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DIÁLOGO COM AS LEIS DA VIDA

Observando o mundo que nos circunda é fácil constatai que não há fenômeno cujo; desenvolvimento não seja dirigido por uma lei própria, como um trilho já feito sobre o qual ele caminha Este caminho não se traça ao acaso, mas é orientado cm direção a uma dada finalidade, segue uma técnica de desenvolvimento que constitui a lei do fenômeno. Tudo isto é mais evidente no plano físico e dinâmico, domínio da ciência. Assim os fenômenos movem-se em um regime de planificação preestabelecida, que os enquadra dentro de uma ordem, necessária para que tudo não se desmorone no caos.

Ora, a lógica dessa estrutura orgânica faz-nos supor que, para o mesmo regime de ordem, estejam sujeitos também os fenômenos que se processam no plano mental e moral. Tanto mais que eles são de natureza biologicamente mais evoluída do que a dos fenômenos da matéria e da energia, e são mais importantes do que estes, por dizerem respeito à diretriz de nossa conduta e, portanto, à nossa evolução. E, neste caso, trata-se do elemento humano, que é o mais avançado, na escola evolutiva. Em contradição com tudo aquilo que a ciência nos mostra acontecer nos campos de seu domínio, seria absurdo que a mesma coisa não acontecesse também na zona do ápice da vida, posta frente à evolução, no ponto de sua mais intensa atividade de conquista. A razão nos diz que, além do universo da matéria e da energia, deve haver também um universo do espírito constituído dos valores imponderáveis morais e ideais, isto é, uma outra ordem de fenômenos regulados, como acontece com os outros, por leis que lhes disciplinam o funcionamento.

Até aqui estamos no terreno da lógica, isto é, em um campo que o raciocínio nos indica que deve existir. Ora, esta premissa autoriza-nos a admitir, como hipótese de trabalho, a existência de leis reguladoras de tais fenômenos, e nos autoriza também a lançar-nos à pesquisa delas para conhecer a técnica de seu funcionamento. Isto é o que neste livro nos propomos fazer. Ponhamo-nos então num terreno prático, positivo, analítico, experimental. Esta pesquisa já foi por nós seguida inicialmente e aqui oferecemos os primeiros resultados, para que possam ser utilizados e também desenvolvidos, depois desta nossa fase inicial de pesquisa.

Não procuraremos persuadir o leitor com dissertações teóricas, mas colocaremos sob seus olhos, sobretudo os fatos e os resultados da análise dos mesmos. Que o próprio leitor repita a experiência se quiser, com outros fatos tomados para exame, para controlar a validade das conclusões tiradas de nosso trabalho. A nova pesquisa é possível e pode-se fazer tanto mais profunda quanto mais longa ela for executada. Nós aqui estamos apenas debruçados sobre os umbrais de um mundo novo, do qual só nos aparece uma primeira revelação. Basta esta, porém, para fazer-nos pressentir que a estrada a percorrer neste sentido é longa e que nos leva longe demais. Não porque posemos de descobridores, mas porque os fatos que provam uma presença de leis neste campo lá estão, podendo ser verificados por todos, em todo lugar e momento, prontos a revelar a qualquer um que os observe como é regulado seu funcionamento. Fatos nos quais se manifestam aquelas leis já acontecem em todos os lugares e assim a sua descoberta pode ser feita por qualquer um.

portanto pode gozar de todas as vantagens que dela derivam, e evitar todos os danos que são conseqüência fatal de todo erro contra aquelas leis. Estamos fazendo um discurso utilitário, coerente com a realidade da vida que é utilitária. Nós o estamos fazendo em um momento no qual o homem passa da fase infantil a de adulto. Ele é então capaz de compreendê-lo.

A vida parece ter aberto um concurso entre quantos procuram oferecer-lhe a idéia de que precisa hoje para cumprir a tarefa de reconstrução necessária, depois da atual tarefa de destruição do passado. É evidente que, presentemente, se vive em um ritmo de transformismo evolutivo acelerado em todos os campos. Essa é a idéia nova que procuramos formular e oferecer, convencidos de que a vida, atualmente, vai aceitar, se servir aos seus desígnios.

