 plano) – (armação HAL-A2S)

- nappe-voûte

11

(1,5 plano)

- esteira horizontal em amarração (1 plano) – (armação HRFSC3 / HRFSC / HRFSC com BI 75 /

HTP4)

(12)

- pórtico (1 plano) – (armação PAN / PAL)

►NOTA:Refira-se que o galhardete, embora sendo a tipologia mais impactante na avifauna, permite a utilização

de menos apoios comparativamente com a esteira horizontal, pois como apresenta maior distância entre condutores possibilita um comprimento maior dos vãos. Note-se que em relevos de montanha um acréscimo significativo do número de apoios acarreta impactes sobre outros valores naturais (ainda que apenas ou predominantemente na fase de obra), devido à maior extensão de acessos que porventura seja necessário abrir ou beneficiar. Importa avaliar caso a caso os impactes associados.

Em AT:

- esteira vertical, simples ou dupla (3 planos) – (armações EVDAL / EVDAN / EVFR / EVFAN)

- galhardete (3 planos) – (armações GAN / GAL)

- pórtico (1 plano) – (armação PRF)

Em MAT:

Podem ser utilizadas diferentes tipologias de armação, conforme a tensão da corrente elétrica (kV) e o número de circuitos (linhas simples ou linhas duplas). As mais utilizadas pela REN são:

- MTG: linhas simples de 150/220 kV (2 planos de colisão, incluindo os cabos de guarda); - CW: linhas duplas de 150/220 kV (4 planos de colisão, incluindo os cabos de guarda);

- YDR: linhas duplas de 150/220 kV (2 planos de colisão, incluindo os cabos de guarda - permitem que uma linha dupla tenha apenas dois planos de colisão, suportando 6 cabos condutores numa mesma esteira horizontal)

- Q: linhas simples de 400 kV (2 planos de colisão, incluindo os cabos de guarda); - DL: linhas duplas de 400 kV (4 planos de colisão, incluindo os cabos de guarda).

o Cadeia de amarração: conjunto de isoladores em posição horizontal que cumpre a função de amarração dos condutores a uma armação.

o Cadeia de suspensão: isoladores em posição vertical suspensos, e portanto posicionados em plano inferior ao

da armação.

o Cadeia de isoladores: conjunto de isoladores onde se fixa o condutor em tensão e que o isola da travessa e/ou do apoio

o Isoladores: dispositivos circulares em cerâmica, vidro ou materiais sintéticos (p. ex. poliméricos) destinados a evitar que a corrente elétrica passe para os apoios (terra). No caso dos isoladores de vidro e cerâmicos, em geral a tensão de uma dada linha pode ser identificada no campo pelo número de círculos isoladores (cada círculo isola 15 kV, e aplica-se mais 1 círculo de segurança). Em geral observa-se que uma linha de 30 kV apresenta 3 discos isoladores; uma linha de 60 kV apresenta 5 discos; etc. No entanto esses dados devem ser sempre confirmados com a EDP Distribuição.

o Isolador rígido de eixo vertical: isolador em posição vertical, em plano superior à armação.

o Seccionador: equipamento que interrompe a circulação de corrente na linha (órgão de corte) impedindo a

circulação de corrente para fins de manutenção ou exploração da linha. Note-se que atualmente a EDP Distribuição já não coloca os seccionadores em posição horizontal, que estava associada a uma grande mortalidade de aves por eletrocussão sendo esse tipo de montagem considerado muito impactante na avifauna. o Posto de Transformação (PT): tem a função de transformar a MT em BT utilizável pelo consumidor final

doméstico, comercial ou pequeno industrial. Existem postos de transformação de vários tipos: com os equipamentos encerrados em construção em alvenaria (cabine alta, cabine baixa ou subterrânea) ou em metal e aéreos (equipamentos suspensos num apoio).

SUBESTAÇÕES

Instalações destinadas a modificarem o nível de tensão das linhas elétricas que nelas convergem (a elevar a tensão da eletricidade produzida nas centrais para ser transportada em muito alta tensão e distribuída em alta e

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média tensão até aos postos de transformação e, daí, transformada em baixa tensão para as zonas de consumo. São instalações inacessíveis a pessoas não autorizadas, protegidas por uma vedação, com sinais que advertem para o perigo elétrico no interior e interditam o acesso onde se podem identificar, como equipamentos mais importantes: transformadores, equipamentos de corte, controle e proteção e variadas estruturas auxiliares de amarração e ligação das linhas elétricas.

