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1 INTRODUÇÃO

4.3 LEGISLAÇÃO APÓS A PNAPO

4.3.2 Dia da Agroecologia

Por fim, há de se ressaltar ainda que, paulatinamente, consolidaram-se dias da Agroecologia no calendário oficial de determinados Estados. O estabelecimento de datas comemorativas oficiais serve ao propósito de promover atividades não somente de celebração como também de conscientização acerca das temáticas que homenageiam. Desempenham, portanto, uma importante função educativa, promotora e indutora.

Destacam-se, assim, as iniciativas dos estados de Santa Catarina e do Paraná que estabeleceram em seus calendários o Dia Estadual da Agroecologia. O primeiro, no dia 12 de novembro de 2013, promulgou a Lei Estadual n. 16.166, que instituiu data de três de outubro, para a comemoração.

Já o Paraná, por intermédio da Lei Estadual n. 17.796, de 05 de dezembro de 2013, instituiu a data na primeira segunda feira do mês de julho. Propôs, assim, a criação do Dia Estadual da Agroecologia com o

caráter de evento oficial, objetivando mobilizar o Poder Público, a iniciativa privada, a comunidade acadêmica e escolar e outros segmentos organizados da sociedade, que juntos concentrarão esforços no desenvolvimento de atividades, ações e campanhas que esclareçam e incentivem sobre a importância do desenvolvimento de propostas alternativas de agricultura familiar: socialmente justas, economicamente viáveis e sustentáveis ecologicamente.460

De acordo com a Lei tais atividades a serem realizadas consistirão no estímulo à discussão e fomento da atividade agroecológica no Estado; em atividades educativas e recreativas alusivas à data em órgãos da Rede Pública Estadual de

460 PARANÁ. Lei n. 17.796, de 05 de dezembro de 2013. Institui o Dia Estadual da Agroecologia, a ser comemorado anualmente na primeira segunda-feira do mês de julho. Disponível em: <http://www.alep.pr.gov.br/web/baixarArquivo.php?id=43765&tipo=LM&tplei=0&arq=26551>. Acesso em: 14 nov. 2014. Art. 2º.

educação; e ações tais como a fixação de cartazes, distribuição de folders e adesivos, realização de palestras, peças teatrais, entre outras.461

Em âmbito nacional, tramita o Projeto de Lei n. 5906 de 09 de julho de 2013, de autoria da deputada Luci Choinacki, para a instituição do Dia Nacional da Agroecologia em três de outubro. A redação final do projeto já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, no dia 11 de novembro de 2014, e agora aguarda a apreciação conclusiva das Comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.

A Lei leva, em forma de homenagem, o nome de Ana Maria Primavesi, engenheira agrônoma que é considerada a pioneira da agroecologia no Brasil, que nasceu nesta referida data.

Enaltece-se que o projeto de lei, propõe, em seu artigo 2º, a realização de uma série de atividades em comemoração à data, bem como a concessão anual, em parceria com a Frente Parlamentar Mista de Agroecologia e Produção Orgânica462, de “premiações, certificados de mérito e títulos honoríficos a parlamentares, autoridades, organizações e pessoas da sociedade civil que se destacarem de forma positiva no âmbito da agroecologia e da produção orgânica”.463

Cumpre, assim, um importante papel no incentivo e divulgação da Agroecologia, consoante com as ideias difundidas pela Política Nacional.

461 PARANÁ, 2013, art. 3º.

462 Esta frente foi criada no âmbito da Câmara dos Deputados e do Senado Federal com o intuito de promover “políticas públicas, aprimoramento da legislação nacional para o fortalecimento da

agroecologia e produção orgânica a partir das seguintes dimensões: Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, Participação Social, Qualidade de Vida, Uso Sustentável dos Recursos Naturais e Socialização do Conhecimento Agroecológico”. Cf. BRASIL. Projeto de Lei n. 5.906, de 09 de julho de 2013b. Institui o dia Nacional da Agroecologia. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=584066>. Acesso em: 14 nov. 2014.

463 BRASIL. Projeto de Lei n. 5.906, de 09 de julho de 2013b. Institui o dia Nacional da Agroecologia.

Disponível em:

<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=584066>. Acesso em: 14 nov. 2014.

5 AGROECOLOGIA E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS: Breves reflexões

“A transição para a democracia e a sustentabilidade implica numa nova concepção e novas formas de apropriação do mundo; aí se definem novos sentidos existenciais para cada indivíduo e cada comunidade, trançando novas linhas de força que atravessam as relações de poder onde se forjam novos projetos históricos e culturais.” (Enrique Leff, Saber Ambiental) Diante do panorama apresentado no capítulo anterior, referente à legislação brasileira direcionada à Agroecologia, é possível inferir que o país possui um arcabouço jurídico em ebulição, que acompanhou em nível federal a urgência das reinvindicações sociais do campo e a consolidação do movimento agroecológico brasileiro, sobretudo no que diz respeito ao surgimento de políticas públicas mais específicas à temática, que apesar de não terem atendido a todas as expectativas da sociedade, tais como a criação de um plano para a redução de agrotóxicos no Brasil, constituem importantes instrumentos no enfrentamento da crise ambiental e na melhoria da qualidade dos alimentos.

Entende-se que a PNAPO e as políticas estaduais promulgadas devem servir de iniciativas e balizas para os outros Estados desenvolverem suas próprias políticas, adequadas as suas especificidades. Da mesma maneira, devem servir de parâmetro para a revisitação das leis existentes que perpassam a sua temática; tendo-se sempre em mente a garantia constitucional implícita da proibição do retrocesso referente às conquistas legislativas na esfera dos direitos fundamentais socioambientais.

Nesse sentido, este último capítulo se propõe a realizar complementações pontuais acerca dessas políticas públicas agroecológicas, bem como fomentar algumas reflexões no âmbito da sustentabilidade.