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Diagnóstico dos Fatores Econômicos e Estruturais com foco na Infraestrutura

DIAGNÓSTICO DOS FATORES DE COMPETITIVIDADE DA CADEIA PRODUTIVA DO BIODIESEL NA BAHIA: ESTRATÉGIAS E

6.4 Análise Conjunta dos Fatores de Competitividade dos Sistemas de Produção das Oleaginosas para o PNPB com foco na Bahia

6.4.2 Competitividade da Cadeia Produtiva do Biodiesel: Diagnóstico dos Fatores Econômicos e Estruturais

4.2.1.3 Diagnóstico dos Fatores Econômicos e Estruturais com foco na Infraestrutura

Os resultados dos questionários aplicados aos agentes especialistas presentes cadeia do biodiesel com relação aos elementos temáticos do Fator Econômico e Estrutural com foco na infraestrutura são apresentados na Figura 24, seguida por uma discussão das percepções dos entrevistados e de uma revisão bibliográfica.

O resultado da compilação dos dados investigados com relação à questão da infraestrutura para o fomento do programa do biodiesel na Bahia teve uma avaliação geral de 49% (desfavorável/muito desfavorável) com 15% de neutralidade.

A questão da infraestrutura (água, estradas, rodovias, recebimento e armazenamento de óleo vegetal e outros) para a produção e comercialização de biodiesel na Bahia foi o ponto que foi considerado mais desfavorável, com 68% (desfavorável/muito desfavorável) para competitividade do mercado na Bahia.

Figura 24 – Avaliação dos Fatores Econômicos e Estruturais com foco na infraestrutura de acordo com a percepção dos agentes especialista em biodiesel

Fonte: Dados da pesquisa

Para os entrevistados os custos logísticos também impactam na produção e no fomento de biodiesel na Bahia e são decisivos na localização das usinas. A maioria dos pesquisados salientam que o grande número de usinas instaladas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste pode ser explicado pelas externalidades positivas provenientes do maior adensamento da cadeia produtiva nestas regiões. Com relação as usinas que estão produzindo na Bahia pode-se observar que as estratégias foram diferentes, duas estão próximas as matéria-primas que foi fomentada no início do PNPB (caso V-Biodiesel e Biobrax) e a outras duas próxima a refinaria, porto e ao consumidor final (Caso PBIO e Comanche). A concentração das usinas das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, com 91% das usinas instaladas (MME, 2014) é explicada por um posicionamento geográfico em proximidade com as matérias-primas, pois estas regiões se destacam pela liderança na produção de grãos/oleaginosas e gordura animal (soja, algodão e sebo bovino) para a produção de biodiesel, ficando bem próximo as distribuidoras primárias de diesel em nível nacional. Além de outras vantagens comparativas, a região Nordeste carece, por exemplo, de uma topografia plana favorável à mecanização, boas condições físicas dos solos da região e de uma previsão da expansão das áreas nos cerrados com a integração lavoura-pecuária, onde fica evidenciado que, regiões Centro-Sul existem uma maior competitividade para a produção do biodiesel do que nas regiões menos desenvolvidas (OKADA e SOUZA, 2008; FERNANDES, et al. 2014).

Foi relatado pelos entrevistados a falta de armazenamento de produtos agrícolas nas regiões de Irecê e Valença. Porém, na pesquisa campo na cidade de Irecê, existe o sistema de

11% 4% 11% 18% 38% 18% 46% 50% 15% 29% 7% 11% 29% 39% 29% 18% 7% 11% 7% 4%

Avaliação Geral do Fator Econômico e estrutural: Infra-estrutura Os atuais equipamentos industriais utilizados nas esmagadoras de óleos e nas usinas de biodiesel instaladas na BA podem ser classificados como

_____ para a competitividade do mercado na BA. A disponibilidade de equipamentos industriais e de implementos agrícolas pelos agricultores familiares na BA para o cultivo das culturas

agrícolas é considerado num ponto ______.