INTERVENÇÕES NA LINHA

o Correção de uma linha: alteração introduzida ao nível dos condutores ou dos apoios, para minimizar o potencial risco de eletrocussão ou colisão, mediante a aplicação de soluções técnicas adequadas.

o Uprating/upgrading: reconstrução e/ou remodelação de uma linha antiga, envolvendo em regra a alteração estrutural do nível de tensão, utilizando o mesmo corredor e habitualmente os mesmos apoios.

DISPOSITIVOS ANTIPOISO E ANTINIDIFICAÇÃO

Equipamentos aplicados em apoios de linhas elétricas de MT, AT e MAT, destinados a dificultar /impedir o pouso das aves (rapinas sobretudo) ou a construção de ninhos de cegonha-branca.

Há vários modelos disponíveis, adaptados a diferentes tipos de armação, já homologados e utilizados pela EDP Distribuição (para MT e AT ver Fichas-Técnicas que constam do documento interno DFT-C11-310/N da EDP Distribuição). A REN utiliza diferentes tipos de dispositivos, sendo os dispositivos giratórios tipo-turbina os mais utilizados atualmente.

SINALIZADORES PARA AVIFAUNA

Peças de dimensão, forma e cor variáveis, de material inerte, que se aplicam em linhas elétricas de MT, AT e MAT - nos condutores de fase, nus ou cobertos, e nos cabos de guarda - a distâncias regulares, de forma a aumentar a visibilidade da linha (para MT e AT ver Fichas Técnicas que constam do Documento Interno da EDP Distribuição DFT-C11-310/N).

Os sinalizadores para proteção contra as colisões com utilização mais difundida são:

o Espiral de sinalização: espiral de polipropileno ou PVC, de cor branca, vermelha, amarela ou laranja, que se aplica em linhas elétricas de MT, AT e MAT, nos condutores de fase (nus ou cobertos) e nos cabos de guarda. Existem dois tipos de espirais de sinalização:

- Espiral simples:

Apresenta dimensões diversas (8-12,5 cm de diâmetro), função do diâmetro do cabo em que é aplicada, podendo ter como suporte condutores de fase, nus ou cobertos. Pode ser aplicada em linhas aéreas MT, AT e MAT.

NOTA: atendendo à reduzida eficácia que apresentam, em termos de redução da mortalidade por colisão, a utilização dos sinalizadores simples não é aconselhada pelo ICNF, e estes dispositivos atualmente não são empregues pela EDP Distribuição.

A REN considera que estes dispositivos provocam uma grande vibração nos cabos - o que obriga a um cálculo mais delicado do amortecimento das vibrações nos cabos - e que, por outro lado, são equipamentos que se quebram com maior facilidade dada o seu comportamento mais instável face aos ventos.

- Espiral dupla:

Apresenta dimensões também variáveis em função do diâmetro do cabo em que é instalada, mas maiores que os dispositivos anteriores (c. 35 cm de diâmetro; comprimento total (recolhida) de 800 ± 50 mm). Estes dispositivos aplicam-se nos condutores de fase, nus, de linhas elétricas de MT, AT e MAT.

o Firefly: dispositivo de sinalização que se aplica em linhas elétricas de MT, AT e MAT, nos condutores de fase e cabos de guarda. Existem dois tipos disponíveis:

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- Tipo rotativo (Firefly Bird Flapper-FBF):

Contem uma placa de matéria plástica que tem a particularidade de refletir a radiação ultravioleta e a luz visível, mesmo em situações de reduzida luminosidade e também durante a noite, por um período até 10 horas. São aplicados nos condutores de fase, nus e cabos de guarda.

- Tipo fita:

Constituído por fitas de neopreno com duas placas fotoluminescentes e retrorrefletoras. São aplicados em linhas elétricas de MT e AT, nos condutores de fase, nus e nos cabos de guarda.

NOTA: os Fireflies apresentam, na maioria dos casos, uma maior eficácia na redução da mortalidade por colisão comparativamente com as espirais, quer em linhas de distribuição como de transporte (Morlanes et al. 2009, Infante 2011, Costa et al. 2012, Estanque et al. 2012), sendo por isso de promover a sua utilização nas Áreas Criticas e Muito Críticas em que predomine a problemática de colisão.

SINALIZAÇÃO PARA A NAVEGAÇÃO AÉREA

Os cabos podem ter de ser assinalados para a navegação aérea com a colocação de bolas de sinalização aeronáutica. Este tipo de sinalização não é utilizado para proteção da avifauna.

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4. Interação das linhas elétricas com a avifauna

As interações diretas entre as aves e as linhas elétricas podem ser agrupadas em três tipos distintos, associados a:

i. colisão; ii. eletrocussão;

iii. disponibilização de suporte,

que a seguir são descritas, de forma sumária, salientando as principais incidências negativas sobre as aves silvestres.

