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DIAGNÓSTICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL

No documento Viver com Hipertensão Arterial (páginas 32-37)

CAPÍTULO 1 - A PESSOA COM HIPERTENSÃO ARTERIAL

1.2. DIAGNÓSTICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em geral, quanto mais idosa for a pessoa, maior a probabilidade de desenvolver HTA,

pois cerca de dois terços das pessoas com idade superior a 65 anos são hipertensas, (DGS,

2011).

Segundo a CIPE®, (2005)

a HTA é um tipo de pressão sanguínea com as seguintes características

específicas: bombagem do sangue através dos vasos sanguíneos com

pressão superior à normal; sendo a função vascular um tipo de circulação

com as seguintes características específicas: fluxo do sangue através das

artérias e veias centrais e dos vasos sanguíneos capilares periféricos. (p.23)

Para a DGS (2011) a HTA “pode ser definida, com medição de consultório, como a

elevação persistente, em várias medições e em diferentes ocasiões, da PAS igual ou superior a

140 mmHg e/ou da PAD igual ou superior a 90 mmHg” (p.1).

A PA classifica-se como HTA, quando os valores médios de duas medições, realizadas em

pelo menos três consultas, após a detecção inicial de valores elevados de PA.

A HTA classifica-se em três graus, correspondendo o grau 1 a hipertensão arterial ligeira,

o grau 2 a hipertensão arterial moderada e o grau 3 a hipertensão arterial grave. (Anexo I)

Para a DGS (2011) esta classificação é válida para adultos com 18 ou mais anos de idade

que não tomem fármacos anti-hipertensores e não apresentem nenhum processo patológico

agudo concomitante. Quando a PA sistólica e diastólica, se encontre em diferentes categorias

considera-se a categoria do valor mais elevado.

Uma vez diagnosticada a hipertensão, tem de ser monitorizada a PA, durante toda a

vida. Tal como o preconizado pela DGS (2011), todos os adultos, em particular os obesos, os

diabéticos e os fumadores ou com história de doença cardiovascular na família, devem avaliar

a sua PA pelo menos uma vez por ano.

Efectivamente, a HTA é o factor de risco cardiovascular modificável mais frequente, e o

seu tratamento e controlo assume importância central nas estratégias preventivas.

Assim, ao “colocar em prática as novas orientações é possível diagnosticar mais doentes,

tratá-los e controlá-los, contribuindo para a melhoria do prognóstico dos doentes com

hipertensão” (DGS, 2011, p.2).

2012 | ANA PALMEIRINHA

1.2.1. Fisiopatologia da HTA

A função do sistema cardiovascular pode ser quantificada por meio de grandezas físicas.

Uma destas é a pressão que o sangue exerce sobre a parede das grandes artérias, denominada

PA.

O aumento persistente da resistência vascular periférica é o factor mais importante na

HTA primária, condição onde ocorre um desequilíbrio entre os elementos vasoconstritores e

vasodilatadores. Nos factores de maior impacto na vasoconstrição (contracção da musculatura

que regula o lúmen do vaso) e também no crescimento vascular (espessura do vaso) estão o

sistema nervoso simpático e o sistema renina-angiotensina, (Wenger, 2008).

De acordo com a literatura, o rim possui um papel central na fisiopatologia da HTA.

Um exemplo disso, ocorre quando o rim necessita elevar a PA acima do normal para

manter o volume de líquido extracelular dentro de valores limites.

Também a sensibilidade ao sal pode resultar de várias alterações que afectando as

proteínas do citoesqueleto, o transporte de iões ou factores endócrinos que controlam o

sistema renal de sódio. Tem origem num desequilíbrio entre a componente hormonal, ou

hemodinâmica que afecta o balanço de sódio através de mudanças na filtração glomerular ou

reabsorção tubular.

Como a PA depende do delicado equilíbrio entre os inúmeros mecanismos responsáveis

pela sua regulação, as causas da HTA podem ser muito variadas.

1.2.2. Causas da Hipertensão Arterial

Encontra-se descrito na literatura que na grande maioria dos casos, não se pode precisar

com exactidão o motivo concreto, enquanto apenas numa reduzida parte das situações se

pode determinar com clareza a sua origem, sendo por isso possível diagnosticar duas formas

de HTA: a primária e a secundária.

Cerca de 90 a 95% dos casos de HTA não têm uma origem clara, ou seja, desconhece-se

a sua causa o motivo inicial que desencadeia a falha global do conjunto de mecanismos

reguladores e que determina a subida crónica dos valores da PA, por isso considera-se HTA

primária ou essencial.

A hiperactividade simpática, factores ambientais (como ingestão de sal ou stress), a

resistência periférica à insulina, associada ou não à obesidade, e o sistema renina-

angiotensina-aldosterona são alguns dos elementos que levam à hipertensão primária (Mancia

et Grassi, 2008).

