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O cerne do processo pedagógico deve ser localizado nas experiências do prazer de estar conhecendo, nas experiências de aprendizagem que são vividas como algo que faz sentido para as pessoas envolvidas e é humanamente gostoso, embora possa implicar também árduos esforços (BUFFON e CAVALLET, 2002).

3.1- Campo de atuação do Pedagogo nos dias atuais

Na atualidade, a visão de que o pedagogo é basicamente um docente ainda se mostra muito presente, o mercado de trabalho se mantêm promissor aos egressos do curso de Pedagogia, tendo em vista os diversos espaços de atuação do Pedagogo, como pondera Oliveira (2004, p. 78)

Convivemos até bem pouco tempo com a visão de uma pedagogia inserida no ambiente escolar, na sala de aula, do profissional da educação envolvido com os problemas da educação formal, uma ideia falsa de que o pedagogo é profissional capacitado devidamente treinado para atuar somente em espaços escolares, é responsável pela formação intelectual das crianças, sempre se envolvendo no cotidiano escolar, com os problemas relacionados à educação formal, propriamente dita. À vida escolar, a educação formal não deixa de ser um foco importante para o pedagogo, mas deixa de ser único.

Durante 37 anos, o currículo mínimo de Pedagogia resistiu, sendo rompido somente após a homologação da Resolução CNE/CP n. 1/2006, que instituiu as DCN do Curso de Pedagogia. As IES se depararam com algumas ações propostas para mudanças como descrito no artigo 11:

As instituições de educação superior que mantêm cursos autorizados como Normal

Superior e que pretenderem a transformação em curso de Pedagogia e as

instituições que já oferecem cursos de Pedagogia deverão elaborar novo projeto

pedagógico, obedecendo ao contido nesta Resolução. (grifo nosso)

§ 1º O novo projeto pedagógico deverá ser protocolado no órgão competente do respectivo sistema ensino, no prazo máximo de 1 (um) ano, a contar da data da publicação desta Resolução.

§ 2º O novo projeto pedagógico alcançará todos os alunos que iniciarem seu curso a partir do processo seletivo seguinte ao período letivo em que for implantado.

§ 3º As instituições poderão optar por introduzir alterações decorrentes do novo projeto pedagógico para as turmas em andamento, respeitando-se o interesse e direitos dos alunos matriculados.

§ 4º As instituições poderão optar por manter inalterado seu projeto pedagógico para as turmas em andamento, mantendo-se todas as características correspondentes ao estabelecido.

Neste momento a adaptação do curso de Pedagogia às DCN, não dependia de prévia autorização do Ministério de Educação (MEC) para implantação porque o curso permanecia com a mesma nomenclatura, mas resultam das diferentes interpretações do campo da pedagogia e das disputas político-pedagógicas dos atores sociais, nos diversos contextos sócio históricos, as várias identidades atribuídas ao curso e por consequência aos egressos do curso.

O perfil do egresso do Curso de Pedagogia é definido no artigo 5º. Baseado em seus incisos, é certo pontuar aqueles que considero como redefinição do campo de atuação do pedagogo numa sociedade contemporânea, demarcando um novo tempo:

[...]

IV - trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo;

[...]

IX - identificar problemas socioculturais e educacionais com postura investigativa, integrativa e propositiva em face de realidades complexas, com vistas a contribuir para superação de exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e outras;

X - demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras;

XI - desenvolver trabalho em equipe, estabelecendo diálogo entre a área educacional e as demais áreas do conhecimento;

XII - participar da gestão das instituições contribuindo para elaboração, implementação, coordenação, acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico; XIII - participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não-escolares.

[...]

Nesse contexto, e diante de uma sociedade que exige uma educação comprometida com mudanças, adequações e transformações sociais, faz-se necessário pensar num profissional da educação com novo perfil, com possibilidade de articular trabalho pedagógico aos campos de outros saberes.