São de referir ainda interações indireta s com estas infraestruturas, sendo de destacar o efeito de exclusão causado pela presença destas infraestruturas que pode ter consequências ao nível da seleção de habitat pelas espécies, como o sisão (e.g. Silva et al. 2010).

Este efeito, que resulta na deslocação das aves de áreas que anteriormente lhes eram favoráveis, pode ser causado por vários fatores: perda direta de habitat para construção da infraestrutura (p. ex. corte de árvores para instalação de faixa de segurança/corredor de serviço); perda indireta de habitat, uma vez que as aves evitam a presença da estrutura; aumento do risco de predação resultante da utilização dos apoios como poiso de predadores; perturbação decorrente da construção e das normais atividades de manutenção. Esta exclusão das aves de um dado território pode resultar em efeito de barreira, impedindo as aves de usarem as rotas normais para os locais de alimentação ou de descanso.

São vários os fatores que influenciam o risco de mortalidade das aves (Scottish Natural Heritage, 2016): - Características específicas de morfologia e biologia das aves: aves de maior dimensão e envergadura de asa, aves gregárias que voam em bando, aves com hábitos crepusculares ou com capacidade visual mais reduzida, aves com atenção centrada em atividades de caça ou de reprodução, aves menos experientes e aves migradoras menos familiarizadas com a paisagem;

- Características da topografia e paisagem;

- Condições meteorológicas: vento forte, nevoeiro e chuva intensa podem forçar as aves a baixar a altura de voo e reduzir a sua capacidade de evitar a colisão, ao afetar o controlo de voo e diminuir a visibilidade;

- As características das infraestruturas, nomeadamente a distância entre as partes em tensão e as ligadas à terra, e a disponibilidade de locais de poiso, interferem no risco de eletrocussão;

- A espessura dos cabos e a sua disposição, influenciam o risco de colisão. Os cabos de terra são responsáveis pela maior parte das colisões, por serem menos visíveis do que os cabos condutores e dada a sua disposição superior, estando em rota de colisão com as aves que evitaram os condutores. O risco de colisão aumenta também com o número de planos de colisão.

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COLISÃO

Definição: a colisão ocorre quando uma ave em voo embate em cabos tendidos, o que acontece em todo o tipo de linhas aéreas (até mesmo

em linhas de telecomunicações e linhas elétricas ferroviárias). Essa situação provém do facto do cabo não ter sido visto pela ave, nomeadamente por o deslocamento ocorrer em condições de visibilidade reduzida (de noite, com nevoeiro) e/ou pela reduzida secção do cabo que o torna pouco conspícuo.

Descrição das interações e potenciais impactes: morte da ave, ferimentos (normalmente graves), fragmentação de habitat. Esquema ilustrativo:

Tensão das linhas onde ocorre: a colisão pode ocorrer em linhas elétricas de qualquer tensão. No entanto, este impacte é desprezável em

linhas de BT dada a sua visibilidade, considerando-se que esta interação se coloca sobretudo nas linhas elétricas de MT, AT e MAT.

Tipologias mais perigosas: nas linhas elétricas de AT e MAT, para além dos condutores são também montados cabos de guarda. Estes são

particularmente perigosos, porque têm menor diâmetro e encontram-se num plano superior ao dos cabos condutores (mais grossos). Assim, quando as aves em voo tentam evitar a colisão com os cabos condutores acabam por colidir com o cabo de guarda. Nestes casos, a perigosidade aumenta proporcionalmente ao número de planos horizontais em que os cabos se encontram tendidos. Segundo os estudos decorrentes do primeiro Protocolo Avifauna com a EDP Distribuição, verificou-se que nas linhas elétricas de MT o galhardete em alinhamento (GAL) está associado às maiores mortalidades por colisão. No que se refere às linhas elétricas de MAT, na monitorização decorrente do protocolo com a REN verificou-se uma tendência para as tipologias de esteira

vertical, em linhas de duplo circuito, causarem maior mortalidade quando comparadas com a esteira horizontal de linhas de um só circuito, o que deverá estar associado às diferenças no número de planos de colisão que apresentam.

Aspetos ecológicos e comportamentais das aves que aumentam o risco de colisão: comportamento gregário; atividade noturna,

crepuscular ou em condições de visibilidade reduzida; voos migratórios e de dispersão; voo com mudanças rápidas de direção; reduzida capacidade de manobra de voo.

