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Cianofílicas 10 96,1 A 84,0 - 98,0 11 90,5 AB 73,0 - 96,3 11 87,0 B 80,8 - 96,9

Orangeofílicas 10 4,0 A 2,0 - 16,0 11 9,5 AB 3,7 - 27,0 11 13,0 B 3,1 - 19,3

A,

Medianas seguidas de letras diferentes na linha, diferem entre si pelo teste de Dunn (p < 0,05).

Observou-se, em todos os grupos (Tabela 2), maior quantidade de células cianofílicas (azuis), quando comparadas às orangeofílicas (alaranjadas), com medianas de 96,1%, 90,5% e 87%, respectivamente. Tais resultados poderiam ser explicados pelo fato de os animais dos grupos II e III terem nascidos por meio de realização de cirurgias eletivas aos 138 dias de gestação, o que denotaria maior quantidade de células indicativas de imaturidade fetal. Contudo, quando o grupo de parto normal (Grupo I) foi avaliado, constataram-se resultados similares aos dos animais prematuros, com poucas células laranja e muitas células azuis.

Tabela 3 – Medianas (Md), mínimo e máximo das porcentagens da morfologia celular encontrada no líquido amniótico, coradas pela técnica de Azul de Nilo (0,1%), classificadas de acordo com Moya ( 2005), como: CIP(Células Intermediárias pequenas), CIG ( Células Intermediárias Grandes), CSN (Células superficiais nucleadas e CSA (Células Superficiais Anucleadas) de cordeiros pertencentes aos grupos de parto normal (Grupo I), cesariana (Grupo II) e cesariana + dexametasona (Grupo III) – Araçatuba, SP – 2014.

Morfologia celular Azul

de Nilo

NORMAL CESARIANA CESARIANA +

DEXAMETASONA

n Md Min-Max n Md Min-Max n Md Min-Max

CIP % 5 3,8 AB 2,0 - 7,9 11 12,0 A 0,0 - 43,0 11 3,1 B 0,0 - 11,2

CIG % 4 2,0 AB 1,4 - 3,0 11 6,0 A 0,0 - 14,1 11 1,5 B 0,0 - 5,1

CSN % 10 19,3 8,0 - 76,0 11 33,3 2,5 - 69,4 11 34,0 14,5 - 81,3

CSA % 10 79,8 19,0 - 92,0 11 40,5 23,1 - 74,6 11 59,7 12,0 -84,1

A,

Medianas seguidas de letras diferentes na linha, diferem entre si pelo teste de Dunn (p < 0,05).

Observando-se os resultados, ressalta-se, na Tabela 3, que as variáveis CIP (Célula Intermediária Pequena) e CIG (Células Intermediária Grande), diferiram entre os grupos II (Cesariana) e III (Cesariana+Dexametasona), porém, com relação as CSN (Células Superficiais Nucleadas) e CSA (Células Superficiais Anucleadas) não se denotou o mesmo comportamento entre os diferentes grupos (I, II e III).

Visualizou-se (Tabela 3), também, maior quantidade de células superficiais, chegando ao máximo de 92% para o grupo I (Parto Normal), de 74,6% para o grupo II (Cesariana) e de 84,1% no grupo III (Cesariana+Dexametasona).

Durante a pesquisa verificou-se que quando o feto apresentava-se maduro, a incidência de CSN (células superficiais nucleadas) e CSA (células superficiais anucleadas) era maior quando comparada aos prematuros (Grupo II e III). Contudo, estas células que deviam apresentar-se coradas de laranja, indicando maturidade fetal na técnica de azul de Nilo (0,1%), também se apresentavam coradas de azuis (Figura 6), corroborando com Moya (2005),

que afirmou que a realização da técnica de coloração azul de Nilo visando à avaliação da maturidade fetal não apresenta resultados satisfatórios.

Desta forma, devido aos resultados insatisfatórios obtidos na presente pesquisa, propôs-se realizar-se, concomitantemente, a citologia de Hematoxilina–Shorr, proposta por Moya (2005), para avaliação e comparação dos resultados obtidos entre ambas as técnicas, apesar de não fazer parte do delineamento experimental inicial deste trabalho.

FIGURA 7- Lâmina corada com Azul de Nilo a 0,1%, em aumento de 400

vezes/campo, evidenciando maior quantidade de células cianofílicas e superficiais nucleadas.

