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Como já foi citado anteriormente a escola possuía em torno de 2.400 alunos entre 10 e 21 anos de idade, distribuídos em três turnos.

Existiam problemas relacionados a freqüência e aprendizagem os quais deviam ser atendidos pela escola.

A compensações das ausências ocorriam a partir das justificativas das faltas. A compensação era realizada de forma presencial, com os alunos comparecendo fora do horário normal de aula a ser definido pelo professor. Normalmente o aluno assistia aula em outro período, mesmo não sendo na série em que estava matriculado, realizando atividades definidas pelo professor que o encaminhou para a compensação de ausências com o acompanhamento de um professor ou da coordenação.

Sobre o acompanhamento do aluno, cada sala possuía um caderno de registro, onde ficavam descritos os problemas de disciplina e as dificuldades pedagógicas para que os pais tomassem ciência nas reuniões bimestrais ou quando convocados pela escola.

Sobre a relação dos jovens com a família foi detectado pela escola que possuíam relação difícil com os pais. Individualmente os alunos apresentavam-se tranqüilos, mas em grupo surgiam alguns problemas de violência. A escola entendia existir falta de perspectiva para o futuro desses alunos de uma forma geral, não enxergando um sentido

em estudar. A escola acabava servindo mais como um ponto de encontro com os amigos.

O entorno da escola é em grande parte formada por pessoas de nível sócio econômico baixo. O bairro não oferece nenhuma opção de lazer e cultura e é considerado muito violento. Apesar disso, a escola não se apresenta como espaço depredado, a não ser pelo roubo dos computadores.

O bairro possui muitas áreas não ocupadas que estão se transformando em depósitos de lixo e lugares ermos, contribuindo para o aumento da poluição ambiental. Por ser um bairro novo, existem necessidades básicas a serem supridas como canalização de rios, rede de esgotos, pavimentação de ruas, iluminação pública entre outras.

A escola, desde sua inauguração, tem sido o ponto de referência da comunidade com uma enorme procura, a qual não teve condições de ser atendida integralmente conforme apontado anteriormente.

Existe a participação das famílias nas atividades da escola através da APM, do Conselho de Escola, do trabalho voluntariado e do Conselho de Classe e série que se tornou participativo, no qual estão juntos direção, professores, coordenação, alunos e pais.

Embora esteja localizada em um bairro extremamente pobre e violento, grande parte dos moradores possuía escolarização e ganhavam até 05 salários mínimos.

O comércio ainda é tímido e o bairro não apresenta nenhuma atividade de lazer, conta-se ainda com 03 escolas estaduais, 02 particulares, 04 municipais, 01 posto de saúde, 01 creche e 01 agência do correio.

A escola desde 2002 abriu seu portões aos sábados, domingos e feriados das 8:00 às 22:00 horas para uso da quadra pelas famílias tendo uma grande freqüência.

Figura 12 – Conselho participativo – uma nova realidade

Fonte: Projeto Países Conselho de Classe Participativo – 2º semestre 2003.

O conselho participativo passou a vigorar desde 2002 quando do ingresso da atual direção e ocorre uma vez no ano no segundo semestre, normalmente no mês de agosto sendo realizado em 17 dias, considerando que as turmas do ensino fundamental são 17. Um dia é destinado para cada turma, sendo que os alunos recebem as 3 primeiras aulas e posteriormente com exceção da sala que ficará em conselho todas as outras são dispensadas para que todos os professores possam participar sendo que as disciplinas do currículo contam com oito matérias que são: Português, Matemática, Inglês, Artes, História, Geografia, Educação Física e Ciências.

O conselho participativo conta então com a participação dos pais, alunos, professores, direção e coordenação e transcorre inicialmente com a abertura feita pela direção da escola, depois com uma exposição aos pais do que os alunos aprenderam durante o semestre. Posteriormente é apresentado um panorama sobre o desempenho dos alunos de uma forma geral e por fim a realização de um trabalho mais individualizado segundo as necessidades de cada aluno. Também ocorre participação dos alunos apresentando o resultado dos projetos que foram ou estão sendo desenvolvidos na escola como também os pais podem fazer declarações sobre o desempenho dos professores e o trabalho que a escola está realizando.

Segundo a direção da escola esse tipo de conselho proporcionou uma grande melhoria no comportamento dos alunos assim como das notas devido ao fato de incutir maior responsabilidade neles para os estudos. Esta responsabilidade está relacionada, ainda, ao fato de que nenhum aluno deseja que o pai receba informações negativas ao seu respeito principalmente porque todos os professores estarão afirmando a mesma coisa. Mantem-se, pelo menos formalmente, a aparência de cobrança pela aprendizagem.

A princípio houve resistência por parte dos professores como já foi ressaltado anteriormente. De acordo com a direção esta resistência ocorria devido ao medo dos professores enfrentarem críticas dos alunos e dos pais e por terem de mudar sua postura com relação aos alunos. Essa resistência ocorreu principalmente por meio das faltas dos professores coordenadores das salas que se negavam a organizar esse trabalho.

Os próprios pais dos alunos, num primeiro momento, consideravam a realização do conselho participativo como perda de tempo e de aulas para os alunos mas, segundo a direção, essa postura durou apenas no primeiro ano da sua realização. Posteriormente os pais passaram a elogiar o tipo de trabalho desenvolvido pela escola.

Na organização do conselho participativo a direção junto com os professores atualmente procuram manter um caráter formal na realização das reuniões no sentido de demonstrar a seriedade e importância desta atividade, sendo que essas reuniões chegam a contar com 90% de participação dos pais atualmente.

Como o conselho participativo só ocorre no segundo semestre do ano no primeiro semestre são realizadas reuniões para dar ciência aos pais dos alunos que apresentam problemas de notas e precisam participar dos projetos de reforço assim como da semana pedagógica que é realizada pela escola no final do primeiro semestre. Essa semana tem o intuito de trabalhar com os alunos que não conseguiram atingir as médias necessárias durante o processo regular de aulas sendo realizada no mês de julho próximo ao período de férias. Durante essa semana aqueles alunos que não possuem problemas de aproveitamento são dispensados ficando apenas aqueles que precisam de recuperação, sendo que este trabalho é desenvolvido em todas as disciplinas.