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Convém realçar que a coincidência de dois ou mais factores de risco - excesso de peso,

elevado consumo de sal, tabaco, álcool e stress - aumenta significativamente o possível

desenvolvimento de HTA primária, sendo por isso que predomina nas sociedades

industrializadas, o que justifica a sua inclusão nas denominadas "doenças da civilização".

Pode ainda considerar-se uma predisposição hereditária para a HTA, como demonstra a

elevada incidência da doença em determinadas famílias, significativamente mais elevada e

constante do que na população em geral.

Existem doenças que, ao incidirem directamente sobre algum dos mecanismos

reguladores da PA, provocam a sua subida. Apenas em cerca de 5 a 10% dos casos, se

consegue identificar uma patologia responsável pela HTA, considerando-se para efeitos de

diagnóstico como HTA secundária.

Destacam-se a doença renal, alterações endócrinas ou de catecolaminas

(feocromocitoma), patologias funcionais das glândulas tiróide e paratiróide, ou ainda

malformação ou defeito da artéria aorta, problemas neurológicos como tumores cerebrais,

hemorragias cerebrais, traumatismos cranianos.

Por último, embora a lista pudesse ser mais ampla, existem casos em que a HTA se

associa à administração de determinados medicamentos (contraceptivos hormonais,

antidepressivos, corticóides), à ingestão de tóxicos (chumbo, mercúrio) e à gravidez.

1.2.3. Complicações na Hipertensão Arterial

Por ser inicialmente assintomática, na maioria das vezes a pessoa portadora de HTA não

consulta o médico, não avalia a PA, embora saibamos que pequenas reduções da PA reduzem

de forma significativa os riscos de insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais e de

enfarto do miocárdio.

A ausência de quaisquer sintomas durante a fase inicial da doença faz da medição

regular da PA um hábito a seguir.

Assim, na literatura emergem as principais complicações situadas a 4 níveis, a saber:

• Complicação a nível cardíaco – o aumento da PA conduz ao espessamento ou

hipertrofia do miocárdio;

Complicações a nível cerebral – uma emergência hipertensiva pode, para além do

estado de coma, provocar acidentes vasculares cerebrais, quer de tipo isquémico,

devido a um fenómeno tromboembólico, quer de tipo hemorrágico;

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• Complicações a nível ocular – retinopatia hipertensiva, caracterizada pela

diminuição da acuidade visual que, nos casos mais graves, pode conduzir à

cegueira;

• Complicações a nível renal - caso a HTA não seja devidamente controlada, pode

conduzir a insuficiência renal crónica.

Para Garrido (2007), uma elevada percentagem destas complicações coloca em risco a

vida da pessoa portadora de HTA, verificando-se a permanência de sequelas com forte

impacto negativo na sua qualidade de vida e nos gastos nos serviços de saúde.

Nos primeiros anos, a HTA não provoca quaisquer sintomas, à excepção de valores da de

PA elevados, os quais se detectam através da sua avaliação.

1.2.4. Manifestações da Hipertensão Arterial

É consensual que os sintomas representam a razão mais frequente pela qual as pessoas

procuram os cuidados de saúde, pois constituem a sua principal preocupação bem como dos

prestadores de cuidados. Caso os sintomas não sejam efectivamente controlados ou geridos

podem ter consequências devastadoras na pessoa, na família e no próprio sistema de saúde,

como é o caso da HTA.

Quando origina manifestações, a mais comum são as cefaleias. Também podem ocorrer

náuseas, sobretudo ao adoptar a posição vertical, alterações do equilíbrio, por vezes

acompanhadas de vómitos. Noutros casos, a pessoa demonstra uma particular sensação de

cansaço e debilidade muscular, ocasionalmente aliada a alguma dificuldade respiratória.

Uma classificação possível dos factores de risco cardiovasculares é a tradicional

perspectiva “clássica”.

Os factores de risco são um conceito moderno, que articula o conceito clássico de causa

directa de doença com conceitos mais recentes: o da probabilidade, da predição e do

prognóstico.

Pode-se definir factor de risco como elemento mensurável da cadeia de causas de uma

doença e um indicador seguro, significativo e independente do risco futuro (Simões, Gama &

Contente, 2000)

Neste enquadramento destacam-se habitualmente duas formas de agrupamento de

factores de risco, com base na possibilidade da pessoa os modificar. São eles os factores

“modificáveis” e os “não modificáveis” que adiante serão analisados.

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Assim, a detecção atempada da HTA, com introdução de medidas farmacológicas e não

farmacológicas em especial quando está aumentado o risco cardiovascular, deve ser uma

prioridade dos CSP.

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