4.1.2 Método citológico – Coloração Hematoxilina Shorr

Souza, et al. (2000) citaram que estas células alaranjadas praticamente inexistem no início da gestação de ovelhas, aparecendo em pequena proporção no terço médio, e se proliferando até o momento do parto,

representando cerca de 50 a 95% da população celular encontrada no LA, com maiores valores verificados nos fetos mais velhos, servindo, desta forma, como indicadoras da idade fetal.

Tabela 4- Medianas (Md), mínimo e máximo das porcentagens de células

cianofílicas (células azuis) e orangeofílicas (células alaranjadas) encontradas no líquido amniótico,utilizando o método de Hematoxilina Shorr, de cordeiros pertencentes aos grupos de parto normal (Grupo I), cesariana (Grupo II) e cesariana + dexametasona

(Grupo III) – Araçatuba, SP – 2014.

Citologia Hematoxilina

Shoor

NORMAL CESARIANA CESARIANA +

DEXAMETASONA n Md Min - Max n Md Min - Max n Md Min - Max

Cianofílicas 10 21,0 A 8,0 - 42,7 11 40,0 AB 19,8 - 66,7 11 45,6 B 32,0 - 64,9

Orangeofílicas 10 79,0 A 57,3 - 92,0 11 60,0 AB 33,3 - 80,2 11 54,4 B 35,1 - 68,0

A,

Medianas seguidas de letras diferentes na linha, diferem entre si pelo teste de Dunn (p < 0,05).

Tabela 5 – Medianas (Md), mínimo e máximo das porcentagens da morfologia

celular encontrada no líquido amniótico, coradas pelo método Hematoxilina Shorr, classificadas de acordo com Moya (2005), de cordeiros pertencentes aos grupos de parto normal (Grupo I), cesariana (Grupo II) e cesariana + dexametasona (Grupo III) – Araçatuba, SP – 2014.

Morfologia coloração

de Shoor

NORMAL CESARIANA CESARIANA +

DEXAMETASONA

n Md Min-Max n Md Min-Max n Md Min-Max

CIP % 5 3,2 1,2 - 9,4 11 10,3 0,0 - 54,6 11 4,7 0,0 - 13,0

CIG % 4 4,4 3,2 - 4,4 11 1,5 0,0 - 13,3 11 1,9 0,0 - 7,3

CSN % 10 38,8 24,4 - 70,6 11 29,0 15,8 - 62,3 11 30,8 14,5 - 81,3

CSA % 10 55,8 27,9 - 74,4 11 62,7 16,4 - 71,0 11 61,5 12,0 - 84,1

CIP (Células Intermediárias pequenas), CIG (Células Intermediárias Grandes), CSN (Células superficiais nucleadas e CSA (Células Superficiais Anucleadas) A,Medianas seguidas de letras diferentes na linha, diferem entre si pelo teste de Dunn (p < 0,05).

Apesar de, estatisticamente, os resultados do grupo I (Parto Normal) e do grupo II (Cesariana) não diferirem, ficou evidente, nesta técnica, que o grupo I possuía maior quantidade de células orangeofílicas, atingindo a porcentagem máxima de 92% (Tabela 4), valor este que condiz com a literatura, já que se espera maior incidência de células características de maturidade pulmonar em amostras de LA de animais com tempo de gestação

considerado normal para a espécie em referência. Na tabela 5, foi possível verificar maior ocorrência de células superficiais anucleadas (CSA), atingindo os valores máximos no grupo I (Parto Normal) de 74,4. Nas amostras de LA dos animais do grupo II (Cesariana) constatou-se em torno de 71% no grupo III (Cesariana+ Dexametasona), chegando a equiparar-se com as células superficiais nucleadas (81,3).

Nos grupos II e III (Tabela 4), observou-se que quando a porcentagem das células orangeofílicas (maduras) diminuía, apresentando valor mínimo de 33,3%, a quantidade de células cianofílicas (imaturas) aumentava (valor máximo de 66,7%), resultados indicativos de imaturidade fetal. De forma semelhante, quando a porcentagem das células orangeofílicas aumentava (valor máximo de 92 %), a quantidade de cianofílicas diminuía (valor mínimo 42,7%), caracterizando a ocorrência de maturidade fetal.