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ELETROCUSSÃO

Definição: a eletrocussão tem lugar quando uma ave estabelece contacto entre dois elementos condutores, a potenciais diferentes, permitindo

a circulação de uma corrente elétrica significativa através do seu corpo, que poderá ser mortal. Pode originar-se através do contacto entre a ave e dois condutores aéreos ou entre a ave, um condutor e um outro qualquer elemento ligado à terra (ex. uma travessa de metal no topo de um apoio). É um problema que afeta sobretudo as aves que poisam regularmente em apoios e que decorre da distância entre cabos. Quanto maior a tensão da linha, maiores são as distâncias entre cabos, pelo que menor é o perigo de eletrocussão.

Descrição das interações e potenciais impactes: morte da ave, ferimentos (normalmente graves). Esquema ilustrativo:

Tensão das linhas onde ocorre: a eletrocussão verifica-se sobretudo nas linhas elétricas de MT, mas em AT pode afetar aves de maior

porte. Este impacte considera-se desprezável em linhas de MAT, dadas as maiores distâncias entre partes em tensão e partes ligadas à terra.

Tipologias mais perigosas: a probabilidade de ocorrer eletrocussão num apoio elétrico relaciona-se com a distância entre o local de poiso

da ave e os condutores elétricos, a qual permite o contacto com as asas ou outra parte do corpo das aves que aí poisam. Concretamente, nos apoios “normais” (ou seja, excetuando os seccionadores e postos de transformação aéreos) os dois aspetos mais determinantes são a posição dos condutores relativamente às travessas de amarração (os condutores em posição superior ou lateral relativamente às travessas são mais perigosos) e a dimensão dos isoladores (os isoladores mais pequenos associados a tensões mais baixas são os mais perigosos). Deste modo, as armações em triângulo em alinhamento (TAL), nomeadamente com

isoladores rígidos e as esteiras horizontais de alinhamento (HAL), são as armações mais perigosas. No entanto, os seccionadores montados em plano horizontal são o equipamento mais perigoso de todos, uma vez que a posição de

condutores e outras estruturas em tensão encontram-se em plano superior ao das armações.

Segundo os estudos no âmbito do protocolo com a EDP Distribuição, as tipologias que mais contribuíram para a eletrocussão nas áreas estudadas foram os Seccionadores Horizontais, os Postos de Transformação aéreos e as armações em triângulo com isoladores rígidos. A curta distância entre os elementos em tensão é o fator determinante do risco elevado destas tipologias. NOTA: A empresa abandonou recentemente (2015) a montagem horizontal dos seccionadores em novas linhas elétricas, bem como as tipologias em triângulo com isoladores rígidos, atendendo á sua elevada perigosidade para a avifauna.

Aspetos ecológicos e comportamentais que potenciam o risco de eletrocussão: a generalidade das aves utiliza frequentemente os

postes. Em particular as aves predadoras são atraídas e utilizam frequentemente os postes elétricos como poisos estratégicos para observação e defesa do território, caça e alimentação, e ainda para descanso, e secar a plumagem. O risco de eletrocussão depende muito das dimensões da ave sendo em geral o risco maior quanto maior for a ave), das técnicas de caça, da idade da ave (as aves jovens morrem mais que as aves adultas devido à sua inexperiência de voo). A elevada humidade atmosférica, que aumenta a condutividade das penas, potencia substancialmente o risco de eletrocussão.

Minimização: revestimento dos elementos condutores junto do poste e aumento das distâncias entre os cabos, e também aplicação de

dispositivos antipoiso e antinidificação.

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DISPONIBILIZAÇÃO DE SUPORTE

Definição: disponibilização de locais de nidificação ou de poisoem estruturas da rede elétrica, utilizados por algumas espécies.

Descrição das interações e potenciais impactes: aumento de avarias no sistema de transporte e distribuição de energia elétrica, incidentes

de eletrocussão e colisão de aves, aumento da predação das espécies que nidificam no solo.

Esquema ilustrativo:

Tipologias mais perigosas: as travessas sobre isoladores apresentam mais riscos de eletrocussão devido à possibilidade de criar arco

elétrico com as dejeções de indivíduos que nelas poisem e, por outro lado, por serem propensas à instalação de ninhos. Esta situação ocorre em linhas elétricas de MT, AT e MAT.

Aves afetadas: sobretudo cegonha-branca, aves de rapina, corvídeos. Este tipo de interação assume grande visibilidade no que diz respeito

à cegonha-branca, sobretudo nas regiões do centro e sul do país.