A atuação em espaços escolares e não-escolares abrange o campo de ação do Pedagogo considerado um trabalho pedagógico relacionado a um saber, que constitui sua

formação, portanto reflexões surgem para nortear debates na construção da formação deste novo profissional. Nesse sentido, Tardif (2002, p. 27) indica que “os saberes estão a serviço da ação e nela assumem significados e utilidades, tratando como indissociáveis, apesar de distintos, o elemento profissional, a prática e os saberes, que evoluem e transformam-se entre si”.

Com relação aos campos de atuação e em que consiste o trabalho do pedagogo, verifico perspectivas de ações respeitando as diferenças sociais, étnico-raciais, gênero, sexualidade, faixas geracionais, religiosas, políticas, contemplando valores multiculturais que não se limitam ao campo específico da escola e sua organização, conforme enfatizado nos incisos acima destacados.

Assim, menciono que a participação do pedagogo em gestão de instituições com foco no planejamento, na elaboração, execução e avaliação de projetos e programas educacionais e pedagógicos caracteriza possibilidade de uma diversidade de atuação, conforme também assinalam Kuenzer e Rodrigues (2006) e está previsto no Parecer CNE/CP n. 5/2005 (BRASIL, 2005, p.7):

[...] a participação na gestão de processos educativos, na organização e funcionamento de sistemas e de instituições de ensino, com a perspectiva de uma organização democrática, [...] que compõem a diversidade da sociedade, assegurando comunicação, discussão, crítica, propostas dos diferentes segmentos das instituições educacionais escolares e não-escolares.

Dentre as propostas de atuação do Pedagogo, exemplifico algumas possibilidades, tais como na Pedagogia Hospitalar, que vem expandindo não somente no atendimento de crianças e jovens hospitalizados nas Classes Hospitalares, que foram estabelecidas pela Secretaria de Educação Especial do MEC desde 1994, quando entrou em vigor a Política Nacional de Educação Especial32, por considerar que pacientes hospitalizados por longos tempos e impossibilitados de estar nos espaços escolares são Pessoas com Necessidades Educativas Especiais (PNEE), que necessitam de um tratamento mais humanístico e acompanhamento pedagógico, assegurado também pelo Estatuto da Criança e do Adolescente33(BRASIL, 1990) e pelos preceitos legais, entre outros das Diretrizes Nacionais

32 BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994.

para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001)34; mas também na atuação de gestão de planejamentos de projetos. Nessa perspectiva, o pedagogo estuda as mais variadas patologias que podem ser encontradas no hospital, assumindo característica de pesquisador capaz de acompanhar e avaliar o desempenho dos sujeitos envolvidos, tendo como princípio a importância da compreensão do comportamento humano e de como desenvolver as suas potencialidades.

De acordo com Libâneo (2010), a Pedagogia fundamenta-se em um conceito ampliado de educação, nesse sentido, uma outra proposta é a inclusão do pedagogo nas Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica e Exército), possibilitando outra concepção do pedagogo no ingresso na Polícia Militar de vários Estados da nação, que são consideradas espaços totalmente diferente do contexto escolar, contudo o pedagogo atuará no planejamento e coordenação, na seleção dos instrutores, na avaliação dos setores, elaboração de processos de seleção na área militar, entre outros.

A Pedagogia Empresarial é uma inovação na área da educação e formação de novos

profissionais que gostariam de atuar fora das escolas. O pedagogo é um profissional capacitado para desenvolver trabalhos que motivem, elevem a autoestima e contribuam para melhoria das relações interpessoais entre os que trabalham na empresa. Portanto, concordo com Costa (2011, p.23) ao afirmar que:

Não é tarefa fácil lidar com o outro, porém, se cada um entender sua parte na construção de um bem comum, de um bem maior dentro da empresa (e não estamos falando só de construção de relacionamentos, mas também como isso leva a empresa a produzir mais e melhor) já é um bom começo.

