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Regime Alimentar

No documento Viver com Hipertensão Arterial (páginas 49-52)

CAPÍTULO 2 - A GESTÃO DO REGIME TERAPÊUTICO NA HIPERTENSÃO ARTERIAL

2.2. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO

2.2.2. Regime Alimentar

De acordo a WHO (2003), existe pressão social para os excessos alimentares, e os

portadores de HTA referem dificuldade em integrar algumas alterações plano alimentar na sua

rotina diária. Aspectos como comer fora, actos sociais, resistir à tentação, pressão cronológica,

são factores muitas vezes difíceis de gerir, sobretudo quando estão culturalmente enraizados

certos hábitos alimentares.

Os hábitos alimentares constituem um determinante major de morbilidade e

mortalidade no panorama nacional.

Constata-se que Portugal face à Europa cumpre a recomendação de ingestão de frutas e

vegetais por dia superior a 600 gramas. Mediante este estudo, no plano europeu, Portugal é

um dos países que apresenta hábitos alimentares alterados mas que não ultrapassam as

recomendações europeias, facto associado à nossa gastronomia variada, à ingestão de peixe e

de outros factores nutricionais e culturais.

A alimentação equilibrada com verduras, frutas, legumes, cereais, tubérculos,

leguminosas, carnes magras, leite e derivados desnatados e óleos vegetais está associada à

redução do risco de desenvolvimento de HTA.

Os Portugueses comem demasiado, de facto, cometem exageros repetidos e estão a

desprezar aceleradamente a sua cultura alimentar e gastronómica e a adoptar gostos atípicos.

O consumo excessivo de gorduras, especialmente de gordura saturada, tem sido

associado ao desenvolvimento de doença degenerativa crónica, como a aterosclerose.

O consumo excessivo de calorias é outra imprudência alimentar cometida por pessoas

que sofrem de HTA, uma vez que á uma forte relação entre o teor de gordura do organismo e

a pressão sanguínea em repouso.

Os estudos disponíveis aconselham os hipertensos que se encontram acima do peso a

emagrecer, pois a perda da gordura permite vários benefícios, entre eles a redução da

2012 | ANA PALMEIRINHA

actividade do sistema nervoso simpático, que diminui o débito cardíaco em repouso e a

resistência vascular. Outro efeito positivo consiste no fato de que a perda da gordura corporal

está associada ao baixo nível de insulina plasmática. Como a insulina é capaz de estimular o

sistema nervoso simpático e de promover a retenção de sódio pelo organismo, uma redução

na concentração da insulina plasmática leva a uma diminuição da pressão sanguínea.

Constitui então, uma medida muito importante na vigilância e controlo da HTA e, as

suas variações dão indicações para a necessidade de ajuste do regime alimentar.

O IMC ou Índice de Quetelet é uma medida internacional e permite avaliar a adequação

entre o peso e a altura de um indivíduo. Calcula-se através da fórmula: Peso/(Altura x Altura),

com valores definidos em função dos valores obtidos: Magreza, Normal, Excesso de peso,

Obesidade Grau I, II e III. (Anexo II)

Na CIPE®, (2005), a obesidade é um tipo de excesso de peso com as seguintes

características específicas

situação de elevado peso e massa corporal, habitualmente mais de 20 por

cento acima do peso normal, aumento anormal na proporção, de células

gordas, predominantemente nas vísceras e tecido subcutâneo, associado a

ingestão excessiva e contínua de nutrientes, alimentação em excesso e falta

de exercício, durante períodos mais longos. (p.21)

A manutenção do índice de massa corporal entre 18,5 e 24,9 kg/m2 é o normal e

desejável para a pessoa portadora de HTA.

A avaliação do perímetro abdominal, deve fazer parte da auto vigilância, pois existe uma

estreita relação entre a obesidade central tipo andróide, a dislipidémia e a hipertensão, o que

constitui um importante factor de risco das doenças cardiovasculares, pelo que a

circunferência da cintura não deve ser superior a 102 cm para os homens e 88 cm para as

mulheres.