Minimização: instalação de dispositivos antipouso e antinidificação e implantação de “apoios dedicados” com plataforma de nidificação

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5. Avaliação do impacte das linhas elétricas na avifauna: Média Tensão, Alta Tensão e

Muito Alta Tensão

Na avaliação do impacte das linhas elétricas sobre a avifauna deve atender-se às espécies que ocorrem na área em causa e à suscetibilidade que apresentam ao risco de eletrocussão ou colisão, ao atravessamento de áreas com importância para a conservação das aves, e o nível de risco decorrente das características técnicas da linha em causa (tensão, tipos de armações e outras).

A avaliação ajustada a cada situação, do impacte que a infraestrutura introduzirá, resulta do cruzamento de todos estes aspetos.

►NOTA: neste documento não são abordadas as linhas de BT, porque não apresentam problemas de

eletrocussão e, de acordo com as evidências disponíveis, são consideradas pouco problemáticas em termos de colisão.

SUSCETIBILIDADE DAS ESPÉCIES PRESENTES E SEU ESTATUTO DE AMEAÇA

O risco de colisão /eletrocussão não é igual para todas as espécies de aves, sendo função das suas características biológicas e comportamentais. Genericamente, as aves que utilizam as infraestruturas elétricas como local de poiso, de nidificação ou de dormida, e que apresentam médio ou grande porte são muito suscetíveis de sofrerem eletrocussão. Aves gregárias com mudanças rápidas de direção de voo, como anatídeos e limícolas, e espécies que têm reduzida capacidade de manobra de voo, como a abetarda, sisão e grou, apresentam maior risco de colisão. A Tabela 1 indica o risco atribuído às diferentes espécies de aves.

Para sumarizar, de forma simplificada, considera-se que os grupos de espécies particularmente sensíveis a estas infraestruturas são as aves estepárias, as aves aquáticas, as aves migradoras planadoras (como águias, abutres, cegonhas) e as aves de rapina. Para os três primeiros grupos a interação predominante é a colisão, mas para as aves de rapina o risco dominante é de eletrocussão. Destaca-se ainda, por ter particular visibilidade, a interação da cegonha-branca com as linhas elétricas e seus apoios, sobretudo ao nível da nidificação.

Na análise da afetação da avifauna há que atender ainda ao estatuto de ameaça das espécies de aves em Portugal referido no Livro Vermelho (Cabral et al. 2005), devendo ser dado particular ênfase à avaliação da afetação de espécies com maior preocupação de conservação, ou seja, de espécies com estatuto de ameaça Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU).

Acrescidamente, espécies como grifo e bufo-real, embora classificadas no Livro Vermelho como Quase

Ameaçadas (NT), deverão ser alvo de atenção tendo em conta a sua relevância ecológica e elevada

suscetibilidade.

Em anexo é apresentada a listagem das espécies com ocorrência regular em Portugal Continental que apresentam maior risco de colisão/eletrocussão, sendo referido o seu estatuto de ameaça (Anexo II).

AFETAÇÃO DE ÁREAS COM IMPORTÂNCIA RECONHECIDA PARA A CONSERVAÇÃO DAS AVES

Deve ser analisado o atravessamento (quantificando a extensão desse atravessamento), ou a proximidade, a Áreas Protegidas, Zonas de Proteção Especial e Sítios Ramsar, e também outras áreas relevantes, designadamente as classificadas como IBA (Important Bird Áreas - sítios com significado internacional para a conservação das aves à escala global, de designação informal pela BirdLife International).

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Conforme o tipo e detalhe da informação de base disponível, a análise da afetação da avifauna pode basear-se em:

a) Informação sobre a ocorrência das espécies; b) Habitat potencial das espécies.

Para este efeito pode recorrer-se à análise da carta de ocupação de solos da área em que se insere a linha e sua envolvente, disponível para Portugal Continental (consultar sítio na Internet da Direção Geral do Território).

ZONAMENTO DO RISCO CAUSADO PELAS LINHAS ELÉTRICAS

Em função dos valores naturais em presença e da proximidade a locais críticos, as áreas atravessadas por linhas elétricas podem ser classificadas em termos de sensibilidade a estas infraestruturas.

Para esta avaliação do risco das áreas atravessadas pelas linhas elétricas, as situações têm de ser analisadas caso a caso. Com a melhor informação disponível, deve-se atender à proximidade a locais de nidificação e a outras áreas vitais para as espécies de aves com estatuto de ameaça elevado e que apresentem acentuado risco de eletrocussão ou colisão, e ao atravessamento de áreas consideradas relevantes para a conservação da avifauna. Nesta lógica, deve ser dada particular atenção aos troços:

o na proximidade de ninhos ede outras áreas vitais de rapinas com estatuto de ameaça elevado (CR, EN, VU);

o na proximidade de locais de locais de elevada concentração de aves aquáticas;

o na proximidade de dormitórios e de zonas de alimentação de grous, e que atravessem corredores que estabelecem a ligação entre estas áreas;

o na proximidade de leks de abetardas e de sisão, e que atravessem zonas importantes de veraneio / invernada e corredores de dispersão destas espécies;

o em zonas de concentração pós-nupcial e nos principais locais de alimentação de cegonha-preta; o em corredores migratórios e de dispersão de importância reconhecida (como região de Sagres,

vales de grandes rios).