O pedagogo empresarial deve focar nas análises das necessidades e deficiências das organizações e sua função é a qualificação de pessoal nos diferentes setores, propiciando qualidade, produtividade, capacitação profissional e assessoria na empresa. Sendo responsável também em favorecer a humanização dentro da empresa, como Gonçalves (2009, p. 67) esclarece sobre a formação e atuação do pedagogo:

Uma questão importante para a formação e atuação do pedagogo empresarial diz respeito ao entendimento dos comportamentos humanos no contexto organizacional, tendo em vista que toda sua atuação esta pautada na dimensão humana. As políticas

34 BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília, 2001, p. 51-52.

de recursos humanos, por si só, não garantem mudanças ou comprometimentos mais ou menos efetivos, tem no elemento o seu ponto - chave. A maneira de agir desse novo profissional precisa ocorrer de forma relacionada a cooperativa com a dos outros profissionais de gestão.

Considero importante a presença do pedagogo na empresa para garantir que o trabalhador não se torne apenas uma “força do trabalho” de uma empresa, mas possa desenvolver suas competências e habilidades.

Na área Jurídica cresce assustadoramente a necessidade de o pedagogo intervir e viabilizar o processo educativo em diferentes instâncias devido as novas realidades do mundo globalizado, o que exige deste profissional inovações nas práticas pedagógicas desempenhadas por ele, focadas principalmente nas Varas dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher.

A atuação do pedagogo na área jurídica é garantida por preceitos legais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) e a Lei n. 11.340 (BRASIL, 2006)35 conhecida como “Lei Maria da Penha”, como previsto nos artigos:

Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude.

Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico (BRASIL, 1990).

Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes (BRASIL, 2006).

Construindo assim uma relação de trabalho não só com juízes, advogados, promotores, assistentes sociais e psicólogos, mas fortalece ainda a relação com as pessoas que necessitam deste tipo de serviço. Destarte, o papel do pedagogo nas demandas educativas não-escolares no poder judiciário tem como viés a atuação interdisciplinar na área da infância e juventude, entre outros.

Verifico ainda o papel do Pedagogo Social que atua com crianças e adolescentes institucionalizados com atividades complementares na escola e em presídios, focando sempre atitudes de companheirismo e diálogo, que fortalecem os laços entre o profissional e o interno, devendo delimitar o seu espaço e perceber-se como profissional que presta serviço à Assistência Social. O trabalho do Pedagogo Social é intenso e caracteriza-se por meio de atividades com crianças e adolescentes vitimados pela violência familiar, daí a importância de criar possibilidades de atividades pedagógicas, proporcionando maior interação com a criança e adolescente, com internos nos presídios em situações de recuperação e/ou com necessidades de proporcionar um acompanhamento educacional, tendo sensibilidade para compreender as pessoas como sujeitos-cidadãos, como declara Hämäläinen (1989 apud OTTO, 2009, p. 32) ao dizer que os pedagogos ”combatem e amenizam problemas sociais por meio de métodos educacionais”. Portanto, o Pedagogo Social deve possuir “uma visão crítica e consciente das causas geradoras do processo de exclusão das crianças e adolescente: da pauperização, da marginalização e da injustiça social” (GRACIANI, 2009, p. 220).

Ao analisar sobre o prisma da atuação do pedagogo conforme descrito nas DCN (BRASIL, 2006), em seu artigo 2º, nas áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos, pontuo que o campo de aprofundamento da ação pedagógica se limita à área da educação, em lugares onde existem práticas educativas e o desenvolvimento da educação.

A formação de professores para exercer funções de magistério é central no Curso de Pedagogia, porém há diferença em relação aos cursos de licenciatura, nos quais a formação para a docência é o objetivo exclusivo. Como a Pedagogia trata do campo teórico investigativo da educação, do ensino e do trabalho pedagógico que se realiza nas práxis sociais, o Curso de Pedagogia prevê uma preparação para atuar com ética e compromisso na construção de uma sociedade justa e igualitária, fundamentada “no trabalho pedagógico realizado em espaços escolares e não-escolares, que tem a docência como base” (BRASIL, 2005, p.7).