Contraditoriamente ao que ocorre na técnica de azul de Nilo, onde se verifica maior quantidade de células azuis, no método de Hematoxilina-Shorr obteve-se maior incidência de células orangeofílicas. Contudo, o número de células orangeofílicas foi comparativamente menor nos grupos cesariana e cesariana + dexametasona, em relação às amostras obtidas das ovelhas de parturição normal, fato este que condiz com a maior imaturidade de cordeiros que nasceram prematuramente. Portanto, estas observações reforçaram a inclusão do estudo citológico do líquido amniótico pelo método de Hematoxilina-Shorr, por ter se mostrado pouco dispendioso, confiável e de fácil execução.

FIGURA 8 - A) Lâmina corada pelo método de Hematoxilina - Shorr pertencente ao Grupo II (Cesariana), em aumento de 400 vezes/campo, evidenciando maior quantidade de células cianofílicas (verde- azuladas),com relação às células orangeofílicas. B) Lâmina pertencente ao Grupo I (Parto Normal), em aumento de 400 vezes/campo, demonstrando maior presença de células orangeofílicas. Nesta figura a maior incidência são células superficiais anucleadas

4.1.3 Teste de Clements (1972)

Diante da prematuridade, o fator limitante à sobrevida do recém-nascido é, indubitavelmente, o sistema respiratório. Havendo a funcionalidade do pulmão fetal, o recém-nascido prematuro com assistência neonatal adequada terá boas possibilidades de sobreviver.

O teste de Clements é um método físico para determinar a presença de surfactante pulmonar no líquido amniótico. Descrito por Clements et al. (1972), o complexo surfactante diminui a tensão superficial da solução na qual se encontra diluído. Portanto, ao se acrescentar uma substância surfactante em qualquer líquido e agitá-lo, formar-se-ão bolhas na interface líquido-âmnio. As bolhas serão tão mais estáveis quanto maior a quantidade de substância surfactante existir na solução (NEME, 1988).

Com relação ao teste de Clements, foi possível observar que o LA de duas ovelhas do grupo I apresentava-se positivo, confirmando-se, contudo, a

B

A

presença de bolhas somente até o 1° tubo, e ausência nos demais, sem evidenciar, no entanto, sem diferenças estatísticas entre eles (Tabela 6).

Tabela 6 – Número (n) e porcentagem (%) do teste de Clements realizado com líquido amniótico, de cordeiros pertencentes aos grupos de parto normal (Grupo I), cesariana (Grupo II) e cesariana + dexametasona (Grupo III), sendo classificado como Positivo ( presença de bolhas) indicando maturidade pulmonar fetal e Negativo (ausência de bolhas), indicando imaturidade fetal – Araçatuba, SP – 2014.

TUBO

S LA Clements

GRUPO I GRUPO II GRUPO III

P(1) n % n % n % Positivo 2 20,0 1 9,1 4 36,4 0,3313 Negativo 8 80,0 10 90,9 7 63,6 Positivo - - 1 9,1 2 18,2 0,7560 Negativo 10 100,0 10 90,9 9 81,8 Positivo - - 1 9,1 - - 1,0000 Negativo 10 100,0 10 90,9 11 100,0 Negativo 10 100,0 11 100,0 11 100,0 - Negativo 10 100,0 11 100,0 11 100,0 -

(1) teste exato de Fisher

Constatou-se presença de bolhas até o 3° tubo e ausência nos demais (4° e 5° tubos) no LA de um cordeiro pertencente ao grupo II. Todavia, os líquidos amnióticos obtidos de quatro cordeiros do grupo III (36,4% em um total de 11 animais) apresentavam-se com bolhas, porém os fluídos analisados de dois cordeiros demonstraram a presença de bolhas somente no 1° tubo e até o 2° tubo dos outros dois animais, com ausência de bolhas, entretanto, nos demais (3°, 4° e 5° tubos).

Para Fernandes (2006), o teste de Clements em humanos foi considerado satisfatório quando um anel completo de bolhas era visto no 3° tubo (contendo 0,5 mL de líquido amniótico). Clements et al. (1972), consideraram teste confirmatório quando todos os tubos apresentavam-se positivos; atribuiu-se, como teste negativo, quando o primeiro tubo não demonstrava bolhas e, para as demais variações, como testes intermediários. Resultados falso-positivos ocorrem quando há presença de mecônio ou sangue no líquido amniótico.