Para algumas espécies, os estudos desenvolvidos e os conhecimentos sobre o comportamento das aves permitiram aferir qual a problemática de risco predominante. Assim, para as grandes rapinas e abutres considera-se que a interação predominante é a eletrocussão, apesar de haver também elevado risco de colisão em torno dos ninhos, sobretudo para os indivíduos juvenis. Para a cegonha-preta, dado que não pousa em postes, considera-se que a problemática predominante é a colisão. A colisão é também a interação dominante para espécies gregárias, como anatídeos, limícolas, grous, e aves com reduzida capacidade de manobra de voo, como a abetarda e o sisão.

A classificação da sensibilidade das áreas atravessadas por linhas elétricas está sintetizada na Tabela 2, sendo analisada separadamente a interação de eletrocussão e de colisão. É importante reter que, em termos gerais, a eletrocussão é predominante nas linhas de MT e quase inexistente nas linhas de AT e MAT, e que a colisão deve ser considerada nas diferentes tensões.

Informação de base sobre os valores presentes

Para avaliação da afetação pelas linhas elétricas deve ser utilizada toda a informação existente no ICNF, incluindo, se necessário, consulta a outras entidades (ONGA, Autoridade Nacional de Avaliação de Impacte Ambiental, Centros de investigação, Promotores de EIA e dos programas de monitorização associados).

Para apoio à avaliação da sensibilidade das zonas atravessadas por estas infraestruturas foram preparadas

shape-files que identificam as áreas a dar especial atenção, por grupo de espécies (aves de rapina, aves

estepárias, aves aquáticas, aves migradoras planadoras, outras espécies), sugerindo-se que se analise a sua sobreposição com o traçado em apreço. Essas shape-files estão disponíveis em

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Características da linha elétrica

Conforme a tipologia da linha elétrica e características descritas no capítulo anterior - designadamente o tipo de apoio, de armação e de amarração - prevêem-se diferentes afetações da avifauna. Estes aspetos devem constar de forma explícita no projeto.

Tabela 1. Risco de colisão e eletrocussão atribuído às espécies de aves (segundo Infante et al. 2005 e BirdLife International 2003, respetivamente).

Risco de colisão: Intermédio; Elevado. Risco de eletrocussão: 0 (sem registos ou ocorrência pouco provável); I (com registos, mas

que não constituem ameaça aparente para a população); II (elevada ocorrência de registos, mas supostamente sem impacte significativo na população), III (ocorrência de mortalidade constitui um importante fator de mortalidade, representando uma ameaça de extinção a nível regional ou a escala mais alargada).

Famílias Risco de colisão Risco de eletrocussão (Gavidae) e Podicipedidae Intermédio 0

Phalacrocoracidae Intermédio I

Ardeaidae Intermédio I

Ciconidae Elevado III

Phoenicopteridae Intermédio 0

Anatidae Elevado 0

Accipitridae e Falconidae Intermédio II-III

Phasianidae Elevado 0

Rallidae Elevado 0

Gruidae Elevado 0

Otidae Elevado 0

Charadriidae e Scolopacidae Elevado I Sterkorariidae e Laridae Intermédio I

Sternidae - 0-I

Pteroclidae Intermédio 0

Columbidae Elevado II

Cuculidae Intermédio 0

Strigiformes Elevado I-II

Caprimulgidae e Apodidae Intermédio 0

Upudidae e Alcedinidae - I

Meropidae - 0-I

Coraciidae e Psittacidae Intermédio I

Picidae Intermédio I

Corvidae Intermédio II-III

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Tabela 2. Zonamento das áreas importantes para conservação da avifauna para efeitos da instalação de linhas elétricas, distinguindo-se o risco predominante.