Face ao exposto, acredito que o mercado de trabalho se mantêm favorável aos pedagogos, tendo em vista os diversos espaços não escolares de atuação como ONG, museus, brinquedotecas, bibliotecas, mídias educativas, pesquisas, produção de material pedagógico, editoras, criadores de vídeos educativos, comunicadores sociais, políticas educacionais e qualquer espaço que tenha algum tipo de educação envolvida.

3.2 – Pedagogo: discussões e posições consolidadas nos últimos anos

Alguns questionamentos acerca do Curso de Pedagogia foram construídos durante os últimos anos. Franco, Libâneo e Pimenta (2007, p.64) esclarecem que “em vários países e em diferentes tradições culturais, a Pedagogia se reporta ora à teoria da educação, ora a ações orientadoras para o ensino”, o que caracteriza a existência de linhas de argumentação focadas no emprego de dissociações36, ou seja, ora se debruçam nas concepções histórico-cultural e da pesquisa cultural para a renovação do campo investigativo e ora fundamentam o trabalho do professor na organização do ensino e prática da didática.

No momento, dialogo com as reflexões, os questionamentos, as contribuições no processo de discussão e indagações entre educadores, pesquisadores, demais profissionais da área e representantes de entidades educacionais no tocante à concepção e formação do pedagogo, numa concepção da configuração dos pressupostos para emissão da Resolução do Conselho Nacional de Educação sobre as DCN para os Cursos de Pedagogia e a recente Resolução no. 2/201537, que define as DCN para a formação inicial em nível superior e para formação continuada (BRASIL, 2015), considerando necessidades e demandas do percurso a partir de suas homologações.

Com a perspectiva de atender esse desafio, foi preciso olhar de perto as condições e opiniões de profissionais envolvidos neste processo e questionamentos que buscam novas possibilidades sobre a formação do pedagogo. Olhar de perto significa examinar valores e hierarquias de valores, discutindo possíveis incompatibilidades surgidas a partir de diferentes posições assumidas em relação aos lugares do preferível (PERELMAN, 2005).

Portanto, minha abordagem vincula-se à possibilidade de existirem algumas dissociações e incompatibilidades de ideias quanto à formação e atuação do profissional pedagogo. Selecionei os educadores José Carlos Libâneo38, Bernardete Angelina Gatti39 por

36 As dissociações determinam um remanejamento mais ou menos profundo dos dados conceituais que servem de

fundamento para a argumentação. (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005)

37 BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução no.2, de 1º. de julho de 2015.

Distrito Federal: 2015. Define as DCN para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada.

38Nasceu em Angatuba, cidade do interior do estado de São Paulo, no ano de 1945, graduou-se em filosofia na

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1966. Em 1984 tornou-se mestre da educação escolar brasileira e doutor em educação. Propôs quatro pilares básicos para a escola de hoje, que juntos formam uma unidade. Acreditava na reforma educacional como objeto de transformação e crescimento e por isso mesmo ficou conhecido como um dos maiores pensadores do nosso país, contribuinte importantíssimo na defesa intransigente

da consolidação de uma escola pública de qualidade em nosso País. Autor do livro Pedagogia e Pedagogos, para

considerar suas pesquisas e estudos relevantes para minhas inquietações, e também “vozes” das entidades que tiveram participação importante e contribuíram na elaboração das DCN do Curso de Pedagogia, havendo ainda como campo de disputa a análise que operam no âmbito dos aportes legislativos sinalizadores importantes e de diversas visões. Para escolha dos autores selecionados, tenho como base os contextos de suas obras, correlacionando seus argumentos e o delinear dos cenários quanto à concepção do Curso de Pedagogia e sua formação, os quais se posicionam.