Como o fluído amniótico pertencente aos grupos II (Cesariana) e III (Cesariana + Dexametasona) refere-se ao de ovelhas que foram submetidas à cesariana aos 138 dias de gestação, os resultados negativos são compatíveis com as características de animais prematuros, que, sabidamente, têm menor quantidade de surfactante no líquido amniótico. O LA destes dois grupos (II e III) apresentou halo de bolhas. Contudo, observou-se bolhas até o 3° tubo, naqueles das ovelhas do grupo II (cesariana), como demonstrado na Figura 8, provavelmente pelo fato de seus rebentos possuírem maior maturidade fetal e pulmonar quando comparado aos demais cordeiros que obtiveram resultados negativos. No caso do grupo III (Cesariana + Dexametasona) o LA analisado de quatro ovelhas também apresentava bolhas. Acredita-se, neste caso, que a maior quantidade de LA com bolhas foi devido à administração de dexametasona, levando a maior maturação pulmonar em alguns dos cordeiros pertencentes a este grupo. Isto pode ser confirmado quando se associa o teste de Clements com o teste citológico de Hematoxilina-Shorr (Tabela 4), o qual demonstrou maiores índices de células orangeofílicas, e que também obteve classificação positiva ao teste de Clements, com resultados indicativos de maturidade fetal. O fato de as bolhas ocorrerem até o terceiro tubo é devido à quantidade decrescente de LA pipetada, levando-se a concluir, que, quanto maior o volume de LA, maior a possibilidade da presença de bolhas. A ocorrência, por exemplo, de bolhas no tubo de número cinco, por possuir menor quantidade de LA (0,20 mL) e maior diluição com solução fisiológica (0,80 mL) e etanol (1 mL), dever-se-ia ser interpretada como indicadora de maturidade pulmonar.

Neste estudo, esperava-se maior presença de halos de bolhas no LA de cordeiros pertencentes ao grupo I, o que não ocorreu. Fernandes et al. (2006) asseguraram que existe maturidade pulmonar fetal quando o teste for “maduro”, porém sua especificidade e seu valor preditivo positivo são baixos, o que demonstra que os resultados obtidos no trabalho ora desenvolvido são confiáveis e fidedignos, uma vez que, e ainda de acordo com os autores supra referidos, mesmo quando a maioria dos resultados obtidos pelo teste de

Clements era condizente com a existência de imaturidade, constatava-se, na realidade, a ocorrência de maturidade pulmonar fetal, fato também observado nos cordeiros nascidos a termo utilizados no presente estudo, oriundos de ovelhas que apresentavam as suas amostras de líquido amniótico negativas ao referido teste. Isto posto, recomenda-se que resultados negativos ao teste de Clements devam ser avaliados com cautela e, se possível, associados a outros métodos de avaliação de maturidade pulmonar fetal. Portanto, o teste de Clements quando adequadamente realizado e associado a outro método de avaliação de maturidade fetal e pulmonar, como a avaliação citológica por Hematoxilina-Shorr, por exemplo, tornam os resultados mais fidedignos, propiciando melhores parâmetros de viabilidade neonatal. Souza, et.al. (2000b) relataram que todas as amostras de LA obtidas de ovelhas apresentaram fraca reação para o teste de Clements, sendo, por isso, consideradas negativas, o que afere a falta de acurácia da técnica aplicada à espécie ovina e/ou à inexistência de surfactante nas fases gestacionais correspondentes.

FIGURA 9 –Teste de Clements do LAobtido do animal C3, pertencente ao grupo II (Prematuro) : A) observar a presença de halo de bolhas até o 3° tubo; B) imagem evidenciando a presença de bolhas nos três tubos.

Araçatuba –SP, 2014.

4.1.4 Teste de Clements modificado por Barreto (2006)

Não se observou a presença de halo de bolhas em qualquer LA obtido das ovelhas pertencentes aos diferentes grupos estudados, incluindo-se aqueles que se mostraram positivos ao teste de Clements (1972), o que impossibilitou a realização estatística prevista. Tal constatação demonstra que há a necessidade de se ajustar a diluição para melhor avaliação do LA de fêmeas da espécie ovina em futuros trabalhos que visem estudar o referido tema.

4.1.5 Contagem de corpos lamelares

A contagem de corpos lamelares (CCL), método originalmente descrito em 1989, vem ganhando destaque na literatura mundial devido a sua precisão, simplicidade e baixo custo. Diversos estudos indicam que a CCL tem desempenho igual ou superior aos testes tidos como preferenciais, com a vantagem de ser um método de baixo custo (FERNANDES et al., 2006).