Risco predominante: ELETROCUSSÃO Risco predominante: COLISÃO

ÁREA MUITO CRÍTICA

área até 1 km em torno dos ninhos das espécies com estatuto de

ameaça elevado (CR, EN, VU) e com acentuado risco de eletrocussão (II-III), nomeadamente:

- Britango - Abutre-negro - Águia–de-bonelli - Águia-real - Águia-imperial - Francelho - Búteo-vespeiro - Águia-sapeira - Tartaranhão-cinzento - Águia-caçadeira - Açor - Ógea - Falcão-peregrino

área até 1km em torno de campos de alimentação de aves

necrófagas

área até 1 km em torno de leks de abetardas;

 áreas dos leks de sisão;

 zonas prioritárias de veraneio e de invernada de sisão e de abetarda e corredores de dispersão utilizados, caso exista esse conhecimento;

área até 1 km em torno dos ninhos, de zonas de

concentração pós-nupcial, dos principais locais de alimentação e de outras áreas prioritárias de cegonha-preta, quando conhecidas com detalhe,;

área até 1 km em torno de dormitórios de grous e faixa que

inclua os corredores que estabelecem a ligação entre os seus dormitórios e áreas de alimentação;

área até 1km em torno de sítios RAMSAR relevantes para a

conservação de aves aquáticas12 ou até 500m em torno de

outras zonas húmidas importantes para as aves aquáticas13; área até 1 km em torno de abrigos de

gralha-de-bico-vermelho.

área até 1 km em torno de campos de alimentação de aves

necrófagas

ÁREA CRÍTICA

área de 1 a 5 km em torno dos ninhos referidas para a área muito

crítica;

área até 2 km em torno de ninhos de bufo-real;

área até 5 km em torno de ninhos de grifo;

 zonas de assentamento de rapinas com estatuto de ameaça elevado (CR, EN, VU);

área de 1 a 5 km em torno de campos de alimentação de aves

necrófagas;

 área utilizada de forma relevante14 durante a época de reprodução

por espécies com estatuto de ameaça elevado (CR, EN, VU) e com acentuado risco de eletrocussão (II e III), nas situações em que não se conhece com detalhe a localização dos ninhos;

 corredores migratórios com importância reconhecida.

zonas estepárias bem conservadas (i.e. com abundância

de pousio/pastagem ) e de dimensão favorável á ocorrência das espécies com maiores áreas vitais (mínimo de 50ha);

zonas de alimentação de grous;

área até 1 km em torno de zonas húmidas importantes para

conservação de aves aquáticas e faixa de 1 km que inclua os principais corredores utilizados por estas aves;

corredores migratórios e de dispersão de importância

reconhecida e área utilizada de forma relevante15 durante a

época de reprodução por outras espécies com estatuto de ameaça elevado (CR, EN, VU) e com risco de colisão elevado;

área de 1 a 5km em torno de campos de alimentação de aves

necrófagas

ÀREA SENSÍVEL

Áreas Classificadas15 e IBA nos troços que atravessemhabitat potencial para as espécies que levaram à sua classificação (em áreas não

identificadas como Muito Críticas ou Críticas)

12 Excluem-se os Sítios Ramsar Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos e Planalto superior da S. Estrela e troço superior do rio Zêzere (Anexo II).

13 Assumem-se como zonas húmidas importantes para as aves aquáticas as áreas de contagem selecionadas no Plano Nacional de Contagens de Aves Aquáticas (Anexo II).

14 Relevância em termos de frequência de utilização, número de indivíduos envolvidos, ou especificidades locais, a avaliar caso a caso.

15 As áreas abrangidas pelo Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC), estabelecido pelo Decreto-Lei nº 142/2008 de 24 de julho, na sua redação atual incluem:

- Áreas protegidas integradas na Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP);

- Áreas classificadas no âmbito da Rede Natura 2000, ou seja, os sítios da Lista Nacional de Sítios e as Zonas de Proteção Especial; - Demais áreas classificadas ao abrigo de compromissos internacionais assumidos pelo Estado Português, designadamente áreas RAMSAR.

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6. Procedimentos a adotar na avaliação de projeto s e emissão de pareceres

ANÁLISE DE ALTERNATIVAS

Após avaliação do traçado proposto em termos de atravessamento das áreas referidas no zonamento apresentado na Tabela 2, deve ser feita uma análise de alternativas aos traçados apresentados, de forma a minimizar o atravessamento de áreas Muito Críticas ou Críticas.

Como recomendação geral, o traçado das linhas elétricas não deve atravessar planos de água nem ribeiras relevantes pela sua utilização pelas aves; deve ainda atender-se à orografia, evitando que acompanhe as linhas de água e evitando também a sua colocação nas linhas de festo. O traçado deve ser definido de acordo com a topografia do terreno.

Nessa análise de traçados alternativos, importa confrontar os corredores possíveis, em termos de extensão e importância das áreas acima referidas que sejam eventualmente atravessadas.