As discussões quanto ao Curso de Pedagogia são possíveis de serem listadas durante sua trajetória e atualmente, frente as exigências colocadas pela DCN do curso. Partindo deste princípio, Gatti (2009a, 2009b, 2010, 2012) aborda questões basilares para a formação do pedagogo. Quem é o pedagogo? Ou, quem deverá ser? Afinal qual o perfil desejado do pedagogo? Quais competências e habilidades esperadas? Quais conteúdos privilegiar?

Frente as questões levantadas, Gatti (2012) mostra que ao longo do tempo, autores vêm discutindo sobre a formação do pedagogo à procura de uma resposta (CHAVES, 1981; BRZEZINSKI, 1994; CARVALHO, 1996; PIMENTA, 1996; LIBÂNEO,1998; SCHEIBE; AGUIAR, 1999).

A autora esclarece que o Curso de Pedagogia foi criado numa tentativa de imitar a Escola Normal Superior da França, mas assumiu características distintas. No Brasil, sua estrutura curricular inicial era elaborada nos três primeiros anos com disciplinas obrigatórias e somente no último ano cursavam disciplinas optativas.

Gatti debruça-se em seus estudos sobre a trajetória da formação do pedagogo sob uma perspectiva de compreensão da função formativa oferecida nos cursos de Pedagogia, ressaltando as grandes polêmicas posteriores as disposições da LDB, ocasionando após dez anos a fixação das DCN do Curso de Pedagogia, que especifica as várias funções do pedagogo, tendo a formação de professores preferencialmente, como já descrito anteriormente. Assim sendo, Gatti (2012) evidencia que essas obrigações formativas estão

a relação com as demais ciências da educação, a identidade profissional do pedagogo e seu papel diante das realidades contemporâneas.

39 Possui graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Psicologia - Universite de

Paris VII - Universite Denis Diderot, com Pós-Doutorados na Université de Montréal e na Pennsylvania State University. Docente aposentada da USP, foi professora do Programa de Pós-Graduação em Educação: Psicologia da Educação da PUC-SP. Simultaneamente foi Pesquisadora Senior na Fundação Carlos Chagas, aí exercendo os cargos de Coordenadora do Departamento de Pesquisas Educacionais e de Superintendente de Educação e Pesquisa. Considerada uma das maiores pesquisadoras brasileiras no campo da formação de professores

baseadas nos 16 incisos do artigo 5º, e, ainda, conforme o parágrafo único do artigo 4º, fundamentados pelo artigo 8º, inciso IV da DCN.

Ressalto duas obras de Gatti de relevante impacto para a educação brasileira, ambas publicadas em 2009, com o intuito de conceber um amplo estudo sobre a formação inicial e continuada e a carreira dos professores no Brasil. Na primeira obra com o título Formação de professores para o ensino fundamental: estudos de currículos das licenciaturas em

Pedagogia, Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Biológicas, publicada em março pela

Fundação Carlos Chagas. Gatti teve como colaboradora a pesquisadora Marina Muniz Rossa Nunes. O presente estudo buscou analisar o que se propõe como disciplinas e conteúdos formadores nas instituições de ensino superior dos cursos presenciais das licenciaturas e de Pedagogia, percebendo assim a estrutura do currículo dos cursos para procurar entender o que está sendo proposto como formação, suas semelhanças, diferenças, pertinências e adequação às demandas profissionais (GATTI; NUNES, 2009).

Seus questionamentos podem ser contemplados no capítulo Análise dos cursos presenciais de licenciatura em Pedagogia40. As organizadoras buscaram desenvolver um contexto com os resultados, visando a formação de professores e apontando como um dos principais fatores intervenientes. Assim sendo, estas pesquisas identificaram os cursos de Pedagogia no Brasil, suas características, a composição das matrizes curriculares, a análises das ementas e dos concursos para seleção de professores. Nessa perspectiva, apresento os