Na medicina humana o tamanho dos corpos lamelares (0,2 a 2 µ), é compatível com o tamanho de uma plaqueta (1 a 3 µ). Portanto, os corpos

lamelares podem ser facilmente quantificados por contadores hematológicos, habitualmente utilizados para a realização de hemogramas, sendo o número impresso obtido como correspondente ao total de plaquetas que deve ser considerado como a totalidade numérica de corpos lamelares.

Ao pesquisar trabalhos sobre a avaliação da maturidade pulmonar fetal pelo método de contagem de corpos lamelares presentes no líquido amniótico, foram encontrados somente trabalhos voltados para humanos e apenas um artigo da área veterinária direcionado à espécie equina.

A quantificação dos corpos lamelares do LA das ovelhas utilizadas neste experimento por meio de contadores hematológicos mostrou-se insatisfatória, pela não obtenção de resultados, apesar de sucessivas tentativas. Dessa forma, optou-se pela realização da microscopia eletrônica, para verificar a existência dos corpos lamelares no LA das ovelhas, uma vez que não havia trabalhos e ou pesquisas realizadas, pairando a dúvida da real existência destas estruturas na referida espécie. Castagnetti et al. (2007) avaliando a maturidade pulmonar de potro recém-nascido pela análise do líquido amniótico por microscopia eletrônica, relataram que os corpos lamelares mostravam-se como estruturas compostas por várias lamelas concêntricas, com tamanho variando de 1,6 – 3,3 mm de diâmetro, os quais apresentavam-se, algumas vezes, parcialmente quebrados (Figura 1 – A ). Ao analisar as amostras das ovelhas no serviço de microscopia do Departamento de Microscopia Eletrônica da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, Câmpus de Jaboticabal/SP, e do Departamento de Biologia Celular e Molecular e Bioagentes Patogênicos (Biocel) da Faculdade de Medicina da USP, Câmpus de Ribeirão Preto/SP, observou-se a existência de corpos lamelares no LA apenas quando as amostras eram avaliadas no aumento de 25.000 a 70.000 vezes, mostrando-se impossível a sua observação em microscopia de luz (aumento de, no máximo, 1.000 vezes), comprovando que os corpos lamelares do LA de ovelhas são muito menores aos de humanos. Este fato explicaria as frustradas tentativas da quantificação dos corpos lamelares por meio de contadores hematológicos, por serem, tais estruturas, menores que 1 a 3 nm.

Todavia, não foi possível a contagem de corpos lamelares na microscopia eletrônica, devido ao fato, de que, para visualizar estas estruturas no microscópio eletrônico, são processadas “grades” das diferentes amostras, e, dependendo do corte realizado, poucos corpos lamelares são encontrados. A ausência de material (Tabela 7) em algumas amostras dificultou a contagem. Apesar da impossibilidade da realização da contagem de corpos lamelares em microscopia eletrônica, foi possível mensurar estas estruturas através de um programa editor de imagem denominado Image J ® (Figura 9). Foram mensurados os corpos lamelares dos grupos I (Parto Normal), II (Cesariana) e III (Parto Normal), sendo os resultados representados pela unidade de medida em nm (nanometros), o que significa ser equivalente a um milionésimo de milímetros, ou seja bem menor quando comparada a um micrômetro (µm). Contudo, como nos trabalhos estudados as unidades de medidas descritas são sempre em µm (micrômetro), os resultados em nanometros foram convertidos em micrômetros (Tabela 7), com o objetivo de demonstrar o quão pequenas são estas estruturas pertencentes à espécie ovina, quando comparadas às pesquisas realizadas em humanos e neonatos equinos. Para a conversão das unidades de medidas foi utilizado um site de conversão de unidades, colocando os resultados em nanômetros, sendo, por fim, transformados em micrometros.

Ao observar a Tabela 7, foi possível verificar que os grupos II (Cesariana) e III (Cesariana+Dexametasona) apresentaram maior ausência de corpos lamelares em algumas amostras de líquido amniótico, quando comparados ao grupo I (parto normal). Quanto ao comprimento, os corpos lamelares variam de 0,019 a 0,590 µm (micrometros), justificando a impossibilidade de contagem de corpos lamelares nos contadores hematológicos, uma vez que estas estruturas são menores (1 a 3 µm) que uma plaqueta.