A questão da infraestrutura (água, estradas, rodovias, recebimento e armazenamento de óleo vegetal e outros) para a produção e comercialização de biodiesel na Bahia pode ser considerada em um

ponto______ para competitividade do mercado na BA.

armazenamento da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, com capacidade de armazenar 23mil toneladas de grãos em 6 (seis) armazéns. Foi observado na pesquisa que na época não existia nenhum estoque de terceiros (cooperativas/associações) nos armazéns da CONAB, haja vista que este sistema de armazenamento é remunerado, e muitas cooperativas não tem como custear e muito menos possui volume suficiente para a estocagem. Foi observado que uma das cooperativas de Irecê possui uma infraestrutura ociosa e o governo do estado e outros parceiros da cooperativa alugam o espaço para armazenamento de produtos alimentícios, exclusivamente para a preparação das cestas básicas a serem distribuídas nesta região. Na região de Valença, não existe um local exclusivo para armazenamento público de produtos agrícolas. Foi observado, que cada produtor e/ou cooperativa se responsabiliza pelo seu próprio armazenamento, com isso eles tendem a comercializar rapidamente o seu produto para não sofrer perdas por condições inadequadas de armazenagem.

O que foi observado na cidade de Valença que o centro de armazenagem da região, de posse da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira –CEPLAC, órgão federal vinculado ao Ministério da Agricultura, atualmente é uma oficina e garagem dos ônibus escolares do município, conforme Figura 25 ilustrada na sequência.

Figura 25: Local de Armazenamento de Produtos Agrícolas da CEPLAC na cidade de Valença

Fonte: Arquivo pessoal do pesquisador

Na região de Irecê, o armazenamento da mamona pelos agricultores familiares é realizado dentro das suas próprias dependências ou geralmente ficam nos terreiros cobertos por lonas até a empresa compradora vier fazer a debulha com as descascadoras mecânicas. Isto pode ser comprovado no trabalho de Fernandes (2013) que este tipo de armazenamento é inadequado e salienta que pode provocar problemas de aumento da umidade e da acidez das bagas e a toxidade da mamona nas residências. Na região de Valença, os produtores não tem como armazenar os cachos de palma e colocam nas estradas vicinais, ficando vários dias para o intermediário fazer a coleta, conforme Figura 26 na sequência. Isto é um dos problemas muito grave, pois neste período ocorre o aumento da acidez, que é um impedimento para a produção de biodiesel de palma e para a utilização da palma para fins alimentícios.

Toda a produção de soja, palma e mamona são escoadas via modal rodoviário. Este modal é o único utilizado para transporte de insumos, maquinários e grãos nas regiões pesquisadas e não difere muito do cenário brasileiro. As más condições das rodovias trazem impactos sobre os

custos de transporte e provoca um grave entrave à competitividade do setor agrícola como um todo, e da produção de biodiesel em particular, com destacados no trabalho do IBP; CEL/COPPEAD/UFRJ (2007). Neste contexto, as estradas que cortam as regiões em estudo e do estado da Bahia, principalmente as vicinais, não são pavimentadas e o estado de conservação é classificado como ruim (Fernandes, 2013). Na região de Valença, os próprios donos dos roldões e atravessadores fazem a coleta semanalmente, coletando os cachos que estão nas estradas vicinais com os seus veículos particulares.

Figura 26: A exposição do Armazenamento dos Cachos de Palma após a Colheita pelos Agricultores Familiares

Fonte: Arquivo pessoal do pesquisador

Estudo mais recente da Confederação Nacional do Transporte - CNT (2014) analisou as condições gerais de pavimentação, sinalização e geometria de 51 rodovias baianas, o que correspondeu a um total de cerca de 8.178 mil quilômetros (Km) de estradas estaduais, federais, transitórias, além de trechos sob responsabilidade de concessionárias. Dentre as vias pesquisadas, em seu estado geral, 3.325 km delas foram definidas como regulares (40,7%), 1.360 Km como ruins (16,6%), e 394 km como péssimas (4,8%), totalizando nestes itens 62,1%. Apenas 37,9% delas se encaixam no critério "boas" (31,6%) e "ótimas" (6,3%). Para a EPE (2008) para o transporte de biodiesel não existe grandes gargalos e não há necessidade de aumento do sistema de escoamento da produção, mas apenas sua reconstituição e análise caso a caso de aspectos logísticos já disponíveis no mercado, pois a dependência do sistema de derivados de petróleo tem ajudado o escoamento do biodiesel. Para o IPEA (2010), no caso da transferência interregional (entre regiões diferentes), o transporte mais adequado seria o modal ferroviário.

