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de dezembro de 1992, foi sancionada a Lei n.° 8.560, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e suas devidas providências,

3.1 Origem Genética e Cidadania.

Em 29 de dezembro de 1992, foi sancionada a Lei n.° 8.560, que regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e suas devidas providências,

o que não deixou de ser um importante passo em busca da legitimidade cidadã.

Chega-se ao avanço dos métodos técnicos, que foram paulatinamente ocorrendo, com maior ou menor probabilidade, como no caso do sistema de grupos de sangue - ABO, dos fatores no sangue - Rh ou pelo sistema de histocompatibilidade humano - HLA (Human

Leukocytes Antigens).

Hoje, os testes de paternidade pelo exame direto em ADN (ácido desoxirribonucléico) ou DNA, que foram introduzidos no Brasil em 1988, pelo Núcleo de Genética Médica de Minas Gerais (GENE), situado na cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, permitem tanto a exclusão quanto a inclusão de paternidade, com confiabilidade superior a 99,9999%. Tal representação numérica é suficiente para externar o grau de certeza da paternidade. Portanto, um resultado considerado absoluto, Falar-se-á um pouco mais desses exames em item específico. O citado laboratório foi pioneiro no Brasil na realização de diversos exames genéticos, dentre eles a determinação de paternidade pela técnica das impressões digitais de DNA e PCR (Reação em Cadeia da Pblimerdse). Essa técnica permite a utilização mínima de material biológico para a realização do exame. .

Se é desumano não ter, o filho, o direito à paternidade, injusta também é a declaração de uma filiação inexistente. Seria, ainda, por demais desumano e vexatório admitir-se que o direito material ou processual - que não é um direito natural e imutável, e sim circunstancial - pudesse impedir a verdadeira paternidade por simples questão formal, ou seja, não se declarar uma paternidade existente pela insuficiência de provas. Trata-se, portanto, de direito humano fundamental.

A cidadania, assegurada no artigo Io da Constituição da República Federativa do Brasil (CF), de 1988, possui conceito amplo, que passa necessariamente pelos direitos humanos e pela postura ética. Dessa forma, fortalece-se o Estado Democrático de Direito pelas vias de acesso à educação, à segurança, à dignidade e a tantas outras garantias. A humanidade tem sede de ética e de cidadania. A educação é um meio capaz de minimizar tal sede, contribuindo de forma efetiva para a sua formação. Defender e divulgar direitos humanos é tarefa contemporânea de todo cidadão. É preciso insistir para que haja maior respeito pelos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. O analfabetismo e a pobreza são questões importantes de direitos5 humanos, que devem ser uma preocupação política e moral constante em todo lugar. A desigualdade social e, muito especialmente, quanto à distribuição de renda é um atraso na cidadania. Diz a Constituição Federal:

Art. Io. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

II-a cidadania; (,..)77

Não há harmonia nas estruturas da máquina estatal, impedindo, então, avanços nos processos, na administração pública orçamentária e demais setores que dizem respeito ao

público, não garantindo por sua vez condições eficazes de direitos e serviços fundamentais para o bem-estar da sociedade.

O “Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos”, documento da Assembléia Geral das Nações Unidas, aprovado e aberto à assinatura em 1966, que entrou em vigor no dia 23 de março de 1976, diz em seu artigo 24:

1-Toda criança tem direito, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, origem nacional ou social, posição econômica ou nascimento, a medidas de proteção que a sua condição de menor requer, tanto por parté de sua família como da sociedade e do Estado. 2-Toda criança será registrada imediatamente após o nascimento e deverá ter um nome. 3-Toda criança tem direito a adquirir uma nacionalidade.

Na “Convenção Americana Sobre Direitos Humanos”, assinada em 1969, conhecida como “Pacto de São José de Costa Rica”78 diz o seu artigo 17:

Proteção da família... .... ... ... 5-A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos fora do casamento como aos nascidos dentro do casamento.

E, ainda, na mesma Convenção consta o que se segue:

Direitos da criança. Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do Estado...

Proteção judicial. 1-Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juizes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.7 A compreensão do ambiente internacional depende de entendimentos dos fenômenos internos dos Estados, nos quais as relações internacionais desempenham um papel de viabilização permanente de cooperação. Portanto, os direitos fundamentais não têm uma

78 Convenção Americana de Direitos Humanos, adotada pela Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos, em São José de Costa Rica, assinada em 1969, ratificada pelo Brasil em 25 de setembro de 1992. Países signatários: Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Uruguai, Venezuela.

incidência apenas nacional, mas são caracterizados como normas extraterritoriais. A concretização de tais direitos não é universal, haja vista estar condicionada a convicções religiosas, filosóficas ou culturais de cada Estado. Entretanto, há uma regular homogeneidade nos países pertencentes ao mundo Ocidental.

Está estabelecido expressamente na Lei Fundamental o princípio da igualdade, delimitadora da função do Direito no ordenamento jurídico. Mas todo e qualquer direito fundamental, independentemente de estar em textos legais ou não, se toma cada vez mais reconhecido no desenvolvimento humano, social e político* por visar o áumento da qualidade de vida do cidadão.

Preconceitos do passado não são mais admitidos nos dias atuais. A filiação envolve questões não só biológicas, mas também sociológicas, psicológicas, históricas, jurídicas e éticas, que dizem respeito a todos os povos e envolvem todas as legislações de países democráticos de Direito. Deve-se, isso sim, valorizar a vida e a qualidade dos serviços prestados a um povo.