Tabela 7 – Valores mínimos e máximos representados pela mensuração dos corpos lamelares do líquido amniótico de ovelhas pertencentes ao grupo I (Parto Normal), II (Cesariana) e III (Cesariana+Dexametasona). Araçatuba – SP, 2014. GRUPOS AMOSTRAS COMPRIMENTO – Mín x Máx (nm) CONVERSÃO ( Mín x Máx) (µm) C7 NAT 51,426 - 230,132 0,051 - 0,230 C8 NAT 51,426 - 230,132 0,051- 0,230 GRUPO I C9 419 *** *** C10 404 87 , 413 - 250, 842 0,087 - 0,251 C11 404 87, 413 - 250,842 0,087 - 0,251 C12 416 63,906 - 107, 517 0,064 - 0,108 C13 PAT 32,311 - 186,000 0,032 - 0,186 C14 L12 68 , 475 - 268,768 0.068 - 0,269 C 16 L9 *** *** C17 L8 56,321 - 316,291 0,056 - 0,316 C1 SN *** *** C2 11 82,812 -173,955 0,083 - 0,174 C3 402 89,076 - 137,509 0,089 - 0,138 GRUPO II C6 L1 137,097 - 270,968 0,137 - 0,271 C7 L1 137,097 - 270,968 0,137 - 0,271 C8 L6 56,467- 210,038 0,056 - 0,210 C9 L7 67,583 - 236,857 0,068 - 0,237 C10 L7 67,583 - 236,857 0,068 - 0,237 C11 O11 *** *** C12 419 *** *** C13 419 *** *** L9 68, 481 - 589,730 0,068 - 0,590 C3 L7 75,459 - 212,672 0,075 - 0,213 C4 426 110,775 - 139,236 0,111 - 0,139 GRUPO III C5 L1 18,750 - 257,143 0,019 - 0,257 C6 L1 71,546 - 301,182 0,072 - 0,301 C7 L5 *** *** C8 L5 *** *** C9 406 132,093 - 287,306 0,132 - 0,287 C10 T1 196,749 - 444,000 0,197 - 0,444 C12 L3 *** *** C13 L3 *** *** *** (Ausência de material)

FIGURA 10 – Programa editor de imagens denominado “Image J®”, utilizado para mensurar os corpos lamelares. Figura demonstrando um corpo lamelar pertencente ao Grupo II (cesariana), observado em aumento de 25.000X e mensurado (linha amarela), evidenciando suas lâminas

concêntricas, representada por uma camada delgada de diâmetros reduzidos, acompanhados por um centro em sua estrutura.

FIGURA 11 Imagem evidenciando Corpos lamelares (representados pelas setas): A) visualizados em microscopia eletrônica, pertencentes ao grupo I (Parto Normal) em aumento de 75.000 x; B) grupo II (Cesariana) em aumento de 50.000 x; C) e, grupo III (Cesariana + Dexametasona) em aumento de 120.000 x .

4.2 Avaliação dos recém- nascidos

Como esperado, a taxa de mortalidade nos grupos de animais prematuros foi elevada (Grupos II e III), principalmente naqueles oriundos de ovelhas que não receberam dexametasona, 36 horas antes da realização da cirurgia eletiva (Grupo II), já que sete (6/11 = 63%) dos recém-nascidos sucumbiram entre o nascimento e os 15 minutos de vida e um animal entre 15 minutos até 12 horas pós-nascimento. Nos cordeiros prematuros, provenientes de ovelhas que receberam 16 mg/ovelha de dexametasona (Grupo III), constatou-se os óbitos de três animais (3/11 = 27%), sendo que dois destes morreram até os 15 minutos de vida (M15) e o terceiro antes de uma hora (M60).

Desta forma, foram acompanhados oito cordeiros nascidos a termo (Grupo I), oito cordeiros oriundos de cesariana (Grupo II) e oito cordeiros oriundos de cesariana com administração de dexamestasona (Grupo III) dois dias antes da cirurgia eletiva. Constataram-se oito partos gemelares. No total, avaliaram-se 32 cordeiros; porém, apesar de estes cordeiros oriundos de partos gemelares serem incluídos e analisados, o objetivo deste projeto não visou à comparação do LA da mesma ovelha, e sim, o de se fazer ilação das

características de LA de diferentes ovelhas, com posterior analogia em relação à avaliação do nível de maturidade fetal entre os grupos.