Durante milhões de anos, ingerirmos uma dieta que continha menos de 1 g de sal por

dia, pelo que estamos geneticamente programados para ingerirmos muito pouco sal. Só há

cerca de cinco a dez mil anos, quando o Homem deixou de ser nómada, se fixou e dedicou à

Agricultura, começou a ingerir mais sal, ao verificar que este era importante para a

conservação dos alimentos.

O sal é necessário para manter a vida. Tem funções nobres no organismo como

contribuir para transmitir os impulsos nervosos do cérebro para todo o corpo, permitir a

contracção muscular e participar da regulação do ritmo cardíaco.

Porém, a ingestão excessiva de sal aumenta a quantidade de sódio no sangue, porque o

equilíbrio entre sódio e água no organismo tem que ser perfeito. Existindo mais sódio precisa

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haver mais água. Só que este aumento do volume de sangue por causa do aumento da

quantidade de água para diluir o sódio, promove o aumento da pressão dentro das artérias.

Em Portugal, o consumo de sal é muito elevado, embora a WHO (2002c) recomende

cinco a seis gramas de sal por dia para um adulto e três gramas de sal diárias para as crianças,

mas os portugueses estão a ingerir cerca do dobro por dia e a dar às crianças quatro vezes

mais do que o recomendado.

As fontes principais de sal na alimentação são: o pão, o sal adicionado durante a

confecção dos alimentos e à mesa, os produtos enlatados, aos produtos de pastelaria,

charcutaria. É de boa norma consultar sempre a tabela existente na embalagem dos produtos

alimentares e ver o seu teor em sal.

A redução de sal no pão constitui um grande avanço na prevenção da hipertensão

arterial. Agora, há um limite máximo de 1,4 gramas de sal por 100 gramas de pão. Mas

também importa sublinhar que alguns consumidores não sabem que há alimentos com

quantidades de sal muito elevadas, porque, muitas vezes, isso não vem indicado no rótulo, tais

como alimentos processados, como os caldos, os enlatados, entre outros.

Os alimentos deverão ser sempre confeccionados sem ou com muito pouco sal, dever-

se-á restringir o consumo de comida rápida (fast-food) e nunca adicionar sal à mesa.

Assim, cabe aos profissionais de saúde, informar quais os alimentos que contêm mais sal

e quais as formas de reduzir o seu teor na confecção dos alimentos, adicionando por exemplo

as especiarias para temperar os alimentos.

As especiarias são condimentos usados desde sempre na história das civilizações. São as

partes aromáticas das plantas (sementes, frutos, raízes, flores ou cascas) e servem

essencialmente para melhorar a conservação dos alimentos, dar-lhes um sabor e aromas

podendo conferir-lhes algumas propriedades medicinais. Ao serem usadas em pequenas

quantidades, não contribuem para o valor energético da refeição, nem tão pouco para o seu

valor nutricional.

Por outro lado, é recomendável que a ingestão diária de potássio fique entre 2 e 4 g,

contidos numa dieta rica em frutas e vegetais frescos.

A ingestão do potássio pode ser aumentada pela escolha de alimentos pobres em sódio

e ricos em potássio (feijão, ervilha, vegetais de cor verde-escuro, banana, melão, cenoura,

beterraba, frutas secas, tomate, batata inglesa e laranja).

Por outro lado importa limitar o consumo de bebidas alcoólicas, no máximo, a 30 ml/dia

de etanol para homens e 15 ml/dia para mulheres ou indivíduos de baixo peso. Quem não

consome bebidas alcoólicas não deve ser estimulado a fazê-lo (DGS, 2005).

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Em conclusão, uma dieta equilibrada e saudável deverá ser sempre pobre em sal, rica

em vegetais e frutas frescas e pobre em gorduras saturadas e colesterol e reduzir a ingestão de

bebidas alcoólicas e o excesso de condimentos para diminuir o mau colesterol pelo que no

máximo 30% do valor calórico total da dieta deve ser de gorduras.

São as escolhas de hábitos de vida ao longo do tempo, no dia-a-dia, que fazem a

diferença em relação à saúde, quer ao nível da alimentação, hábitos alcoólicos ou tabágicos.

No documento Viver com Hipertensão Arterial (páginas 49-52)

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