O enterramento das linhas é a única solução que elimina por completo o risco de mortalidade por colisão; é uma opção que tem grandes custos financeiros e dificuldades técnicas associadas, mas deve ser ponderada em fase de planeamento das linhas, caso se afigure ser impossível evitar o atravessamento de áreas muito críticas.

MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO

Para cada situação em particular, devem ser equacionadas medidas para minimizar os impactes nos valores de avifauna presentes, durante a fase de exploração das infraestruturas.

Na determinação das medidas de minimização é fundamental assumir a sua eficácia relativa na diminuição do risco de mortalidade para as aves. Nesta matéria, entende-se que:

o O risco de eletrocussão é minimizado através de alterações da configuração das armações e dos apoios de rede e do revestimento das partes em tensão que lhe são adjacentes, podendo ser virtualmente eliminado. Nas linhas de AT, uma vez que as distâncias entre partes em tensão e partes ligadas à terra são superiores a 0,70 m, não se verifica a necessidade da aplicação de soluções idênticas às utilizadas na MT, que apenas se justificam quando ocorrem aves de maior envergadura. O risco de eletrocussão é virtualmente inexistente em linhas MAT.

o O risco de colisão é minimizado através da redução do número de planos de colisão e da sinalização das linhas, medidas que não asseguram no entanto a sua eliminação absoluta. Considera-se assim que a

minimização deste risco deve assentar sobretudo na melhor escolha do traçado

Há disponíveis dispositivos para sinalização das linhas que têm apresentado um resultado global positivo na redução da taxa de colisão de aves (com eficácias estimadas de 50-94% (Jenkins et al. 2010; Barrientos et al. 2011) e que devem ser utilizados para minimizar o risco de colisão.

São vários os fatores que influenciam a sua eficácia dos sinalizadores, incluindo características da morfologia, comportamento e capacidade visual das aves, tipo de habitat, orografia e paisagem verificando-se que a eficácia desses dispositivos é muito variável (Barrientos et al. (2012), LPN (2013), Costa et al. (2012), Marques et al. (2007), Scottish Natural Heritage (2016)). Constata-se que pode ser bastante modesta e mesmo baixa em várias situações com ocorrência de espécies particularmente suscetíveis à colisão com linhas (ver LPN (2013), Costa

et al. (2012), Anderson 2002; Janss & Ferrer 1998; Marques et al. 2007), o que reforça a importância da definição

do traçado como forma de prevenção de impactes em espécies particularmente sensíveis.

Não sendo tecnicamente possível evitar o atravessamento de áreas com relevância para a avifauna, deve ser promovida a adequação da tipologia dos sinalizadores (ver pág. 15 e 16) e da intensidade do seu espaçamento, bem como da tipologia da armação dos apoios, de forma a minimizar o risco de colisão.

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Preconiza-se um gradiente de intensidade na aplicação de medidas de minimização do risco de mortalidade conforme a importância das áreas atravessadas, a sensibilidade das espécies presentes e a preocupação com a sua conservação, e atendendo ao nível conhecido de eficácia das medidas mitigadoras dos impactes (ver Fig. 1).

Estas medidas de minimização estão detalhadas nas Tabelas 3.1, 3.2 e 3.3, segundo a tensão em causa. A avaliação da problemática de interação predominante com as linhas elétricas deve ser feita com base na Tabela 2, e ser devidamente identificada e fundamentada no parecer dado.

Fig. 1. - Medidas de minimização dos riscos de colisão e eletrocussão de acordo com a

importância das áreas atravessadas para a conservação da avifauna.

* No caso de não ser tecnicamente viável evitar o atravessamento das áreas Muito Críticas

(por impossibilidade fundamentada pelo Promotor) devem ser implementadas medidas de redução do risco mais intensivas do que as estabelecidas para as outras áreas.

Na avaliação dos projetos, sugere-se que as linhas elétricas sejam divididas em troços, conforme a sensibilidade das áreas atravessadas, para os quais se devem estabelecer as medidas de minimização adequadas a cada situação.

A título indicativo é também incluída em anexo uma listagem-base das medidas de minimização de impactes durante a fase de obra (Anexo IV), que poderá ser complementada com outras medidas adicionais conforme uma análise caso-a-caso.

ÁREA

MUITO

CRÍTICA

INTERDIÇÃO / ENTERRAMENTO *

ÁREA CRÍTICA

MINIMIZAR COLISÃO: redução nº planos + sinalização da linha MINIMIZAR ELECTROCUSSÃO

ÁREA

SENSÍVEL

MINIMIZAR COLISÃO: sinalização da linha MINIMIZAR ELECTROCUSSÃO ATENÇÃO: presença de rapinas de grande envergadura? ATENÇÃO: predomina colisão?

Referências

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