4.2.1 Escore Apgar modificado por Born (1981)

A vitalidade dos cordeiros foi realizada por meio do escore APGAR modificado por Born (1981), que tem como meta pontuar a presença de determinados parâmetros (tipo e padrão respiratório, reflexo interdigital e óculo- palpebral, resposta à água fria e coloração das mucosas). Animais com boa vitalidade têm pontuação entre sete e oito, enquanto os que obtêm pontuação entre quatro e seis têm moderada vitalidade. Pontuação entre zero e três é indicativa de pobre vitalidade. Esta avaliação foi realizada ao nascimento e aos15 e 60 minutos de vida dos recém-nascidos (Tabela 7).

Tabela 8 – Escore Apgar modificado por Born (1981), pontuados de 0 a 3 (baixa vitalidade), 4 a 6 (moderada vitalidade) e 7 a 8 (boa vitalidade), de cordeiros pertencentes ao grupo de parto normal (Grupo I), ao nascimento (M0), aos 15 (M15) e aos 60 minutos (M60) – Araçatuba, SP – 2014. GRUPO I Momentos APGAR n 0 15 60 Boa Vitalidade 9 90% 90% 60% Moderada Vitalidade 1 10% 10% 40% Baixa Vitalidade 0 0% 0% 0% ÓBITOS 0 0% 0% 0%

Dos dez cordeiros nascidos de parto normal (Tabela 8), 90% dos animais apresentaram boa vitalidade, e 10% apresentaram moderada vitalidade ao nascimento (M0) e aos 15 minutos (M15). No entanto, aos 60 minutos, somente 60% dos animais denotaram boa vitalidade, e 40% dos

animais apresentaram moderada vitalidade. Neste grupo não houve animais com baixa vitalidade, e nenhum dos cordeiros veio a óbito.

Tabela 9 - Escore Apgar modificado por Born (1981), pontuados de 0 a 3 (baixa vitalidade), 4 a 6 (moderada vitalidade) e 7 a 8 (boa vitalidade), de cordeiros pertencentes ao grupo cesariana (Grupo II), ao nascimento (M0), aos 15 (M15) e aos 60 minutos (M60)– Araçatuba, SP – 2014. GRUPO II Momentos APGAR n 0 15 60 Boa Vitalidade 2 18% 18% 9% Moderada Vitalidade 3 27% 36% 36% Baixa Vitalidade 6 55% 9% 0% ÓBITOS 0 0% 36% 55%

A incidência de cordeiros nascidos com boa vitalidade foi de 18%, nos animais do grupo II (Tabela 9), sendo que 27% dos cordeiros apresentaram moderada vitalidade e 55% baixa vitalidade ao nascimento (M0). Já aos 15 minutos, 36% dos animais apresentaram moderada vitalidade e somente 9% dos cordeiros apresentaram baixo vigor. A mortalidade de cordeiros foi alta, já 36% dos animais (4/11) veio a óbito aos 15 minutos, e 55% (6/11) morreram aos 60 minutos.

Ao observar a tabela 10, verificou-se que cerca de 64% dos animais nascidos de mães que receberam administração de dexametasona 36 horas antes da cirurgia eletiva possuía moderada vitalidade ao nascimento (M0) aos 15 minutos, com melhora na vitalidade aos 60 minutos, quando comparado aos outros momentos. Neste grupo foi possível constatar que 9% e 27% dos animais veio a óbito, aos 15 e aos 60 minutos de vida, respectivamente.

Tabela 10 - Escore Apgar modificado por Born (1981), pontuados de 0 a 3

(baixa vitalidade), 4 a 6 (moderada vitalidade) e 7 a 8 (boa vitalidade), de cordeiros pertencentes ao grupo de cesariana + dexametasona (Grupo III), ao nascimento (M0), aos 15 (M15) e aos 60 minutos (M60) – Araçatuba, SP – 2014.

GRUPO III Momentos APGAR n 0 15 60 Boa Vitalidade 2 18% 9% 27% Moderada Vitalidade 7 64% 64% 45% Baixa Vitalidade 2 18% 18% 0% ÓBITOS 0 0% 9% 27%

Resumidamente, tais resultados explicitam que cordeiros nascidos de parto normal (Grupo I) apresentam maior vitalidade, ou seja, melhores condições clínicas ao nascimento do que os cordeiros oriundos de ovelhas

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