A vida sabe o que faz. Quem observa seu funcionamento, desde suas primeiras tentativas elementares e formas menos evoluídas até suas construções mais complexas e evoluídas, não pode deixar de encontrar nela uma inteligência superior. Ainda que contenha males e imperfeições, a vida sempre vence e avança. Se ela, além de suas formas, é constituída, também, de uma inteligente diretriz de funcionamento, é inegável, então, que deve ser possível comunicar-se com essa inteligência para compreender qual é o seu pensamento e a sua vontade. Ora, comunicar-se significa estabelecer um diálogo no qual se propõe questões e se obtêm respostas. Isto é exatamente o que procuramos fazer, baseando-nos na lógica indicada, dado que esta era a estrutura do fenômeno, onde o diálogo deveria ser possível

Chegados a este ponto, trata-se de resolver o problema de como conseguir estabelecer esse diálogo. É certo que a vida pensa. Vemos seus efeitos, que nos revelam uma extraordinária sabedoria. Mas a vida não formula seu pensamento com palavras, como o fazemos nós. Ela age, não fala. Sua linguagem é concreta, manifesta-se materializada nos fatos. Para entender aquela linguagem, é necessário observar aqueles fatos. Trata-se de descobrir neles aquele pensamento subterrâneo que se esconde sepulto no íntimo da realidade. Mas ele foge a nosso exame. Como apreendê-lo então?

Há momentos, como o atual, de trabalho febril por parte das forças da vida. Momentos de revolução, de realizações urgentes, de explosões decisivas, nos quais a pressa e o ímpeto das realizações fazem que se rasgue o véu atrás do qual a vida se protege, como costuma fazê-lo, nos pontos mais nevrálgicos e preciosos de sua organização, principalmente no de sua direção. Na série de fatos que exporemos, anotamos exatamente casos e momentos mais evidentes, nos quais nossa análise pôde colher o pensamento da vida mais a descoberto. Esperamo-lo no caminho e foi assim possível ver sua técnica funcional, isto é, a estrutura e conteúdo das leis que regem o seu funcionamento.

Este trabalho fizemo-lo no plano teórico em outros livros. Mas aqui estão estas leis que pomos a nu, depois de tê-las visto e mostrado, deixando a palavra com elas. Neste livro não somos nós a expor as idéias, mas deixamos que o leitor escute, nos fatos, aquilo que a vida diz, e veja com seus olhos qual é o seu pensamento, observando em certos casos o seu comportamento. Assim este livro deseja ser vivo, não uma dissertação genérica sobre as leis da vida, mas um trabalho de aplicação em detalhe, apoiado sobre uma série de casos típicos tomados para exame. Isso porque o nosso objetivo não é dissertar, mas mostrar, no plano prático, quais os danos que nos ameaçam quando violamos estas leis e de que vantagens podemos gozar quando as seguimos.

Como saber de qual premissas negativas derivem resultados positivos? É preciso aprender a comportar-se, a escolher a solução justa para nossos problemas. Se colocarmos uma premissa positiva, podemos contar com ditas leis, porque elas "devem" levar-nos a resultados positivos. Em suma, trata-se de conquistar uma nova consciência da vida e um senso de responsabilidade, fruto de um conhecimento anteriormente não possuído. Trata-se de passar do estado de incerteza do primitivo imprevidente, a um novo modo de viver, regido por uma planificação inteligente, para possuir em vez de uma vida incerta e perigosa, uma vida garantida e protegida. Mas aquilo que é mais urgente para atingir tal planificação e gozar as suas vantagens, é o conhecer e, portanto, o seguir as leis da vida. Sem isto bate-se a cabeça, a cada passo, contra aquelas leis que reagem a cada violação, comportando-se para conosco como nós nos comportamos para com elas. É portanto de supremo interesse conhecê-las, seja para evitar danos, como

para ganhar vantagens.

Se em outros livros tratamos dos problemas espirituais com sentido de fuga do mundo, agora, para acompanhar o esforço da vida no momento atual, estamos seguindo neste a orientação positiva prevalecente, à qual adere a nova cultura da tecnologia contemporânea. Porque visamos a resultados reais, é que deixamos falar a vida com sua linguagem de fatos controláveis por todos, para concluir com uma ética racional e científica, mas universal como a ciência, independente de posições fideísticas. Mais do que de elucubrações filosóficas, hoje há necessidade de um guia prático sobre como comportar-se para evitar o próprio dano; há necessidade de resposta à própria questão e de um conhecimento que permita resolver favoravelmente os próprios problemas.

II