Segundo o IPEA (2010), em nível nacional, a infraestrutura para o setor de biodiesel não apresenta preocupações no curto prazo, principalmente considerando os aspectos de transporte, armazenagem na forma atual e distribuição regional. Contudo, a nível estadual a infraestrutura logística, armazenamento e as condições de rodovias relacionadas ao fomento do PNPB nas regiões de Irecê e Valença foram considerados entraves bastantes pertinentes,

bem diferentes destas infraestruturas registradas na região do agronegócio da soja (EPE, 2008). A dispersão geográfica dos agricultores de Irecê e Valença aliadas às más condições de trafegabilidade das estradas faz com que os insumos de produção e o recolhimento da safra sofram constantes atrasos. Foi observado na pesquisa de campo que nenhuma das esmagadoras de palma na região de Valença possui sistema de frotas cativas e utilizam transportes terceirizados ou faz pagamento direto ao produtor que entrega na fábrica, sendo apontados pelos gestores destas empresas as péssimas condições das rodovias, em particular as vicinais, aumentando a manutenção dos veículos e consequentemente os custos operacionais. Além disso, o baixo volume de produção e a falta de um sistema de roteirização elevam os custos logísticos, conforme registros no trabalho de Fernandes (2013).

A avaliação feita pelos agentes especialistas com relação à disponibilidade de equipamentos industriais e de implementos agrícolas pelos agricultores familiares na Bahia para o cultivo das culturas agrícolas foi considerada desfavorável com avaliação geral de 57% desfavorável/muito desfavorável, por outro lado, os atuais equipamentos industriais utilizados nas esmagadoras de óleos e nas usinas de biodiesel instaladas na Bahia, para a competitividade do mercado na Bahia, foram classificados como favoráveis com avaliação geral de 50% favorável/muito favorável e como 29% de neutralidade.

Para a maioria dos entrevistados na pesquisa de campo, as máquinas e equipamentos são facilmente disponíveis e de boa qualidade, mas a grande maioria dos agricultores familiares não tem acesso a estas máquinas e tem sérias dificuldades para sua aquisição. A maioria das operações nas propriedades são realizadas com equipamentos mais simples. O uso de tratores, grades, arados, máquinas descascadoras ocorre com frequência nas grandes propriedades, em especial na região do oeste baiano. Nas outras regiões pesquisadas o uso é irregular e que os equipamentos estão em poder dos intermediários ou das usinas de biodiesel. No trabalho de Fernandes (2013), os agricultores obtêm os equipamentos (tratores, arados, grades e outros) para o preparo do solo através das associações/cooperativas nas quais são associados/cooperados. Contudo, os entrevistados afirmaram que o número de máquinas são insuficientes para atender todos os cooperados. A quantia varia de R$ 50,00 a R$ 100,00/hora-máquina, a depender se o agricultor é associado ou não.

Foi verificado que a única usina que esta utilizando máquinas agrícolas para descompactar os solos da região de Irecê é a PBIO, através da sua coligada Bio-óleo, fazendo o sistema de aração solo e plantio para os seus 680 agricultores que estão realizando assistência técnica atrelada ao SCS.

Os entrevistados da região de Irecê destacaram a carência de descascadora mecânica junto às cooperativas e agricultores familiares e que o número existente em poder destes são insuficientes para atender a demanda dos mesmos, fazendo com que busquem o apoio dos intermediários e das empresas de ricinoquímica.

Foi observado que na cidade de Irecê existe um inventor que desenvolveu um equipamento de beneficiar a mamona, conhecido como na cidade de Irecê como Sr. Gilson Dourado, proprietário de uma pequena metalúrgica na cidade, conforme Figura 27 na sequência. A Batedeira de Mamona GS Dourado, como é batizado, é uma máquina de beneficiamento e processamento de mamonas, que segundo o inventor vem garantindo mais eficiência no processamento, na facilidade no deslocamento (podendo ser acoplada ao trator ou movida em carretinhas), na segurança (com sistema de proteção de correias e polias), na versatilidade

(podendo ser tracionada por motores elétricos, motores a diesel com partida elétrica ou manivela), entre outras vantagens como a rapidez na debulha da semente da planta da mamona. Existem vários modelos a depender da quantidade de processamento a ser realizado na propriedade e com produtividade de beneficiamento de 300 a 2.400 kg/h. A Figura 28 ilustrada é um modelo ideal para o agricultor familiar, pois processa em média 400 quilos de mamona por hora e o seu preço negociado na praça de Irecê é de 10 mil reais.

Figura 28: Batedeira de Mamona GS Dourado aplicado ao perfil do agricultor familiar

Fonte: Arquivo pessoal do pesquisador

6.4.3 Competitividade da Cadeia Produtiva do Biodiesel: Avaliação dos Fatores